A Rua do Jardim Botânico da Ajuda, o primeiro de Lisboa

Freguesias da Ajuda e de Belém
(Foto: Sérgio Dias| NT do DPC)

O Jardim Botânico da Ajuda foi o primeiro de Lisboa, nascido no ano de 1768, e ficou registado na memória toponímica lisboeta 148 anos depois, na Rua do Jardim Botânico, que faz a ligação da Calçada da Ajuda à Calçada do Galvão, pelo Edital municipal de 26 de setembro de 1916 que oficializou 56 artérias da Ajuda.

O Jardim Botânico da Ajuda foi fundado em 1768, de acordo com o desenho do botânico italiano Domingos Vandelli (1735-1816), chamado de Pádua pelo rei D. José I, por influência de Miguel Franzini, mestre dos príncipes e com o intituito de servir para a educação destes. O espaço escolhido foram os terrenos arborizados que haviam sido da Quinta do Conde da Ponte e que D. José I em boa hora adquiriu para cultura de frutas e hortaliças necessárias ao palácio real, instalado na Ajuda após o  terramoto de 1 de novembro de 1755. No Jardim se procurou estudar e colecionar o máximo de espécies do mundo vegetal, tendo tido 5000 espécies dispostas segundo o sistema sexual proposto por Lineu, que fora mestre de Vandelli.

Em 1765, Domingos Vandelli ficou com o encargo de delinear e dirigir as obras do Real Jardim Botânico da Ajuda enquanto o ministro da Marinha,  Francisco Xavier de Carvalho, irmão do Marquês de Pombal, as devia fiscalizar. Domingos Vandelli dirigiu o então denominado Real Jardim Botânico da Ajuda de 1768 a 1774 e o 2º diretor foi o botânico Félix de Avelar Brotero, de 1811 a 1828, altura em que por ordem de D. João VI  o Jardim foi aberto ao público às quintas-feiras. Por decreto de 27 de agosto de 1836,o Real Museu e Jardim Botânico da Ajuda foi confiado à administração da Academia das Ciências de Lisboa mas passados dois anos, a partir de 1838-1839 o Jardim Botânico da Ajuda passou para a tutela da Escola Politécnica e a ser usado pelos seus alunos. Em 1874, o Jardim foi entregue à administração da Casa Real, altura em que decaiu progressivamente.

Já no século XX, em 1910, o Jardim Botânico da Ajuda passou a integrar o património nacional e em 1918 foi entregue ao Instituto Superior de Agronomia permitindo assim que em 1934, sob a direção do Prof. André Navarro, o Prof. Caldeira Cabral estabelecesse o traçado dos canteiros do tabuleiro superior, que se tinha perdido completamente. Entre 1993 e 1997, com o apoio do Prémio de Conservação do Património Europeu e do Fundo de Turismo, sob a orientação da Profª. Cristina Castel-Branco, foi restaurado o Jardim, com a recuperação da coleção botânica,  do sistema de rega e a instalação do Jardim dos Aromas.

O outro Jardim Botânico de Lisboa pertence ao Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC) e data de 1878. Foi por iniciativa do Conde de Ficalho que em 1873 se iniciaram os trabalhos deste novo jardim que esteve aberto ao público desde 1878 e está classificado como Monumento Nacional desde 2010, integrando todo o património artístico (esculturas) e edificado que nele se encontra: Observatório Astronómico da Escola Politécnica, Edifício dos Herbários, Estufas, Palmário e ainda, a antiga estufa em madeira.

Freguesias da Ajuda e de Belém
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

#EuropeForCulture

4 thoughts on “A Rua do Jardim Botânico da Ajuda, o primeiro de Lisboa

  1. Pingback: As reviravoltas da Rua da Paz na Ajuda | Toponímia de Lisboa

  2. Pingback: A Brotero do jardim Botânico da Ajuda, várias vezes na toponímia de Lisboa | Toponímia de Lisboa

  3. Pingback: O património natural na toponímia de Lisboa | Toponímia de Lisboa

  4. The Ajuda Botanical Garden was Lisbon’s first one, created in 1768. It was recorded in a street name 148 years later, via the city council Notice of the 26th of September 1916, which made official 56 Ajuda street names. The Rua do Jardim Botânico links the Calçada da Ajuda to the Calçada do Galvão.

    The Ajuda Botanical Garden was established in 1768 to the design of the Italian botanist Domingos Vandelli (1735-1816). He was summoned from Padua by King José I, at the suggestion of the princes’ tutor, Miguel Franzini. The idea was to use the botanical garden for the education of the princes. The piece of land which was selected for the purpose was the wooded land which had been part of the Quinta do Conde da Ponte and which José I had earlier acquired in order to grow the fruit and vegetables needed for the royal palace, established in Ajuda after the earthquake of the 1st of November 1755. The aim for the Garden was to collect and study the maximum number of species from the plant world. 5000 species had been set out according to the plant sexual system of Linnaeus, who had been the teacher of Vandelli.

    In 1765 Domingos Vandelli was given the task of designing and directing the creation of the Royal Botanical Garden of Ajuda, whilst the brother of the Marquês de Pombal, Francisco Xavier de Carvalho, Minister for the Navy, was to oversee the works. From 1768 until 1774, Domingos Vandelli was the director of what was then called the Royal Botanical Garden of Ajuda. The second director was Félix de Avelar Brotero, from 1811 until 1828, a period during which the Garden was open to the public on Thursdays by royal order of King João VI. A Decree of the 27th of August 1836 put the Royal Museum and Botanical Garden of Ajuda under the administration of the Lisbon Academy of Sciences. But two years later in 1838 or 9, the Botanical Garden of Ajuda came under the jurisdiction of the Escola Politécnica for the use of its students. In 1874 the Garden was passed to the Royal House Administration, at which time it fell progressively into decay.

    As early as 1910 the Ajuda Botanical Garden was deemed to be a national monument. In 1918 it was handed over to the Higher Institute for Agronomy. This allowed Prof. Caldeira Cabral in 1934, (during Prof. André Navarro’s directorship of the Institute), to re-establish the layout of the beds on the upper section of the garden, which had completely disappeared. Between 1993 and 1997 the garden was restored, the botanical collection and its irrigation system were reinstated, and the Scent garden was added. These works were carried out under the supervision of Prof. Cristina Castel-Branco and funded by a European Heritage Conservation Award and the Tourism Fund.

    A different Botanical Garden of Lisbon dates from 1878 and belongs to the National Museum for Natural History and Science (MUHNAC). The works for that newer garden were started by the Conde de Ficalho in 1873. That Garden has been open to the public since 1878 and classified as a National Monument since 2010, including all the other buildings and heritage items (sculptures) in its grounds: the Escola Politécnica’s Astronomical Observatory, the Herbarium Building, the Greenhouses, the Palmarium and even the original wooden greenhouse.

    Gostar

Os comentários estão fechados.