A Rua do Embaixador de Castela

Freguesia de Belém - Placa Tipo II (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de Belém – Placa Tipo II
(Foto: Sérgio Dias)

A Rua do Embaixador, que corre paralela à Rua da Junqueira, regista na memória de Belém a presença do diplomata castelhano Conde de La Mazeda em Lisboa, entre 1757 e 1760.

Nestes anos  o Conde de La Mazeda foi embaixador de Espanha em Portugal e é plausível supor que foi nesse século XVIII que o topónimo se fixou na cidade, tanto mais que inicialmente foi referida como Rua Nova do Embaixador de Castela. Filipe Folque no seu Atlas da Carta Topográfica de Lisboa, de 1858, já a fixa como Rua do Embaixador.

Recorde-se que a zona de Belém/Ajuda fora preservada no Terramoto de 1755 o que intensificou a urbanização do local bem como a transferência da corte e da administração régia para o local, tendo sido até aventada a ideia de instalar a nova cidade-capital na encosta Belém/Ajuda.

Freguesia de Belém

Freguesia de Belém

 

As memórias póstumas de Machado de Assis num Largo lisboeta

machado

A partir de uma sugestão de Mariazinha Congilio e do Clube Machado de Assis foi o escritor brasileiro Machado de Assis colocado como topónimo do Largo formado na confluência da Rua Conde de Sabugosa, Rua José Pinheiro Melo, Rua Antero Figueiredo e Rua Bulhão Pato, pelo Edital  de 8 de janeiro de 2001.

Joaquim Maria Machado de Assis (Rio de Janeiro/21.06.1839 – 29.09.1908/Rio de Janeiro) foi um contista, romancista, poeta, cronista e dramaturgo considerado um dos mestres da literatura brasileira, ao lado de José de Alencar. Os seus 4 primeiros romances, Ressurreição (1872), A Mão e a Luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878) representam a primeira fase da produção de Machado de Assis, de inspiração romântica. Com a publicação do romance As Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) inicia um novo ciclo que marca a passagem para o Realismo, e é nesta fase que encontramos as obras primas do autor, publicando os romances Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908).

Machado de Assis para além de ter sido crítico teatral e tradutor, foi um entusiasta da fotografia, do caminho de ferro e da libertação feminina, tendo ainda se notabilizado como fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras.

Freguesia de Alvalade

Freguesia de Alvalade                                                                                (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de Alvalade

Freguesia de Alvalade                                                                            (Planta: Sérgio Dias)

A Rua de Fleming que descobriu a penicilina

Freguesia de São Domingos de Benfica (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de São Domingos de Benfica
(Foto: Sérgio Dias)

Alexandre Fleming, o cientista que descobriu a penicilina, está desde a publicação do Edital municipal de 30/09/1997  a dar o seu nome à Rua D à Rua Lúcio de Azevedo, na freguesia de São Domingos de Benfica.

A sugestão do  topónimo partiu do advogado Joaquim de Montezuma de Carvalho à Comissão Municipal de Toponímia, a qual deu parecer positivo.

fleming alexander

Alexander Fleming (Grã-Bretanha- Lochfield/06.08.1881 – 11.03.1955/Londres) foi um médico e bacteriologista escocês, que em 1929 descobriu a Penicilina, feito que lhe valeu o Prémio Nobel da Medicina em 1945, conjuntamente com H. Florey e E. Chain. Quando em setembro de 1928 estudava o vírus da gripe, Fleming descobriu um fungo ou bolor, que foi chamado de Penicillium notatum e se mostrou um agente poderoso no combate a infecções. A partir daqui Howard Walter Florey, Ernest Boris Chain e Norman Heatley foram os cientistas que transformaram a penicilina em medicamento antibiótico.

A penicilina permitiu salvar a vida de milhões de soldados feridos nos campos de batalha da II Guerra Mundial e, também foi graças a este medicamento que doenças infecciosas como  a difteria, a febre reumática, a gonorreia, a pneumonia, a sífilis,  a tuberculose e as infecções pós-parto se tornaram curáveis.

Formado em medicina em 1906 pela Universidade de Londres, Fleming executou trabalhos sobre bacteriologia, imunologia e quimioterapia e, já em 1923, descobrira a proteína antimicrobiana lisozima. A sua área de pesquisa centrava-se sobretudo em encontrar bactericidas que não fossem tóxicos ao organismo humano já que a sua passagem como médico militar nas frentes de batalha em França da I Guerra Mundial o impressionaram pela enorme mortalidade nos hospitais de campanha.

Freguesia de São Domingos de Benfica

Freguesia de São Domingos de Benfica

A Praça do fundador da FRELIMO

Freguesia de Marvila (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de Marvila
(Foto: Sérgio Dias)

Eduardo Mondlane, o primeiro presidente da FRELIMO, assassinado em 1969, é o topónimo de uma Praça de Marvila desde novembro de 1983.

Aliás, no ano de 1983, a Câmara Municipal alfacinha homenageou aqueles que lideraram os movimentos pela independência dos países africanos de expressão portuguesa, já que para além de Eduardo Mondlane pelo Edital de 11 de novembro, também por edital de 22 de abril já haviam sido atribuídas ruas a Agostinho Neto – presidente do MPLA a partir de 1962 e 1º Presidente da República Popular de Angola- e a Amilcar Cabral, fundador em 1956 do PAIGC e assassinado em 1973. Em todos estes casos as sugestões resultaram de Moções apresentadas em sessão de câmara pelos Vereadores da A.P.U. – Aliança Povo Unido.

O arruamento escolhido para perpetuar Eduardo Mondlane em Lisboa foi o originalmente registado como Praceta A da Zona J de Chelas e que passou a ter como seu 1º topónimo Praça Dr. Cunha Gonçalves, por Edital de 12/08/1982, para no ano seguinte, pelo Edital de 11/11/1983, consagrar Eduardo Chivambo Mondlane (Moçambique- Manjacaze/20.06.1924 – 03.02.1969/Dar-es-Salam -Tanzânia), fundador e 1º Presidente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) que foi brutalmente assassinado por um livro-bomba. Mondlane estudou na Universidade de Lisboa, onde conheceu Agostinho Neto e Amilcar Cabral  e concluiu um doutoramento em Sociologia na norte-americana Northwestem University, tendo sido professor universitário antes de se dedicar à luta contra o domínio colonial.

rua eduardo mondlane década de 60

A alteração de topónimo, que é uma prática quase inexistente em Lisboa, resultou de uma conjugação de acontecimentos.  A Comissão Municipal de Toponímia recebeu a 7 de outubro de 1983 uma carta de Mário da Cunha Gonçalves, protestando por ter sido atribuído o nome de seu falecido pai a «uma praceta dos arredores, em bairro predominantemente habitado por iletrados e marginais» a que a Comissão respondeu com o seguinte parecer: «Embora não podendo concordar com algumas das razões aduzidas pelo reclamante, a Comissão entende que a sua qualidade de filho do homenageado lhe confere o direito de não querer o nome de seu pai naquele local e, assim, sugere que a Praça Doutor Cunha Gonçalves passe a denominar-se Praça Eduardo Mondlane/Político/1920 – 1969.»

Freguesia de Marvila

Freguesia de Marvila

 

A Rua Comandante Costeau do Calypso

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O Comandante Costeau,  cujas aventuras no seu Calypso ainda perduram nas memórias televisivas de muitos de nós, dá o seu nome a uma rua do Parque das Nações, herança lisboeta da Expo 98 subordinada  ao tema Os oceanos: um património para o futuro.

A Expo 98 nomeou os os arruamentos do evento com topónimos ligados aos oceanos, aos Descobrimentos Portugueses, aos aventureiros marítimos da literatura e banda desenhada mundial, a figuras de relevo para Portugal, a escritores portugueses ou títulos de obras suas e ainda juntou alguns ligados à botânica. Após a reconversão da zona em Parque das Nações foram estes 102 topónimos oficializados pelo Edital municipal de 16/09/2009, sendo a Rua Comandante Costeau definida do Passeio dos Heróis do Mar à Alameda dos Oceanos. Mais recentemente, por Edital municipal de 06/05/2015, foram também oficializados mais 60 topónimos do Parque das Nações Norte.

Jacques-Yves Costeau (França – Saint André de Cubzac/ 11.06.1910 – 25.06.1997/Paris-França), foi um oficial da marinha francesa que ficou mundialmente conhecido como oceanógrafo, pelas suas viagens de pesquisa a bordo do seu Calypso. Com Émile Gagnan inventou o aqualung (equipamento de mergulho que substituiu os pesados escafandros), assim como foi piloto de testes da criação de aparelhos de ultrassom para levantamentos geológicos do relevo submarino e de equipamentos fotocinematográficos para trabalhos em grandes profundidades.

O Comandante Costeau realizou ainda 4 longas-metragens e 70 documentários para televisão, tendo mesmo conquistado um Óscar em 1956 com o documentário O mundo silencioso, filmado no Mediterrâneo e no Mar Vermelho.

Freguesia do Parque das Nações (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia do Parque das Nações
(Foto: Sérgio Dias)

Freguesia do Parque das Nações

Freguesia do Parque das Nações

A Luciana a quem O’Neill prometeu uma rua em Lisboa

Freguesia de São Domingos de Benfica (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de São Domingos de Benfica
(Foto: Sérgio Dias)

Alexandre O’Neill ao publicar em 1972 o seu volume de poemas Entre a Cortina e a Vidraça dedicou-o «a Luciana Stegagno Picchio com a promessa (lírica!) de ela ainda vir a ter uma rua com o seu nome, em Lisboa» o que acabou por se concretizar em 2014.

Após uma sugestão do Instituto Superior de Psicologia Aplicada, determinou a edilidade lisboeta pelo Edital municipal de 30/04/2014 que o arruamento B à Rua José Maria Nicolau (Urbanização Benfica Stadium) ficasse com o nome desta filóloga italiana e nos arruamentos próximos fixou os escritores Natércia Freire (Arruamento D) e António Alçada Baptista (Arruamento A+C).

Luciana Picchio

Luciana Stegagno Picchio (Itália/1920 – 28.08.2008/Roma) foi uma professora da Universidade de Roma La Sapienza, filóloga especialista em Estudos Portugueses e Brasileiros, cuja obra de quase 500 títulos contribuiu para consagrar a cultura e a literatura portuguesa em Itália. Luciana Picchio promoveu vários encontros para difundir as literaturas em língua portuguesa e dedicou o seu trabalho docente, de investigação e edição, de tradução e difusão cultural à causa lusófona, sendo pioneira na contribuição para o desenvolvimento do conceito multicultural como elemento fundamental da cultura contemporânea.

Para além de ensaísta e crítica literária, Luciana Stegagno Picchio foi também uma cidadã de postura cívica empenhada na causa da liberdade e da democracia.

Freguesia de São Domingos de Benfica (Planta: Sérgio Dias)

Freguesia de São Domingos de Benfica
(Planta: Sérgio Dias)

 

A Rua do cientista pai de E=mc²

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O cientista reconhecido como pai da Teoria da Relatividade e da fórmula E=mc², Albert Einstein, desde 2008 que dá o seu nome a uma artéria junto ao Centro Comercial Colombo.

Foi pelo Edital de 03/07/2008 que Albert Einstein ficou na Rua Norte, enquanto Galileu Galilei se fixou na Rua Sul e, Aurélio Quintanilha na Rua Poente. Os dois primeiros topónimos surgiram por proposta de Manuel Fiolhais e, a do cientista português foi uma sugestão conjunta de António Valdemar e Appio Sottomayor.

Albert Einstein (Alemanha/14.03.1879 – 18.04.1955/EUA) foi um físico radicado desde 1933 nos Estados Unidos da América, autor da Teoria da Relatividade Geral em 1905 – que é um dos pilares da física moderna- e que em 1921 foi galardoado com o Prémio Nobel da Física, pela explicação do chamado efeito fotoelétrico. Note-se que aos 16 anos (1896) já Einstein renunciara à naturalidade alemã para evitar o serviço militar e, conseguiu a naturalização suíça no ano de 1901 que manteve em paralelo com a norte-americana a partir de 1940.

Einstein trabalhou também problemas de mecânica estatística e teoria quântica e vinculou-se ao Instituto de Estudos Avançados de Princeton até à sua morte. Em vésperas da II Guerra Mundial, recomendou a Roosevelt a pesquisa de uma arma atómica porque a Alemanha o estaria a fazer e, mais tarde, com Bertrand Russel, lançou um manifesto para mostrar o perigo das armas nucleares cujo desenvolvimento possibilitado pelo seu trabalho teórico ele não previra.

Refira-se ainda que Einstein é considerado um  génio e que, em 1999, foi eleito por 100 físicos como o mais memorável físico de todos os tempos e a revista Time elegeu-o «Pessoa do Século XX», para além de ter sido dado o seu nome a uma unidade usada na fotoquímica – o einstein -, bem como a um elemento químico com o número atómico 99, o einsténio.

Freguesia de Carnide (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de Carnide
(Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de Carnide (Planta: Sérgio Dias)

Freguesia de Carnide
(Planta: Sérgio Dias)