Por sugestão de Durval Pires de Lima, membro da Comissão Municipal de Toponímia ficou o cantor lírico Dom Francisco de Paula de Sousa Coutinho, conhecido como Chico Redondo, inscrito na toponímia de Alvalade, junto à Rua Guilhermina Suggia, a partir da publicação do Edital municipal de 20 de outubro de 1955.
Na reunião da Comissão Municipal de Toponímia de 26 de fevereiro de 1951, conforme se pode ler na ata da reunião, «Para efeito da denominação de novos arruamentos no Bairro de Alvalade, o Excelentíssimo Senhor doutor [Durval] Pires de Lima, indicou os seguintes nomes, além dos irmãos Andrade e de Luísa Todi : Dom Francisco de Sousa Coutinho (Chico Redondo), filho do Conde de Redondo e Marquês Borba – barítono; José Rosa, que cantou muito em Itália e morreu em Milão, onde está sepultado – Tenor; Alfredo Gazul, medíocre tenor, e Maria de Arneiro, medíocre soprano.» Assim, o Edital camarário de 20 de outubro de 1955 tornou Dom Francisco de Sousa Coutinho o topónimo da Rua 56 do Sítio de Alvalade, ao mesmo tempo que nas ruas em seu redor ficaram mais nomes ligados ao meio musical, como a violoncelista Guilhermina Suggia, os irmãos cantores líricos António e Francisco Andrade e ainda, o mestre de filarmónicas Rodrigues Cordeiro.
O alfacinha Francisco de Paula de Portugal de Sousa Coutinho (Lisboa/11.12.1867 – 14.08.1924/Lisboa), filho do 3º marquês de Borba, D. Fernando de Sousa Coutinho, foi um barítono que se estreou como cantor lírico no Teatro de S. João (do Porto) e cuja interpretação do Falstaff de Verdi assombrou inúmeras plateias, nacionais e estrangeiras.
Segundo o Eng.° Júlio Eduardo dos Santos ( na Olisipo, Set-Dez de 1970), era «conhecido na vida boémia da sua cidade natal [Lisboa] por Chico Redondo, o que bem se adaptava à sua alta linhagem, dos Condes de Redondo e Marqueses de Borba, e igualmente à sua figura, pois pesava cento e vinte quilos ou talvez mais …».
A sua primeira apresentação em público registou-se numa récita de amadores, no Teatro de S. João do Porto quando este se chamava Teatro do Príncipe Real, em 1888, interpretando o papel de Valentim do Fausto e foi tal o sucesso que resolveu aperfeiçoar-se na arte do canto, para o que partiu para Milão, acompanhado de um Carlos Lopes que era primeiro baixo e seguindo o conselho do seu primeiro professor, o tenor Alfredo Gazul. De Itália partiu para França, onde permaneceu alguns anos, a estudar no Conservatório parisiense.
Em 1896 assinou contrato com a Ópera de Berlim, onde se estreou em fevereiro de 1897, na ópera Os Palhaços , de Ruggero Leoncavallo e foi um sucesso, mesmo se o seu maior êxito foi a interpretação do Falstaff, de Verdi. Sousa Coutinho foi particularmente acarinhado na Alemanha, bastas vezes referido como «célebre barítono da ópera de Berlim» e o professor G. F. Berlein modelou o seu busto na personagem de Sir John Falstaff. Deu também numerosos concertos na Alemanha, Holanda, Suécia, Dinamarca, Polónia, Estados Unidos da América ( Washington e Nova Iorque) e Brasil.
Em 1899, o conhecido Chico Redondo era a principal figura da pequena companhia de ópera que se apresentou no antigo Teatro D. Amélia ( depois República e mais tarde, São Luiz), sendo nesse contexto que também se apresentou na ópera Palhaços e em um ato do Fausto que eram o reportório dessa companhia. Pouco tempo depois, cantou-se Palhaços no Coliseu dos Recreios, numa das companhias de ópera que habitualmente lá se exibiam e Francisco Sousa Coutinho foi substituir o barítono Carbonell no papel de Tonio.
Nos últimos anos da sua vida Francisco de Sousa Coutinho deu aulas de canto em Lisboa e manifestou uma enorme paixão por cozinhar. Foi internado na Casa de Saúde do Telhal em 1923, onde veio a falecer no ano seguinte, ficando sepultado no jazigo de família nos Prazeres.
Embora tendo recusado o título de marquês de Valença, Dom Francisco de Sousa Coutinho aceitou ser agraciado com o hábito de Cristo pelo rei Dom Luís e está também presente na toponímia de São Domingos de Rana.