Ressano Garcia numa avenida um pouco mais azul

Ressano Garcia que enquanto engenheiro da CML foi responsável pela expansão de Lisboa para norte, a partir do eixo da Avenida da Liberdade com o plano das Avenidas Novas, integrou a toponímia de Lisboa ainda em vida, no ano de 1897, na artéria que hoje conhecemos como Avenida da República e, depois, no ano de 1929 regressou para uma Avenida no Bairro Azul.

Uma deliberação camarária de 22 de abril e o respectivo Edital de 3 de maio de 1897 renomeou a Avenida das Picoas como Avenida Ressano Garcia mas, a deliberação camarária de 6 de outubro de 1910 e o subsequente 1º Edital após a implantação da República, de 5 de novembro, transformou-a em Avenida da República, pelo que foram necessários 19 anos para este engenheiro voltar à toponímia lisboeta na Avenida de Ressano Garcia, atribuída pelo Edital camarário de 25/11/1929, na via situada entre o cruzamento da Rua do Marquês de Fronteira e Avenida de António Augusto de Aguiar, até à projetada Praça no prolongamento da Avenida de Berna. Por parecer da Comissão de Toponímia homologado pelo Vice-presidente da CML em 16/04/1951 foi suprimida a partícula «de» no topónimo e, por edital de 25/10/1989 o arruamento cresceu com a inclusão da via construída no prolongamento da Avenida Ressano Garcia até à Universidade Nova.

Frederico Ressano Garcia (Lisboa/12.11.1847 – 27.08.1911/Lisboa) nascido na antiga freguesia das Mercês (hoje Misericórdia), que amanhã tem o seu 166º aniversário, foi um engenheiro formado na Escola Politécnica de Lisboa que a seguir concluiu o curso de engenharia de pontes e calçadas em Paris e, regressou a Lisboa onde exerceu como engenheiro na Repartição de Obras do Distrito de Lisboa, na Câmara Municipal de Belém e, a partir de 1874 na Repartição Técnica da Câmara Municipal de Lisboa, que virá a dirigir, e onde  se distinguiu durante 35 anos (1874-1909) por ter dirigido a expansão e renovação urbana de Lisboa no último quartel do séc. XIX e início do séc. XX, com obras tão marcantes como a Avenida da Liberdade (1879) e a Praça do Marquês de Pombal, as Avenidas Novas (1889), o prolongamento da Avenida 24 de Julho e os bairros de Campo de Ourique e da Estefânia, entre outras. Refira-se ainda o papel de Ressano Garcia na renovação da rede de esgotos (1884) e do abastecimento de água ao porto de Lisboa, bem como a exemplo de Paris, a colocação das infra-estruturas lisboetas para o abastecimento de água, gás e electricidade no subsolo, facilitando a passagem à superfície e sobre as ruas das linhas de eléctrico e de telefone. Para além destes projetos, para facilitar o transporte e ajudar a estruturar o povoamento em torno da cidade, Ressano Garcia planeou a criação de uma linha ferroviária de cintura, que se prolongava pela Linha de Sintra (1885).

Antes de ser funcionário da CML, Ressano foi professor de engenharia do Instituto Industrial e Comercial de Lisboa e, a partir de 1880, acumulou as funções com as de lente na Escola do Exército.

Como político, filiado no Partido Progressista, foi redator do jornal Progresso (1877-1886) e diretor do diário O Progressista, deputado (1878-1887), par do Reino (1887) e ministro (1889 e 1897) . Escreveu também sobre finanças públicas para o Diário Popular entre 1866 e 1896.

Nos últimos anos, Ressano Garcia também foi presidente da direção da Companhia das Águas de Lisboa, diretor da Companhia Portuguesa de Fósforos e da Companhia dos Caminhos de Ferro de Lourenço Marques e, comissário régio da participação de Portugal na Exposição Mundial de 1900 em Paris.  Entre outras honras e condecorações tinha o grau de grande oficial da Legião de Honra francesa.

Freguesia das Avenidas Novas

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