A Calçada do Correio Velho que hoje liga a Rua de Santo António da Sé, junto ao Largo de Santo António da Sé, à Rua de São Mamede é uma das mais antigas serventias de Lisboa que foi tomando novos topónimos, até se fixar no serviço de Correio que ali perto existiu.
Esta artéria corria paralela à muralha moura e em meados do séc. XV era denominada como Pé da Costa. No Tombo de 1573 surge como rua pública e calçada que vay para a costa ou Rua da Costa. Depois, de 1606 até 1797 aí esteve instalado o edifício do serviço de correio, que foi privilégio da família Gomes da Mata e antes do Terramoto de 1755 chamava-se Calçada do Correio. O edifício da Calçada do Correio foi derrubado pela catástrofe e o serviço dos correios passou entretanto para a alçada direta da Coroa e foi instalado de 1801 a 1881, em regime de arrendamento, no Palácio Marim-Olhão, no nº 38 da Calçada do Combro junto ao Largo do Calhariz, pelo que o palácio também é designado como Palácio do Correio-Mor.
No Cartulário Pombalino, na década de 70 do séc. XVIII, o arruamento surgia como Rua de Santo António. E sabendo que o acrescento Velho num topónimo costuma resultar da mudança do serviço para outra localização, como aconteceu na Rua do Cais da Alfândega Velha e nos já desaparecidos Largo das Cortes Velhas e Travessa do Tesouro Velho, parece mais plausível que Calçada do Correio Velho seja um topónimo posterior a 1797.
No Atlas de Filipe Folque de 1858 surge como Travessa do Correio Velho mas em 1879, no levantamento de Francisco e César Goullard já é Calçada do Correio Velho, como depois surge sempre em documentos municipais de 1904 e 1905, assim como na planta de 1909 de Júlio Silva Pinto.
O serviço de correios públicos em Portugal foi estabelecido por D. Manuel I que mandou passar carta de Correio-Mor a Luís Homem, cavaleiro de sua casa, em 1520. Este ofício de Correio-Mor manteve-se na família Gomes da Mata, entre 1606 e 1797 e sobre o edifício do Correio-Mor foi construído o Palácio Penafiel, em cujas traseiras se situa o Largo do Correio Mor, topónimo de 1867, atribuído por sugestão do Conde de Penafiel, dirigida ao Governo Civil de Lisboa. Em 1797, os serviços de Correio passaram para a alçada direta da Coroa e foi extinto o ofício de Correio-Mor do Reino, pelo que o 8.º e último Correio Mor, Manuel José da Mata de Sousa Coutinho, recebeu várias compensações como o título de Conde de Penafiel.
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