Entres as freguesias de Olivais e Marvila, mais especificamente na zona de Chelas, nas proximidades da Azinhaga do Poço de Cortes, foram encontrados vestígios romanos de uma via, bem como de uma villa agrícola com necrópole e um pequeno santuário rural, do séc.II e III.
Na época romana, Chelas ficava no agers de Olisipo. A posição estratégia da cidade romana junto ao largo estuário do mais extenso rio da Península Ibérica, contribuiu para o seu desenvolvimento económico. Numa das vias romanas de Olisipo, conforme já menciona A. Vieira da Silva em 1944, estava um marco miliário «encravado numa parede da igreja do mosteiro de Chelas». Neste itinerário de Lisboa a Santarém, pela margem norte do Tejo, a primeira milha situava-se, provavelmente, junto à Calçada da Cruz da Pedra, de onde prosseguiria para a Estrada de Chelas, tocando depois em Poço de Cortes, onde se regista a necrópole e o que parece ser um pequeno santuário rural, continuando para Sacavém, talvez local de uma mutatio (estação de paragem e muda, indispensável ao bom funcionamento das vias romanas).
É também no sítio de Poço de Cortes, a cerca de 1400 metros a nordeste da Quinta da Bela Vista, que quando em junho e julho de 1944 se procedia à construção de uma avenida de ligação do Aeroporto com o Poço do Bispo – justamente no sítio onde já no séc. XVII havia aparecido uma lápide funerária romana que se encontraram mais vestígios romanos. Sobre estas descobertas de Poço de Cortes, logo em 1944, o Engº Vieira da Silva publicou na Revista Municipal nº 20-21 o artigo «Uma estação lusitano-romana no sítio de Poço de Côrtes», revelando a existência de uma cripta funerária de forma circular, com 9, 60 metros de diâmetro, com pilares que pareciam sustentar a cobertura, para além de ossos humanos, restos de cerâmicas e três pequenas aras e um columbário (estes 4 últimos achados foram em 8 de julho para o jardim do Palácio Galveias), assim como uma urna cenerária de calcário, em formato de meio ovo, que em 21 de julho também seguiu para o jardim do Galveias. O engº Vieira da Silva defendeu que este monumento funerário seria neolítico e teria sido reaproveitado pelos romanos.
Ainda no mesmo ano de 1944 mas na sua Epigrafia de Olisipo, A. Vieira da Silva refere que «conjecturou Borges de Figueiredo que teve o lugar de Chelas por início uma casa de campo ou vila dum rico cidadão de Olisipo, pertencente à tribu Galéria, com o nome de Júlio.»
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