O Engenheiro-Mor do Reino Manuel de Azevedo Fortes, considerado o pai da cartografia científica moderna portuguesa já que em 1722 publicou o seu Tratado do modo mais fácil e o mais exacto de fazer as cartas geográficas, está homenageado na toponímia de Lisboa, na Freguesia de Campolide, desde a publicação do Edital municipal de 05/12/1990, com a legenda «Engenheiro-Mor do Reino/1660 – 1749».
Esta artéria nasceu como Rua 12 do Bairro do Alto da Serafina (edital municipal de 15/03/1950 ), seguindo a tradição daquela época em atribuir nos bairros sociais apenas topónimos numéricos. Quase quarenta depois, pelo edital de 28/12/1989, passou à denominação de Rua do Andador das Almas, numa remodelação de toda a toponímia do Bairro da Serafina para designações consideradas populares mas a que os moradores reagiram com protestos intensos e a que a nova vereação então eleita reagiu acolhendo os anseios da população e pelo edital de 14/12/1990 renomeando as artérias do Bairro da Serafina com nomes de personalidades ligadas ao Aqueduto das Águas Livres.
E assim entra Manuel Azevedo Fortes (Lisboa/1660 – 28.03.1749/Lisboa) na toponímia de Lisboa. Foi ele o Engenheiro-Mor do Reino nomeado por D. João V em 23 de outubro de 1719 e esteve ligado ao projecto de construção do Aqueduto das Águas Livres, com Manuel da Maia e José da Silva Pais, tanto nos estudos preparatórios como nas medições da obra.
Esta figura maior do Iluminismo Português que estudara Filosofia em Alcalá de Henares, Paris e Sena – sendo o primeiro em Portugal a professar o cartesianismo -, bem como Teologia e Matemática em Paris, regeu durante 3 anos a cátedra de Filosofia em Sena (Itália) e tornou-se professor de matemática na Academia Militar da Fortificação, em Lisboa, no período de 1695 a 1701. Em 1702 foi nomeado capitão de infantaria com exercício de engenheiro e, em 1735, foi nomeado sargento-mor de batalha. São obra sua, por exemplo, a reconstrução da povoação de Campo Maior destruída por um raio (em 1734) bem como a edificação dos paióis de Estremoz, Olivença, Elvas e Campo Maior e o plano parra a nova praça da Vila da Zibreira. Fez também parte do grupo de 50 académicos fundadores da Academia Real de História (1720), onde dirigiu os Estudos Geográficos, e publicou Representação a Sua Majestade sobre a forma e direcção que devem ter os engenheiros para melhor servirem neste reino e suas conquistas (1720), os dois volumes de O Engenheiro Português (1728-1729), Evidência apologética e crítica sobre o primeiro e segundo tomo das ‘Memórias Militares’, pelos praticantes da Academia Militar desta côrte (1733) e Lógica Racional, Geométrica e Analítica (1734).