João Anastácio Rosa, pai dos também atores João Rosa e Augusto Rosa e por isso conhecido como Rosa-Pai, dá nome à Rua que liga a Avenida Álvares Cabral com a Rua de São Bernardo, desde a publicação do Edital municipal de 18 de novembro de 1913, tendo nesse mesmo ano havido uma permuta de terrenos entre a CML e a Associação de Escolas Móveis e Jardins-Escolas João de Deus que permitiu concretizar a abertura deste arruamento.
Onze anos depois, o Edital municipal de 17/03/1924 consagrou o seu filho mais novo Augusto Rosa (1850 – 1918) na antiga Rua do Arco do Limoeiro e dois anos depois, o Edital de 27 de janeiro de 1926 colocou o seu primogénito João Rosa (1842 – 1910) no Bairro dos Aliados ao Areeiro.
João Anastácio Rosa (Redondo/1812 ou 1816 – 17.12.1884/Lisboa) nasceu no Redondo, filho de José Manuel da Rosa Munhoz e D. Merina do Carmo, embora se desconheça a sua data de nascimento, conforme afirma Eduardo Augusto Vidal na biografia que lhe escreveu em dezembro de 1869 e publicou no ano seguinte, impressa na Tipografia Universal de Tomás Quintino Antunes, na Rua dos Calafates (é a Rua Diário de Notícias dos nossos dias).
Veio para Lisboa em 1827, para estudar na Aula Régia de Desenho. Sabe-se que 18 de janeiro de 1832 foi a data da sua matrícula na Aula Pública de Desenho de História, Figura e Arquitetura Civil, de acordo com registo guardado na Universidade de Lisboa, assim como segundo a biografia de E. A. Vidal, um tal de Marechal Raposo o encaminhou para discípulo do pintor Taborda no Palácio da Ajuda e mais tarde, o patriarca de Lisboa, Cardeal Frei Francisco de São Luís, também natural do Redondo, de quem ele pintou um retrato em 1835, conseguiu que fosse trabalhar para o Jardim Botânico da Ajuda. Na guerra civil entre liberais e miguelistas João Anastácio Rosa entrou na contenda, pelos liberais, tendo alcançado o posto de sargento do 5º batalhão móvel.
Finda a guerra João Anastácio Rosa passou a assegurar o seu sustento como retratista, o que o fez ligar-se a gente do teatro, como os atores Epifânio e Delfina. No Teatro da Rua dos Condes, conheceu o comediante Emile Doux, então radicado em Lisboa e acabou por se estrear como ator em 1839, nesse mesmo Teatro, no drama Maria Tudor.
Em 1846 foi inaugurado o Teatro D. Maria II e João Anastácio Rosa lá estava, convidado para ser ator residente. Deu brado em O Estudante de São Ciro e alcançou também muito êxito como ensaiador, ator e responsável pela decoração e/ou o guarda-roupa de A Profecia ou a Queda de Jerusalém, tal como em O Morgado de Fafe em Lisboa de Camilo ou no Marquês de la Seiglière.
Em 1853, sendo Ministro do Reino Rodrigo da Fonseca Magalhães, conseguiu uma licença de 3 meses do Teatro Nacional para ir a Paris estagiar na Comédie Française e com uma bolsa concedida para o efeito. Conheceu nos Pirinéus o florista Constantino – o que dá nome a um jardim lisboeta-, de quem também pintará um retrato em 1854. Mais tarde, João Anastácio Rosa dai do elenco do Teatro D. Maria II para percorrer o país com uma companhia que ele próprio formou, sendo certo estar a 25 de setembro 1862 no Porto, determinado a fazer a estreia do seu filho João no Teatro de São João, o que aconteceu a 1 de novembro na comédia As jóias de família. Aceitou de seguida um convite para estar no Teatro Académico de Coimbra que mais tarde lhe concederá o diploma de sócio. Regressou a Lisboa em junho de 1863 e a 12 de agosto João Anastácio Rosa estreiava o seu Ricardo III, de Shakespeare, no São Carlos.
Quando se reformou do teatro em 1866, passou a dedicar-se à pintura, à caricatura, a criar o busto de Garrett para o átrio do D. Maria II e a desenvolver invenções, como umas botas impermeáveis para o exército, cujo sistema ganhou um prémio numa Exposição em Paris, em 1878. Mais tarde, em 1883 ou 1884, segundo Luís Pastor de Macedo, morou na Rua Áurea (vulgarmente designada Rua do Ouro).
No dia seguinte ao seu falecimento, o António Maria de Rafael Bordalo Pinheiro dedicou-lhe uma página inteira, retratando-o em várias fases da vida. Foi também agraciado com a Ordem de Santiago. O Teatro do Redondo, construído em 1839, também tomou o nome de João Anastácio da Rosa. Para além de Lisboa, o seu nome está ainda na toponímia do Redondo, do Alandroal, de Queijas e da Venda Nova – Amadora.