Dezembro: desportistas na toponímia de Lisboa

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Sobre a temática a que nos dedicaremos no decorrer do mês de Dezembro, recordamos os artigos que já publicámos nesta mesma categoria:

A antiga rua da calçada da Portaria do Carmo

Calçada do Carmo - Freguesia de Santa Maria Maior (Foto: Ana Luísa Alvim)

Calçada do Carmo – Freguesia de Santa Maria Maior
(Foto: Ana Luísa Alvim)

A Calçada do Carmo dos nosso dias estende-se da Praça Dom Pedro IV ao Largo do Carmo e o seu topónimo deriva  da proximidade   ao Convento de Nª Srª do Vencimento do Monte do Carmo.

Segundo Gustavo de Matos de Sequeira, foi este arruamento no séc. XVI a rua da calçada da Portaria do Carmo,  e no século seguinte ora Calçada ora Calçadinha do Carmo e nas primeiras décadas do séc. XVIII passou a ser referida como Calçada Grande do Carmo. No séc. XIX, por edital do Governo Civil de Lisboa de 01/09/1859, a parte da Calçada do Duque no seguimento da Calçada do Carmo até ao Rossio passaram a ser o mesmo arruamento com a denominação de Calçada do Carmo.

De acordo com Norberto de Araújo «A Calçada do Carmo, que foi Calçadinha do Carmo, rasgou-se na encosta dos terrenos do Convento, para onde as habitações dos Carmelitas tinham face poente. É uma rampa, onde de pitoresco – vulgar pitoresco – existe apenas êsse Beco da Ricarda que em cotovelo morre na Rua do Duque».

Freguesia de Santa Maria Maior (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de Santa Maria Maior
(Planta: Sérgio Dias)

A Rua dedicada a João das Regras que fez aclamar o rei D. João I

Freguesia de Santa Maria Maior (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de Santa Maria Maior
(Foto: Sérgio Dias)

João das Regras, o jurista que fez aclamar D. João I nas cortes de Coimbra de 1385, entrou na toponímia lisboeta no final do séc. XIX, dando o seu nome ao até então denominado Caminho Novo, mas em 1950 passou a ser a Rua das Francesinhas e João das Regras foi mudado para perto da Rua Dom Duarte, em resultado da demolição do Mercado da Figueira e do reordenamento urbanístico da zona.

Por deliberação camarária de 30/12/1893 e edital de 26/01/1894 o Caminho Novo passou a denominar-se Rua João das Regras, esclarecendo Luís Pastor de Macedo que «Em tempos idos, e não foi há nenhum século [o olisipógrafo escreveu na década de quarenta do séc. XX], esta Rua de João das Regras não passava de um caminho estreito, encostado pelo norte ao muro da Cêrca do Convento das Francesinhas, e pelo sul escancarado ao Tejo; não tinha iluminação que não fosse a das estrêlas, e levava de S. Bento da Saúde ao Mocambo como, num arredor de Lisboa, uma vereda que nasceu de um caminho de pé pôsto. Aquêle Pinto Machado, que tinha o seu palácio na Rua do Machadinho – diminutivo que nasceu do apelido do fidalgo-, foi quem fêz rasgar, depois de 1758, uma serventia já desenhada desde 1680 – “Caminho Novo” – na quinta de D. Francisco Xavier Pedro de Sousa, por alcunha o “Quelhas”, quinta na qual o fidalgo tinha sua casa, que bem pode ter sido aquela onde assentou o palácio dos Pintos Machados. Caminho Novo é designação oficializada do século XVIII, julgo eu, embora de muitos anos antes viesse a novidade de um caminho público estreitíssimo, como aliás estreito era o que antecedeu a Rua de João das Regras”.

Depois, já no séc. XX, o Edital municipal  de 28/08/1950 introduziu na zona a Rua do Quelhas e a Rua João das Regras cedeu o lugar à Rua das Francesinhas, em memória do Convento que ali existira, passando o topónimo Rua João das Regras para perto da Praça da Figueira, Poço do Borratém e Rua Dom Duarte – o último dos filhos de D. João I a ter nome de rua em Lisboa – , no troço da Rua do Amparo compreendido entre a Rua dos Fanqueiros e a Rua do Arco do Marquês de Alegrete. Foi esse mesmo Edital de agosto de 1950 que atribuiu a Praça da Figueira, a Rua João das Regras, a Rua D. Duarte, a Rua D. Antão de Almada e a Rua dos Condes de Monsanto.

Só 20 anos mais tarde, em 30 de dezembro de 1971, foi inaugurada a estátua equestre de D. João I na Praça da Figueira, a ostentar dois medalhões em homenagem a  Nuno Álvares Pereira e a João das Regras.  O jurista defensor de D. João I  está também presente num medalhão do Salão Nobre dos Paços do Concelho de Lisboa, num retrato imaginado pelo pintor José Malhoa em 1889.

João Afonso das Regras ou de Aregas, alfacinha nascido em data desconhecida e falecido na mesma cidade em 3 de maio de 1404, conhecido como Mestre ou Doutor João das Regras, foi um jurisconsulto que se destacou pela magistral representação da causa do Mestre de Avis nas cortes de Coimbra de 1385, que ganhou e daqui resultou a aclamação de D. João I como rei de Portugal.

Freguesia de Santa Maria Maior (Planta: Sérgio Dias)

Freguesia de Santa Maria Maior
(Planta: Sérgio Dias)

A Rua da Capela de Nª Srª do Amparo junto do Hospital de Todos os Santos

Freguesia de Santa Maria Maior (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de Santa Maria Maior
(Foto: Sérgio Dias)

De acordo com Luís Pastor de Macedo a abertura deste arruamento foi determinada por Sebastião José de Carvalho e Melo (1.º conde de Oeiras e 1.º marquês de Pombal) em 19/06/1759 «e viria a passar por parte do chão onde se erguera o hospital de Todos os Santos e cortar quase pelo meio o convento de S. Camilo de Lélis». Designada primeiramente por Rua do Hospital Real, aparece nos  registos paroquiais de 1763 já com o nome de Rua Nova do Amparo, passando em 1786 a denominar-se simplesmente Rua do Amparo.  O topónimo adveio da Capela de Nª Srª do Amparo da Enfermaria dos Incuráveis, anexa ao Hospital de Todos os Santos, onde já provavelmente estaria  no séc. XVI.

No Atlas da Carta Topográfica de Lisboa, de 1858, levantamento da cidade de Lisboa da responsabilidade de Filipe Folque, já se encontra referenciada a Rua do Amparo e Gomes de Brito adiantou a nota de que seria «em 1800 a 1834 chamada: Travessa do Amparo, ou dos Doudos em razão da vizinhança das enfermarias dos alienados do Hospital de Todos os Santos (…).»

Com a demolição do Mercado da Figueira e a consequente remodelação urbanística ficou a Rua do Amparo definida entre a Praça da Figueira e a Praça de Dom Pedro, conforme o Edital municipal de 28/08/1950. O mesmo Edital atribuiu também a Praça da Figueira, a Rua dos Condes de Monsanto,  a Rua João das Regras, a Rua Dom Duarte e a Rua Dom Antão de Almada, assim como estabeleceu novas dimensões para a Rua dos Correeiros, a Rua dos Fanqueiros e a Rua da Betesga.

Freguesia de Santa Maria Maior (Planta: Sérgio Dias)

Freguesia de Santa Maria Maior
(Planta: Sérgio Dias)

A Rua dos Condes de Monsanto nascida da demolição do Mercado da Figueira

Freguesia de Santa Maria Maior (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de Santa Maria Maior
(Foto: Sérgio Dias)

A demolição em 1949 do antigo Mercado da Figueira (que era o «novo» inaugurado em 1885) permitiu uma remodelação urbanística da zona  e daí nasceu a Rua dos Condes de Monsanto, pelo Edital municipal de 28 de agosto de 1950, para denominar o troço da Rua da Betesga entre a Rua dos Fanqueiros e o Poço do Borratém.

O mesmo Edital atribuiu também a Praça da Figueira, a Rua João das Regras, a Rua D. Duarte e a Rua D. Antão de Almada, assim como definiu novas dimensões para a Rua dos Correeiros, a Rua do Amparo, a Rua dos Fanqueiros e a Rua da Betesga.

Sobre os Condes de Monsanto refira-se que este título foi atribuído por duas vezes, a duas famílias diferentes.

Na primeira vez, D. Afonso V, por carta de 21 de maio de 1460, premiou D. Álvaro Peres de Castro, a quem simultaneamente fez a doação da referida vila, e a que acrescentou no ano seguinte o cargo de fronteiro-mor de Lisboa (carta de 28/03/1461), bem como todas as rendas que recebiam os alcaides de Lisboa (carta de 24/01/1463). O título passou de geração em geração e o 6.º Conde de Monsanto, D. Álvaro Pires de Castro que se distinguiu na Guerra da Restauração recebeu de D. João IV, por carta de 19 de novembro de 1643, também o título de Marquês de Cascais. Até que o 11º Conde de Monsanto e 4º Marquês de Cascais, D. Luís José de Castro Noronha Ataíde e Sousa, não teve descendência e o uso do título não foi reclamado.

A segunda atribuição nasceu de uma carta régia de D. Carlos I, de 3 de agosto de 1900, a favor de Cândido Cardoso Calado (Alcanena/04.10.1831 – 07.01.1911/Santarém), um industrial que mandara construir a estrada de ligação de Rio Maior a Alcanena no séc. XIX, incluindo o cargo de secretário na Sociedade de Geografia de Lisboa e as comendas das Ordens de Cristo e de Nª Sr.ª da Conceição de Vila Viçosa. Já antes,   em 17 de janeiro de 1890, o monarca nomeara visconde Cândido Cardoso Calado.

Freguesia de Santa Maria Maior (Planta: Sérgio Dias)

Freguesia de Santa Maria Maior
(Planta: Sérgio Dias)

Santa Justa, ora Travessa ora Rua

Freguesia de Santa Maria Maior (Foto: Artur Matos)

Freguesia de Santa Maria Maior
(Foto: Artur Matos)

A Rua de Santa Justa foi um dos 14 topónimos da Portaria pombalina de 5 de novembro de 1760, diploma do rei D. José I com que foi inaugurada em Lisboa a prática de atribuição de nomes de ruas por decreto e, no qual se estabeleceu a denominação dos arruamentos localizados da Baixa lisboeta reconstruída, entre a Praça do Comércio e o Rossio, ao mesmo tempo que regularizava a distribuição dos ofícios e ramos do comércio pelos diferentes arruamentos: «Rua Nova d’El Rey [hoje, Rua do Comércio], Rua Augusta, Rua Áurea, Rua Bella da Rainha [hoje, Rua da Prata], Rua Nova da Princesa [hoje, Rua dos Fanqueiros], Rua dos Douradores, Rua dos Correeiros, Rua dos Sapateiros, Rua de S. Julião, Rua da Conceição, Rua de S. Nicolau, Rua da Victoria, Rua da Assumpção e Rua de Santa Justa».

Luís Pastor de Macedo sublinha ainda que «os nomes de S. Julião, da Conceição, de S. Nicolau, da Vitória e de Santa Justa, foram dados às ruas que mais perto passavam das igrejas e ermidas que com aquela invocação, segundo o plano estabelecido, se haviam de erguer ou se estavam já construindo.»

A Igreja de Santa Justa ficava na esquina da Rua dos Fanqueiros com a Rua de Santa Justa – onde hoje encontramos a Pollux-  e era sede da paróquia de Santa Justa e Rufina, criada por D. Gilberto,  1º bispo de Lisboa, em data anterior a 1173. E se o Terramoto poupou o edifício o subsequente incêndio arruinou-o e em 1834 a sede da freguesia passou para a Igreja de São Domingos.

A remodelação paroquial de 1770 menciona esta artéria ora como travessa ora como rua, já que a  descrição da Freguesia de Nª Srª da Conceição e a de Santa Justa  a referem como «nova traveça de S. Justa» e nas plantas dessas mesmas freguesias surge como «Rua de S. Justa». E finalmente, o Edital municipal de 12 novembro de 1892 retomou as nomenclaturas pombalinas e passou as Travessas de Santa Justa, da Assunção, de São Nicolau e da Vitória a Ruas.

 

Freguesia de Santa Maria Maior - Placa Tipo III (Foto: Artur Matos)

Freguesia de Santa Maria Maior – Placa Tipo III
(Foto: Artur Matos)

Freguesia de Santa Maria Maior

Freguesia de Santa Maria Maior

 

 

A Rua dos douradores, funileiros e latoeiros

Freguesia de Santa Maria Maior (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de Santa Maria Maior
(Foto: Sérgio Dias)

Já na Lisboa de 1551   registou Cristóvão Rodrigues de Oliveira no seu Sumário a existência de 39 douradores, cujas tendas se localizavam na sua maioria na então Rua Nova dos Douradores da freguesia de São Nicolau.

Este topónimo foi recuperado como Rua dos Douradores pela Portaria régia de D. José I, de 5 de Novembro de 1760, na qual  se estabeleceu a nomenclatura dos arruamentos da Baixa lisboeta reconstruída após o terramoto, situados entre a Praça do Comércio e o Rossio (um topónimo medieval reconfirmado também no reordenamento pombalino). E para além dos douradores foi determinado nesse diploma que «N Sta Rua, que he immediata á Rua Bella da rainha [hoje Rua da Prata], cortando ao nascente della, se destribuirá para os sobreditos Douradores; para os Batefolhas; e para os Latoeiros de Lima; ficando livres as logens, que nella sobejarem para tendas, Tavernas, e outros similhantes Misteres.» Douradores eram os artífices que revestiam a folha de ouro os livros, os quadros e outras peças, assim como os Bate-Folhas e os Latoeiros de Lima eram funileiros, sendo os últimos os que eram especialistas em trabalhar a folha de Flandres.

Como curiosidades refira-se que nesta artéria residiu Antero de Quental no 4º andar do nº 135,  no ano de 1872; Eça de Queirós aqui situou  a novela Alves & Cª; Fernando Pessoa almoçava frequentemente, em 1913, no restaurante de galegos Antiga Casa Pessoa, bem como no seu Livro do Desassossego colocou o seu heterónimo Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros, a trabalhar e morar nesta rua sublinhando que «Se eu tivesse o mundo na mão, trocava-o, estou certo, por um bilhete para a Rua dos Douradores».

Freguesia de Santa Maria Maior (Planta: Sérgio Dias)

Freguesia de Santa Maria Maior
(Planta: Sérgio Dias)

 

Lá na Rua da Ermida de Nossa Senhora da Vitória

Freguesia de Santa Maria Maior (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de Santa Maria Maior
(Foto: Sérgio Dias)

Este topónimo deriva da Ermida de Nossa Senhora da Vitória que por aqui existia já antes do Terramoto de 1755.

Na capela do Hospital de Santa Ana, no Poço do Chão, foi colocada uma imagem da Nª Srª da Vitória que suscitou grande devoção e em 1530 foi constituída a Irmandade de Nª Srª da Vitória, de caldeireiros, que abriu um templo próprio em 1556 , ao qual agregou o Hospital que se terá denominado Hospital de Nª Srª das Virtudes e Hospital da Vitória. Segundo José Valentim de Freitas, antes do Terramoto a igreja e o hospital ficariam no Largo de Nª Srª da Vitória, no lado ocidental, junto à embocadura da Rua dos Espingardeiros e a reconstrução após o 1 de novembro de 1755 ocorreu aproximadamente no mesmo local.

Com a Portaria de 5 de novembro de 1760, de D. José I,  na qual se estabeleceu a denominação dos arruamentos da Baixa lisboeta reconstruída sob o plano de Eugénio dos Santos e Carlos Mardel, ficou esta artéria como «Rua da Victoria». Mas dez anos depois, a remodelação paroquial de 1770 tornou-a Travessa da Vitória, pertença das Freguesias da Conceição e de São Nicolau. Finalmente, o Edital municipal de 12 novembro de 1892 retomou as nomenclaturas pombalinas e passou as Travessas de Santa Justa, da Assunção, de São Nicolau e da Vitória a Ruas.

Nesta rua viveu e faleceu Luís Monteiro (1843 – 1906), que foi quem introduziu a Educação Física em Portugal e, na década de 20 do séc. XX, Fernando Pessoa era um frequentador habitual dos escritórios de Frederico Ferreira & Ávila, Ld.ª, sediados no nº 53-2.º Esqº desta artéria.

Freguesia de Santa Maria Maior (Planta: Sérgio Dias)

Freguesia de Santa Maria Maior
(Planta: Sérgio Dias)

A Rua dos correeiros, seleiros e torneiros

Freguesia de Santa Maria Maior (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de Santa Maria Maior
(Foto: Sérgio Dias)

Esta Rua dos Correeiros que nos nossos dias une a Rua da Conceição à Praça da Figueira nasceu com a Portaria pombalina de 5 de novembro de 1760, que atribuiu denominações às ruas da Baixa lisboeta – entre a Praça do Comércio e o então designado Rossio – na sequência da reconstrução da zona após o terramoto de 1755 e também determinou que «nella terão arruamento os Officios de Corrieiro, de Seleiro, e de Torneiro.»

Este decreto régio de 1760 foi o primeiro diploma que tratou exclusivamente de matéria toponímica e a nomenclatura toponímica atribuída corresponde também à fixação de artes e ofícios pelos arruamentos: «Rua Nova d’El Rey [hoje, Rua do Comércio], Rua Augusta, Rua Áurea, Rua Bella da Rainha [hoje, Rua da Prata], Rua Nova da Princesa [hoje Rua dos Fanqueiros], Rua dos Douradores, Rua dos Correeiros, Rua dos Sapateiros, Rua de S. Julião, Rua da Conceição, Rua de S. Nicolau, Rua da Victoria, Rua da Assumpção e Rua de Santa Justa».

Este arruamento teve várias alterações à sua dimensão ao longo do século XX. Por edital municipal de 06/11/1920, a face da Praça da Figueira situada no lado ocidental, vulgarmente chamada Rua das Galinheiras (que tinha os nºs 1 a 27), conjuntamente com a Rua Nova de São Domingos em toda a sua extensão, foram integradas na Rua dos Correeiros. Mais tarde, pelo edital de 28/08/1950, foi-lhe retirado o troço entre a Rua do Amparo e o Largo de São Domingos para constituir a Rua Dom Antão de Almada.

Nesta artéria nasceu Rosa Araújo em 17 de novembro de 1840 – o presidente de Câmara responsável pela abertura da Avenida da Liberdade – e encontramos ainda hoje o restaurante João do Grão, negócio nascido dos galegos que fizeram casas de pasto em Lisboa na segunda metade do século XIX, quando emigraram em massa para Portugal.

Freguesia de Santa Maria Maior

Freguesia de Santa Maria Maior

A Rua da Igreja da Conceição

Rua da Conceição António Sousa Dias

Freguesia de Santa Maior (Foto: António Sousa Dias)

A Rua da Conceição é um dos 14 topónimos da Portaria pombalina de 5 de novembro de 1760, diploma do rei D. José I com que foi inaugurada em Lisboa a prática de atribuição de nomes de ruas por decreto e, no qual se estabelece a denominação dos arruamentos localizados da Baixa lisboeta reconstruída, entre a Praça do Comércio e o Rossio, ao mesmo tempo que regulariza a distribuição dos ofícios e ramos do comércio pelos diferentes arruamentos, a saber: Rua Nova d’El Rey [hoje, Rua do Comércio], Rua Augusta, Rua Áurea, Rua Bella da Rainha [hoje, Rua da Prata] Rua Nova da Princesa [hoje Rua dos Fanqueiros], Rua dos Douradores, Rua dos Correeiros, Rua dos Sapateiros, Rua de S. Julião, Rua da Conceição, Rua de S. Nicolau, Rua da Victoria, Rua da Assumpção e Rua de Santa Justa.

Sobre a Rua da Conceição refere a Portaria que «Assim se denominará a segunda das referidas seis traveças, e nella se acommodorão os Mercadores de logens de retroz», pelo que não é estranho que o arruamento também tenha sido vulgarmente conhecido como Rua dos Retroseiros ao longo do século XIX.

A escolha do topónimo deriva da proximidade à Igreja da Conceição, aliás como o sublinha Luís Pastor de Macedo quando afirma que «os nomes de S. Julião, da Conceição, de S. Nicolau, da Vitória e de Santa Justa, foram dados às ruas que mais perto passavam das igrejas e ermidas que com aquela invocação, segundo o plano estabelecido, se haviam de erguer ou se estavam já construindo.»

Rua da Conceição Ana Luísa Alvim

Freguesia de Santa Maior (Foto: Ana Luísa Alvim)