A Rua do compositor basco Shegundo Galarza

Freguesia do Lumiar
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

Shegundo Galarza, compositor basco que com a sua orquestra de violinos esteve presente na televisão portuguesa desde o seu começo e celebrizou o restaurante Mónaco, está desde o ano do seu falecimento perpetuado numa artéria da Freguesia do Lumiar, no núcleo dedicado à toponímia musical.

A Rua Shegundo Galarza, que termina junto à Rua Ferrer Trindade, foi o topónimo dado à junção da Rua B com a  Rua 7.1 do Alto do Lumiar num único arruamento. Tal aconteceu através da publicação do Edital municipal de 15 de dezembro de 2003, que nas proximidades atribuiu também a ruas os nomes dos compositores Belo Marques e Nóbrega e Sousa, dos cantores Luís Piçarra e Arminda Correia e da violoncelista Adriana de Vecchi.

Shegundo Ramón Galarza Arace (Espanha – Guipuzcoa/07.09.1924 – 04.01.2003/Lisboa), maestro e compositor de origem basca, filho único de um comerciante, desde 1948 começou a residir em Lisboa e em mais de 50 anos de carreira deixou uma marca de qualidade na música ligeira portuguesa.

Concluiu o conservatório de Bilbau,  ganhou um prémio de piano e aos 18 anos começou a percorrer a Europa em concertos. Chegou a Portugal aos 24 anos e a partir de 25 de novembro de 1948 passou a atuar diariamente no Casino Estoril, até maio de 1950. Nessa década tocou ainda em diversos restaurantes portugueses, de Luanda, da então Lourenço Marques (hoje Maputo), de Joanesburgo (1952 -1954) até se estabelecer no Restaurante Mónaco (novembro de 1956 a 1974), de que era sócio com o empresário galego Manuel Outerelo Costa, e que em Portugal introduziu o jantar dançante.

Em paralelo, integrou as mais prestigiadas orquestras ligeiras portuguesas e teve a sua e um conjunto em nome próprio. Logo em 1956, a RTP convidou-o, por via do maestro José Atalaya, a protagonizar um programa semanal, com a sua orquestra de violinos, que atingiu 100 emissões e ao longo da sua carreira colaborou com a RTP em programas de música e em arranjos musicais de várias longas metragens e de centenas de documentários.

Gravou os seus 3 primeiros discos para a editora Melodia (1951) com temas de Frederico Valério e seus, mostravam desde logo os vários mundos do músico, que sempre acompanhou as tendências internacionais do seu tempo; mais 6 para a editora Decca  (1952 -1954), assinou a gravação de 4 com a editora Estoril, gravação Fado Rossio para a Fonomat, de Lisboa,  em 1959. Como solista ou com a sua orquestra de violinos, gravou cerca de 50 discos em em Portugal e em Espanha, para editoras como a Alvorada, Belter, Estoril, Marfer, Orfeu, RCA, Roda e Voz do Dono. Em 1996, Shegundo Galarza gravou um disco em que interpretava, ao piano, temas como Lisboa Antiga, Madeira, Açores, Moçambique, Aldeia da Roupa Branca e em 2001 editou Sorrisos do Tempo.

Como orquestrador trabalhou para o Festival Eurovisão da Canção ou da OTI – tendo dirigido a orquestra da Eurovisão para Playback de Carlos Paião (1981) – e trabalhado com outros inúmeros artistas como Amália, Cândida Branca FlorDoutor Lello Minsk, Frei Hermano da Câmara, Herman José, Jorge Fontes, José Cid, Lara Li, Madalena Iglésias, Marco Paulo, Maria da Fé, Maria de Lurdes Resende, Max, Natália de Andrade, Paulo de Carvalho, Quim Barreiros, TonichaTony de Matos ou Tozé Brito.

Na sua vida pessoal, foi pai da enfermeira Teresa Galarza (1952) e do também músico Ramón Galarza (1957).

Shegundo Galarza foi homenageado com uma festa dos 50 anos de carreira em Portugal (1998) no Casino Estoril e está presente também na toponímia de Paço de Arcos.

Freguesia do Lumiar
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

 

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