Júlio de Castilho duas vezes topónimo lisboeta: em Largo e em Jardim

Júlio de Castilho com o fotógrafo José Artur Leitão Bárcia
(Foto: José A. Leitão Bárcia, Arquivo Municipal de Lisboa)

No último dia desta semana, 8 de fevereiro de 2019, completam-se cem anos da morte do Mestre da Olisipografia Júlio de Castilho, o autor  de obras tão importantes e pioneiras como Lisboa antiga – Primeira parte: 0 Bairro Alto (1879) – que teve uma 2ª edição ampliada em 5 tomos-,  Lisboa antiga – Segunda parte: Bairros orientais (1884 – 1890) – em 7 tomos – ou A Ribeira de Lisboa, descrição histórica da margem do Tejo desde a Madre de Deus até Santos o Velho (1893), pelo que foi considerado o fundador dos estudos olisiponenses.

De acordo com Raquel Henriques da Silva, na sua palestra de abertura de «Uma casa em Lisboa – Homenagem a José Sarmento Matos» no passado dia 22 de janeiro – dia de São Vicente, o padroeiro de Lisboa – , Lisboa tem uma disciplina própria que mais nenhuma cidade tem que é a Olisipografia que Júlio de Castilho inventou. Por isso mesmo, recomendou a reedição anotada de toda a obra de Mestre Castilho.

Júlio de Castilho (Lisboa/30.04.1840- 08.02.1919/Lisboa), era filho do escritor António Feliciano de Castilho que nascera no Bairro Alto, e por isso ao investigar para escrever as memórias de seu pai acabou por escrever a sua primeira obra sobre a história da cidade de Lisboa, dedicada a esse Bairro. Também por essa condição de nascimento foi o 2º visconde de Castilho e viveu a maior parte da sua vida no Lumiar, vindo a ter o seu nome consagrado no Largo contíguo à artéria onde morava, já que residente do n.º 11 da Travessa do Prior ( hoje n.º 26 da Rua Pena Monteiro),  junto ao Largo da Duquesa, este último topónimo passou a ser o Largo Júlio de Castilho, por Edital municipal de 2 de março de 1925, com a legenda «Erudito Escritor e Historiador/1840 – 1919».

Logo no ano do seu falecimento, havia sido  homenageado com a colocação de uma lápide na sua casa no Lumiar, por iniciativa dos seus amigos José Artur Leitão Bárcia, Miguel Trancoso e António César Mena Júnior.

Largo da Duqueza, depois Largo Júlio de Castilho
(Foto: Eduardo Portugal, Arquivo Municipal de Lisboa)

E quatro anos após a atribuição do Largo com o seu nome, o fundador da Olisipografia, foi também homenageado com a criação do Jardim de Júlio de Castilho, onde a Comissão Administrativa da CML inaugurou  um busto do olisipógrafo, da autoria do escultor Costa Mota (sobrinho), no dia 25 de julho de 1929, integrado num miradouro sobre Alfama, conhecido como Miradouro de Santa Luzia, cerimónia a que compareceram outros olisipógrafos como Gustavo de Matos Sequeira ou o Engº Augusto Vieira da Silva, assim como o fotógrafo José  Artur Leitão Bárcia.

Em 1939, a Câmara Municipal de Lisboa lançou ainda o Prémio Júlio de Castilho e no ano seguinte (1940), no centenário do nascimento de Júlio de Castilho,  promoveu no Palácio Galveias uma Exposição ilustrativa da obra deste olisipógrafo.

Busto de Júlio de Castilho
(Foto: José A. Leitão Bárcia, Arquivo Municipal de Lisboa)

© CML | DPC | Núcleo de Toponímia | 2019

Rua Matilde Rosa Araújo

Freguesia da Penha de França
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

Desde há dois anos que a escritora Matilde Rosa Araújo, autora de mais de 40 títulos para adultos, jovens e crianças, dá nome ao arruamento onde está sediada a Escola Patrício Prazeres,  unindo a Avenida Mouzinho de Albuquerque ao Alto do Varejão, na Freguesia da Penha de França,  passados que eram seis do seu falecimento.

Em 2010, no ano da morte da escritora, o voto de pesar da Assembleia Municipal de Lisboa, aprovado por unanimidade, solicitava que o seu nome fosse dado a uma artéria lisboeta, a que se somou no mesmo ano um pedido no mesmo sentido da  direção e conselho de administração da SPA- Sociedade Portuguesa de Autores, sendo pelo Edital municipal de 10 de novembro de 2016 que a Quinta das Comendadeiras passou a denominar-se Rua Matilde Rosa Araújo, com a legenda «Escritora/1921 – 2010».

Matilde Rosa Araújo (Lisboa/20.06.1921 – 06.07.2010/Lisboa) notabilizou-se como escritora de ficção e poesia, mais conhecida pela literatura infantil, embora se tenha estreado em 1943, ao vencer o  concurso «Procura-se um Novelista» do jornal O Século, sendo Aquilino Ribeiro um dos membros do júri, com A Garrana, uma história sobre a eutanásia. Para o público adulto escreveu, entre outros, Estrada Sem Nome (1947) – obra galardoada num concurso de contos da Faculdade de Letras de Lisboa-, A Escola do Rio Verde (1950), Praia Nova (1962),  a poesia de Voz Nua (1982), A Estrada Fascinante (1988) e O Chão e as Estrelas (1997).

Contudo, ficou mais conhecida pela literatura infantil e juvenil que só produziu a partir de 1957, com O Livro da Tila, escrito nas viagens de comboio entre Lisboa e Portalegre, para ir dar aulas, e cujos poemas foram musicados por Fernando Lopes Graça.  Seguiram-se, entre outros,  O Palhaço Verde (1960) considerado o melhor livro estrangeiro pela associação Paulista de Críticos de Arte de São Paulo (em 1991), História de um Rapaz (1963), os poemas O Cantar da Tila (1967), O Sol e o Menino dos Pés Frios (1972), O Reino das Sete Pontas (1974),  O Gato Dourado (1977), Camões Poeta, Mancebo e Pobre (1978), Mistérios (1980), A Velha do Bosque (1983), O Passarinho de Maio (1990), As Fadas Verdes (1994), Capuchinho cinzento ( 2005) ou História de uma flor (2008). Recebeu da Fundação Calouste Gulbenkian o Grande Prémio de Literatura para Crianças (1980) e o Prémio do Melhor Livro Infantil (1996).

Nascida em Benfica, numa quinta dos avós, Matilde estudou em casa com professores particulares até ter entrado para a Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa,  onde se licenciou em Filologia Românica, em 1945, com uma tese sobre jornalismo, tendo sido aluna de Jacinto  do Prado Coelho e Vitorino Nemésio, assim como colega de Sebastião da Gama, Luísa Dacosta, David Mourão-Ferreira e Urbano Tavares Rodrigues.

Exerceu como professora do ensino técnico profissional em várias cidades do país, como em Portalegre ou no Porto, tendo em Lisboa sido docente da Escola Industrial Fonseca de Benevides. Foi também formadora de professores na Escola do Magistério Primário de Lisboa, nomeadamente do primeiro Curso de Literatura para a Infância.

Matilde Rosa Araújo também colaborou na imprensa nacional e regional, em A Capital, O Comércio do Porto, Diário de Lisboa, Diário de Notícias, Jornal do Fundão ou República, bem como nas revistas Árvore, Colóquio/Letras, GraalMundo Literário, Seara NovaTávola Redonda e Vértice.

Preocupada com os direitos das crianças, tornou-se sócia fundadora do Comité Português da UNICEF e do Instituto de Apoio à Criança, bem como participou em iniciativas da Câmara alfacinha na área da Educação. Também integrava a direção da Sociedade Portuguesa de Escritores em 1965, quando esta instituição premiou o angolano José Luandino Vieira, então preso no Tarrafal, e viu as suas instalações  invadidas pela PIDE e a direção demitida compulsivamente.

Matilde Rosa Araújo foi agraciada com o Grande Oficialato da Ordem do Infante D. Henrique (2003) e, em maio de 2004, foi distinguida com o Prémio Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores, assim como no ano seguinte com a Medalha de Honra. Em 1994, também foi nomeada pela secção portuguesa do IBBY (Internacional Board on Books for Young People) para o Prémio Andersen, considerado o Nobel da Literatura para a Infância e em 1998 passou a dar nome a um prémio revelação na literatura infantil e juvenil da Câmara Municipal de Cascais. O nome de Matilde Rosa Araújo dá ainda nome a artérias dos concelhos de Almada, Amadora e Trofa.

Freguesia da Penha de França
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

A Rua do Frei Santa Rosa de Viterbo do Elucidário

Freguesias de Alvalade e de São Domingos de Benfica
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

Frei Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, autor do Elucidário de Viterbo  também conhecido como Dicionário de Viterbo, entrou para a toponímia de Lisboa com a legenda «Lexicógrafo/1744 – 1822», através do Edital municipal de 30 de outubro de 1997, no arruamento situado entre a Rua Tomás da Fonseca e Azinhaga dos Barros.

Frei Joaquim de Santa Rosa de Viterbo (Guarda – Aguiar da Beira- Gradiz/13.05.1744 – 13.02.1822/Convento da Fraga-Sátão-Viseu), filho de um pedreiro natural de Goutim (Valença),  foi um frade franciscano que professou a 7 de setembro de 1760, com 16 anos,  e se tornou conhecido sobretudo como o autor da obra cujo título preciso de várias linhas de texto é Elucidário das Palavras, Termos e Frases, que em Que Portugal antigamente se Usaram, e que hoje regularmente Se Ignoram: obra indispensável para entender sem erro os documentos mais raros e preciosos que entre nós se conservam. Publicado em benefício da literatura portuguesa e dedicado ao Príncipe Nosso Senhor, editada em 2 volumes, em  1798 e 1799, que ainda nos dias de hoje é o único dicionário de termos portugueses antigos em desuso, existindo uma edição crítica de Mário Fiúza, publicada pela Livraria Civilização.

Foi professor na Ordem de São Francisco e após ter sido nomeado notário apostólico, em 1791, passou a ter acesso a todos os arquivos e bibliotecas de Portugal, de onde se destaca a Torre do Tombo, por carta régia de D. João VI, tendo também sido o autor de Sermões Apostólicos e Originariamente Portugueses (1791).

Dedicou-se às investigações históricas de antiguidades portuguesas, o que lhe valeu o título de cronista da Ordem Regular Franciscana, matéria em que deixou vários manuscritos para uma História Universal e Cronológica da Igreja de Portugal, da qual só deixou ordenado o prólogo. Deixou ainda manuscritos como A Botica Rural (estudo de farmacopeia elementar), O Companheiro Fiel (livro de preces e exorcismos), Viajante Universal, Aparatus ed Universam Theologiam e um compêndio anotado do Dicionário de Moreri, que se podem encontrar na Biblioteca Municipal de Viseu.

Santa Rosa de Viterbo foi académico correspondente da Academia Real das Ciências desde 1803 e está também homenageado em Ruas de Viseu, de Valença e de Viana do Castelo.

 

O Jardim com o busto de Júlio de Castilho

Freguesia de Santa Maria Maior
(Foto: Rui Mendes)

Com um miradouro sobre Alfama, a partir do Largo de Santa Luzia, encontramos o Jardim que desde o dia 25 de julho de 1929 se inaugurou com um busto do olisipógrafo Júlio de Castilho, da autoria do escultor Costa Mota (sobrinho).

Falecido dez anos antes, no dia 8 de fevereiro de 1919, o olisipógrafo Júlio de Castilho, havia sido já consagrado na toponímia de Lisboa por via do Edital municipal de 2 de março de 1925, com o Largo Júlio de Castilho, o largo mais próximo da rua onde morara no Lumiar, acrescido da legenda «Erudito Escritor e Historiador/1840 – 1919».

A inauguração em 25 de julho de 1929
(Foto: Eduardo Portugal, Arquivo Municipal de Lisboa)

Quatro anos mais tarde, em 25 de julho de 1929, a Comissão Administrativa da CML inaugurou o busto de Júlio de Castilho neste pequeno jardim também conhecido por Jardim de Santa Luzia, pela proximidade à Igreja de São Brás ou de Santa Luzia, erguida sobre a muralha da antiga cerca. O miradouro resultou de uma iniciativa de Quirino da Fonseca, para fornecer à cidade uma panorâmica geral de Alfama e do Rio Tejo, sendo que o assunto esteve alguns anos em discussão. Raul Proença no seu Guia de Portugal afirma no seu 1º volume, publicado pela primeira vez em 1924,  afirma que «Pela parte detrás da igreja existe, suportado pela muralha que desce a calçada de S. João da Praça, contornando-a, um troço de terreno, hoje inculto» e defende que «Como o templo não tem nenhum valor, poder-se-ia arrasar todo esse terreno e transformá-lo num jardim público, o que não só ofereceria aos habitantes uma janela aberta sobre o Tejo como também teria a vantagem de evitar o futuro desaparecimento do mais importante trecho de muralha goda que Lisboa possui.» Mais tarde, o espaço somou um painel de azulejos representando A Tomada do Castelo de São Jorge aos Mouros por Dom Afonso Henriques e outro painel com a a antiga Praça do Comércio (da autoria de António Quaresma e produzidos na Fábrica Viúva Lamego)  e ainda um outro, com uma vista de Lisboa com barcos no Tejo (desenho de Martins Barata e pintado em 1939 por Victoria Pereira).

Júlio de Castilho (Lisboa/30.04.1840- 08.02.1919/Lisboa), 2.º visconde de Castilho por ser filho primogénito de António Feliciano de Castilho (também perpetuado em Lisboa na Rua Castilho), é considerado um percursor dos estudos olisiponenses, tendo acumulado ao logo da vida uma importante coleção pessoal de documentos sobre o tema, que se encontra depositada na Biblioteca Nacional.

Freguesia de Santa Maria Maior
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

A Rua do pintor oitocentista José Rodrigues

Foto: José Leitão Bárcia, Arquivo Municipal de Lisboa

Desde 1979 que o pintor oitocentista José Rodrigues, autor dos retratos de Herculano e Manuel Fernandes Tomás dos Paços do Concelho de Lisboa, é topónimo de um arruamento da urbanização da Quinta do Ourives, na Freguesia do Beato, com a legenda «Pintor/1828 – 1887».

Foi por sugestão da Comissão Municipal de Toponímia, na sua reunião de 28 de maio de 1979, que os arruamentos da urbanização da Quinta do Ourives foram crismados com nomes de figuras da cultura portuguesa, a saber, o pintor José Rodrigues, o escultor Faustino José Rodrigues, o músico Luís Barbosa e o bibliotecário António Joaquim Anselmo, sendo fixados em 19 de Junho seguinte por Edital municipal.

Exaltação da Cidade de Lisboa pintada por José Rodrigues em 1886
(Foto: Francisco Leite Pinto, anos 80 do séc. XX, Arquivo Municipal de Lisboa)

Filho de Apolinário José e Maria Leonarda, nasceu lisboeta no Largo de São Rafael, como  José Rodrigues de Carvalho (Lisboa/16.07.1828 — 19.10.1887/Lisboa), que recebeu nome igual ao do seu padrinho e nos seus 59 anos de vida residiu nesta cidade, sendo a maior parte na sua casa e atelier na Rua dos Bacalhoeiros nº 125 – 3º.

Foi José Rodrigues o autor dos retratos de corpo inteiro de Alexandre Herculano e Manuel Fernandes Tomás que se encontram nos Paços do Concelho de Lisboa e pelos quais recebeu dois contos de reis, conforme contrato celebrado em 16 de Novembro de 1882. Ainda nos Paços do Concelho, no teto do Salão Nobre, está pintada desde 1886 a sua  alegoria Exaltação da Cidade de Lisboa, cujas figuras principais são Lisboa e o Tejo.

Rua José Rodrigues – Freguesia do Beato
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

Este pintor do realismo sentimental estudou na Academia Real de Belas Artes desde 1841,  como aluno voluntário por mor dos seus doze anos, tendo como condiscípulos João Pedro Monteiro (Monteirinho), Francisco Metrass, Tomás da Anunciação, Joaquim Pedro de Sousa ou António José Patrício. Da sua vasta obra, destacam-se os quadros Aparição do Anjo S. Gabriel ao profeta Daniel (1849) que lhe valeu a medalha de ouro da Academia Real de Belas Artes ou O cego rabequista (1855) que no ano seguinte foi mostrada na Exposição Universal de Paris e em 1865, obteve a segunda medalha na Exposição Internacional do Porto.

Para  sobreviver, José Rodrigues pintou mais de 200 retratos por encomenda de meios oficiais ou de burgueses endinheirados e dos quais podemos recordar os do Duque de Saldanha e de José Daniel Colaço (1852), de D. Pedro V, da Condessa do Farrobo e do Conde de Porto-Covo da Bandeira (1860), de Alexandre Herculano para o Gabinete Português de Leitura no Rio de Janeiro que foi medalha de prata da Exposição da Associação Industrial Portuense (1861), de D. Maria II, alguns de D. Luís I (1864, 1866 e 1869) e de António Feliciano de Castilho, cujo  filho Júlio de Castilho escreveu José Rodrigues, pintor portuguez : estudos artisticos e biographicos (1909), a única monografia publicada sobre este pintor.

A sua obra está representada no Museu Nacional de Arte Contemporânea-Museu do Chiado, Palácio Nacional da Ajuda, Museu de Aveiro e Museu da Quinta das Cruzes no Funchal.

Manuel Maria Bordalo Pinheiro pensou a criação da Sociedade Promotora das Belas-Artes que nasceu em 1862 e José Rodrigues integrou o grupo de artistas e fundadores com os artistas plásticos Carlos Krus e Joaquim Pedro de Sousa, os escritores Júlio de Castilho e Zacarias de Aça, o escultor Francisco de Assis Rodrigues, o médico José Maria Alves Branco, os pintores Francisco Lourença da Fonseca, Ferreira Chaves, Joaquim Nunes Prieto, Tomasini e ainda, o 5º duque de Palmela Domingos Borges Coutinho. Três anos depois, em 1865, a Conferência Geral da Academia de Belas Artes também o nomeou Académico de Mérito.

José Rodrigues foi também docente, nomeadamente, no Colégio do Bom Sucesso e no Colégio de S. José de São Domingos de Benfica para além de dar aulas particulares.

Segundo Júlio de Castilho, o pintor casou com Joaquina Lúcia de Brito Veloso Peixoto e o fotógrafo José Leitão Artur Bárcia era seu sobrinho neto.

Freguesia do Beato
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

A Rua do autor dos Banhos de São Paulo, Pedro José Pezerat

Freguesia de Marvila
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

Pedro José Pezerat, o autor dos Banhos de  São Paulo que hoje acolhem a sede da Ordem dos Arquitectos, na Travessa do Carvalho, dá o seu nome à Rua que liga a Rua Miguel Nogueira Júnior à Rua Keil do Amaral desde 1978, na freguesia de Marvila. No primeiro Bairro toponímico dos Arquitetos em Lisboa, na freguesia de Marvila, criado pelo Editado municipal  de 10 de agosto de 1978, coube à Rua Pedro José Pezerat o espaço da Rua 10 da Zona N 2 de Chelas e a legenda «Arquitecto/1801 – 1872».

Pierre-Joseph Pézerat (França- La Guiche/1801- 01.05.1872/Lisboa) que em Portugal ficou conhecido como Pedro José Pezerat formou-se em 1821 no curso de engenharia civil na Escola Politécnica de Paris, cidade onde também estudou na Academia de Arquitetura, tendo depois produzido obra no Brasil, Argélia e Portugal, especialmente em Lisboa, tendo sido funcionário da Câmara Municipal desde 1841 e até falecer.

Serviu o Imperador D. Pedro no Brasil onde chegou em 1825, integrando a Academia Militar do Rio de Janeiro para trabalhar na execução de planos geodésicos e mapas. D. Pedro I contratou-o como engenheiro particular  – entre 1824 e 1827 – para lhe remodelar  com uma fisionomia neoclássica o casarão colonial no Rio de Janeiro que havia comprado à Marquesa de Santos e como arquiteto imperial – a partir de 1828 e até 1831-, época em que  também deu uma aparência neoclássica ao Paço de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Pézerat  abandonou o Brasil com a família real, após a abdicação de D. Pedro I, sendo então professor da jovem rainha D. Maria II.

Entre 1831 e 1840 trabalhou para o governo francês na Argélia. No ano seguinte estabeleceu-se em Portugal. Foi contratado pela Câmara Municipal de Lisboa em 1841, encarregado primeiro de trabalhos de Abastecimento de Águas e Rede de Esgotos, tendo elaborado, nomeadamente, o plano de mudança do Chafariz do Loreto para o Largo do Picadeiro. Depois, foram-lhe atribuídos projetos urbanísticos e arquitectónicos, de que se destacam os Banhos de São Paulo (1850) e o novo Matadouro Municipal (1852). Em 1865, José Pedro Pezerat incorporou a Comissão de Melhoramentos da Cidade de Lisboa e apresentou vários projetos para a revitalização e modernização urbanística da cidade, mesmo que as limitações económicas tenha levado a  Câmara a não os executar.

O edifício dos Banhos de São Paulo traçado por Pézerat foi construído entre 1850 e 1858, pela Santa Casa da  Misericórdia de Lisboa, para aproveitar uma nascente de águas medicinais que havia sido descoberta junto à ala Poente da Praça do Comércio em 1829. Na época, os Banhos de São Paulo dispunham dos equipamentos mais modernos e eram considerados um dos melhores da Europa.  Este balneário serviu a população lisboeta até 1975, data em que foi encerrado ao público, em virtude dos índices de poluição da fonte abastecedora. A edilidade lisboeta cedeu o edifício em 1990, à Ordem dos Arquitectos, que aí instalou a sua sede, após as necessárias obras de remodelação concebidas pelos arquitetos Graça Dias e Egas Vieira.

Pezerat desempenhou ainda funções de professor de desenho da Escola Politécnica de Lisboa a partir de 1853, assim como de parceria com o engº Silva e Costa foi responsável pela remodelação do imóvel após um incêndio, para além de ter projetado alguns prédios na artéria da Escola.

Pedro José Pezerat, fora de Lisboa, projetou uma remodelação do Hospital Termal Rainha D. Leonor em Caldas da Rainha (1861) que é hoje o Museu do Hospital das Caldas e foi condecorado com a Ordem de Cristo.

Freguesia de Marvila
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

A Rua da dramaturga Virgínia Vitorino do D. Maria e da Emissora

Freguesia do Lumiar
(Foto: Sérgio Dias| NT do DPC)

A escritora teatral e poetisa Virgínia Vitorino, ligada ao teatro radiofónico da Emissora Nacional e à Companhia Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro sediado no Teatro D. Maria II, foi o nome escolhido para topónimo da Rua I e Dois à Alameda das Linhas de Torres, dois anos após o seu falecimento, ficando a ligar a  Alameda das Linhas de Torres à Rua António Ferro ( que é a  Rua Luís de Freitas Branco desde 28.07.1975), a partir da publicação do Edital municipal de 29 de janeiro de 1969.

Ilustração Portuguesa, 7 de junho de 1920 [clicar na imagem para ver maior]

Virgínia Villa-Nova de Sousa Victorino (Alcobaça/13.08.1895 — 21.12.1967/Lisboa), licenciada em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Lisboa e também com o curso superior de Canto e Piano, bem como o geral de Harmonia e Italiano do Conservatório Nacional de Música, notabilizou-se primeiro como poetisa e  a partir dos anos trinta do séc. xx ligada ao teatro.

Sob o pseudónimo de Maria João do Vale, dirigiu o Teatro Radiofónico da Emissora Nacional de 1935 a 1951, divulgando poesia e teatro de autores portugueses e estrangeiros, principalmente brasileiros.  A convite do presidente Getúlio Vargas foi ao  Brasil,  por volta de 1937. Ainda na Emissora Nacional também integrou os júris de Jogos Florais da Primavera.

Era muito amiga de Amélia Rey Colaço, sendo ambas da mesma geração e as seis peças de teatro que escreveu , todas em 3 atos, foram também todas representadas pela Companhia Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro, no palco do Teatro D. Maria II, com muito sucesso. Também assim conheceu Fernanda de Castro, que veio a casar com António Ferro, e terá sido por essa via que recebeu a encomenda para redigir a sua 5ª peça, intitulada Camaradas (estreada em 1937 e publicada em 1938), uma peça de intenção social ao contrário da sua habitual temática do amor com algum pendor feminista, mas que recebeu o prémio Gil Vicente do SNI-Secretariado Nacional de Informação.  As outras cinco peças que escreveu foram Degredados (1931),  A Volta (1932), Fascinação (1933),  Manuela (1934) e Vendaval (1942).

Antes, na década de vinte, publicou quatro livros de poesia em sonetos de bom recorte, repetindo o tema da mulher sofredora e traída mas sempre apaixonada, tendo editado o seu primeiro à sua custa, intitulado Namorados (1920), que se esgotou em 6 dias e somou um total de 12 edições em Portugal e duas no Brasil, êxito que ainda lhe valeu no ano seguinte uma imitação satírica, da autoria da jornalista Marinha de Campos, intitulada Ironias de Namorados.  Em 13 de janeiro de 1922, em entrevista ao jornal A Pátria Virgínia Vitorino manifestou-se contrária a ser concedido o direito de voto às mulheres. Desde o início, Júlio Dantas apoiou-a enquanto escritora. Os outros seus três títulos de poesia foram Apaixonadamente (1923) com capa de Almada Negreiros numa das edições, Renúncia (1926) e Esta Palavra Saudade (1929).

Virgínia Vitorina foi também professora de liceu e do  Conservatório Nacional de Lisboa, tendo ainda deixado vasta colaboração em jornais e revistas portuguesas e brasileiras,  como o Diário de Lisboa ou O Século. Em Lisboa, teve casa na Rua das Flores, junto ao Largo do Barão de Quintela, mas quando foi viver para as Caldas da Rainha para casa de um amiga sempre que vinha à capital ficava antes no Hotel Borges, na Rua Garrett, onde faleceu.

Virgínia Vitorino foi caricaturada por Amarelhe e muitos outros, bem como retratada por Eduardo Malta, Teixeira Lopes, José Paulo Ferro, Manuela Pinheiro e também agraciada com o grau de Oficial da Ordem de Cristo (1929) e a Comendada Ordem de Santiago (1932), bem como a espanhola Cruz de D. Afonso XII (1930). Foi também homenageada com o Teatro Virgínia Victorino em Cabo Verde (na cidade da Praia) e o seu nome numa rua de Alcobaça, sua terra natal.

Freguesia do Lumiar
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

#EuropeForCulture

Professores na Toponímia de Lisboa

Seguindo uma sugestão do nosso leitor Pedro Guerra, dedicaremos o mês de regresso às aulas aos professores que estão presentes na toponímia de Lisboa, qualquer que seja o grau ou tipo de ensino a que se dedicaram.

Aqueles que já aqui foram referidos em ocasiões anteriores são, por ordem alfabética do nome:

Rua Prof. Adelino da Palma Carlos (freguesia de Santa Clara)
Rua Adriana de Vecchi (freguesia do Lumiar)
Avenida Afonso Costa (freguesia do Areeiro)
Rua Afonso Praça (freguesia de Belém)
Rua Agostinho Lourenço (freguesia do Areeiro)
Largo Agostinho da Silva (freguesias da Misericórdia e de Santo António )
Rua Alberto José Pessoa (freguesia de Marvila)
Rua Dr. Almeida Amaral (freguesias de Santo António e de Arroios)
Rua Álvaro Benamor (freguesia de Carnide)
Rua Álvaro Machado (freguesia de Marvila)
Rua Alexandre Rey Colaço (freguesia de Alvalade)
Avenida Doutor Alfredo Bensaúde (freguesia dos Olivais)
Rua Alfredo Roque Gameiro (freguesia das Avenidas Novas)
Rua Alfredo Soares (freguesia de Belém)
Rua Alice Pestana (freguesia de Belém)
Rua Prof. Almeida Lima (freguesia de Carnide)
Rua Angelina Vidal (freguesias de Arroios e da Penha de França)
Avenida António Augusto de Aguiar (freguesia das Avenidas Novas)
Rua Doutor António Cândido (freguesia das Avenidas Novas)
Rua Prof. António Flores (freguesia de Alvalade)
Rua António Gedeão (freguesia de Marvila)
Rua Doutor António Martins (freguesia de São Domingos de Benfica)
Rua Dr. António Ribeiro dos Santos (freguesias de Belém e da Ajuda)
Alameda António Sérgio (freguesia de Santa Clara)
Jardim Prof. António de Sousa Franco (freguesia do Lumiar)
Rua Padre António Vieira (freguesias das Avenidas Novas e de Campolide)
Rua Armando Ferreira (freguesia de Santa Clara)
Rua Presidente Arriaga (freguesia da Estrela)
Jardim Augusto Monjardino (freguesia das Avenidas Novas)
Rua Augusto Pina (freguesia de São Domingos de Benfica)
Avenida Barbosa du Bocage (freguesia das Avenidas Novas)
Avenida Conselheiro Barjona de Freitas (freguesia de São Domingos de Benfica)
Rua Basílio Teles (freguesias de Campolide e de São Domingos de Benfica)
Praça Bernardino Machado (freguesia do Lumiar)
Rua Prof. Branco Rodrigues (freguesias da Misericórdia e de Santo António)
Rua Câmara Pestana (freguesia de Arroios)
Rua Cândido de Figueiredo (freguesia de São Domingos de Benfica)
Rua Carlos George (freguesia dos Olivais)
Rua Carlos Reis (freguesia das Avenidas Novas)
Rua Carolina Michaëlis de Vasconcelos (freguesias de Benfica e de São Domingos de Benfica)
Largo Castro Soromenho (freguesia dos Olivais)
Rua Cecília Meireles (freguesia de São Domingos de Benfica)
Rua Cesina Adães Bermudes (freguesia de Carnide)
Avenida Columbano Bordalo Pinheiro (freguesias de São Domingos de Benfica e de Campolide)
Rua Conde de Ficalho (freguesia de Alvalade)
Rua Constança Capdeville (freguesia de Santa Clara)
Rua Costa Malheiro (freguesia dos Olivais)
Rua Prof. Delfim Santos (freguesia do Lumiar)
Rua Prof. Dias Amado (freguesia do Lumiar)
Rua Dinah Silveira de Queiroz (freguesia de Marvila)
Rua Domingos Bomtempo (freguesia de Alvalade)
Rua Domingos Rebelo (freguesia de Carnide)
Rua Domingos Sequeira (freguesias da Estrela e de Campo de Ourique)
Jardim Ducla Soares (freguesia de Belém)
Alameda Edgar Cardoso (freguesia das Avenidas Novas)
Praça Eduardo Mondlane (freguesia de Marvila)
Rua Dr. Eduardo Neves (freguesia das Avenidas Novas)
Avenida Prof. Egas Moniz (freguesia de Alvalade)
Rua Abade Faria (freguesia do Areeiro)
Rua Doutor Faria de Vasconcelos (freguesia do Beato)
Rua Fernando Lopes Graça (freguesia do Lumiar)
Rua Fernando Piteira Santos (freguesia de Carnide)
Rua Filipe Duarte (freguesia do Lumiar)
Rua Filipe Folque (freguesia das Avenidas Novas)
Rua Francine Benoit (freguesia do Lumiar)
Rua Francisco Baía (freguesia de São Domingos de Benfica)
Jardim Prof. Francisco Caldeira Cabral (freguesia do Lumiar)
Avenida Dr. Francisco Luís Gomes (freguesia dos Olivais)
Rua Francisco Metrass (freguesia de Campo de Ourique)
Rua Prof. Francisco Pereira de Moura (freguesia de Carnide)
Rua Francisco Sanches (freguesia de Arroios)
Rua Frederico George (freguesia do Lumiar)
Rua Freitas Gazul (freguesia de Campo de Ourique)
Avenida Professor Gama Pinto (freguesia de Alvalade)
Rua Prof. Georges Zbyszewski (freguesia do Lumiar)
Rua Ginestal Machado (freguesia de São Domingos de Benfica)
Rua Prof. Hernâni Cidade (freguesia do Lumiar)
Rua Ildefonso Borges (freguesia da Ajuda)
Rua Irene Lisboa (freguesia de Benfica)
Rua Jaime Batalha Reis (freguesia de Benfica)
Rua Jaime Cortesão (freguesia de Marvila)
Rua Jaime Lopes Dias (freguesia do Lumiar)
Rua João Hogan (freguesia de São Domingos de Benfica)
Rua Actor João Rosa (freguesia do Areeiro)
Rua João dos Santos (freguesia da Ajuda)
Rua Dr. João Soares (freguesia de Alvalade)
Rua Padre Joaquim Aguiar (freguesia dos Olivais)
Rua Joaquim António de Aguiar (freguesias das Avenidas Novas e de Santo António)
Rua Joaquim Fiadeiro (freguesia da Ajuda)
Jardim Jorge Luis Borges (freguesia das Avenidas Novas)
Rua Jorge de Sena (freguesia de Santa Clara)
Rua Prof. Jorge da Silva Horta (freguesia de Benfica)
Rua Jorge Vieira (freguesia de Carnide)
Rua Dr. José Baptista de Sousa (freguesia de Benfica)
Rua José Carlos dos Santos (freguesia de Alvalade)
Largo José Luís Champalimaud (freguesia das Avenidas Novas)
Rua José Maria Rodrigues (freguesia de Alcântara)
Rua José Marinho (freguesia de Benfica)
Rua José Pedro Machado (freguesia do Lumiar)
Rua Prof. José Sebastião e Silva (freguesia de Benfica)
Rua José Sobral Cid (freguesia do Beato)
Avenida Júlio Dinis (freguesia das Avenidas Novas)
Rua Júlio Silva Pinto (freguesia de Belém)
Rua Dr. Lacerda e Almeida (freguesia da Penha de França)
Rua Ladislau Patrício (freguesia do Lumiar)
Rua Leite de Vasconcelos (freguesia de São Vicente)
Rua Lopes de Mendonça (freguesia de Alvalade)
Rua Luciana Stegagno Picchio (freguesia de São Domingos de Benfica)
Rua Luciano Cordeiro (freguesia de Santo António)
Rua Dr. Luís de Almeida e Albuquerque (freguesia da Misericórdia)
Rua Luís Barbosa (freguesia do Beato)
Rua Luís de Freitas Branco (freguesia do Lumiar)
Rua Luís Piçarra (freguesia do Lumiar)
Rua Manuel António Gomes (freguesia de Santa Clara)
Rua Manuel de Azevedo Fortes (freguesia de Campolide)
Rua Frei Manuel do Cenáculo (freguesia da Penha de França)
Rua Engenheiro Manuel Rocha (freguesia de Alvalade)
Rua Prof. Manuel Valadares (freguesia de Santa Clara)
Rua Profª Margarida Vieira Mendes (freguesia do Areeiro)
Largo Maria Isabel Aboim Inglês (freguesia de Belém)
Rua Profª Maria de Lurdes Belchior (freguesia do Areeiro)
Rua Maria Matos (freguesia de Benfica)
Rua Prof. Mário Chicó (freguesia do Lumiar)
Rua Mário Dionísio (freguesia do Lumiar)
Avenida Dr. Mário Moutinho (freguesia de Belém)
Rua Martens Ferrão (freguesia das Avenidas Novas)
Rua Miguel Nogueira Júnior (freguesia de Marvila)
Rua Professor Mira Fernandes (freguesias do Areeiro e do Beato)
Rua Prof. Moisés Amazalak (freguesia do Lumiar)
Rua Prof. Moniz Pereira (freguesia do Lumiar)
Rua Dr. Nicolau de Bettencourt (freguesia das Avenidas Novas)
Rua Newton (freguesia de Arroios)
Rua Nina Pereira (freguesia de Benfica)
Rua Dr. Oliveira Ramos (freguesia da Penha de França)
Rua Professor Orlando Ribeiro (freguesia do Lumiar)
Rua Pardal Monteiro (freguesia de Marvila)
Rua Pascoal de Melo (freguesia de Arroios)
Praça Pasteur (freguesia do Areeiro)
Rua Paul Choffat (freguesia de Alvalade)
Rua Pedro Calmon (freguesia de Alcântara)
Rua Pinheiro Chagas (freguesia das Avenidas Novas)
Rua Prof. Prado Coelho (freguesia do Lumiar)
Rua Ricardo Jorge  (freguesia de Alvalade)
Rua Roberto Duarte Silva (freguesia de São Domingos de Benfica)
Alameda Roentgen (freguesia de Carnide)
Largo Roque Laia (freguesia do Areeiro)
Rua Ruben A. Leitão (freguesia da Misericórdia)
Rua Sá Nogueira (freguesia da Ajuda)
Rua Sabino de Sousa (freguesia da Penha de França)
Rua Professor Santos Lucas (freguesia de Benfica)
Rua Santos Pinto (freguesia da Estrela)
Rua Padre Sena de Freitas (freguesia da Penha de França)
Rua Simões de Almeida (freguesia de São Domingos de Benfica)
Rua Sousa Martins (freguesia de Arroios)
Rua Teixeira Lopes (freguesias de Santa Maria Maior e de São Vicente)
Rua Doutor Teófilo Braga (freguesia da Estrela)
Rua Profª Teresa Ambrósio (freguesia de Alvalade)
Rua Tierno Galvan (freguesia de Campo de Ourique)
Rua Tomás da Anunciação (freguesia de Campo de Ourique)
Rua Tomás Borba (freguesia do Areeiro)
Rua Tomás Cabreira (freguesia das Avenidas Novas)
Rua Tomás del Negro (freguesia do Lumiar)
Rua General Vassalo e Silva (freguesia do Beato)
Rua Professor Veiga Beirão (freguesia de Alvalade)
Rua Veloso Salgado (freguesia das Avenidas Novas)
Avenida Vergílio Ferreira (freguesia de Marvila)
Rua Profª. Virgínia Rau (freguesia do Lumiar)
Largo Vitorino Damásio (freguesia da Estrela)

Quatro médicos militares na toponímia de Lisboa em 1970

Francisco Luís Gomes

Em 1970, nove anos após o início da Guerra Colonial, foram colocados na toponímia de Lisboa quatro médicos militares, com a característica comum de terem prestado serviço no Hospital Militar de Lisboa e/ou nos territórios que eram colónias na época: Francisco Luís Gomes, José Baptista de Sousa, Mário Moutinho e Nicolau de Bettencourt.

O primeiro caso ocorreu através do Edital  municipal de 14 de fevereiro e foi a  Avenida Dr. Francisco Luís Gomes (na freguesia dos Olivais), a que se seguiu no Edital de  dia 17  a Avenida Dr. Mário Moutinho (Belém), e que se completou no Edital de 31 de março com a Rua Dr. José Baptista de Sousa (Benfica) e a Rua Dr. Nicolau de Bettencourt (Avenidas Novas).

A Avenida Dr. Francisco Luís Gomes foi atribuída com a legenda «Médico e Escritor/1829 – 1869» no arruamento que começa na Avenida de Berlim (junto à Piscina), no topo das Avenidas Infante Dom Henrique e Dr. Alfredo Bensaúde, para homenagear o cidadão que nasceu em 1829 na Índia e se licenciou em Medicina pela Escola de Goa (1850), tendo sido Cirurgião-mor  do exército português na Índia a partir de 1860, e ainda o autor de A Economia Rural da Índia Portuguesa, entre outras obras. Este topónimo é único no país.

Mário Moutinho

Mário Moutinho

A Avenida Dr. Mário Moutinho, nasceu com a legenda «Oftalmologista/1877-1961», para perpetuar o médico que dirigiu o serviço de Oftalmologia do Hospital Militar Principal de Lisboa a partir de 1909, e que nove anos depois foi seu subdiretor e mais tarde, diretor. Também este é um topónimo exclusivo de Lisboa.

No último dia do mês de março foram atribuídas a Rua Dr. José Baptista de Sousa/ Coronel Médico/1904 – 1967 na  Rua B à Travessa da Granja na freguesia de Benfica, bem como a Rua Dr. Nicolau de Bettencourt/ Brigadeiro-Médico/1900 – 1965 no troço da Estrada de Benfica compreendido entre o Largo de São Sebastião da Pedreira e o Largo então  vulgarmente conhecido como Praça de Espanha,  e as legendas destes dois topónimos expressam claramente a componente militar destes homenageados, sendo neste sentido os dois primeiros na toponímia de Lisboa em que a referência militar se liga à medicina.

A escolha do coronel-médico alfacinha  José Baptista de Sousa foi sugerida por um cidadão de seu nome Eduardo Mimoso Serra e a atribuição do nome de Nicolau de Bettencourt resultou de um pedido dos C.T.T. para que houvesse topónimo que evitasse equívocos na distribuição de correio naquela artéria.

José Baptista de Sousa

José Baptista de Sousa

Baptista de Sousa integrou as Forças Expedicionárias a Cabo Verde, e permaneceu em S. Vicente de 22 de fevereiro de 1942 até 10 de setembro de 1944, como diretor do Hospital Militar Principal de Cabo Verde, trabalhando também para os civis, o que lhe granjeou muitas simpatias locais e o epíteto de engenheiro humano. Ao contrário das orientações oficiais declarou a fome como causa de morte em diversos atestados de óbito, demonstrando coragem cívica. De 1947 a 1950, prestou serviço na Escola Médico-Cirúrgica de Goa. De 1951 a 1961 foi  Chefe da Clínica Cirúrgica do Hospital Militar Principal de Lisboa e a partir de 1964, foi  Consultor de Cirurgia da Direção do Serviço de Saúde Militar. O Dr. José Baptista de Sousa foi agraciado com o grau de oficial da Ordem de Avis e, em Mindelo (S. Vicente) o hospital passou a denominar-se Hospital Baptista de Sousa. Este topónimo é único no país.

Nicolau José Martins de Bettencourt concluiu o curso de Medicina em 1924 e, dois anos depois, também o curso de Medicina Tropical. Na sua carreira destacou-se como instrutor dos cursos de oficiais milicianos e dos enfermeiros militares das Escolas Centrais de Defesa do Território bem como Inspetor da Instrução do Serviço de Saúde Militar (1960 e 1961); dirigiu o Hospital Militar de Belém (1945 a 1949), o Hospital Militar Principal (a partir de 1957), os Serviços de Saúde Militar (a partir de  1962) e o Serviço de Saúde da Legião Portuguesa. Durante a presidência do general França Borges na Câmara Municipal de Lisboa, foi também vereador, no mandato de 1960 a 1963.  O seu nome integra também a toponímia da Marinha Grande.

Antes da Guerra Colonial apenas dois médicos militares tinham integrado a toponímia de Lisboa, a saber, a Rua Dr. Mascarenhas de Melo com a legenda «1868 – 1950», por Edital municipal de 24/07/1957, para homenagear um diretor do Hospital Militar da Estrela, e pelo Edital de 19/09/1960 foi a Praça Dr. Teixeira de Aragão com a legenda «Escritor-numismata/1823-1903» que perpetuou o diretor do gabinete de numismática e arqueologia do rei D. Luís I.

Após o 25 de Abril foram dois os médicos militares que tiveram a honra de serem topónimos alfacinhas: a  Escadaria José António Marques, com a legenda «Fundador da Cruz Vermelha Portuguesa/1822 – 1884», por via do Edital de 11 de fevereiro de 1985; e a Rua Dr. Bastos Gonçalves, com a legenda «Brigadeiro – Médico/1898 – 1985», pelo Edital de 21 de fevereiro de 2001, em memória daquele que dirigiu a Revista Portuguesa de Medicina Militar.

Nicolau de Bettencourt

Nicolau de Bettencourt

A Avenida do republicano Elias Garcia

Prédio traçado por Ventura Terra no nº 62 da Avenida Elias Garcia com a Avenida da República cerca de 1906 (Foto: Alberto Carlos Lima, Arquivo Municipal de Lisboa)

Prédio traçado por Ventura Terra no nº 62 da Avenida Elias Garcia com a Avenida da República 
(Foto: Alberto Carlos Lima, cerca de 1906, Arquivo Municipal de Lisboa)

Ventura Terra traçou em 1902 três prédios de rendimento para o republicano Joaquim dos Santos Lima,  na esquina da Avenida José Luciano nº 62 (a partir de 5 de novembro de 1910 passou a ser a Avenida Elias Garcia ) com a Avenida Ressano Garcia nº 46 (Avenida da República também desde 05/11/1910).

O republicano José Elias Garcia que foi Presidente da Câmara Municipal de Lisboa em 1878 passou a dar nome à Avenida José Luciano pelo Edital municipal de 5 de novembro de 1910, o primeiro de toponímia após a proclamação da República, que incluiu mais 9 topónimos destacando-se os que homenagearam a implantação da República – Avenida da República e Avenida Cinco de Outubro– e figuras republicanas, como o Almirante Cândido dos Reis e Miguel Bombarda.

Elias_Garcia José

José Elias Garcia (Almada-Cacilhas/31.12.1830 –  21.06.1891/Lisboa) foi um político republicano que foi deputado, vereador da edilidade alfacinha com o pelouro de instrução pública (entre 1873-1875 e 1878-1881) em que estabeleceu as escolas centrais, o ensino da ginástica, do desenho de ornato,do canto coral das escolas e as bibliotecas populares, bem como foi até o 25º Presidente da Câmara Municipal de Lisboa ( de 2 de janeiro a 18 de agosto de 1878).

Coronel de engenharia foi ainda professor de Mecânica Aplicada na Escola do Exército (a partir de 1857), bem como jornalista, tendo fundado diversos jornais republicanos como O Trabalho (1854), O Futuro (1858-1862), A Política Liberal (1862), e sido o redator principal do Jornal de Lisboa (1865) e do Democracia (1873), para além de ter presidido à Assembleia dos Jornalistas e Escritores Portugueses. Também colaborou na revista de pedagogia Froebel, dirigida por Feio Terenas.

Elias Garcia, a partir do célebre grupo do Pátio do Salema (Clube dos Lunáticos), fundou em 1868 o Partido Reformista, de onde veio a resultar o Centro Republicano Democrático Português (1876) e o Partido Republicano e nessa qualidade foi deputado, eleito pela primeira vez em 1870 por Lisboa, sendo depois também eleito pelo Partido Republicano em 1882-1884, 1884-1887 e 1887-1889 e 1890.  Entre 1883 e 1891 presidiu ao Diretório do Partido Republicano.

Desde 1853 Irmão Péricles na Maçonaria Portuguesa, foi o 1.º e único Grão-Mestre  da Federação Maçónica (1863 a 1869),  Grão-Mestre interino do Grande Oriente Lusitano Unido (1884 a 1886), Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano Unido (1887 a 1889) e o seu túmulo no Cemitério do Alto de São João, construído em 1893-94 pelo Grande Oriente Lusitano em terreno cedido pela CML, ostenta um obelisco encimado por uma estrela de cinco raios.

Freguesia das Avenidas Novas (Planta: Sérgio Dias)

Freguesia das Avenidas Novas
(Planta: Sérgio Dias)