Inauguração da Alameda Coronel Marques Júnior no próximo dia 3 de julho

Na próxima quarta-feira, dia 3 de julho, data do 73 º aniversário de nascimento do Capitão de Abril Marques Júnior, a Câmara Municipal de Lisboa vai inaugurar às 12:00 horas, uma Alameda com o seu nome, na freguesia das Avenidas Novas.

António Marques Júnior (1946 – 2012), participante  desde a primeira hora na revolução de 25 de Abril de 1974, desde as primeiras reuniões de oficiais em setembro de 1973,  integrou a Comissão Coordenadora do Programa do MFA e foi o mais jovem membro do Conselho da Revolução. A partir de 1985 foi eleito deputado para a Assembleia da República, inicialmente pelo PRD, mas a partir de 1991, integrando listas socialistas até ao ano de 2011.

© CML | DPC | NT | 2019

 

O Arraial de Belém no Largo Luís Alves Miguel

Freguesia de Belém

Em Belém, no Largo que tem o nome de uma glória da natação do Clube Sportivo de Pedrouços – o Largo Luís Alves Miguel – decorre até amanhã o Arraial de Belém, organizado por esta coletividade no âmbito das Festas de Lisboa 2019, com sons de música popular.

A completar 100 anos no próximo dia 19 de agosto, o Clube Sportivo de Pedrouços continua a dedicar-se a modalidades que a proximidade ao Tejo sempre despoletaram como a natação e a vela, com organização de regatas, para além de outras e de diversas atividades de lazer como nesta época dos Santos Populares.

O Largo Luís Alves Miguel foi atribuído por Edital municipal de 29 de janeiro de 1979, no âmbito das comemorações do 60º aniversário do clube e a pedido da própria associação. Localiza-se esta artéria e topónimo na antiga praceta contida  entre a Rua da Praia de Pedrouços, Travessa do Forte da Areia e Rua Fernão Mendes Pinto, logo junto à Rua de Pedrouços e como tal, perto do Club Sportivo de Pedrouços, para homenagear o seu sócio Luís Alves Miguel (30.06.1900 – 05.02.1977), que foi também seu atleta na natação e no pólo aquático, assim como durante grande parte da sua vida foi seu instrutor de natação na piscina do clube, equipamento que tem também o seu nome.

Luís Alves Miguel foi campeão e recordista nacional em natação, somando inúmeras medalhas de prata e uma de ouro pela Travessia de Lisboa em 12.000 m em 30 de agosto de 1925.

Freguesia de Belém

© CML | DPC | NT | 2019

A Calçadinha da Figueira para o Arraial do Adicense nas Festas de Lisboa’19

A Calçadinha da Figueira, algures entre 1950 e 1969
(Foto: Artur Pastor, Arquivo Municipal de Lisboa)

A Calçadinha da Figueira é o palco para o arraial do Grupo Sportivo Adicense ecoar em Alfama, também com tardes e noites de fado, nesta edição de 2019 das Festas de Lisboa.

Com mais de 100 anos de serviço em prol da comunidade nas áreas do desporto, da cultura e do recreio, o Grupo Sportivo Adicense foi fundado em 26 de janeiro de 1916 – como Club Sportivo Adicense -, derivando o seu nome da antiga Rua da Adiça. Segundo Júlio de Castilho, a Rua da Adiça era um topónimo de Alfama pelo menos desde 1470, mas no final do séc. XIX o Edital municipal de 19 de abril de 1893 transformou-a na Calçada de São João da Praça.  Passados 63 anos, o Edital municipal de 22 de junho de 1956, pegou nessa Calçada e dividiu-a em duas artérias: desde o seu início até aos n.ºs 51 e 68 (inclusive) voltou a denominar-se Rua da Adiça, enquanto o troço restante até ao Largo das Portas do Sol  ficou como Rua Norberto de Araújo. O Adicense ficou então na Rua Norberto Araújo mas já tem sede no nº 20 da Rua de São Pedro.

Já a artéria onde decorre o arraial do Adicense, a Calçadinha da Figueira, é um nome que advém da tradição de os topónimos georreferenciarem os locais pela flora local ou por outras circunstâncias que fossem distintivas de outros locais, bem como da outra tradição de usar diminutivos nas categorias dos topónimos para transmitir ora a proximidade dos moradores ao local ora o tamanho exíguo do arruamento ou então, ambas as coisas sendo assim de supor que terá existido um figueira no local.

Na estrutura urbana da Alfama medieval  desde o final do séc. XII que São João da Praça era uma freguesia urbana vizinha da freguesia Regueira do Salvador e então a Rua da Adiça era rua principal, a par da Rua de São Pedro e da de São Miguel. A urbanização de Alfama completou-se no séc. XVI com a construção sistemática de habitações ao longo das Ruas de São Pedro, de São Miguel, da Judiaria e da Regueira. Na descrição corográfica da cidade antes do terramoto de 1755 encontramos mencionadas uma Rua da Figueira próxima de uma Rua da Adiça, na então freguesia de São Miguel e quinze anos depois, na remodelação administrativa de 1770, deparamos com um Beco da Figueira a desembocar na Rua da Adiça.

© CML | DPC | NT | 2019

 

Há festa nas ruas da Mouraria

Pelas ruas antigas da Mouraria, Rua do Capelão, Rua João do Outeiro, Rua da Guia, Rua Marquês Ponte de Lima e Largos do Terreirinho e da Severa, se espraia o Arraial do Grupo Desportivo da Mouraria, no âmbito das Festas de Lisboa 2019.

Fundado em 1936 o Grupo Desportivo da Mouraria é também responsável também pela organização da Marcha da Mouraria.

As ruas da Mouraria onde decorre este arraial são das mais antigas de Lisboa. Cristóvão Rodrigues de Oliveira, no seu Sumário de 1551, já mostra a existência nesse ano de 1551 da Rua do Capelão, da Rua da Mouraria, da Rua dos Cavaleiros, da Rua João do Outeiro e da Rua da Amendoeira.

Sobre a Rua do Capelão, já em 1900 o historiador Pedro de Azevedo apontava que o topónimo talvez derivasse do sacerdote da mesquita intitulado capelão e nos anos 30 do séc. XX, o olisipógrafo Norberto de Araújo ,defendeu que o nome da rua advinha de «um oratório armado numa parede, com frente à rua, e que merecia a maior devoção aos habitantes do sítio; às tardes, a população reunia-se, e rezava em conjunto deante da imagem.» Neste arruamento nasceu a Severa e o fadista Fernando Maurício, para além deste topónimo ser o título pelo qual é conhecido o Velho Fado da Severa, composto por Frederico de Freitas para letra de Júlio Dantas para o 1º filme sonoro português – A Severa – , realizado por Leitão de Barros e estreado em 1931.

E foi de um troço da própria Rua do Capelão, compreendido entre o Beco do Forno e a Rua da Guia, que a edilidade lisboeta já no século XX – através do Edital municipal de 18 de dezembro de 1989 – consagrou na toponímia de Lisboa a primeira fadista, Maria Severa Onofriana, com o Largo da Severa.

A Rua João do Outeiro, segundo Norberto de Araújo, perpetua a memória de um abastado proprietário da Ilha de S. Miguel do séc. XVI, que resolveu vir para Lisboa acabar os seus dias naquela zona da Mouraria. Ainda segundo o mesmo jornalista e olisipógrafo, a Rua da Guia fixou-se dois séculos depois em parte do que havia sido Rua do Capelão, porque por volta de 1752 aqui ter existido um oratório armado numa parede que merecia muita devoção dos moradores do sítio.

A Rua Marquês Ponte de Lima foi dada por Edital municipal de 27 de maio de 1902 à Rua João Carlos d’Oliveira (nascida do Edital municipal de 8 de setembro de 1899), para homenagear D. José Maria Xavier de Lima Vasconcelos Brito Nogueira Teles da Silva (Almeida/12.11.1807 – 21.12.1877/Lisboa), o proprietário do Palácio da Rosa, o 3º marquês de Ponte Lima e 20º morgado de S. Lourenço de Lisboa entre outros títulos que possuía, que como militar no exército dos Liberais fez as campanhas de 1827 e 1828, emigrou para os Açores para juntar-se aos que sustentavam a Carta Constitucional e em 1834 tomou assento na Câmara dos Pares.

Finalmente, o Largo do Terreirinho já existia em 1548, de acordo com informação recolhida pelo olisipógrafo Luís Pastor de Macedo que recolheu. Após a remodelação paroquial de 1770 surge o arruamento mencionado como «Praça do Terreirinho» na freguesia do Socorro.

© CML | DPC | NT | 2019

Quando participei no júri das Marchas Populares de 2012

A Marcha do Alto do Pina em 1950
(Foto: António Castelo Branco, Arquivo Municipal de Lisboa)

Neste ano de 2019, em que a Marcha do Alto Pina venceu as Marchas de Lisboa como aconteceu em 2012, recordamos o depoimento de quem foi nesse ano júri:

Foi um momento único. Em 2012 comemoraram-se 80 anos de marchas populares. O júri foi composto por nove elementos. A avaliação realizou-se durante três dias no então Pavilhão Atlântico e também no desfile da noite de Santo António. A impressão do júri e a avaliação formam-se então durante estas três noites mágicas e no desfile da Avenida da Liberdade. Participam no Pavilhão Atlântico todas as marchas mesmo a infantil e a dos mercados que não estão a concurso. A exuberância dos apoiantes é uma realidade que por vezes roça uma confiança cega. Estivemos no meio dos marchantes que num primeiro momento estranharam mas depois aceitaram-nos e observámos os trajes e a alegria. Acabou por ser mais um elemento valorativo. No meu caso tive, em conjunto com o saudoso Heitor Pato, que avaliar a alegria da apresentação, o ritmo e harmonia de cada marcha bem como o equilíbrio entre a tradição e a modernidade. Espectáculo ímpar no pavilhão Atlântico a que se juntou uma noite deslumbrante quando todas as 20 marchas desfilaram pela Avenida da Liberdade.

Ernesto Jana
Técnico Superior do GEO – Gabinete de Estudos Olisiponenses
e Júri das Marchas de Lisboa em 2012

A Marcha do Alto do Pina em 2012

© CML | DPC | GEO e NT | 2019

A Avenida Ribeira das Naus acolhe a Festa da Diversidade nas Festas de Lisboa’19

A construção da Avenida da Ribeira das Naus, cerca de 1953
(Foto: Judah Benoliel, Arquivo Municipal de Lisboa)

No próximo sábado, dia 29 de junho, a partir das 16 horas, no âmbito das Festas de Lisboa’19, a Avenida da Ribeira das Naus vai acolher a Festa da Diversidade que neste 2019 celebra os seus 20 anos, e se estende para o domingo.

Organizada  pela associação SOS Racismo a Festa da Diversidade procura trazer para o espaço público o trabalho de muitas associações e artistas da periferia ou sem a visibilidade que merecem, procurando ultrapassar qualquer tipo de discriminação, de preconceito, de racismo, xenofobia, homofobia e machismo, pelo que vai receber o final da Marcha LGBT, ao mesmo tempo que neste espaço público lisboeta acolhe vários saberes, sabores e sons do mundo, com dignidade, respeito e igualdade, contribuindo para o diálogo intercultural.

A Avenida da Ribeira das Naus, tal como a paralela Rua do Arsenal, partilham a mesma origem: o Arsenal da Marinha, descendente das tercenas de D. Manuel I. Foi sobre a doca seca do Arsenal da Marinha, atulhada em 1939, que se construiu a Avenida da Ribeira das Naus, topónimo que foi atribuído pelo Edital municipal de 22 de junho de 1948 e no final desse mesmo ano, em 29 de dezembro, a edilidade lisboeta colocou nesta Avenida uma lápide onde se podia ler «Neste local construíram-se as naus que descobriram novas terras e novos mares e levaram a todo o mundo o nome de Portugal».

A Ribeira de Lisboa era a zona marginal do Tejo, entre a Praça do Município e a Igreja da Conceição Velha, até com D. Manuel I ser o local das tercenas onde se construíam os navios necessários, a ponto de o rei  ter mandado construir o seu Paço mesmo ao lado para melhor verificar esses trabalhos. O terramoto de 1755 destruiu esse importante complexo naval mas a sua reconstrução iniciou-se logo em 1759, sob o traçado de Eugénio dos Santos.  Por isso o local foi conhecido como Ribeira das Naus, nome extensivo ao Arsenal da Ribeira das Naus (depois  Arsenal Real da Marinha e a partir de 1910, apenas Arsenal da Marinha). Em 1936, o Arsenal começou a ser transferido para as instalações navais do Alfeite e terminou a sua laboração em 1939, altura em que se começou a construir a Avenida da Ribeira das Naus.

Refira-se que no mesmo ano de 1948, pelo Edital municipal de 29 de Abril, cerca de dois meses antes do que consagrou a Avenida da Ribeira da Naus, foram atribuídos em Belém, onde em 1940 havia decorrido a Exposição do Mundo Português, mais topónimos evocativos do antigo Império Português, a saber, a Praça do Império, a Avenida da Índia, as Praças de Goa, de Damão e de Dio, a Rua Soldados da Índia, assim como topónimos que recordavam  figuras ligadas à Expansão Portuguesa, como navegadores – Avenida Dom Vasco da Gama, Rua Dom Cristóvão da Gama, Rua Dom Jerónimo Osório, Rua Fernão Mendes Pinto -, representantes das autoridades de Portugal – Rua Dom Lourenço de Almeida, Rua Tristão da Cunha – , historiadores da época – Rua Damião de Góis, Rua Fernão Lopes de Castanheda -, bem como cientistas – Rua Duarte Pacheco Pereira – e missionários – Rua São Francisco Xavier – e o próprio rei dessa época do Império Português com a Praça Dom Manuel I.

Freguesia de Santa Maria Maior e Misericórdia

© CML | DPC | NT | 2019

A Rua da Voz do Operário e o Arraial Beco de Lisboa

A Voz do Operário na Rua Voz do Operário – Freguesia de São Vicente

Na Rua da Voz do Operário,  num logradouro do edifício que começa num portão e contorna o edifício da Voz do Operário está a decorrer até ao final do mês o arraial Beco de Lisboa , que a instituição organiza no âmbito das Festas de Lisboa 2019 e que inclui noites de fado.

A Sociedade de Instrução e Beneficência A Voz do Operário fundada em 1879 está desde 1913 sediada nesta artéria, e teve honras de ser o próprio Presidente da República de então, Manuel de Arriaga, a ter lançado a 1ª pedra da sua sede. Nas Festas de Lisboa, para além de organizar a Marcha Infantil desde 1988 proporciona ainda o arraial Beco de Lisboa nas suas instalações.

A Voz do Operário ganhou tal importância ao longo da sua vida  que o  arruamento onde está sediada, aberto na antiga Quinta da Abelha nos princípios do último quartel do séc. XIX e que teve atribuído o nome de Rua da Infância, por deliberação camarária de 22 de novembro de 1880, dois anos depois de A Voz do Operário ter aqui a sua sede passou a denominar-se Rua Voz do Operário, pelo Edital municipal de 11 de fevereiro de 1915.

Em 1877, foi inaugurado no n.º 19 desta artéria o Asilo de São Vicente, uma das casas da Sociedade das Casas de Asilo da Infância Desvalida, razão para segundo o olisipógrafo Vieira da Silva ter sido denominada dois anos depois como Rua da Infância, em 1880. Mas cerca de 35 anos depois, a vereação republicana alterou o topónimo para consagrar a Sociedade «Voz do Operário», formada em 11 de Outubro de 1879 para para dar voz aos muitos operários tabaqueiros através da publicação de um semanário: o Voz do Operário. O operário tabaqueiro Custódio Gomes foi quem lançou a ideia do jornal da sua classe, mas foi outro operário, também tabaqueiro, Custódio Brás Pacheco de seu nome, o verdadeiro impulsionador da instituição e que levou a que em 13 de Fevereiro de 1883 nascesse a Sociedade Cooperativa A Voz do Operário em cujos estatutos se definia «sustentar a publicação do periódico A Voz do Operário, órgão dos manipuladores de tabaco, desligado de qualquer partido ou grupo político (…) estabelecer escolas, gabinete de leitura, caixa económica e tudo quanto, em harmonia com a índole das sociedades desta natureza, e com as circunstâncias do cofre, possa concorrer para a instrução e bem estar da classe trabalhadora em geral e dos sócios em particular».

Em 1879, aquele título tinha a sua sede no Beco dos Fróis. Em julho de 1887, mudou-se para a Calçada de São Vicente, com 1.114 sócios, nem todos operários tabaqueiros, o que obrigou a uma revisão dos estatutos, concretizada em 1889, aprovada no ano seguinte, convertendo-se em Sociedade de Instrução e Beneficência A Voz do Operário e, transitando em 1896 para o Largo do Outeirinho da Amendoeira. Com o desenvolvimento crescente da Sociedade propuseram ao governo em 1906 a cedência de uma parcela de terreno da designada Cerca das Mónicas para a construção de um edifício de raiz onde pudessem ser instaladas as escolas e os serviços de A Voz do Operário, o que foi despachado favoravelmente por decreto do governo de 29 de maio de 1907. Todavia, a primeira pedra de construção da sede de A Voz do Operário, para incluir a sua escola central, secretaria, biblioteca, serviços de assistência e sala de conferências só aconteceu em outubro de 1912, com a presença do próprio Presidente da República, Manuel de Arriaga. Em 1925, a instituição ganhou estatuto de utilidade pública.

© CML | DPC | NT | 2019

 

Variações em rua lisboeta e em concerto de encerramento das Festas de Lisboa’19

Os jardins junto à Torre de Belém vão ser o palco do concerto de encerramento das Festas de Lisboa’19, a partir das 22 horas de sábado dia 29 de junho, este ano com um concerto de homenagem a António Variações, cuja memória vive num topónimo de Lisboa desde 1998.

António & Variações são Ana Bacalhau, Conan Osiris, Lena d’Água, Manuela Azevedo, Paulo Bragança e Selma Uamusse a cantar António Variações com a Orquestra Metropolitana de Lisboa, contando ainda com  o coro Gospel Collective, o acordeonista João Gentil e Filipe Melo, Filipe Raposo e Pedro Moreira na orquestração, sob a direção artística de Luís Varatojo.

António Variações, da música «entre Braga e Nova Iorque», falecido a 13 de junho, o dia do Santo Popular seu homónimo, desde a publicação do Edital municipal de 24 de junho de 1998 que tem o seu nome para memória futura numa rua do Bairro do Oriente, na freguesia do Parque das Nações, tendo sido inaugurada oficialmente no ano seguinte quando passavam 15 anos sobre a sua morte. Nas restantes artérias do bairro acompanham-no o compositor e cantor Carlos Paião, o compositor Jaime Mendes, os atores Mário Viegas e Carlos Daniel, o Palhaço Luciano e o desenhador Fernando Bento, atribuídos pelo mesmo Edital e também pelo de 19 de outubro de 1998.

No que era a antiga Rua B, que liga a Rua Carlos Daniel à Rua Mário Viegas, ficou o minhoto António Joaquim Rodrigues Ribeiro (Fiscal- Amares/03.12.1944 – 13.06.1984/Lisboa), filho de Jaime Ribeiro e Deolinda de Jesus, que todos guardamos na memória como António Variações.  O Tonito de sua mãe aprendeu em Amesterdão o oficio de cabeleireiro e tornou-se em Lisboa, a partir de 1977, barbeiro de profissão e pioneiro dos salões unissexo durante o dia  enquanto à noite se dedicava à sua paixão pela música. Abriu em Lisboa o primeiro salão unisexo no Centro Comercial Imaviz-  na Rua Tomás Ribeiro –  e mais tarde fixou a sua barbearia no nº 70 da Rua de São José. Começou por fazer espetáculos com um grupo de músicos sob o nome de Variações.  Em 1980, Luís Vitta com Rui Pêgo e António Duarte passam o seu «Toma o comprimido»  no programa de rádio Meia de Rock da Rádio Renascença. E em fevereiro do ano seguinte, Júlio Isidro coloca Variações nos ecrãs televisvos no Passeio dos Alegres, bem como em algumas emissões da Febre de Sábado de Manhã da Rádio Comercial. Com contrato assinado com a Valentim de Carvalho desde 1978 foi em 1982 que saiu o seu primeiro single, já como António Variações, com as faixas «Povo que Lavas no Rio» e «Estou Além». E em pouco mais de um ano, transformou-se num caso de popularidade na música portuguesa com uma inovadora exuberância em palco. Em 1983, foi editado o seu primeiro álbum intitulado Anjo da Guarda, com êxitos como «É P’ra Amanhã…» ou «O Corpo É que Paga», num estilo que ele próprio definiu como estando «entre Braga e Nova Iorque», ao reunir folclore, rock, pop, blues e fado. Em 1984 gravou o seu segundo e último álbum – Dar e Receber –, no qual se revelou como sucesso a «Canção do Engate». A sua música manteve até hoje novas recriações, de vários grupos, tendo sido destacada com o projeto Humanos, construído a partir de inéditos seus, lançado no 20º aniversário da  sua morte.

António Variações declarou ao jornal Sete (30 de março de 1983) que «O António Variações gosta de pôr as pessoas a cantar, gostava de não ser só um espectador. E tem vontade de ficar na história, nem que seja na história de uma parede de casa-de-banho» e aquilo de que gostava acabou por lhe dar um lugar da história da música portuguesa e na história da cidade de Lisboa, assim como neste ano em que completaria 75 anos se estivesse vivo ganha um lugar na história das Festas de Lisboa.

Freguesia do Parque das Nações

© CML | DPC | NT | 2019

Junto ao coreto de Carnide o arraial da Rua Neves Costa

Rua Neves Costa – Freguesia de Carnide

Junto ao coreto construído em 1927 no núcleo antigo de Carnide, na Rua Neves Costa – que por isso é conhecida popularmente como Largo do Coreto -, decorre até 29 de junho o Arraial do Carnide Clube, no âmbito das Festas de Lisboa 2019.

O Carnide Clube, sediado na Rua Neves Costa nºs 69-71, foi fundado em 11 de novembro de 1920, dia escolhido por ser justamente o Dia do Armistício. A fundação da associação ocorreu antes da participação de Portugal na I Guerra, com o seu primeiro auto de posse a ser assinado em 25 de abril de 1916, quando ainda se denominava Carnide Club Ciclista. Contudo, o envio de sócios como tropas portuguesas para a Primeira Guerra Mundial forçou o encerramento do clube no dia 1 de outubro de 1917. O fim da Guerra permitiu aos antigos sócios retomarem a dinamização do desporto em Carnide e assim retomaram o Carnide Clube, escolhendo por isso como data de fundação o dia do fim da Primeira Guerra, em 1918, que a partir daí passou a ser o Dia do Armistício.

Já a Rua Neves Costa era a antiga Rua Direita de Carnide que no ano seguinte à implantação da República, por Edital municipal de 7 de agosto de 1911, passou a homenagear o engenheiro militar natural de Carnide, com a legenda «Engenheiro Militar/1774 – 1841», mas que também comandara exércitos portugueses contra tropas espanholas e francesas em 1797 e que foi um pioneiro na cartografia militar portuguesa, a partir da qual concebeu a ideia da criação das Linhas de Torres Vedras.

José Maria das Neves Costa (Lisboa/14.08.1774 – 19.11.1841/Lisboa), filho de Josefa Maria Vieira e de Manuel Cláudio da Costa,  formou-se na Academia de Fortificação, Artilharia e Desenho e destacou-se como oficial do Real Corpo de Engenheiros pela execução da carta topográfica da área a norte de Lisboa, para garantir melhor defesa da capital portuguesa, por encomenda do Ministério da Guerra. Aliás, este levamento surgiu na sequência de uma exposição que havia feito em 26 de novembro de 1808,  aquando das invasões francesas, lembrando a importância do relevo do terreno a norte de Lisboa para a defesa da capital. Em 1810, trabalhou nas Linhas de Torres, às ordens do engenheiro inglês Fletcher e no ano seguinte, como Major do Real Corpo de Engenharia ofereceu a Carta Militar das Linhas de Torres Vedras ao Marechal Beresford.

Neves Costa havia sido comandante do Exército que lutou no Alentejo contra os espanhóis e franceses em 1797 e em 1802, foi nomeado para o Estado-Maior da fiscalização  das praças e fortes de fronteira e costas marítimas. Coube-lhe também o reconhecimento da fronteira do Alentejo, bem como a execução da carta da península de Setúbal (1813). Em 1806, foi escolhido pelo Visconde Sá da Bandeira para organizar o Arquivo Militar e, cinco anos depois, para dirigir os trabalhos de fortificação da praça de Almeida (1811).

Em 1822, foi eleito deputado liberal constitucional por Setúbal e no ano seguinte, foi nomeado ministro da guerra, por decreto de 28 de maio de 1823, mas não chegou a exercer por D. Miguel ter voltado ao poder. Tratou dos direitos e dos deveres do soldado perante a sociedade civil, em 1827, na sua Memoria sobre a organização e disciplina do exercito portuguez, em relação ao systema constitucional. Em 1835, a Câmara dos Pares incumbiu-o de propor um plano de reforma do sistema de pesos e medidas e introdução do sistema decimal, com o Visconde de Vilarinho de São Romão e Manuel Gonçalves de Miranda.

O Brigadeiro José Maria das Neves Costa,  foi consagrado como patrono do Centro de Informação Geoespacial do Exército pela sua importância para a cartografia militar e também o seu nome foi dado a uma Rua de Torres Vedras e a uma Travessa da Cova Piedade (Almada), para além de estar referido numa placa evocativa das Linhas de Torres.

Rua Neves Costa – Freguesia de Carnide

© CML | DPC | NT | 2019

A Festa do Japão no jardim da Rua Vieira Portuense

Rua Vieira Portuense e Jardim Vasco da Gama
(Foto: Ana Luísa Alvim| CML)

No próximo sábado, dia 22 de junho de 2019, das 14:00 às 22:00 horas, vai decorrer a 9ª Festa do Japão em Belém, no Jardim Vasco da Gama da Rua Vieira Portuense, inserida nas Festas de Lisboa’19.

Fronteiro à Rua Vieira Portuense o Jardim Vasco da Gama foi construído nos anos oitenta do século XX a partir do traçado do  arquiteto António Saraiva para uma área de 4,2 hectares. Já a Rua Vieira Portuense homenageia o pintor Francisco Vieira e foi atribuído pelo Edital municipal de 7 de agosto de 1911 na artéria até aí designada como Rua da Cadeia. Por Edital de 20 de setembro de 1915 foi-lhe acrescentada a artéria de continuação, a Rua do Cais de Belém e por isso a Rua Vieira Portuense estende-se hoje da Praça Afonso de Albuquerque até à Travessa da Praça.

O conjunto urbano da Rua Vieira Portuense integra prédios do séc. XVI ao XVIII,  junto ao que foi a antiga praia de Belém e ainda assim surge na planta de 1858 de Filipe Folque, sendo então o seu topónimo Rua da Cadeia, que era paralela e maior que a Rua Direita de Belém (hoje Rua de Belém) e que tinha a meio e mais próximo do rio um Mercado. Em 24 de julho de 1880 foi colocada a primeira pedra de um novo Mercado e na planta de 1909 de Silva Pinto já podemos observar o novo Mercado instalado no meio da Rua da Cadeia e da Rua do Cais. Ao lado do Mercado e paralela à Rua da Cadeia existia uma Rua Bahuto e Gonçalves que terminava na Praça Dom Vasco da Gama, sendo hoje ambas espaço dos jardins. O Edital municipal de toponímia de 1911 tornou a Rua da Cadeia em Rua Vieira Portuense e a Rua Bahuto e Gonçalves em Rua Paulo da Game e o Edital de 1915 somou a Rua do Cais à Rua Vieira Portuense. A partir de 1939 toda a zona começa a ser remodelada para aí se instalar a Exposição do Mundo Português de 1940, finda a qual ficou a Rua Vieira Portuense e uma zona de terras a separá-la do Tejo.

Resultado de imagem para D. Filipa de Vilhena armando seus filhos cavaleiros

D. Filipa de Vilhena armando seus filhos cavaleiros (1801, Londres) de Vieira Portuense

Francisco Vieira (Porto/13.05.1765 – 02.05.1805/Funchal) distinguiu-se como pioneiro do neoclassicismo na pintura portuguesa, tal como Domingos Sequeira, ambos pintores régios, com o nome artístico de Vieira Portuense, por referência à sua cidade natal e para se distinguir do lisboeta Vieira Lusitano.

Presume-se que terá aprendido a pintar paisagens com o seu pai, Domingos Francisco Vieira, a par do ofício como droguista, assim como terá tido João Glama Strobërle e Jean Pillment como mestres e terá frequentado a Aula de Debuxo e Desenho do Porto. Depois veio para Lisboa, onde estudou na Casa Pia e na Aula Régia de Desenho, a partir de 1787. Seguiu para Roma em 1789, financiado pela família, pela Feitoria Inglesa e talvez também pela Companhia Geral de Agricultura e das Vinhas do Alto Douro. Em Roma, foi discípulo de Domenico Corvi e obteve o 1.º prémio de Desenho no concurso da Academia do Nu do Capitólio. Em Itália, esteve ainda em Parma – onde em 1794 se tornou académico da Academia de Belas Artes local-, Cremona, Bolonha – onde ingressou na Academia Clementina em 1795-, e Nápoles, para além de ter viajado também  pela Alemanha e Inglaterra, onde residiu em Londres na casa do embaixador D. João de Mello e Castro em 1789 e a 9 de julho de 1799 casou com Maria Fabbri, uma bolonhesa viúva de um aluno de Bartolozzi, pelo que após o casamento passou a viver na casa de Bartolozzi em North End (Fulham).

Vieira Portuense regressou a Portugal em 1800 e foi contratado pela Junta da Administração da Companhia Geral de Agricultura e das Vinhas do Alto Douro como professor da Aula de Desenho da Academia Real de Marinha e Comércio da Cidade do Porto, de que viria a ser diretor em 1803. Entre 1801 e 1802 também trabalhou em Lisboa, nas ilustrações de uma edição de “Os Lusíadas“, promovida por D. Rodrigo de Sousa Coutinho.

Ao contrair tuberculose em 1805 mudou-se para a Madeira, por ser considerada mais saudável, mas acabou por falecer lá antes de completar 40 anos de vida. A sua obra está presente no Museu Nacional de Arte Antiga e no Museu Nacional de Soares dos Reis (Porto), sendo famosos os seus quadros Leda e o Cisne (1798) ou D. Filipa de Vilhena armando os filhos cavaleiros (1801), para além de Latona e os camponeses da Lícia pertença da Câmara Municipal do Porto, assim como Banho de Diana que se encontra na Galeria Nacional de Parma.

Freguesia de Belém

© CML | DPC | NT | 2019