Manuscrito do « Fado Português» de José Régio
(Imagem: © CER)
O «Fado Português» de José Régio foi musicado por Alain Oulman para ser interpretado por Amália Rodrigues que em Lisboa dá nome a um Jardim nas Avenidas Novas, no topo do Parque Eduardo VII.
José Régio publicara esse poema no seu Fado, obra de 173 páginas editadas em Coimbra em 1941, com desenhos do seu irmão Júlio. Alain Oulman musicou esse poema de Régio para a voz de Amália e juntou outros poetas portugueses para criar aquilo que se veio a denominar novo fado, do que resultou o disco Fado Português da fadista, editado internacionalmente em junho de 1965 e em Portugal, apenas em 1970, pela Valentim de Carvalho.
Amália nascida em Lisboa no mês de julho, oficialmente no dia 23 embora ela festejasse mais o dia 1 como seu aniversário, logo sete dias após o seu falecimento recebeu uma deliberação de Câmara para que o seu nome designasse uma via de Lisboa, o que se concretizou com a publicação do Edital de 18 de abril de 2000, que atribuiu o topónimo Jardim Amália Rodrigues a um espaço de 5,7 ha da autoria do arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles, que é parte integrante do Corredor Verde, que une o Parque Eduardo VII a Monsanto.
De seu nome completo Amália da Piedade Rebordão Rodrigues (Lisboa/23.07.1920 – 06.10.1999/Lisboa), por muitos considerada a maior voz portuguesa pela interpretação única e invulgar, nasceu na Rua de Martim Vaz, em casa dos seus avós maternos. Aos seis anos mudou-se com os avós para Alcântara, bairro onde viveria até aos 19 anos.
Como cantora profissional estreou-se em 1939, no Retiro da Severa, para rapidamente virar cabeça de cartaz no Café Luso, com um cachet de valor nunca antes pago a uma fadista. Como nome artístico começara por usar Amália Rebordão mas, por sugestão de Filipe Pinto, diretor artístico do Solar da Alegria, mudou para Amália Rodrigues. A carismática Amália também ousará a singularidade de reinventar a postura da fadista, à frente e não atrás dos guitarristas, a que ainda somou um inovador estilo de vestidos e xailes negros.
Entre os seus inúmeros êxitos musicais, para além do novo fado musicado por Oulman, no período de 1962 a 1975, onde cantou José Régio, podem também destacar-se Ai, Mouraria, Barco negro, Casa portuguesa, Estranha forma de vida, Nem às paredes confesso, Foi Deus, Gostava de ser quem era, Povo que lavas no rio ou Vou dar de beber à dor. Ela própria acabou por escrever as letras de alguns dos seus temas como é o caso de Gostava de ser quem era e, estes poemas foram editados pela Cotovia, em 1997, com o título Versos. Amália foi também considerada a maior embaixatriz de Portugal no mundo, por ter levado o nome de Portugal ao resto do mundo, dada a sua permanente e constante exibição pelos cinco continentes, ao longo da sua carreira. Data de 1943 a sua primeira vez no estrangeiro, em Madrid, a que se seguiram por ordem cronológica Brasil, Paris, Londres, Berlim, Roma, Dublin, Moscovo, Nova Iorque, e depois muitas outras cidades e países.
Amália Rodrigues foi ainda a voz de fados e canções de sucesso no teatro, de 1940 a 1947, tendo começado no palco do Teatro Maria Vitória. Passou também pelo cinema, a partir do filme Capas Negras (estreado no cinema Condes a 16 de maio de 1947), a que se seguiram Fado – História de Uma Cantadeira (1947), Sol e Toiros (1949), Vendaval Maravilhoso (1949), Os Amantes do Tejo (1955), April in Portugal (1955), Sangue Toureiro (1958), Fado Corrido (1964), As Ilhas Encantadas (1965), Via Macau (1965) e ainda, curtas-metragens de Augusto Fraga.
A fadista foi agraciada com a Ordem de Santiago de Espada (Cavaleiro em 1958, Oficial em 1970 e Grã-Cruz em 1990), a Grande Medalha de Prata da Cidade de Paris (1959), a Ordem do Infante D. Henrique (1980), a Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa (1980), o Grau de Comendador da Ordem das Artes e Letras (1985), a Medalha de Ouro da Cidade do Porto (1986), a Legião de Honra francesa (1991), uma homenagem pública num espetáculo na Expo’98 e, a 8 de julho de 2001, o seu corpo foi trasladado do Cemitério dos Prazeres para a Sala da Língua Portuguesa no Panteão Nacional.
Na toponímia portuguesa, o nome de Amália Rodrigues está presente em Abrantes, Alcabideche, Almada, Amadora, Arruda dos Vinhos, Beja, Bobadela, Braga, Bragança, Campo Maior, Carvoeiro-Lagoa, Cascais, Celorico de Basto, Celorico da Beira, Cuba, Entroncamento, Estoril, Fafe, Faro, Figueira da Foz, Fundão, Gaeiras, Gondomar, Ílhavo, Lagos, Leiria, Marco de Canaveses, Mem Martins, Mirandela, Moita, Montijo, Moura, Odemira, Odivelas, Olival Basto, Paço de Arcos, Palmela, Paredes, Pegões, Peniche, Queluz, Reguengos de Monsaraz, Salvaterra de Magos, Santa Iria de Azóia, São Domingos de Rana, Seixal, Setúbal, Sintra, Tavira, Trancoso, Unhos, Vendas Novas, Vila Franca de Xira, Vila Nova de Famalicão, Vila Nova de Poiares e Vizela.
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