A Rua Franklim estava identificada como Rua nº 1 do Bairro América, urbanização então de construção recente na Quinta das Marcelinas à Rua do Vale de Santo António, quando a deliberação camarária em 25 de novembro de 1918 decidiu atribuir-lhe um topónimo referente a uma personalidade americana e ficando a ligar a Rua Fernão de Magalhães à Rua dos Cortes Reais, embora o Edital só tenha sido publicado 6 anos depois, em 17 de outubro de 1924.
O Bairro América passou a conter os seguintes topónimos: «Que se denomine Bairro America, o bairro em construção na Quinta das Marcelinas na rua do Vale de Santo Antonio e que os respectivos arruamentos tenham as designações seguintes: o nº 1, rua Franklin; o nº 2, rua Washington [o primeiro presidente dos Estados Unidos da América]; o nº3, rua Ruy Barbosa [político e jornalista brasileiro que defendia o princípio da igualdade das nações]; o nº 4, rua Bolivar [Simon Bolívar que combateu o domínio espanhol na América do Sul, comandando as revoluções que promoveram a independência da Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia]; a nº 5, rua do Costa Reais [refere-se à Rua dos Cortes Reais, família de navegadores portugueses que empreenderam navegações para o continente americano]; o nº 6, rua Fernão de Magalhães [o primeiro navegador a fazer uma viagem de circum-navegação], e o nº7, rua Alvaro Fagundes [navegador português do século XVI que explorou a costa austral da Terra Nova]. Deliberação camararia de 25 de Novembro de 1918». Acrescente-se que os arruamentos Rua Bolivar e Rua Álvaro Fagundes nunca tiveram execução prática, embora, em 1971, o nome de Álvaro Fagundes tenha regressado para a toponímia lisboeta para dar nome à Rua C, à Rua General Justiniano Padrel.
Estadista, cientista e escritor norte-americano Benjamim Franklin (Boston/17.01.1706 – 17.04.1790/Filadélfia), lutou contra a escravatura e fez mesmo o Memorial para a sua abolição enquanto Presidente da Sociedade Pensilvaniana para além do seu papel preponderante na independência dos Estados Unidos da América. Franklin foi o porta-voz dos colonos junto dos ingleses; integrou a Comissão redatorial da Declaração da Independência; foi membro da Convenção para redigir a Constituição Nacional (1787); e assinou com a Grã-Bretanha o Tratado de Versalhes que reconhecia a independência das 13 colónias norte-americanas.
Benjamim Franklin foi ainda um cientista: demonstrou a identidade do raio e da electricidade e inventou o «para-raios», para além de ter sido compositor gráfico, publicado jornais (The New-England Courant), ter sido escritor (Poor Richard’s Almanac) e o 1º representante do realismo norte-americano (O Sermão do pai Abraão).
Através da observação sistemática e da experimentação, após ter escrito sobre terramotos (1737), Franklin deu particular impulso às áreas da eletricidade e da meteorologia. No âmbito da primeira alcançou várias descobertas, nomeadamente, a existência de cargas positiva e negativa, demonstrou que os raios são um fenómeno de natureza elétrica, inventou o «para-raios», pesquisou sobre eletricidade estática, sendo também responsável pela criação de termos técnicos que são ainda utilizados, como «bateria» e «condensador». No domínio da meteorologia, abriu caminho a grandes avanços posteriores ao contribuir, através da observação, para a interpretação do desenvolvimento dos diferentes fenómenos atmosféricos no planeta terra, defendendo a teoria de que o movimento do tempo atmosférico depende das diferenças de pressão, facto que é considerado por muitos como a base da moderna meteorologia.
A sua intensa atividade em todos estes domínios foi influenciada pelo pensamento liberal e humanista e pelos debates científicos e políticos que então decorriam na Europa, para onde viajava com frequência, já anunciadores do princípio do primado da razão defendida pelo Iluminismo desde os finais do século XVII. Assim, B. Franklin, tal como Thomas Jefferson (1743-1826), estão entre as personalidades mais influentes e decisivas para o surgimento e afirmação do Iluminismo americano.
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