Ventura Terra solicitou em 1911 a António Teixeira Lopes a execução de um busto do 1º Presidente Republicano da Câmara Municipal de Lisboa, já o seu amigo escultor estava homenageado em Lisboa com a Rua Teixeira Lopes, que liga o Largo dos Caminhos de Ferro ao Largo do Museu da Artilharia, desde a publicação do Edital municipal de 5 de novembro de 1903, quatro dias antes da inauguração do monumento a Eça de Queiroz no Largo do Barão de Quintela.
Miguel Ventura Terra que além de arquiteto foi também vereador na 1ª edilidade republicana de Lisboa, no período de 1908 a 1913, presidida por Anselmo Bramcaamp Freire, propôs em 1911 a Teixeira Lopes a execução de um busto em mármore do 1º Presidente Republicano da Câmara de Lisboa, pago pelos 11 vereadores, que a partir do nosso seguinte ficou nos Paços do Concelho de Lisboa. E doze dias antes de falecer Ventura Terra endereçou a seguinte missiva ao seu amigo Teixeira Lopes:
18 -4-919
Meu querido amigo
Tenho estado tão doente que não posso de modo algum responder à sua carta, espero poder fazer d`entro d´alguns dias e oxalá assim seja.
Sou carinhosamente dedicado
Ventura Terra
Ainda em Lisboa podemos encontrar outras obras de Teixeira Lopes como A viúva (1893) no Museu do Chiado; o monumento fúnebre de Oliveira Martins – A História – no Cemitério dos Prazeres, em pareceria com o seu irmão (1903); o Monumento a Eça de Queiroz, em bronze, inaugurado em 9 de novembro de 1903, no Largo do Barão de Quintela; o busto do Visconde de Valmor inaugurado em 1904 no Largo da Biblioteca Pública (desde 6 de abril de 1982 é o Largo da Academia Nacional de Belas Artes); o busto de Manuel Bento de Sousa inaugurado em 1906 no pátio central da Faculdade de Ciências Médicas, no Campo Mártires da Pátria; o busto de Augusto Rosa inaugurado em 1925 no Largo da Sé; o busto de Alfredo Keil Busto que foi inaugurado no Jardim Alfredo Keil, na Praça da Alegria, em 3 de julho de 1957.
António Teixeira Lopes (Vila Nova de Gaia/27.10.1866 – 21.06.1942/São Mamede de Ribatua), filho do escultor José Joaquim Teixeira Lopes (1837-1918) e de Raquel Pereira de Melo Fernandes Meireles Teixeira Lopes nasceu nas proximidades da Fábrica Cerâmica das Devesas e foi irmão mais velho do arquiteto José Teixeira Lopes (1872-1919), seu colaborador em diversos trabalhos e na construção da sua Casa-Atelier, na Rua Marquês Sá da Bandeira em Vila Nova de Gaia, em 1895 e que hoje é a Casa-Museu Teixeira Lopes, doada à Câmara Municipal de Gaia em 1933, com a ressalva do artista nela residir até ao fim dos seus dias.
Em 1881, Teixeira Lopes começou a aprender escultura na oficina de seu pai e no ano seguinte ingressou na Academia Portuense de Belas Artes onde foi aluno de Soares dos Reis e Marques de Oliveira. Estudou também em Paris com Paul Berthet ou Matias Duval. A sua primeira exposição individual foi em 1891 no Palácio da Bolsa do Porto e no ano seguinte, com Veloso Salgado, lá voltou a mostrar a sua obra.
No Salon de Paris ganhou menções-honrosas com as obras Comungante e Caim (1889) e medalha de ouro de terceira classe com A Viúva (1890) que na versão em bronze obteve medalha de ouro em Berlim (1896). Na Exposição Universal de Paris de 1900 com Santo Isidoro, Agricultura, A Dor, A História e Raquel conseguiu um Grand Prix e a condecoração de Cavaleiro da Legião de Honra. António Teixeira Lopes foi ainda autor das imponentes três portas de bronze da Igreja da Candelária (1901) no Rio de Janeiro e do monumento onde repousam os restos mortais do 1º Presidente da República do Rio Grande.
Em 1901 Teixeira Lopes assumiu o lugar de professor da Academia Portuense de Belas Artes, que manteve até ao ano da sua jubilação (1936). Refira-se ainda que pelo seu testamento de 1939 determinou que se entregassem 3 mil escudos à Academia de Belas Artes do Porto para premiar anualmente o melhor aluno de escultura.
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