A Rua Bernardo Lima, do professor de agronomia e veterinária Silvestre

Freguesias de Santo António
(Foto: Sérgio Dias| NT do DPC)

Silvestre Bernardo Lima, professor de Zootecnia e de Higiene no Instituto de Agronomia e Veterinária no séc. XIX, está desde 8 de junho de 1903 inscrito na toponímia de Lisboa,  na artéria sita entre a Rua Bernardim Ribeiro e a Avenida Duque de Loulé, como Rua Bernardo Lima, paralela à Rua Ferreira Lapa de um seu condiscípulo e amigo, atribuída na mesma altura e ambas hoje território da freguesia de Santo António.

(Foto: Joshua Benoliel, cerca de 1914, Arquivo Municipal de Lisboa)

Sylvestre Bernardo Lima (Alpiarça/01.04.1824 – 10.09.1893/Lisboa) foi um agrónomo e veterinário que exerceu funções como lente de Zootecnia e de Higiene, no Instituto Geral de Agricultura como então se denominava, durante 30 anos. Desenvolveu intensa actividade pedagógica e científica sendo na época o maior especialista português em  zootecnia, para além de ter organizado o recenseamento geral dos gados em 1870. Bernardo Lima, como o seu condiscípulo e amigo João Ignácio Ferreira Lapa, transitaram do Corpo Docente da antiga Escola Veterinária Militar na Rua do Salitre para o então novo Instituto Geral de Agricultura. No ano letivo de 1878/79 também desempenhou as funções de Diretor Interino do Instituto. Terminou a sua carreira docente em 1881 por em março ter sido nomeado Diretor Geral da Agricultura, Comércio e Indústria no Ministério das Obras Públicas, substituindo Morais Soares que falecera, onde se manteve até à aposentação em 25 de julho de 1886.

Da sua vasta obra publicada destaquem-se Estudos hípicos (1858-1878), Tabela do resultado do estudo das lãs portuguesas (1862), Doenças da oliveira, laranjeira e sobreiro do Sul de França (1865), Bibliografia agrícola (1878) ou Chá do feno (1879), bem como o primeiro manual de divulgação agrícola escrito em língua portuguesa e acessível ao grande público,  o Catecismo Popular de Agricultura (1856), elaborado em conjunto com Ferreira Lapa. Em paralelo, foi um colaborador assíduo da revista Portugal e Brasil , bem como do Jornal Oficial de Agricultura (1880) e do Archivo Rural, que em 1858 fundara de parceria com Ferreira Lapa, José Maria Teixeira e Elvino de Brito, sendo a 1ª publicação periódica portuguesa dedicada à agricultura.

Ainda desempenhou funções como vice-Presidente do Conselho Especial de Veterinária e vogal da Secção de Agricultura do Conselho Geral do Comércio Industria e Manufaturas.

Bernardo Lima viveu os seus últimos anos no Bussaco, responsável pela Intendência das Matas do Reino e foi agraciado como Cavaleiro da Ordem de Cristo (1862), como Conselheiro (1877), assim como com a colocação de um busto na Escola de Medicina Veterinária, da autoria de Costa Mota (sobrinho), tendo ainda a mesma Escola  celebrado o centenário do nascimento deste professor em 1924.

Freguesias de Santo António
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

 

A Rua do mestre de esgrima Herculano Pimentel

Freguesia de Carnide (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de Carnide
(Foto: Sérgio Dias)

A Rua Herculano Pimentel, que começa na Rua Vitor Santos, a partir de uma sugestão de Maria Olga Ramos Martins da Silva endereçada à Comissão Municipal de Toponímia, foi atribuída ao Impasse B2 do Bairro da Horta Nova através do Edital municipal de 23/10/1991, nas proximidades de outras artérias dedicadas a desportistas: a Rua Sidónio Serpa e a Rua Alfredo Ferraz.

Herculano Jorge Freire Nunes Pimentel (Torres Vedras/17.06.1908- 19.12.1984) foi um médico veterinário, intendente de Pecuária de Lisboa, que no desporto se destacou  como Mestre de Esgrima desde o ano de 1932 até ao dia anterior à sua morte, tendo nomeadamente conquistado o título nacional de Florete em 1932. Herculano Pimentel também formou várias gerações de esgrimistas no Grupo de Armas e Desportos, Ateneu Comercial de Lisboa, CDUL- Centro Desportivo Universitário de Lisboa, Centro Nacional de Esgrima, Escola da Academia, Escola do Exército, Escola Naval, Ginásio Clube Português, Hóquei Clube de Portugal e Sporting Clube de Portugal,   entre outros. Foi ainda, por várias vezes, treinador da Selecção Nacional, bem como dos atletas enviados aos Jogos Olímpicos de 1952 e  de 1960.

Portador do Diploma de Mestre de Esgrima da Academia Nacional de Esgrima italiana desde 1962, recebeu diversas condecorações como a Medalha de Bons Serviços Desportivos (1971), a Medalha de Mérito Desportivo (1978) e, a título póstumo, a Medalha de Honra ou de Mérito desportivo (1986), pela sua contribuição para que o nome de Portugal chegasse a diversas partes do mundo.

Freguesia de Carnide (Planta: Sérgio Dias)

Freguesia de Carnide
(Planta: Sérgio Dias)

A Rua do veterinário Joaquim Fiadeiro

Freguesia da Ajuda

Freguesia da Ajuda

O veterinário Joaquim Fiadeiro foi fixado no arruamento à Rua H do Pólo Universitário da Ajuda pelo edital municipal de 19/04/2004, correspondendo a um pedido da Universidade Técnica de Lisboa para no seu Pólo Universitário da Ajuda perpetuar nomes ligados à instituição enquanto docentes, tendo sido assim também inaugurados em 17/03/2005 a Avenida da Universidade Técnica, a Rua Almerindo Lessa, a Rua Ildefonso Borges e a Rua Sá Nogueira.

 

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O Professor Joaquim Fiadeiro (Reguengos de Monsaraz/10.10.1901 -27.12.1990/Lisboa), catedrático desde 1935,  é uma figura incontornável no estudo da Medicina Veterinária em Portugal, sobretudo nas áreas de Bacteriologia, Patologia e História da Medicina Veterinária.

Professor de 1926 a 1971 e Diretor da Faculdade de Medicina Veterinária no período de 1960 a 1971, tendo ainda em 1962 e 1963 estendido a Universidade a Angola e Moçambique.

Da vasta obra que deixou publicada destacamos Histerectomia Total pelo Anel Inguinal (1930), Subsídios para o Estudo da Introdução da Bacteriologia em Portugal, Um Problema Histórico de Fomento Pecuário: cavalos ou Muares?, A Acção dos Veterinários Portugueses no Ensino Agrícola (todos em 1936), Elementos Para a História da Medicina Veterinária em Portugal (1940), Alguns aspectos das carências minerais em patologia comparada (1946), O Ensino Técnico dentro do Conceito de Universidade (1965).

Colaborou ainda com a Sociedade Portuguesa de Ciências Veterinárias onde ocupou cargos dirigentes nos vários escalões e foi presidente da Assembleia Geral, de 1960 a 1982, tendo sido também galardoado em 1971 com a Comenda de Grande Oficial da Ordem de Instrução Pública.

Foi casado com Maria Celeste Burnett Monteiro, discípula da pintora Eduarda Lapa, de cujo enlace nasceram 6 filhos.

Freguesia da Ajuda (Planta: Isilda Marcelino)

Freguesia da Ajuda
(Planta: Isilda Marcelino)

A Rua do veterinário Ildefonso Borges no seu 150º aniversário

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Ildefonso Borges que hoje completaria 150 anos foi um catedrático de Veterinária que desde 2004 deu o seu nome a um arruamento próximo da Faculdade de Medicina Veterinária, no pólo universitário da Ajuda.

Este arruamento que liga a Rua Professor Cid dos Santos à Avenida da Universidade Técnica, antes indicado em planta como Rua F do Pólo Universitário da Ajuda, nasceu com o Edital municipal de 19/04/2004, que também colocou em ruas próximas o veterinário Joaquim Fiadeiro, os professores universitários Almerindo Lessa e Sá Nogueira, bem como a Universidade Técnica numa Avenida.

Ildefonso Borges (Açores- Santa Cruz da Graciosa/14.10.1864 – 1940/Lisboa) foi um professor catedrático de Parasitologia, Higiene, Zoologia, Patologia Exótica e Higiene Colonial na Escola Superior de Medicina Veterinária, no período de 1912 a 1936, que se revelou um renovador do ensino de veterinária, com inúmeros trabalhos publicados. A ele se deve a criação do género Theileria da família Piro plasmidae, em homenagem ao cientista Arnold Theiler e, a Sociedade Portuguesa de Ciências Veterinárias instituiu um Prémio com o nome de Ildefonso Borges para os alunos com melhores classificações em Parasitologia e Patologia das Doenças Parasitárias.

Também desempenhou outros outros cargos relevantes nesta área como o de médico-veterinário da Direcção Geral dos Serviços Agrícolas (1892), chefe do Serviço Clínico do Instituto de Agronomia e Veterinária (1895), Intendente de Pecuária de Angra do Heroísmo (1899), assistente do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana (1906) e director interino da Estação Zootécnica Nacional.

Refira-se a sua ligação à chamada «Geração de Ouro» de Veterinária, de 1870 a 1900, que usufruiu dos recursos do Matadouro da Câmara Municipal de Lisboa (então instalado na zona de Picoas) para se iniciarem na inspeção sanitária e desenvolverem investigação, tendo Ildefonso Borges desempenhado as funções de inspetor sanitário da CML em 1891 e 1892.

Freguesia da Ajuda

Freguesia da Ajuda

Freguesia da Ajuda

Freguesia da Ajuda

A Rua Sabino de Sousa no Dia Mundial do Médico Veterinário

Placa Tipo II

Placa Tipo II

Já que hoje se comemora o Dia Mundial do Animal e do Médico Veterinário, evocamos a memória do veterinário Sabino de Sousa com nome numa rua do Alto do Pina (antiga Freguesia de São João e atual Freguesia da Penha de França) desde a publicação do Edital de 30/11/1892.

Através deste edital a CML atribuiu topónimos no Alto de Pina, renomeando a Azinhaga do Alto do Pina como Rua do Barão de Sabrosa e atribuindo , a Rua Melo Gouveia à Rua 3,  a Rua Quatro de Agosto à Rua 4 e, a Rua Sabino de Sousa à Rua nº 1 do projeto do Bairro do Alto do Pina.

Joaquim Sabino Eleutério de Sousa (Lisboa/30.12-1835 – 09.10.1888/Lisboa), consagrado com a legenda «Professor de Veterinária/ 1835 – 1888», homenageia aquele que ficou conhecido como Sabino de Sousa e foi veterinário e professor dessa disciplina. Concluído o curso de veterinário-agrónomo (1859) foi no mesmo ano nomeado chefe de clínica do hospital veterinário que então abriu ao público. A partir de 1863, passou a docente do Instituto Agrícola e em 1865, foi nomeado pela Câmara Municipal de Lisboa, fiscal sanitário do matadouro e, em 1868, inspetor tendo então introduzido importantes melhoramentos higiénicos e industriais, o que fez que com que fosse considerado na época um dos primeiros estabelecimentos do seu género na Europa, e granjeou a Sabino de Sousa a medalha de ouro da Sociedade Protetora dos Animais. Publicou Influência dos pântanos na saúde do homem e dos animais (1859) e O Matadouro Municipal de Lisboa (1878), um esboço histórico acerca de matadouros desde o primeiro quartel do séc. XV até à sua época. Sabino de Sousa pertenceu também aos chamados «lunáticos» do Pátio do Salema, onde iniciou a sua atividade política como companheiro de Elias Garcia, Oliveira Marreca, Latino Coelho, Bernardino Pinheiro e Sousa Brandão.

na «Ilustração Portuguesa» de 09.09.1903

na «Ilustração Portuguesa» de 9 de Setembro de 1903