A Rua Maia Ataíde, engenheiro de formação e olisipógrafo por paixão

Freguesia de Benfica
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

O Eng.º Manuel Ataíde foi um olisipógrafo da história de arte que está fixado numa artéria de Benfica, junto à Rua Perez Fernandez, desde a publicação do Edital municipal de 30 de janeiro de 2009, com a legenda «Olisipógrafo/ 1910 – 2003».

O seu nome foi sugerido pelo Grupo Amigos de Lisboa, em conjunto com o do Engº Brazão Farinha, tendo a Rua Maia Ataíde ficado na Rua G à Rua Perez Fernandez e a Rua Brazão Farinha, também nas proximidades, sido fixada na Rua E à Rua Vasco Botelho do Amaral/Travessa Sargento Abílio.

Manuel José Maia Athayde (10.04.1910 – 12.10.2003) depois de formado engenheiro pelo Instituto Superior Técnico, foi matriculado na escola especial dos CTT pelo seu pai – José Francisco de Paula Ataíde – que fora inspector dos Correios e esse foi o seu local de trabalho até 1980, tendo mesmo sido Diretor Geral de Telecomunicações e o responsável pela implementação no nosso país do telex (rede telegráfica automática).

Por paixão, tornou-se olisipógrafo e historiador de arte. Nos finais da década de 50  tornou-se aluno de Mário Chicó na Faculdade de Letras de Lisboa, com quem mais tarde colaborou  como investigador do património de Lisboa. Maia Ataíde  coordenou a edição regular dos diversos tomos de Monumentos e Edifícios Notáveis no Distrito de Lisboa (1962) com António Manuel Gonçalves; com M. Micaela Soares assinou Monumentos de Lisboa e com Esther de Lemos Arredores de Lisboa, ambos editados pela Câmara Municipal de Lisboa em 1963;  e ainda nos deixou entre outras obras, Ronda dos Velhos Monumentos (1963), A Igreja e a Casa do Capítulo do Convento de S. Domingos em Lisboa (1970), A igreja de Nossa Senhora do Loreto (1986) com José Meco e  A Igreja de Nossa Senhora da Pena (1988).

Sócio do Grupo Amigos de Lisboa desde 17 de maio de 1969, com inúmeros artigos no seu boletim Olisipo, chegou a ser vice-presidente (1982 a 1988) e Presidente da sua Junta Directiva (1991 a 1994), período em que representou o GAL na Comissão Municipal de Toponímia de Lisboa. Durante a sua presidência realizou-se no Palácio Fronteira o Simpósio Lisboa em Discussão, cujas comunicações originaram a II série do Olisipo.

Foi ainda membro da Academia Nacional de Belas-Artes, sócio da Associação Portuguesa de Historiadores de Arte e da Associação Portuguesa de Museus, cujo Conselho Consultivo integrou.

Freguesia de Benfica                                            (Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

Damião Peres, autor da História de Barcelos, numa Rua de Telheiras

Freguesia do Lumiar
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

A memória de Damião Peres, o historiador que se notabilizou pela sua História de Portugal em 9 volumes, conhecida como História de Barcelos,  está desde 1978 numa Rua de Telheiras, através do Edital municipal que iniciou nesta zona da cidade o Bairro dos Professores, através da toponímia.

Por via da publicação do Edital de municipal de 27 de fevereiro de 1978, a Rua Prof. Damião Peres, com a legenda «Historiador /1889 – 1976», ficou na Rua 3 N da Zona de Telheiras. O mesmo Edital colocou mais os seguintes topónimos nas ruas do Bairro:  na Rua 1 o Prof. Pulido Valente, na Rua 1 N o  Prof. Bento de Jesus Caraça, na Rua 2 o Prof. João Barreira, na Rua 2 N o Prof. Queiroz Veloso, na Rua 3 o Prof. Henrique Vilhena, na Rua 4 o Prof. Mário Chicó, na Rua 6 o Prof. Vieira de Almeida, na Rua 9 o Prof. Fernando da Fonseca, na Rua 11 o  Prof. Hernâni Cidade, na Rua 11 A a Profª. Virgínia Rau, na Rua 11 B o Prof. Delfim Santos, no Impasse 11 C o   Prof. Luís Reis Santos e fazendo um único arruamento com a junção da Rua 15 com os Impasses 15 B, 15 C e 15 D ficou o Prof. Mark Athias.

Damião António Peres (Lisboa/08.07.1889 – 26.10.1976/Porto) foi professor liceal, tendo até sido reitor do Liceu do Funchal e do lisboeta Liceu Gil Vicente, para depois ser docente universitário de 1919 a 1959, primeiro na Universidade do Porto (1919 a 1928), cuja Faculdade de Letras e Arquivo Histórico da Cidade dirigiu, passando depois para a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (1931 a 1959).

Enquanto historiador notabilizou-se pela sua História de Portugal em 9 volumes, que produziu com Euleutério Cerdeira, conhecida com a História de Barcelos por ter sido publicada pela Portucalense Editora – sediada em Barcelos-, entre 1928 e 1954, com o subtítulo «Edição monumental comemorativa do 8.º centenário da fundação da nacionalidade, profusamente ilustrada e colaborada pelos mais eminentes historiadores e artistas portugueses», tendo sido propositadamente no dia exato dos 800 anos da Batalha de São Mamede, que  de facto marcou a independência de Portugal. Um 10º volume foi editado em 1981, da autoria de Franco Nogueira, sobre o período de 1933 a 1973, pela Livraria Civilização, do Porto, que adquiria os direitos da obra. Damião Peres publicou ainda, entre outros, Catálogo das Moedas Portuguesas (1929-1934) em 2 volumes, Como nasceu Portugal (1938), A História dos Descobrimentos (1943),  Portugal na História da Civilização (1946), O descobrimento do Brasil por Pedro Álvares Cabral : antecedentes e intencionalidade (1949), História dos Moedeiros de Lisboa como Classe Privilegiada (1964-1965) em 2 volumes ou História dos mais belos Castelos de Portugal (1969).

Damião Peres ainda fundou a Revista de Estudos Históricos, organizou as coleções de numismática do Museu Municipal do Porto e da Casa da Moeda de Lisboa, foi membro da Academia das Ciências de Lisboa e fundador da Academia Portuguesa da História.

Foi Doutor Honoris Causa pelas universidades de Montpellier e Bordéus, assim como agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (1961) e da Ordem Militar de Santiago da Espada (1968) e integra a toponímia do concelho de Almada ( por 4 vezes), de Fernão Ferro, do Montijo, de Paços de Ferreira, da cidade do Porto e de São Domingos de Rana.

Freguesia do Lumiar
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

A Rua Mário Gomes Páscoa, olisipógrafo dos transportes lisboetas

Freguesia de São Domingos de Benfica
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

O Engº Mário Gomes Páscoa, que desempenhou cargos directivos no Grupo de Amigos de Lisboa e como olisipógrafo se empenhou na investigação dos sistemas de transporte, integra a toponímia lisboeta desde o final do ano de 2001, na freguesia de São Domingos de Benfica.

Foi pelo Edital municipal de 26 de dezembro de 2001 que a Rua A à Rua Abranches Ferrão passou a ter como topónimo Rua Mário Gomes Páscoa, arruamento que ficou a ligar a Rua Abranches Ferrão à Rua São Tomás de Aquino.

Mário José da Costa Gomes Páscoa (01.03.1928 – 12.07.1993), foi um engenheiro de formação, pelo Instituto Superior Técnico, desde 1952, que enquanto olisipógrafo investigou sobretudo a relação dos sistemas de transporte com a cidade, tendo sido consultor do Metropolitano de Lisboa para pesquisa e publicação de trabalhos sobre Lisboa e à relação dos sistemas de transportes com a cidade, colaborador na Academia de Cultura e Cooperação e da União das Misericórdias Portuguesas, para além de ter exercido as funções de Vice-Presidente da Assembleia Geral do Grupo de Amigos de Lisboa.

Postumamente, patrocinadas pelo Metropolitano de Lisboa, foram lançadas as suas obras Os Transportes Públicos de Lisboa no séc. XIX (1993), assim como os artigos «Breve Notícia sobre o Hospital de Todos os Santos e da Misericórdia» no Caderno 1 de Sítios de Lisboa (1993) e «o Sítio da Baixa/Chiado» no Caderno 2 de Sítios de Lisboa (1994) e  também a edição O Noviciado da Cotovia e Colégio dos Nobres (1994).

Começou a sua carreira profissional de engenheiro em 1954 no Ministério das Obras Públicas, tendo logo no ano imediato sido admitido a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais e prosseguiu-a no Metropolitano de Lisboa (1956-1958), na Fundação Calouste Gulbenkian e na CUF (1960-1963) e na  Profabril (1964-1971).

Desempenhou ainda funções de Vogal do Conselho de Gerência da Empresa Rodoviária Nacional (1978) e de membro da Comissão Municipal de Estética Urbana desde janeiro de 1993 até ao seu falecimento.

Mário Gomes Páscoa foi condecorado postumamente, em 1994, com a Ordem de Mérito no grau de Grande Oficial.

Freguesia de São Domingos de Benfica
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

César Oliveira, da História do Movimento Operário, eternizado numa rua do Lumiar

Freguesia do Lumiar
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

César Oliveira, cuja investigação histórica se centrou sobretudo na História do Movimento Operário, do Estado Novo e também da Administração Local,  foi colocado na toponímia de Telheiras no ano seguinte ao seu falecimento, no Impasse no prolongamento da Rua Prof. Damião Peres, através do Edital municipal de 11 de março de 1999.

A Rua Professor César Oliveira homenageia o historiador António César Gouveia de Oliveira ( Oliveira do Hospital/26.03.1941 – 15.06.1998) que redigiu a sua própria biografia com a memória do país em Os Anos Decisivos. Portugal: 1962-1985. Um Testemunho (1993) e centrou  a sua investigação na História Contemporânea, com particular incidência no Movimento Operário e no Sindicalismo, pelo era frequentemente chamado o «Historiador da Classe Operária».  São obra sua O Congresso Sindicalista de 1911 (1971),  A Criação da União Operária Nacional e o Operariado e a República Democrática 1910/1914 (ambos em 1972), Socialismo em Portugal 1850/1900 (1973) – a sua tese –  e O 1º Congresso do Partido Comunista Português (1974).

Como professor, começou no ISEF – Instituto Superior de Económicas e Financeiras em 1972, a convite do historiador Joel Serrão, para  a disciplina de  História Económica e Social.  Mas a sua carreira académica está muito ligada ao ISCTE, onde foi docente em 1976 e nos anos 80, para as Licenciaturas de Sociologia e de Organização e Gestão de Empresas, bem como a partir de maio de 1986 como responsável pela cadeira de História Contemporânea de Portugal da Licenciatura de Sociologia e coordenador da área de História do Instituto, tendo também lecionado as cadeiras de História da Política Externa Portuguesa no Mestrado de História Contemporânea e História Contemporânea de Portugal na Licenciatura em Economia. Na Universidade Nova foi também  docente de História da Oposição ao Estado Novo no Mestrado de História, assim como na Faculdade de Economia de Coimbra deu História do Movimento Sindical e História Europeia Comparada e ainda, no ISG- Instituto Superior de Gestão, coordenou o curso de Pós-Graduação em Gestão Autárquica e foi professor de História e Instituições do Poder Local e Animação Cívica e Cultural.

Dirigiu a obra História dos Municípios e do Poder Local : dos finais da Idade Média à União Europeia (1996), na qual escreveu os capítulos referentes aos anos de 1820 a 1993 e são ainda obra sua A Revolução Russa na Imprensa Operária da Época (1975), As Origens do 28 de Maio. António Ferro e a Propaganda do Fascismo (1980), O Movimento Operário Português. A primeira Cisão (1982), Antologia da Imprensa Operária Portuguesa (1984), Salazar e a Guerra Civil de Espanha (1987), A Ascensão de Salazar (1988), Salazar e o seu Tempo (1991), Cem Anos de Relações Portugal e Espanha.Política e Economia (1995) e Portugal: Dos quatro cantos do mundo à Europa. Um ensaio sobre a descolonização (1996). 

Entrou na Faculdade de Direito de Coimbra em 1959 e nesse ano da campanha de Humberto Delgado nasceu para a política. Participou nas lutas da crise académica de 1962 e expulso por 6 meses, seguiu para fazer Filosofia na Universidade do Porto, onde conheceu a sua mulher Beatriz Martins e se licenciou com uma interrupção para cumprir o serviço militar em Angola durante quase 40 meses, onde conheceu Melo Antunes. Em 1969, colaborou na campanha eleitoral da CDE e em 1986 foi Doutor pelo ISCSP- Instituto Superior de Ciências Políticas de Lisboa com a dissertação Portugal e a II República de Espanha.

Foi militante do PCP nos anos 60 e do MES após o 25 de Abril de 1974 . Em 1977, fundou a Fraternidade Operária e ainda nesse ano, com Lopes Cardoso, fundou a UEDS- União de Esquerda para a Democracia Socialista que em 1980 se aliou eleitoralmente com o PS e a ASDI para a FRS-Frente Republicana e Socialista, sendo a partir de 1986, militante do PS.  Foi  adjunto do Ministro Correia Jesuíno no IV Governo Provisório, deputado na Assembleia da República (1980) e Presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital durante um mandato (1990-1994), para além de membro eleito da Assembleia Municipal de Lisboa e da Assembleia da Área Metropolitana de Lisboa (1994).

César de Oliveira participou ainda na Cooperativa Cultural Confronto; foi um dos fundadores da Editorial Afrontamento com António Melo, João Barrote, Júlio Pereira, Leal Loureiro, Mário Brochado Coelho, Pedro Francisco, padre Soares Martins e Sousa Ribeiro, a editora que publicou a coleção «História do Movimento Operário»; dirigiu a Agência Noticiosa Italiana – Inter Press – em Lisboa (agosto de 1975 a dezembro de 1977); integrou o GIS- Gabinete de Investigações Sociais, a revista Análise Social e a equipa para as comemorações do centenário do Diário de Lisboa.

Foi agraciado postumamente com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade (1999) e da Ordem do Infante D. Henrique (2005), com o acrescento do seu nome à Casa da Cultura de Oliveira do Hospital bem como à toponímia de Ervedal e da cidade de Oliveira do Hospital, assim como para além de Lisboa surge em Ruas de Amora (Seixal), de Vale Flores (Almada) e numa Avenida da vila da Fuzeta (Olhão).

Freguesia do Lumiar
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

A Praceta do Historiador da Literatura Portuguesa, António José Saraiva

Freguesia do Lumiar
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

António José Saraiva, conhecido Historiador da Literatura Portuguesa, está perpetuado desde o próprio ano do seu falecimento, com a legenda «Historiador e Ensaísta/1917 – 1993», numa Praceta da freguesia do Lumiar, na zona conhecida como Bairro dos Professores pela sua toponímia.

A Praceta Prof. António José Saraiva está delimitada pela Rua Professor Eduardo Cortesão, Bloco C2 da Rua Professor João Barreira e a Rua Professor Henrique Vilhena, conforme o Edital municipal de 31 de agosto de 1993.

António José Saraiva (Leiria/31.12.1917 – 17.03.1993/Lisboa) foi um historiador da literatura portuguesa que também fez carreira como professor universitário, ensaísta e crítico.

Como historiador da Literatura e da Cultura portuguesas destacam-se as suas Para a História da Cultura em Portugal (1946), História da Literatura Portuguesa (1949), História da Cultura em Portugal (1950) – com Luís de Albuquerque-, História da Literatura Portuguesa (1955)- em colaboração de Óscar Lopes -, A Inquisição Portuguesa (1956), Para a História da Cultura em Portugal (1961),  Literaturas Portuguesa, Brasileira e Galega (1966), Inquisição e Cristãos-Novos (1969), Breve historia de la literatura portuguesa (1971), A Cultura em Portugal (1982),  Iniciação na Literatura Portuguesa (1985),  e A Tertúlia Ocidental: Estudos sobre Antero de Quental, Oliveira Martins, Eça de Queiroz e outros (1991) e a póstuma Cultura (1993).

Licenciado em 1932 e Doutorado em Filologia Românica em 1942, pela Universidade de Lisboa,  com a tese Gil Vicente e o Fim do Teatro Medieval, foi professor assistente da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, do Liceu Passos Manuel e depois, do Liceu de Viana do Castelo (1946-1949). Após o 25 de Abril de 1974 voltou a ser docente  catedrático da Universidade bem como da Universidade Nova de Lisboa.

Foi militante do Partido Comunista Português e combateu o regime salazarista, tendo sido apoiante da candidatura do general Norton de Matos. Assim, foi preso e impedido de ensinar em 1949, pelo que durante os anos seguintes, viveu exclusivamente das suas publicações e da colaboração em jornais e revistas,  nomeadamente no semanário Mundo Literário. Em 1960 exilou-se em França , sendo a partir de 1961 investigador do Centre National de Recherche Scientifique de Paris, em História Moderna. Depois do Maio de 68 foi viver para a Holanda para exercer como catedrático da Universidade de Amesterdão e só regressou a Portugal após a Revolução dos Cravos.

Na sua vida pessoal foi o segundo dos sete filhos do professor de Liceu José Leonardo Venâncio Saraiva e de Maria da Ressurreição Baptista, sendo assim irmão de José Hermano Saraiva, e depois de casar com Maria Isabel Saraiva, pai de António Manuel,  Pedro António  e do mais conhecido Arqº José António Saraiva.

António José Saraiva está também presente na toponímia de Agualva-Cacém (Sintra), Barcarena (Oeiras), Fundão, Guarda, Leiria, Mem Martins (Sintra), Rio de Mouro (Sintra), São Brás (Amadora), Sesimbra, Vale Flores (Almada), Viana do Castelo.

Freguesia do Lumiar
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

A Rua Vilhena Barbosa, em homenagem ao autor de Monumentos de Portugal, no Arco do Cego

Freguesia do Areeiro
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

O historiador e arqueólogo do séc. XIX, autor de Monumentos de Portugal, historicos, artisticos e archeologicos, Inácio de Vilhena Barbosa, está homenageado desde 1933 numa Rua  do Bairro do Arco do Cego.

Nascida como Rua de Vilhena Barbosa, pelo Edital municipal de 18 de julho de 1933, na Rua 7 do Bairro do Arco do Cego, a partícula «de» foi suprimida por parecer da Comissão de Toponímia já que não existira uma relação de posse entre o espaço e o homenageado e assim foi homologado pelo Vice-Presidente da edilidade em 13 de abril de 1948.

Pelo mesmo edital de 18 de julho de 1933 foram atribuídos no mesmo Bairro Social do Arco do Cego mais 7 topónimos –  Brito Aranha (na Rua nº 1), Barbosa Colen (Rua nº 2), Arnaldo Gama (Rua nº 3),  Fernando Pedroso (Rua nº 4), Caetano Alberto (Rua nº 5), Gomes Leal (Rua nº 6) e Xavier Cordeiro (Rua nº 8) – tendo sido todos inaugurados em cerimónia pública de 10 de março de 1935.

A construção no Bairro do Liceu Dona Filipa de Lencastre cortara as Ruas Desidério Beça e Cardoso de Oliveira e em 1955, também a construção das escolas primárias cortou em duas as Ruas Vilhena Barbosa, Gomes Leal, Arnaldo Gama e Barbosa Colen, ficando desde aí a Rua Vilhena Barbosa contida entre a Rua Brás Pacheco e a Rua Cardoso de Oliveira.

Inserto em Monumentos de Portugal, historicos, artisticos e archeologicos em 1886

Ignacio de Vilhena Barboza (Lisboa/31.07.1811 – 26.11.1890/Lisboa ?), conforme a grafia original do ano do seu nascimento, foi um historiador e arqueólogo, notável pela sua inventariação dos monumentos portugueses e as suas biografias,  que havia feitos os seus estudos secundários no estabelecimento régio do bairro do Rossio (sujeito à Universidade de Coimbra) e no Real Colégio de S. Vicente de Fora, destinado que estava à carreira eclesiástica mas que abandonou em 1834.

Da sua obra com cariz arqueológico destacam-se, por ordem cronológica, os 2 tomos de Estudos Históricos e Arqueológicos (1874 – 1875)  que junta um conjunto de artigos sobre a criação do arquivo da Torre do Tombo e das  bibliotecas em Portugal, os pelourinhos, o ouro das Minas do Brasil ou a História do Tabaco; com Possidónio da Silva as Noções elementares de Archeologia (1878) ; e Monumentos de Portugal, historicos, artisticos e archeologicos (1886) que terá sido elaborado a partir de uma proposta de Teófilo Braga.

Para além do armorial concelhio em 3 volumes que é  As cidades e villas da monarchia portugueza que teem brasão d’armas (1860-1862) também publicou inúmeras biografias, como as de João de Barros (1841), de Diogo do Couto e do Duque da Terceira (ambas em 1842),  O Dr. Felix de Avellar Brotero, D. Francisco d’Almeida 1.º viso-rei da India,  D. Henrique de Meneses 7.º Governador da India, D. Beatriz rainha de Portugal: mulher d’el-rei D. Afonso III ( todas as quatro em 1843), e em 1844, Visconde de Sá da Bandeira, D. João de Castro 4.º viso-rei da India e Infante D. Beatriz, duqueza de Saboya.

Inácio de Vilhena Barbosa foi ainda membro do Conservatório Real de Lisboa nomeado  pela rainha D. Maria II, quando Almeida Garrett convenceu o governo a tornar o estabelecimento uma academia literária ; sócio  da Academia das Ciências de Lisboa desde 1863, sendo em dezembro de 1875 inspetor da Biblioteca da Academia;  bem como membro da «Real Associação de Arquitectos Civis e Archeologos Portugueses», da Associação dos Jornalistas e Escritores Portugueses, do Instituto de Coimbra, da Academia Nacional de Paris e do Retiro Literário Português do Rio de Janeiro.

Na imprensa, fundou em 1839 o jornal ilustrado Universo Ilustrado, onde imperou a litografia e durou 6 anos. Depois, passou a colaborar com A União, O Diário do Governo (de 1848 a 1850), O Mosaico,  O PanoramaIlustração Luso-BrasileiraRamalhete do Cristão, O Comércio do PortoArquivo Pitoresco – na época de Brito Aranha e Pinheiro Chagas– e O Occidente, tendo publicado artigos como  «Os monumentos da antiguidade em Portugal: as ruínas de Cetóbriga» (1872).

Freguesia do Areeiro
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

O autor da Toponímia Árabe de Portugal numa Rua da Quinta dos Apóstolos

Freguesia da Penha de França
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

David Lopes, o filólogo e historiador que publicou Toponímia Árabe de Portugal, desde 1949 que dá o seu nome a uma Rua do Bairro da Quinta dos Apóstolos.

Foi pelo Edital municipal de 13 de maio de 1949 que o seu nome foi atribuído à  Rua C do Bairro da Quinta dos Apóstolos à Rua Lopes, também conhecida como Rua C à Rua Lopes ou Rua C ao Alto do Varejão.

Pelas Atas da Comissão Consultiva Municipal de Toponímia sabe-se que a Casa do Distrito de Porto solicitou que a um novo arruamento de Lisboa fosse dado o nome de Sousa Viterbo, tendo a referida Comissão, na sua reunião de 28 de abril de 1949, emitido parecer favorável, escolhendo para o efeito os arruamentos ainda sem denominação do Bairro da Quinta dos Apóstolos e assim fixando na toponímia lisboeta o arqueólogo, genealogista e presidente da Câmara Municipal de Lisboa Braamcamp Freire na Rua A, o solicitado historiógrafo Sousa Viterbo na Rua B, e os professores e filólogos Adolfo Coelho e David Lopes, nas Ruas D e C, respetivamente.

(Foto de António da Silva Fernandes Duarte, Arquivo Municipal de Lisboa)

De seu nome completo David de Melo Lopes (Sertã – Nesperal /07.04.1867 – 03.02.1942/Lisboa), distinguiu-se como professor, historiador, filólogo e arabista que em Portugal renovou a tradição destes estudos.

De 1889 a 1892 frequentou em Paris a Escola de Línguas Orientais e a Escola de Altos Estudos para nos anos seguintes, de 1892 a 1895, já em Lisboa, seguir o Curso Superior de Letras e no ano imediato, em 1896, começar a sua carreira oficial como professor de Francês, no Liceu de Lisboa . Passados cinco anos enveredou pela docência da cadeira de língua e literatura francesa do Curso Superior de Letras (que dez anos depois, após a implantação da República, se tornaria Faculdade de Letras). Em 1914 passou a ter a responsabilidade da cadeira de Língua Árabe, criada por decreto no ano anterior, situação que manteve até 1937, ano em que atingiu o limite de idade.

A par do ensino David Lopes deixou ainda vasta obra nos campos da filologia e da história com, entre outros, Textos em aljamia portuguesa (1897), História dos Portugueses no Malabar (1898), Toponímia Árabe de Portugal (1902), Os árabes na obra de Alexandre Herculano: notas marginais de língua e história portuguesa (1911), Anais de Arzila (1915), Bases da Ortografia que deve ser Adoptada no Dicionário da Academia (1916), «Cousas arábico-portuguesas» no Boletim da 2ª Classe da Academia das Ciências de Lisboa (1917), Rudimentos de gramática árabe: para uso dos alunos do curso de língua árabe da Faculdade de Letras de Lisboa (1919), História de Arzila (1925), «Alguns vocábulos arábico-portuguesas de natureza religiosa, étnica e lexicológica» na Revista da Universidade de Coimbra» (1930), A Expansão da Língua Portuguesa no Oriente, nos séculos XVI, XVII e XVIII (1936), «Notas filológicas sobre particularidades vocabulares do português das praças de África» no Boletim de Filologia (1941), sendo também de destacar as publicações póstumas Nomes árabes de terras de Portugal (1968) ou O cancioneiro Árabe de IBN Cuzmane: A sua importância histórica e filológica (1970).

David Lopes que foi também sócio efetivo da Academia das Ciências de Lisboa, académico titular fundador da Academia Portuguesa de História, sócio estrangeiro da Academia Árabe de Damasco e colaborar da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, deixou também trabalhos sobre numismática e epigrafia árabe publicados no Arqueólogo Português.

David Lopes é ainda topónimo de uma Travessa na Amora (Seixal), de uma Praça de São Brás (Amadora)  e na sua terra natal (Sertã) como Rua Professor Doutor David Lopes.

Freguesia da Penha de França
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

João de Barros das Décadas da Ásia numa artéria do antigo Bairro Rolão

Freguesia de Alcântara                                     (Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

O autor de Décadas da Ásia, João de Barros, está desde o final do séc. XIX perpetuado numa rua do antigo Bairro Rolão, a ligar a Calçada da Tapada à Rua Aliança Operária. Foi pela deliberação camarária de 8 de julho de 1892 que a Rua nº 1 do Bairro Rolão passou a ser a Rua João de Barros, tal como as outras artérias próximas levaram as designações de nomes da literatura nacional através da Rua Gil Vicente, a Rua Filinto Elísio, a Rua Bocage (que viveu com esta denominação até 29/02/1988) e a Rua Soares de Passos.

Busto no Jardim de São Pedro de Alcântara        (Foto: Artur Inácio Bastos, 1967, Arquivo Municipal de Lisboa)

O homenageado é João de Barros (Viseu/c. 1496 – 20.10.1570/Pombal), cronista, historiador e alto funcionário da coroa portuguesa no reinado de D. João III que nos deixou as quatro Décadas da Ásia (1552 – 1615),  obra dedicada à conquista e colonização da Índia pelos portugueses, assim concretizando a sua ideia de escrever uma história dos portugueses no Oriente, tanto mais que foi tesoureiro da Casa da Índia de 1525 a 1528, para além de a partir de 1532 e até 1568, ter sido o feitor das Casas da Índia e de Mina, quando Lisboa era um empório a nível europeu com todo o comércio estabelecido com o Oriente. A primeira saiu em 1552, a segunda no ano seguinte e a terceira em 1563, sendo que a quarta Década foi completada por João Baptista Lavanha  e publicada em Madrid, em 1615.  Mais tarde, Diogo de Couto foi encarregado de as continuar e publicou mais nove sendo que a totalidade das 14 só foi publicada de 1778 a 1788, em Lisboa. Esta obra fundamental de João de Barros tem um precioso manancial de informações sobre os portugueses na Ásia e podem ser consideradas o princípio da  historiografia moderna em Portugal.

Filho bastardo do nobre Lopo de Barros, João de Barros foi educado na corte de D. Manuel I e com outros moços-fidalgos, aprendeu latim, matemática e humanidades e em 1522 foi para capitão da fortaleza de São Jorge da Mina por vontade de D. João III, a quem dedicara antes o romance de cavalaria Crónica do Imperador Clarimundo  que exalta as origens imaginárias da casa real portuguesa. Em 1540 também publicou a sua Gramática da Língua Portuguesa, acompanhada de diversos diálogos morais para ajudar ao ensino da Língua materna.

Aquando da peste em Lisboa em 1530 e o terramoto do ano seguinte, João de Barros esteve refugiado na sua quinta, próxima de Pombal, e escreveu  biografias como O Panegírico de D. João III. A ela regressou depois de no início de 1568 ter sofrido um acidente vascular cerebral, pelo que foi dispensado das suas funções na Casa da Índia, recebendo do rei D. Sebastião um título de fidalguia e uma tença régia, e aí veio a falecer em 1570, tendo sido sepultado na capela de Santo António, na Quinta dos Claros.

Casou com Maria de Almeida, 3.ª Senhora da Quinta de São Lourenço, de quem teve cinco filhos e três filhas.

Em Lisboa, João de Barros está também representado no Jardim de São Pedro de Alcântara e nas figuras exteriores do Padrão dos Descobrimentos.

Freguesia de Alcântara
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

Prof. Veiga Ferreira, o arqueólogo Do Paleolítico ao Romano, numa Rua do Lumiar

Freguesia do Lumiar
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

O  Professor Veiga Ferreira, o arqueólogo autor do programa de televisão Do Paleolítico ao Romano, está desde 1998 na toponímia de uma Rua da Freguesia do Lumiar: na artéria formada pelo Impasse A entre a Rua Prof. Aires de Sousa e a Azinhaga das Galhardas mais a Rua A, entre a Rua Prof. Barbosa Sueiro e a Rua Prof. Pinto Peixoto.

Octávio Reinaldo Santos da Veiga Ferreira (Lisboa/28.03.1917 – 14.04.1997/Lisboa) foi um arqueólogo, geólogo e paleontólogo, precursor da prática da interdisciplinaridade, que se dedicou especialmente ao período Calcolítico e ao Campaniforme – patente desde logo no seu primeiro artigo: «Acerca da Cultura do vaso campaniforme em Portugal» (1954)-, tendo ficado particularmente conhecido do público pela sua obra de síntese «Portugal pré-histórico – seu enquadramento no Mediterrâneo» (1981), sucesso que repetiu no ano seguinte ao apresentar na RTP o programa intitulada «Do Paleolítico ao Romano», a que se seguiu o programa com o título «Os Romanos Entre Nós» (1983).

Licenciado em Engenharia Técnica de Minas (1941), consegue o seu primeiro trabalho, em topografia, em regime de tarefa para a Câmara Municipal de Lisboa e em 1942 passou a trabalhar para a Comissão Reguladora do Comércio de Metais, assim como decidiu frequentar o curso de Pré-História  de  Henri Breuil, na Faculdade de Letras de Lisboa, onde conheceu George Zbyszewski com quem viria a desenvolver  um longo e frutuoso trabalho de campo que começou na estação arqueológica de Vila Pouca (Monsanto).  Em março de 1944 ingressou como técnico na Direção Geral de Minas e Serviços Geológicos de onde transitará em 1950, a convite de Zbyszewski, para os Serviços Geológicos de Portugal. Com José Formosinho e Abel Viana trabalhou na escavação a partir de 1945 da necrópole de Caldas de Monchique, demonstrando pela 1ª vez a evolução arquitetónica e de artefatos do Neolítico médio até ao Calcolítico, a partir do que publicou o seu 1º trabalho de arqueologia: «A estação pré-histórica do Buço Preto ou Esgravatadoiro», em 1946.

A partir de 1950, com Leonel Trindade , diretor do Museu Regional de Torres Vedras, fez durante mais de 20 anos prospecção arqueológica e descobriram, por exemplo, as necrópoles pré-históricas de Cabeço da Arruda, Cova da Moira e Serra da Vila. A partir de 1952 foi destacado pelos Serviços Geológicos para trabalhar nos concheiros mesolíticos de Muge, com Jean Roche. Com Abel Viana e Ruy Freire de Andrade investigou os testemunhos da mineração romana de Aljustrel, em 1954, e a partir deste ano, em equipa com Zbyszewski, fez a arqueologia da antiga cidade romana de Egitania, durante 15 anos. Em 1957, com Fernando Almeida, escavou diversos dólmens da Beira Baixa; com Albuquerque e Castro e Abel Viana, estendeu os estudos do Megalitismo à bacia do Vouga; com  Camarate França estudou o monumento Calcolítico de Samarra (em Sintra) e com Afonso do Paço, as estações pré-históricas de Fontalva (Alto Alentejo) . Da colaboração com Vera Leisner e George Zbyszewski resultaram dados do dólmen de Casaínhos (Loures), da sepultura da Praia das Maçãs (Sintra), dos hipogeus de Palmela, dos monumentos megalíticos de Trigache e A-da-Beja (1959) e as primeiras datas de radiocarbono de megálitos portugueses (1963).

Ainda na década de sessenta, publicou as pinturas rupestres da serra dos Louções a que juntará as insculturas rupestres de Mora em 1977 e da Citânia de Santa Luzia em 1981. Com Camarate França e Jean Roche avançou no estudo do Paleolítico Superior,  na Gruta das Salemas e na Gruta Nova da Columbeira, a do 1º dente de neandertal descoberto. No ano de 1964 editou o 1º estudo monográfico sobre o povoado fortificado calcolítico do Zambujal (Torres Vedras) e dedicou memórias necrológicas a Abel Viana (1964), Afonso do Paço (1968 e 1970), Maxime Vaultier (1970) e Joaquim Fontes (1971). Em 11 de maio de 1965 doutorou-se na Sorbonne com a tese «La culture du vase campaniforme au Portugal», sob orientação de Jean Piveteau. Em 1967, com outros professores, fundou a Associação de Estudos Arqueológicos e Etnológicos, onde ministrou cursos livres a partir de 1972: Introdução à Arqueologia e Especialização em Pré-História. De 1968 a 1972, com Vítor Guerra, inventariou os monumentos megalíticos da Figueira da Foz  e em 1969 publicou a Correspondência epistolar entre Martins Sarmento e Nery Delgado.

Nos anos 70, publicou  o monumento do Escoural, com Manuel Farinha dos Santos, enquanto no Pai Mogo (Lourinhã), com K. Spindler, escavou a única tholos calcolítica em Portugal. De 1967 até 1973 foi conservador de Arqueologia do Museu dos Serviços Geológicos, a título gratuito, pelo que publicou o Guia descritivo da Sala de Arqueologia do Museu dos Serviços Geológicos (1982). Em 1971 foi Vice-Presidente da Associação de Arqueólogos Portugueses e de 1973 a 1976 foi Arqueólogo-Consultor da Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais e escavou o acampamento neolítico de Cabrosa (1976) e da tholos de Tituaria, em Mafra (1978). Nesta década aumentou também a sua atividade como docente, através de um curso de iniciação à Arqueologia Pré-Histórica no Museu de Etnologia Dr. Joaquim Manso e de um curso piloto do Património Cultural de Prospeção Arqueológica de pós-graduação para licenciados, ambos em 1976, assim como dois anos depois foi convidado pelo Prof. Oliveira Marques para ser professor de Pré-História da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Nascido em Alcântara, Octávio Veiga Ferreira viveu grande parte da sua infância em Terrugem, até aos 11 anos se fixar em Lisboa. Aos 15 acompanhou as escavações de Manuel Heleno na necrópole pré-histórica de Carenque.  Na sua vida particular, casou com Maria Luísa Fernandes Bastos em 1941. Dela teve 2 filhas – Seomara (1942) e Ana Maria (1945) – cujo padrinho foi o Doutor Zbyszewski. Em 1945 subscreveu as listas de apoio do MUD – Movimento de Unidade Democrática , o que lhe custou ser chamado a prestar declarações na PIDE e o congelamento das promoções nos 16 anos seguintes, isto é, até 1962.

No território nacional, o Prof. Veiga Ferreira só está homenageado na toponímia de Lisboa mas foi agraciado com as Medalhas de Mérito de Rio  Maior e de Cascais, a Medalha de Ouro do Oeiras e com um monumento inspirado num cromeleque no jardim de Rio Maior.

Freguesia do Lumiar
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

 

A Praça António Baião que durante 40 anos dirigiu a Torre do Tombo

Freguesia de Benfica
(Foto: Ortofotomapa de Lisboa Interativa editado pelo NT do DPC)

O historiador António Baião, que durante 40 anos dirigiu a Torre do Tombo, está desde 2004 perpetuado na toponímia de Benfica, numa Praça, que antes era identificada como Praça B à Travessa Sargento Abílio. Aconteceu pelo Edital Municipal de 18 de novembro de 2004, que neste bairro também atribuiu o Largo Ernesto Soares (era o Largo A) e a Praça Laranjo Coelho (era a Praça C), tributo a outros dois historiadores.

De seu nome completo António Eduardo Simões Baião (Ferreira do Zêzere/10.10.1878 – 21.05.1961/Lisboa), dirigiu o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, de 10 de março de 1908 até 1948, local onde trabalhava desde 18 de dezembro de 1902, como segundo conservador. É aqui que nasce enquanto investigador e erudito, servindo-se dos acervos da Torre do Tombo e da Academia das Ciências de Lisboa, tendo começado por publicar estudos sobre Herculano e sobre o Visconde de Santarém.

De forma complementar, evidenciou-se com os seus estudos sobre a inquisição como A Inquisição em Portugal e no Brasil (1906), os três volumes de Episódios Dramáticos da Inquisição Portuguesa (1919-1938) e os dois volumes de A Inquisição de Goa (1929-1930), bem como sobre os seus antecessores à frente da Torre do Tombo, especializando-se no que designou como A Infância da Academia (1788-1794) que publicou em 1934.

Refiram-se ainda as suas biografias O Matemático Pedro Nunes e a sua Família (1915) e a Biografia do Santo Condestável (1952) e com Pedro de AzevedoO Arquivo da Torre do Tombo (1905).

António Baião também acumulou durante alguns anos  as funções de diretor da Torre do Tombo com as de auditor administrativo do distrito de Lisboa e de professor do ensino técnico. Entre 1903 e 1905 foi director da Revista Pedagógica, dedicando-se a temas da área das ciências da educação, para além de ao longo da sua vida ter colaborado na revista Serões (1901-1911), nos Anais das bibliotecas, arquivo e museus municipais (1931-1936) e no Boletim cultural e estatístico (1937).

Foi sócio efetivo (1920) da Academia das Ciências de Lisboa, tendo chegado a vice-secretário geral e a diretor dos Portugaliae Monumenta Historica, para além de ter sido sócio fundador da Academia Portuguesa de História, na refundação de 1936, onde foi 2º vice-presidente, 1º vice-presidente e presidente interino.

Filho dos proprietários António Simões Baião e de Emília Cotrim de Carvalho Baião, formou-se Bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra em 12 de junho de 1900, tendo sido contemporâneo de Emídio Navarro, de Afonso Lopes Vieira e de Laranjo Coelho e depois até 1902 foi professor do ensino secundário no Liceu de Santarém. Sobre a sua terra natal publicou ainda A Vila e Concelho de Ferreira do Zêzere (1918) e Dois altos funcionários da Casa do Infante D. Henrique no Concelho de Ferreira do Zêzere; um monteiro-mor e outro seu vedor (1960).

O seu nome foi dado à Biblioteca Municipal de Ferreira do Zêzere e está também na toponímia de Almada e de Ferreira do Zêzere.

Freguesia de Benfica
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)