Freguesia de Santa Clara
(Foto: Sérgio Dias)
Durante vários anos Vergílio Ferreira e Jorge de Sena mantiveram correspondência. Mécia de Sena organizou-a e foi publicada em 1987, com uma introdução de Vergílio Ferreira.
Nove antes, no próprio ano do seu falecimento, Jorge de Sena deu nome a uma artéria da Freguesia de Santa Clara, a Rua A da Quinta de Santa Clara à Ameixoeira, enquanto na Rua B era colocado Vitorino Nemésio, através do Edital municipal de 20 de novembro de 1978.
Freguesia de Santa Clara – Placa Tipo II
(Foto: Sérgio Dias)
Jorge Cândido Alves Rodrigues Telles Grilo Raposo de Abreu de Sena (Lisboa/02.11.1919 – 04.06.1978/Santa Barbara – E.U.A.), foi um escritor e professor universitário, ensaísta e historiador da cultura, considerado uma das figuras centrais da cultura portuguesa do século XX.
Era Cadete da Escola Naval quando em março de 1938 foi demitido da Marinha por motivos políticos, tema que ele abordará em Sinais de fogo. Licenciado em Engenharia Civil em 1944, pela Universidade do Porto, foi trabalhar para a Junta Autónoma de Estradas, de 1948 a 1959. Ainda nesse ano de 1959 fixou-se no Brasil, receando as perseguições políticas resultantes de uma falhada tentativa de golpe de estado, a 11 de março desse ano, em que esteve envolvido. Nesse país exerceu como engenheiro e professor de engenharia em algumas universidades, acabando por se doutorar em Letras, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara (São Paulo) em 1964. A partir daqui fez uma reconversão profissional e dedicou-se ao ensino da literatura, passando logo em 1965, com Mécia de Sena e os nove filhos de ambos, para os Estados Unidos da América, por temor do golpe militar ocorrido no Brasil no ano anterior. Ensinou na Universidade de Wisconsin e depois, na de Santa Barbara (1970). Em Wisconsin tornou-se professor catedrático em 1967 e, em Santa Barbara, foi diretor do Departamento de Espanhol e Português e do Programa de Literatura Comparada. Foi ainda membro da Hispanic Society of America, da Modern Languages Association of America e da Renaissance Society of America.
Jorge de Sena estreou-se literariamente em 1942 com Perseguição mas a sua obra multifacetada compreende mais de vinte coletâneas de poesia, uma tragédia em verso, uma dezena de peças em um ato, mais de 30 contos, uma novela e um romance, cerca de 40 volumes dedicados à crítica e ao ensaio – com destaque para os estudos sobre Camões e Pessoa-, à história e à teoria literária e cultural -com trabalhos pioneiros sobre o Maneirismo-, ao teatro, ao cinema e às artes plásticas, sem esquecer que traduziu duas antologias gerais de poesia, da Antiguidade Clássica aos Modernismos do século XX, autores de ficção como Faulkner, Hemingway, Graham Greene, teatro de Eugene O’Neill) e ensaios de Chestov. Podem destacar-se da sua obra títulos como As evidências (1955), Metamorfoses (1963), Peregrinatio ad loca infecta (1969), O Indesejado (1951), Novas andanças do demónio (1966), Os Grão-Capitães (1976), O físico prodigioso(1977) e Sinais de fogo (1979).
Jorge de Sena foi ainda conferencista; crítico de teatro e de literatura em diversos jornais e revistas; comentador de cinema nas «Terças-feiras Clássicas» do Jardim Universitário de Belas-Artes no cinema Tivoli; diretor de publicações como os Cadernos de Poesia e coordenador editorial da revista Mundo Literário; consultor literário na Livros do Brasil e na Editora Agir (do Rio de Janeiro); cofundador do grupo de teatro Os Companheiros do Páteo das Comédias, em 1948, e colaborador, nesse mesmo ano, de António Pedro, no programa de teatro radiofónico Romance Policial, no Rádio Clube Português.
Freguesia de Santa Clara
(Planta: Sérgio Dias)