A Rua Fernão de Magalhães nasceu de uma deliberação camarária de 25 de novembro de 1918, com mais 6 topónimos, todos referentes a figuras ligadas ao continente americano, num novo bairro que estava a ser construído na Quinta das Marcelinas e que a edilidade denominou como Bairro América, quando tinham passado 14 dias após a assinatura do armistício de Compiègne que pôs fim à I Guerra Mundial e, no ano seguinte ao da entrada dos Estados Unidos da América no conflito.
Aliás, a ideia da toponímia do Bairro América ser uma homenagem a republicanos e à república federativa dos Estados Unidos da América pela ajuda na I Guerra também surge da leitura da ata dessa sessão camarária em que se elucida que «Os Srs. Manuel José Martins Contreiras, Dr. João José da Silva e Fernão Boto Machado, proprietários da Quinta das Marcelinas, na Rua Vale de Santo António, 30, requereram a esta Câmara que lhes fosse dado ao Bairro que ali estão construindo, a denominação de Bairro da América, a exemplo do que já foi feito para os bairros da Bélgica e da Inglaterra [parceiros na I Guerra] e que os arruamentos tivessem as seguintes denominações: nº 1:Rua Franklin, nº2: Washington, nº3: Rui Barbosa, nº4: Bolívar, nº5: Dos Cortes Reais, nº6: de Fernando de Magalhães, nº7: de Álvaro Fagundes.»
O correspondente Edital municipal só foi publicado cerca de seis anos mais tarde, em 17 de 0utubro de 1924, e acrescente-se que os arruamentos Rua Bolivar e Rua Álvaro Fagundes nunca tiveram execução prática, embora, em 1971, o nome de Álvaro Fagundes tenha regressado à toponímia lisboeta para dar nome à Rua C à Rua General Justiniano Padrel.
Fernão de Magalhães (Porto?Sabrosa?Vila Nova de Gaia? Ponte da Barca?/c. 1480 – ?.04.1521/Cebu- Filipinas) que deu nome ao Estreito que é a maior passagem natural entre o Atlântico e o Pacífico foi o primeiro navegador a fazer uma viagem de circum-navegação, ao serviço de Castela, para chegar às Molucas e permitiu assim novos elementos para a cartografia.
Alistou-se na armada que foi à Índia comandada por D. Francisco de Almeida em 1505, participou na batalha naval de Diu de 1509 e na conquista de Azamor em 1513, para além de ter conhecido Francisco Serrão, futuro feitor das ilhas das Molucas, através do qual teve informações sobre a localização daquelas ilhas.
Regressado ao continente mas desagradado com D. Manuel I foi em 1517, acompanhado do cosmógrafo Rui Faleiro, oferecer ao Rei de Castela a possibilidade de atingir as Molucas por mares não reservados aos portugueses no Tratado de Tordesilhas de 1494 e provar que aquelas ilhas com especiarias se situavam no hemisfério castelhano. Fernão de Magalhães partiu em setembro de 1519 e a sua armada – para a expedição, que disponibiliza uma esquadra de cinco naus. Providos de uma tripulação de 265 homens,- fez escala nas Canárias, alcançou a costa da América do Sul, continuou para sul e atingiram o porto de S. Julião à entrada do estreito de Magalhães, no dia 1 de novembro, pelo que inicialmente foi chamado como Estreito de Todos os Santos. Aí fizeram cinco meses de paragem e depois encontraram a saída do estreito, iniciaram a travessia do Oceano Pacífico, que demorou cerca de quatro meses, arribando às Filipinas em março de 1521, mas Fernão de Magalhães foi morto em Cebu, vítima de uma emboscada.
Fernão de Magalhães recebeu homenagens por ter sido o primeiro Europeu a ver um pinguim, através do Pinguim-de-magalhães, bem como com referências astronómicas como as Nuvens de Magalhães e as crateras lunares e as marcianas de Magalhães.