A artéria do Instituto Virgílio Machado no ano do seu 110º aniversário

Freguesia de Santa Maria Maior

Freguesia de Santa Maria Maior

A Rua do Instituto Virgílio Machado foi atribuída no próprio ano da fundação do Instituto, no arruamento onde estava sediado, por via da proposta dos vereadores João Sabino de Sousa e Alberto António de Moraes Carvalho Sobrinho, com deliberação camarária favorável «por acclamação» de 17/09/1903 e, subsequente Edital de 06/11/1903, na que era a Rua da Ribeira Velha (Edital de 29/11/1902).

De acordo com o olisipógrafo Norberto Araújo, nas suas «Peregrinações em Lisboa», este Instituto Médico « deve o nome ao seu fundador, Dr. Vergílio César de Oliveira Machado, e data de 1903; a designação actual da serventia, que era a Rua da Ribeira, aberta no ano anterior, é também daquela época.»

Virgílio César da Silveira Machado (Queluz/01.03.1859 – 17.06.1927/Lisboa)  fundou este Instituto em 23 de Março de 1903 com a designação de Instituto de Electrologia Médica e, e era um médico entusiasta das aplicações da electricidade na medicina, para além de ter sido o primeiro médico a fazer passar corrente aneurismal num aneurisma da aorta, obtendo a coagulação do sangue dentro do saco aneurismal e, conseguindo deste modo a cura dos doentes coronários, o que o tornou precursor da cirurgia vascular. Virgílio Machado que terminou o seu curso em 1883 com a tese «Paralisia Infantil», foi também quem introduziu em Portugal a fisiatria, a neurologia (organizou o 1º serviço de neurologia hospitalar português, no Hospital de São José), a radiologia e a urologia, com os seus pioneiros «Apontamentos de Urossemiologia» (1890).

Placa Tipo II

Placa Tipo II

No 130º aniversário do Capitão Roby a sua Rua no Beato

Placa Tipo II

Placa Tipo II (Foto: Sérgio Dias)

Hoje passa o 130º aniversário do capitão Sebastião Roby que desde a publicação do Edital municipal de 18 de julho de 1933 deu nome à Rua B à Calçada da Picheleira.

Conforme este Edital, sabemos que nos arruamentos circundantes deste bairro destinado desde 1927 à construção de habitações económicas foram também dados mais topónimos, «Que aos arruamentos do Casal da Porciuncula, cujo projecto foi aprovado em 15 de Março de 1928, sejam dadas as seguintes denominações» : à Rua  A – Rua Frei Fortunato de São Boaventura, um religioso cisterciense  absolutista; à Rua C – Rua Silva Porto, um herói do Ultramar ; à Rua H – Rua de Silveira Peixoto, um explorador do Panamá; à Rua I – Rua Frederico Perry Vidal que foi director da Biblioteca da Ajuda; e na Rua B, o Capitão Roby.

O homenageado é um dos irmãos Roby – João e Sebastião –, ambos nascidos em Braga e, ambos falecidos nas campanhas de pacificação de África do início do séc. XX. Trata-se do mais novo, Sebastião de Faria Machado Pinto Roby de Miranda Pereira (Braga/30.10.1883 – 10.07.1915/Angola) que foi capitão de infantaria e fuzilado a tiro numa emboscada na região do Quiteve quando fazia uma missão de reconhecimento. Sebastião Roby assentou praça em 1899 no Regimento de Infantaria e em 1908 requereu a passagem ao exército colonial, tendo então prestado serviço, sucessivamente, em Moçambique e na Guiné. Por motivos de saúde voltou a Portugal Continental e durante 3 anos foi professor na Escola Central de Sargentos. Em 1914, já com o posto de capitão seguiu como voluntário para o sul de Angola, comandado pelo general Pereira de Eça. Foi galardoado com a Cruz de Guerra a título póstumo e o seu corpo foi trasladado do posto fortificado de Mulondo para Braga em 1924.

Freguesia do Beato

Freguesia do Beato (Foto: Sérgio Dias)

João Pereira da Rosa a correr para O Século

Freguesia da Misericórdia

Freguesia da Misericórdia

Esta artéria que corre para a Rua de O Século em homenagem a João Pereira da Rosa perpetua aquele que durante 36 anos foi  director desse jornal, com a legenda «Jornalista/1885 – 1962».

Logo no mês seguinte ao falecimento de João Pereira da Rosa, deliberou a Câmara na sua reunião de 13/04/1962, que o seu nome fosse dado a um arruamento de Lisboa, o que se concretizou no ano seguinte através da publicação do Edital de 26/01/1963, sendo o nome de João Pereira da Rosa dado à Calçada dos Caetanos, via que antes do Edital de 08/06/1889 era a Calçada Nova dos Caetanos.

A Acta nº 82 da Comissão Municipal de Toponímia, referente à reunião de 18 de Janeiro de 1963 refere a este propósito o seguinte: «Processo nº 9125/62. Intervenção do excelentíssimo senhor vereador Casal-Ribeiro, em reunião de 13 de Abril do ano findo, sugerindo que seja perpetuada a memória do jornalista João Pereira da Rosa numa das ruas da capital. A Comissão depois de várias considerações e dado que existem duas artérias com o mesmo nome Calçada e Rua dos Caetanos emitiu o parecer de que aquela calçada passe a denominar-se Rua João Pereira da Rosa, ficando, assim, o seu nome consagrado junto do Jornal “O Século” de que foi ilustre director.»

João Pereira da Rosa (Évora/26.09.1885 – 24.03.1962/Lisboa) trabalhou desde os 13 anos de idade no jornal O Século, como empregado administrativo e, alguns anos depois como inspector-geral das oficinas do jornal. Mais tarde foi sub-director e, a partir de 9 de Junho de 1926 foi o  director, vindo ainda mais tarde a ser o proprietário deste órgão de comunicação social. Na sua direcção, fundou em 1927 a Colónia Balnear Infantil de O Século que em 1959 lhe valeu a Grã-Cruz da Ordem da Benemerência. Por sua expressa vontade, o seu funeral saiu da Sala dos Azulejos do jornal que dirigiu.

Refira-se ainda que João Pereira da Rosa foi vereador da Câmara Municipal de Lisboa na Comissão Administrativa de 1918 e procurador à Câmara Corporativa na sua 1ª legislatura. E que se igual forma, ao longo da sua vida se empenhou no desempenho de outros cargos, como director-secretário da Associação Comercial de Lisboa, fundador da União dos Interesses Económicos (1924), presidente do Grémio da Imprensa Diária (1936-1941), 1º presidente da direcção da Caixa de Reforma dos Jornalistas, presidente da Assembleia-Geral do Ateneu Comercial de Lisboa, director do Automóvel Clube de Portugal e, sócio honorário dos Inválidos do Comércio.

Placa Tipo II

Placa Tipo II

Da Travessa do Convento à Rua Câmara Pestana

na «Ilustração Portuguesa» em 1905

na Ilustração Portuguesa em 1905

Hoje é o 150º aniversário de Câmara Pestana que deu nome à Travessa do Convento de Santana por Edital de 05/12/1901, confirmada por Edital de 17/10/1924, na própria artéria do Instituto Bacteriológico de Câmara Pestana o qual também mereceu topónimo pelo Edital de 13/08/1918, para substituir a Rua do Convento de Santana.

A Travessa do Convento das Freiras de Santana por edital municipal de 08/06/1889 passou a denominar-se Travessa do Convento de Santana. Posteriormente, por Edital de 05/12/1901 pode ler-se «que a Travessa do Convento de Sant’Anna, onde está construído o Instituto Bacteriológico, passa a ter a denominação de Rua Camara Pestana», topónimo que foi ainda confirmado pelo Edital de 17/10/1924: «Que se confirme a designação de rua Camara Pestana, dada à travessa do Convento de Santa Ana e a de rua Instituto Bacteriologico que obteve a rua do Convento de Santa Ana, uma e outra assim designadas em sessão de 21 de Novembro de 1900. (…)».

Luís da Câmara Pestana (Funchal/28.10.1863 – 15.11.1899/Lisboa), que faleceu aos 36 anos vítima da peste bubónica da Ribeira do Porto, que combatia com o seu trabalho no tratamento e na investigação desta doença, foi um médico e investigador que concluiu o curso de Medicina em 1889 com a tese «O micróbio do carcinoma». A partir de 1890 foi professor da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, regendo as cadeiras de Higiene, de Medicina Legal e de Anatomia Patológica. Em 1891 foi enviado a Paris para aprofundar os estudos de bacteriologia e tomar conhecimento dos mais recentes trabalhos de Koch na prevenção e tratamento da tuberculose tendo  também estagiado no Instituto Pasteur, onde aprendeu o processo da vacina anti-rábica.

Criou em 1892 o Real Instituto Bacteriológico de Lisboa que acabou por receber o seu nome no ano da sua morte, por proposta dos estudantes da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. Nesse ano houve um surto de febre tifóide em Lisboa e arredores e, Câmara Pestana foi encarregado da análise das águas de Lisboa, escolhendo Aníbal Bettencourt para seu assistente e, com os mais recentes aparelhos requisitados ao estrangeiro instalaram-se numa enfermaria do Hospital de S. José que acabou por dar origem ao Instituto Bacteriológico de Lisboa, por decreto de 29 de dezembro de 1892, com Câmara Pestana como seu primeiro director.

Enquanto investigador, professor e clínico revolucionou a medicina em Portugal e deixou  uma vasta obra de que se destacam: O Tétano (1892), Etiologia da febre tifóide (1894), Relatórios sobre a epidemia de Lisboa (1894), A Raiva em Portugal  (1896, em colaboração com Miguel Bombarda), A sôrotherapia  (1898). Câmara Pestana escreveu ainda em diversas publicações científicas e foi o fundador da Revista de Medicina e Cirurgia (1894-1895) e dos Archivos de Medicina(1897-1898).

Conta-se que antes de falecer no Hospital de Arroios Câmara Pestana declarava para os colegas que o visitavam que « Há casos, meus caros amigos, nos quais os meios empregados pelos padres, indus ou árabes, ou os métodos da ciência moderna, dão o mesmo resultado. É o meu caso, podem ver».