Freguesia de Santa Maria Maior
(Foto: Sérgio Dias)
João das Regras, o jurista que fez aclamar D. João I nas cortes de Coimbra de 1385, entrou na toponímia lisboeta no final do séc. XIX, dando o seu nome ao até então denominado Caminho Novo, mas em 1950 passou a ser a Rua das Francesinhas e João das Regras foi mudado para perto da Rua Dom Duarte, em resultado da demolição do Mercado da Figueira e do reordenamento urbanístico da zona.
Por deliberação camarária de 30/12/1893 e edital de 26/01/1894 o Caminho Novo passou a denominar-se Rua João das Regras, esclarecendo Luís Pastor de Macedo que «Em tempos idos, e não foi há nenhum século [o olisipógrafo escreveu na década de quarenta do séc. XX], esta Rua de João das Regras não passava de um caminho estreito, encostado pelo norte ao muro da Cêrca do Convento das Francesinhas, e pelo sul escancarado ao Tejo; não tinha iluminação que não fosse a das estrêlas, e levava de S. Bento da Saúde ao Mocambo como, num arredor de Lisboa, uma vereda que nasceu de um caminho de pé pôsto. Aquêle Pinto Machado, que tinha o seu palácio na Rua do Machadinho – diminutivo que nasceu do apelido do fidalgo-, foi quem fêz rasgar, depois de 1758, uma serventia já desenhada desde 1680 – “Caminho Novo” – na quinta de D. Francisco Xavier Pedro de Sousa, por alcunha o “Quelhas”, quinta na qual o fidalgo tinha sua casa, que bem pode ter sido aquela onde assentou o palácio dos Pintos Machados. Caminho Novo é designação oficializada do século XVIII, julgo eu, embora de muitos anos antes viesse a novidade de um caminho público estreitíssimo, como aliás estreito era o que antecedeu a Rua de João das Regras”.
Depois, já no séc. XX, o Edital municipal de 28/08/1950 introduziu na zona a Rua do Quelhas e a Rua João das Regras cedeu o lugar à Rua das Francesinhas, em memória do Convento que ali existira, passando o topónimo Rua João das Regras para perto da Praça da Figueira, Poço do Borratém e Rua Dom Duarte – o último dos filhos de D. João I a ter nome de rua em Lisboa – , no troço da Rua do Amparo compreendido entre a Rua dos Fanqueiros e a Rua do Arco do Marquês de Alegrete. Foi esse mesmo Edital de agosto de 1950 que atribuiu a Praça da Figueira, a Rua João das Regras, a Rua D. Duarte, a Rua D. Antão de Almada e a Rua dos Condes de Monsanto.
Só 20 anos mais tarde, em 30 de dezembro de 1971, foi inaugurada a estátua equestre de D. João I na Praça da Figueira, a ostentar dois medalhões em homenagem a Nuno Álvares Pereira e a João das Regras. O jurista defensor de D. João I está também presente num medalhão do Salão Nobre dos Paços do Concelho de Lisboa, num retrato imaginado pelo pintor José Malhoa em 1889.
João Afonso das Regras ou de Aregas, alfacinha nascido em data desconhecida e falecido na mesma cidade em 3 de maio de 1404, conhecido como Mestre ou Doutor João das Regras, foi um jurisconsulto que se destacou pela magistral representação da causa do Mestre de Avis nas cortes de Coimbra de 1385, que ganhou e daqui resultou a aclamação de D. João I como rei de Portugal.
Freguesia de Santa Maria Maior
(Planta: Sérgio Dias)