Antónia Pusich que dá nome a uma rua do Bairro de Alvalade foi a primeira mulher que em Portugal ousou não se esconder atrás de um pseudónimo masculino e, ostentou o seu próprio nome no cabeçalho dos jornais que dirigiu.
Foi inscrita com a legenda «Escritora e Poetisa/1805 – 1883» na Rua nº 7 do Sítio de Alvalade, pelo Edital de 19 de Julho de 1948, junto com mais 16 nomes de escritores, tendo sido escolhidas as poetisas Bernarda Ferreira de Lacerda, Branca de Gonta Colaço, Florbela Espanca e Rosália de Castro, bem como os escritores Afonso Lopes Vieira, Alberto de Oliveira, António Patrício, Camilo Pessanha, Eduardo Vidal, Eugénio de Castro, Fausto Guedes Teixeira, Fernando Caldeira, Fernando Pessoa, Guilherme de Azevedo, João Lúcio e Mário de Sá Carneiro.
Antónia Gertrudes Pusich (Cabo Verde- São Nicolau/01.10.1805-06.10.1883/Lisboa) foi jornalista, directora de três publicações e escritora. Filha de António Pusich, um oficial de origem croata que foi Governador de Cabo Verde e, da portuguesa Ana Maria Isabel Nunes, desde nova viveu rodeada de muitos livros, ganhou conhecimento de várias línguas (francês, inglês e italiano) e escreveu. Foi a primeira mulher que em Portugal ousou ser proprietária e directora de três publicações mostrando o seu nome no cabeçalho, numa época em que às mulheres se destinavam os serviços domésticos e, para poderem publicar estas se escondiam atrás de pseudónimos masculinos. Antónia Pusich dirigiu os jornais A Assembleia Literária (1849), A Beneficência (1852) e A Cruzada (1858), sendo o primeiro um jornal de instrução e os segundos periódicos religiosos e literários.
Antónia Pusich já havia colaborado com a Revista Universal Lisbonense, na década de 40 do século XIX, bem como nos anos 60 o fará com o mensário O paquete do Tejo .
Da vasta obra que deixou publicada destaque-se o poema Olinda ou A Abadia de Connor Place (1848) e Saudade (1859). Fez também teatro – com o sucesso de Constança ou o Amor Maternal no palco do Teatro Normal – e, também escreveu sobre membros da família real, como Canto saudoso ou lamentos na solidão á memoria do Dom Pedro Quinto (1861), bem como redigiu uma monografia sobre o seu pai em 1872: Biographia de Antonio Pusich contendo 18 documentos de relevantes serviços prestados a Portugal por este illustre varão ; Resumo da história da republica de Ragusa e sua antiga litteratura.
Antónia Pusich fez 3 casamentos (em 1822, 1830 e 1836), teve 11 filhos e, sabe-se que em Lisboa viveu no nº 238 da Rua de São Bento, proximidade que a tornou uma frequentadora assídua da galeria das senhoras na câmara dos deputados, tendo publicado Galeria das senhoras na Câmara dos senhores deputados ( 1848). E de acordo com A. H. Oliveira Marques, em 1864 terá sido a Venerável da 1ª Loja Maçónica portuguesa de Adopção (feminina), a Loja Direito e Razão.
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