A partir das 3H15, uma coluna de nove viaturas militares da EPE de Tancos segue para Lisboa, para ocupar a Casa da Moeda, onde chega cerca das 18 horas, depois de horas a defender o emissor do Rádio Clube Português no Porto Alto.
Cerca das 3:15 do dia 25 de abril de 1974 uma coluna motorizada da EPE- Escola Prática de Engenharia saiu de Tancos com destino a Lisboa e a intenção de ocupar a Casa da Moeda. Contudo, cerca das 8:50, estacionou no centro emissor de Onda Média de 120 kw do Rádio Clube Português, no Porto Alto, para reforçar a sua defesa, pelo que só por volta das 18 horas ocupou a Casa da Moeda, na Avenida de António José de Almeida nº 42.
As Companhias de Caçadores 4241 e 4246 do Campo de Instrução Militar de Santa Margarida encontraram-se na Ponte da Golegã com a coluna da Escola Prática de Engenharia de Tancos e entregaram-lhe munições. A 4246 seguiu para a Ponte de Vila Franca de Xira e as outras duas, comandadas pelo capitão miliciano Luís Pessoa, acorreram a defender as instalações do Porto Alto, onde estavam as antenas do Rádio Clube Português, garantindo assim a transmissão. Às 8 horas da manhã, o governo do Estado Novo ainda ordenou o corte de energia elétrica e dos telefones ao Rádio Clube Português, tanto nos estúdios da Rua Sampaio Pina como nas antenas do Porto Alto, situação que só foi normalizada às 19:00 horas e assim entraram em funcionamento geradores automáticos que asseguraram a emissão e a EPE permaneceu mais tempo no local e apenas às 18 horas ocupou a Casa da Moeda -Imprensa Nacional.
Desde 1972 que a Casa da Moeda havia tido uma fusão com a Imprensa Nacional sendo em 25 de abril de 1974 a INCM – Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Cerca de 30 anos antes, sob o traçado de 1933 do Arqº Jorge Segurado, abriu em 1941 a nova sede da Casa da Moeda na Avenida de António José de Almeida, oriunda da Rua de São Paulo, onde estava desde 1720 estando essa memória guardada no local através do Beco e da Rua da Moeda.
Já a Avenida de António José de Almeida nasceu do Edital municipal de 18 de julho de 1933. Quatro anos mais tarde, em 31 de dezembro de 1937, foi inaugurada nesta artéria uma estátua a homenagear este Presidente da República, da autoria do escultor Leopoldo de Almeida e do Arqº Pardal Monteiro. E quatro anos depois abriu a Casa da Moeda.
Cerca de quinze dias após o falecimento de António José de Almeida determinou a edilidade, através do Edital de 12/11/1929 que a a Avenida 12 do Novo Bairro no seguimento da Avenida Almirante Reis (hoje, Avenida Guerra Junqueiro) se denominasse Avenida Dr. António José de Almeida. Mas em 1933, a autarquia mudou o topónimo para o prolongamento da Avenida Miguel Bombarda, entre a Avenida dos Defensores de Chaves e a Avenida de Manuel da Maia, onde ainda hoje a encontramos.
António José de Almeida (Penacova – Vale da Vinha/27.07.1866 – 31.10.1929/Lisboa), formado em 1895 em Medicina pela Universidade de Coimbra, aderiu logo nessa época ao Partido Republicano e ao longo da sua vida exerceu medicina em Angola, São Tomé e Príncipe e Lisboa. Fez a sua vida como político: deputado pelo círculo oriental de Lisboa (1906); Ministro do Interior do Governo Provisório (1910-1911), fundou o Partido Republicano Evolucionista (24 de fevereiro de 1912); defendeu a participação de Portugal na Guerra logo em 1914; foi Chefe do Governo da União Sagrada e Ministro das Colónias (1916-1917); foi o único Presidente da I República a cumprir integralmente o seu mandato, de 1919 a 1923. Refira-se ainda que António José de Almeida proferiu um discurso no funeral de Rafael Bordalo Pinheiro (1905), e postumamente, em 1934, foram coligidos os seus principais artigos e discursos e publicados em 3 volumes sob o título Quarenta anos de vida literária e política.

A Casa da Moeda na Avenida de António José de Almeida, nos anos 50 do séc. XX
(Foto: António Passaporte, Arquivo Municipal de Lisboa)
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