O Director do Diário de Notícias que sucedeu ao fundador

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Placa Tipo II

Alfredo da Cunha dá o seu nome a uma rua de Lisboa desde que o Edital de 20/05/1970 crismou a Praceta da Rua das Pedreiras como Praça Alfredo da Cunha, embora decorridos dois meses tenha sido corrigida a epígrafe para Praça Dr. Alfredo da Cunha (Edital de 11/07/1970) e agora com a legenda «Jornalista/1863 – 1942».

Alfredo Carneiro da Cunha (Fundão/21.12.1863 – 25.11.1942/Lisboa) foi o empresário que geriu e dirigiu o Diário de Notícias entre 1894 e 1919, sucedendo ao fundador e primeiro director Eduardo Coelho, que era também seu sogro.

Formado em Coimbra em 1885, Alfredo da Cunha ainda exerceu advocacia em Lisboa, mas foi o jornalismo que mais marcou o seu percurso de vida, primeiro enquanto jornalista do Diário de Notícias, depois como proprietário desse jornal e finalmente, como um dos primeiros historiadores da génese do jornalismo em Portugal. Pelo falecimento do seu sogro (em 1889) e do sócio capitalista do Diário de Notícias, Tomás Quintino Antunes (1898), Alfredo da Cunha assumiu a direcção da empresa  e tornou-se o principal proprietário do periódico e sócio maioritário da Tipografia Universal de Lisboa, património que vendeu em 1919 à Companhia Industrial de Portugal e Colónias e, Augusto de Castro que fora intermediário neste negócio assumiu a direcção do jornal.

Alfredo da Cunha presidiu à Associação dos Jornalistas e Homens de Letras de Lisboa, bem como participou na dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto  e,  enquanto sócio benemérito na Associação dos Trabalhadores da Imprensa, tendo para além da vida jornalística e empresarial, dedicado-se à escrita de poesias, contos, obras teatrais e ensaios de que são de destacar Gil Vicente da Lisboa Antiga e a Antiga Lisboa nas obras de Gil Vicente (1937), Lisboa na paremiologia peninsular (1939) publicado pela Câmara de Lisboa, bem como os estudos de índole histórica sobre a imprensa periódica em Portugal, como a biografia do seu sogro que foi oferecida às bibliotecas de todas as escolas oficiais e particulares portuguesas – Eduardo Coelho: a sua vida e a sua obra, 1891 –  ou O Diário de Notícias: A sua Fundação e os seus Fundadores  (1914), Camillo Castello Branco jornalista (1925), Jornalismo Nacional (1941) e Elementos para a História da Imprensa Periódica Portuguesa – 1641-1821 (1942).

A partir de Maio de 1889, Alfredo da Cunha também exerceu o cargo de auditor jurídico das Administrações da Indústria dos Tabacos e, desde 1934, integrou a administração do Banco Lisboa & Açores. Ainda presidiu ao conselho director dos Amigos do Museu de Arte Antiga e, foi director da Sociedade de Geografia e do Jardim Zoológico, assim como membro da Associação dos Arqueólogos Portugueses e da Sociedade Propaganda de Portugal, tendo sido agraciado com a Comenda da Ordem de Santiago (1903) e o Oficialato da Legião de Honra (1905) e, igualmente com a Placa de Honra (1919) e a da Dedicação (1920) pela Cruz Vermelha.

A Praça Dr. Alfredo da Cunha na freguesia de Stª Mª de Belém – futura freguesia de Belém

A Praça Dr. Alfredo da Cunha na freguesia de Stª Mª de Belém – futura freguesia de Belém

O Papa português numa Avenida de Lisboa

na Freguesia de São João de Deus – futura Freguesia do Areeiro

na Freguesia de São João de Deus – futura Freguesia do Areeiro

Pedro Julião ou Pedro Hispano foi o único Papa português, no último quartel do séc. XIII e, o seu nome está desde 1948 perpetuado numa Avenida lisboeta como João XXI, numa urbanização recente e que, como outros arruamentos em seu redor, receberam topónimos que pretendiam imprimir à cidade um certo cosmopolitismo.

Pelo Edital de 29/07/1948, a Câmara Municipal de Lisboa atribuiu a Avenida João XXI, topónimo sugerido pelo Vereador Dr. Viegas da Costa em sessão de Câmara, e na mesma freguesia mais onze topónimos, todos ligados a personalidades de cariz internacional ou cidades estrangeiras e que foram a Praça Pasteur, a Rua Edison e a Rua Marconi, todas dedicadas a inventores, bem como os escritores Cervantes (espanhol), Vítor Hugo (francês), Afrânio Peixoto e João do Rio (brasileiros) e ainda, a Avenida de Madrid, a Avenida de Paris, a Praça de Londres e a Avenida Rio de Janeiro.

Pedro Julião nasceu em Lisboa, entre 1205 e 1220, filho do médico Julião Rebelo e de Teresa Gil, tornando-se ele próprio também médico e, após um pontificado de oito meses, faleceu em 20 de Maio de 1277, no palácio papal de Viterbo (Itália).

Em 1273 havia sido nomeado Arcebispo de Braga e, no ano seguinte Gregório X elevou-o a Cardeal-bispo, com o título de Tusculum Frascati, o que permitiu ao pontífice poder contar com os serviços médicos do sábio português e, em 1275, tornou-o mesmo o seu médico principal. Após a morte do Papa Adriano V, a 18 de agosto de 1276, o conclave de Viterbo elegeu Pedro Julião a 13 de setembro de 1276, com a coroação a 20 de Setembro como João XXI.

No seu papado sobressaíram as medidas para implantação da autoridade do sucessor de São Pedro por toda a Cristandade e, a instigação de uma nova cruzada, com a tentativa de levar por diante a missão encetada por Gregório X de reunir a Igreja Grega à Igreja do Ocidente e, os esforços para libertar a Terra Santa em poder dos turcos. Dante, na sua Divina Comédia, coloca a alma de João XXI no Paraíso, entre as almas que rodeiam a alma de São Boaventura, apelidando-o de “aquele que brilha em doze livros“, menção clara a doze tratados escritos pelo erudito pontífice português.

Pedro Julião que também foi conhecido como Pedro Hispano, para revelar a sua origem, para além de médico de formação era um erudito, que ensinou Medicina na Universidade de Siena entre 1246 e 1252 e que, da sua obra escrita, deixou o Thesaurus Pauperum (Tesouro dos pobres) sobre várias doenças e as suas curas, o tratado de oftalmologia De oculo ou o Tratado Summulæ Logicales.

A Avenida João XXI na Freguesia de São João de Deus – futura Freguesia do Areeiro

A Avenida João XXI na Freguesia de São João de Deus – futura Freguesia do Areeiro

A Rua Sargento José Paulo dos Santos e a Guerra Colonial

Placa Tipo IV

Placa Tipo IV

Após o eclodir da guerra colonial em Angola, em Fevereiro de 1961, as atribuições toponímicas da cidade de Lisboa nessa década passaram também a consagrar os militares mortos «ao serviço da pátria», na zona norte dos Olivais, enquanto na zona sul dos Olivais se fixavam os nomes de povoações da Guiné, de Angola e de Moçambique.

E, é neste contexto que o Sargento José Paulo dos Santos, como refere a legenda «Morto em Angola ao Serviço da Pátria – 1963» passou a dar o seu nome à Rua G da Zona dos Olivais Norte, pelo Edital de 26/11/1964, que também fixou o Furriel João Nunes Redondo, na Rua F do mesmo local com a legenda «Morto na Guiné ao serviço da Pátria – 1963».

Na acta da reunião da Comissão Municipal de Toponímia de 16/11/1964, esclarece-se que « (…) A Comissão dirigiu-se à zona dos Olivais, para, de harmonia com a resolução tomada na primeira sessão desta reunião, emitir parecer sobre a denominação dos seus arruamentos e designar as artérias a que devem ser atribuídos os nomes do sargento José Paulo dos Santos e do furriel miliciano João Nunes Redondo, mortos ao serviço da Pátria nas províncias ultramarinas de Angola e da Guiné, respectivamente.»

O primeiro Edital desta natureza data de 13/02/1963 e perpetua em ruas da zona de Olivais Norte o Alferes Barrilaro Ruas, o General Silva Freire, o 1º Cabo José Martins Silvestre e, o Sargento Armando Monteiro Ferreira, todos mortos em Angola em 1961. Passados 7 meses, o Edital de 09/09/1963, consagra dois militares mortos na Índia em 1961, em Damão e Dio, o Capitão Santiago de Carvalho e o Capitão Tenente Oliveira e Carmo.

Este processo de atribuições iniciou-se em 1962, conforme está explicado na Acta da Reunião da Comissão Consultiva Municipal de Toponímia de 18 /01/1963:

« Por último, a Comissão ocupou-se do processo nº 21 675/62, originado pelo oficio nº 171 da Presidência da Excelentíssima Câmara, de 29 de Junho do ano findo, e oficio nº 215/S – Processo 9.0, do Gabinete do Ministro do Exército, de 5 do mesmo ano, remetendo elementos respeitantes às biografias de militares do Exército falecidos na província de Angola, ao serviço da Pátria, a fim dos seus nomes serem atribuídos a arruamentos da Zona dos Olivais. Depois de várias trocas de impressões a Comissão foi de parecer que o nome do general Silva Freire denomine as ruas C e D do Bairro dos Olivais – Norte; dos dois alferes indicados a folhas 7 e 8 do processo, a Comissão opta pelo nome do Alferes Barrilaro Ruas por ter morrido primeiro e que denominará a Rua D1 do mesmo Bairro; que o nome do Sargento Armando Monteiro Ferreira denomine a Rua D 11, e que por analogia de critério à Rua B seja atribuído o nome do primeiro Cabo José Martins Silvestre, o primeiro dos quatro cabos indicados que morreu ao serviço da Pátria. Quanto às demais patentes e posto que nenhuma indicação foi fornecida pelo Ministério do Exército e do processo instrutor também não constam os nomes dos dois civis, conforme fora solicitado pelo oficio nº 171, acima referido, pelo que a Comissão sugere que, quanto aos últimos, seja consultado o Ministério do Ultramar.» 

Figueira e Borratém

Praça da Figueira placa

Placa Tipo II

Borratém, segundo o arabista David Lopes é uma palavra árabe, formada por ber e atten, o que significa “poço da figueira” pelo que a proximidade dos topónimos Poço do Borratém e Praça da Figueira nos indica uma mesma identidade guardada na memória de Lisboa, mesmo que a configuração do local se tenha alterado ao longo dos tempos.

A fixação do topónimo no sítio deve ser pelo menos quinhentista já que Gil Vicente no seu Pranto de Maria Parda refere que «Muita água há no Borratém/E no poço do tinhoso…»

O espaço da Praça da Figueira antes do Terramoto de 1755, era o do Hospital de Todos-os-Santos, ardido em 1750 e, destruído pelo Terramoto. Na reconversão urbanística levada a cabo pelo Ministro do Reino de D. José I, Marquês de Pombal, a Praça da Figueira tornou-se num mercado ao ar livre, fixado pelo Decreto de 23 de Novembro de 1755 e teve vários nomes: Horta do Hospital, Praça das Ervas, Praça Nova.

Alguns anos mais tarde, em 1792, encontramos mesmo um requerimento de uma Ana Joaquina ao Senado da Câmara Municipal para que lhe seja concedida licença para poder vender limão e laranja azeda aos seus fregueses no seu lugar de venda no centro da Praça da Figueira.

No século seguinte, a Praça da Figueira foi arborizada e iluminada em 1834 e, em 1858, já a encontramos mencionada na Carta Topográfica de Filipe Folque. Depois, em 1885, esta Praça cheia de bancadas passou a dispor de um Mercado coberto, da Companhia do Mercado da Praça da Figueira com bancas arrumadas e poço próprio.

Uma nova reorganização urbanística do espaço determinou a demolição do Mercado da Figueira em 1 de Julho de 1949 e, assim, no ano seguinte, pelo Edital de 28/08/1950, a edilidade lisboeta instituiu o topónimo Praça da Figueira, constituído por troços da Rua dos Correeiros (entre as Ruas da Betesga e do Amparo), da Rua do Amparo (entre as Ruas dos Fanqueiros e Correeiros), da Rua dos Fanqueiros (entre as Ruas do Amparo e da Betesga) e, da Rua da Betesga (entre as Ruas dos Fanqueiros e dos Correeiros).

A partir de 1971, a Praça da Figueira passou também a contar com uma estátua equestre de D. João I, em bronze, da autoria de Leopoldo de Almeida.

A Praça da Figueira em 2013 - nas Freguesias de Stª Justa e S. Nicolau – futura freguesia de Santa Maria Maior

A Praça da Figueira em 2013 – nas Freguesias de Stª Justa e S. Nicolau – futura freguesia de Santa Maria Maior

Teófilo Braga, o Doutor Presidente da República

Placa Tipo II

Placa Tipo II – Freguesia da Estrela
(Foto: Artur Matos)

Completam-se hoje 170 anos do nascimento de Teófilo Braga, escritor, catedrático de Literaturas Modernas e Presidente da República em 1915, que desde há 87 anos dá nome a um arruamento junto à Calçada da Estrela.

A vereação republicana de Lisboa procurou na toponímia da cidade substituir as referências à monarquia e à igreja por figuras e valores republicanos, sendo neste âmbito que dois anos após o falecimento de Teófilo Braga foi este consagrado na antiga Travessa de Santa Gertrudes. O Edital de 25 de Fevereiro de 1926 que dá existência oficial ao topónimo refere: “Faço saber que o Senado Municipal, em sessão extraordinária de 30 de Dezembro próximo findo, prestando homenagem ao eminente sábio e grande investigador que foi o ilustre homem de letras Dr. Teófilo Braga, que escreveu a primeira história da literatura portuguesa, resolveu dar à Travessa de Santa Gertrudes, onde aquele venerando democrata residiu a maior parte da sua vida e ali faleceu, a denominação de: Rua do Dr. Teófilo Braga – Investigador da Literatura Portugueza – Século XX.”

De seu nome completo Joaquim Teófilo Fernandes Braga (Ponta Delgada/24.02.1843 – 28.01.1924/Lisboa) começou bastante cedo a trabalhar na tipografia do jornal A Ilha e colaborou nos jornais O Meteoro e O Santelmo. Em 1861, veio para o continente com uma pequena mesada que o pai lhe atribuiu e, graças a alguns trabalhos de tradutor, explicações, artigos e poemas que escrevia, conseguiu tirar o curso de Direito na Universidade de Coimbra, onde foi contemporâneo de Antero de Quental.

A sua importante obra literária – um legado de mais de 360 trabalhos publicados – versou sobretudo a literatura, os costumes e tradições orais, patentes em Cancioneiro Popular (1867), História da Poesia Popular Portuguesa (1867), História da Literatura Portuguesa (1870), História do Teatro Português (1870-1871), Manual da História da Literatura Portuguesa (1875), Os Contos Tradicionais do Povo Português (1883), O Povo Português nos seus Costumes, Crenças e Tradições (1885),ou os 4 volumes da História da Literatura Portuguesa (1909-1918), e no campo doutrinário Traços gerais da Filosofia Positiva (1877) e a sua História das Ideias Republicanas em Portugal. Foi também autor de edições críticas sobre várias obras clássicas da literatura portuguesa e um dos introdutores e principal divulgador em Portugal do positivismo, corrente filosófica por excelência do republicanismo. Também fundou e dirigiu, desde 1878, com Júlio de Matos, a revista O Positivismo, bem como as revistas A Era Nova (1880) e a Revista de Estudos Livres, a partir de 1884, mas desta vez em parceria com Teixeira Bastos. Organizou e coordenou também as comemorações do Tricentenário de Camões, em 1880, com Ramalho Ortigão.

Como político, Teófilo Braga foi um dos subscritores das Conferências Democráticas do Casino Lisbonense (1871) e, assumiu os cargos de Vereador da Câmara Municipal de Lisboa (de 1886 a 1890) e, de membro do Diretório do Partido Republicano Português (desde 1890), do qual era presidente aquando da implantação da República, pelo que apesar de eleito Deputado por Lisboa nas eleições de 28 de Agosto de 1910 foi o nomeado para presidir ao primeiro Governo Provisório saído da revolução de 5 de Outubro de 1910, sendo no seu governo que foram escolhidos a Bandeira Nacional (29 de Novembro de 1910) e A Portuguesa como Hino Nacional. Após a aprovação da Constituição foi deputado e, a 29 de Maio de 1915, passou a ser Presidente da República, até 4 de Agosto do mesmo ano.

O Colégio dos “Meninos da Luz” numa Avenida de Lisboa

Placa Tipo II

Placa Tipo II
(Foto: José Carlos Batista)

O Colégio Militar que no próximo dia 3 de Março comemora o seu 210 º aniversário tem o seu nome numa Avenida lisboeta desde há 35 anos, quando o Edital de 23/02/1978 atribuiu o seu nome à Rua A do plano de Urbanização da Quinta dos Condes de Carnide, conjuntamente com o troço da Azinhaga da Fonte, situado entre a referida rua e a Estrada de Benfica e, passando a constituir um único arruamento.

Já em 1972, a Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar havia solicitado a atribuição do nome do Colégio Militar a um arruamento mas, a Comissão Municipal de Toponímia preferiu aguardar a existência de um arruamento condigno, pelo que só possível corresponder ao solicitado em 1978, ano do 175º aniversário da instituição, após o Vereador Perez Fernandes sugerir a consagração do Colégio Militar e do seu fundador, o Marechal Teixeira Rebelo nas imediações do Colégio, tendo este último designado no ano seguinte (Edital de 29/01/1979), uma artéria na mesma zona da cidade, após o então necessário parecer favorável do chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas.

O Colégio Militar, tal como é hoje designado, foi criado em 1803 pelo Comandante do Regimento de Artilharia da Corte, o então Coronel António Teixeira Rebelo, com a colaboração dos oficiais e sargentos da unidade, para a educação dos seus filhos, no quartel da Feitoria, junto ao Forte de S. Julião da Barra, em Oeiras, com a designação de “Colégio de Educação do Regimento de Artilharia da Corte”.

Após um período conturbado que se seguiu à Guerra Peninsular e às transformações que então se verificaram nas instituições militares, o Governo decretou, logo em 1813, a reforma do dito Colégio. A sua designação passou a ser então “Real Colégio Militar” e foi aberto à admissão dos filhos de todos os oficiais das Forças Armadas e assim foi mantendo a sua função de dar formação de nível secundário, em regime de internato, a jovens do sexo masculino com intenção de seguirem a carreira das armas. Com a implantação da República perdeu o título de real no nome.

Os sucessivos aumentos do número de alunos conduziram à fixação do Colégio, em 1862, no antigo Hospital de Nª. Senhora dos Prazeres, no Largo da Luz, fundado pela Infanta D. Maria, filha de D. Manuel I e de sua 3ª mulher, a Rainha D. Leonor e, apesar de umas curtas passagens pelos Conventos de Mafra e de Rilhafoles é o local onde ainda hoje se encontra e que granjeou aos seus alunos o epíteto de “Meninos da Luz”.

A Avenida do Colégio Militar, sita nas freguesias de Benfica e Carnide

Freguesias de Benfica e Carnide
(Foto: José Carlos Batista)

A rua do autor de Lisboa Sem Camisa

Placa Tipo II

Placa Tipo II

No 120 º aniversário do nascimento do lisboeta Armando Ferreira, autor da trilogia Lisboa Sem Camisa, recordamos que nesta cidade dá nome a uma rua da antiga Quinta de São João Baptista, por proposta do membro da Comissão Municipal de Toponímia Appio Sottomayor.

Este escritor e crítico teatral alfacinha que de sobremaneira escolheu Lisboa como seu tema está inscrito na toponímia da capital desde a publicação do Edital de 11/06/2001 e, a inauguração oficial do arruamento processou-se em conjunto com a de mais 8 nomes ligados ao teatro perpetuados em ruas da mesma zona: António Vilar, Arnaldo Assis Pacheco, Fernanda Alves, Fernando Gusmão, José Viana, Luís Oliveira Guimarães, Raul de Carvalho e Varela Silva.

Armando da Silva Ferreira (Lisboa/25.02.1893 – 03.12.1968/Lisboa), engenheiro e professor do Instituto Superior Técnico e do Instituto Industrial de Lisboa, bem como jornalista n’ A Capital, ficou conhecido pelo seu contributo para a literatura humorística, ao retratar tipos alfacinhas e costumes lisboetas, criando e vulgarizando expressões, como fez em Lisboa Sem Camisa, uma popularíssima série publicada a partir dos anos 30 do século XX, composta por O casamento da Fifi Antunes (1935), O baile dos Bastinhos (1936) e O galã de Alcântara (1937), pegando na personagem Moisés Antunes da Lisboa em Camisa de Gervásio Lobato.

Outros êxitos de popularidade e vendas de Armando Ferreira foram Amor de Perdigão (1938), A Família Piranga (1939), Aventuras de D. Martinho de Aguilar em Lisboa (1939), A Barata Loira (1941), Um livro de graça (1942), Sorte Grande – 30 Contos por 10$00  (1942), Remédio das Caldas (1944) e, Beco do Alegrete ou Crónicas Alegres Lisboetas, publicado em 1957 com capa de Stuart Carvalhais, reunindo algumas das suas crónicas citadinas no Diário Popular e, o título assim explicado pelo próprio: “O autor nasceu lá mesmo, entre os refolhos apertados do olhinho da alface, e, como alfacinha da gema, ama esses tipos, lugares, costumes entre os quais petizou e viveu a sua vida.”

Armando Ferreira produziu livros incansavelmente, desde literatura infantil até poesia como o volume Pirilampos (1911), sendo também exemplo os contos Era uma vez (1915), Contos do Vigário (1917), Contos Alegres (1932), a novela Do amor à loucura (1917), os romances Guida (1916) e Fortuna – Romance Alegre de Costumes Populares (1947), o folhetim O Meu crime (publicado n’ A Capital em 1923) e, as peças Nuvem que passa (1914) ou Avalanche (1922), pelo que não é de estranhar que também se tenha dedicado à crítica teatral e a ser administrador da Companhia Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro (1958), bem como à crónica jornalística no Notícias Ilustrado, no Jornal do Comércio e no Diário Popular, entre outros periódicos, fazendo jus a uma das suas frases favoritas “Na vida o mais difícil de fazer, é não fazer nada”.