O Beco da Curvinha Semedo ou da Corvina?

(Foto: Artur Pastor, década de 80 do séc. XX, Arquivo Municipal de Lisboa)

(Foto: Artur Pastor, década de 80 do séc. XX, Arquivo Municipal de Lisboa)

Este Beco da Corvinha que nasce na Calçadinha de São Miguel e vai até junto da Calçadinha da Figueira, fixou na memória lisboeta ou uma Corvina ou um elemento feminino da família dos Curvo Semedo.

Bastas vezes a documentação menciona este arruamento como Beco da Corvina, como acontece na Corografia Portuguesa (1706-1712) de  Carvalho da Costa e nas plantas de São Miguel após a remodelação paroquial de 1780.  Todavia, o olisipógrafo Gomes de Brito aponta que «Curvinha é o diminutivo feminino de Curvo, e este vocábulo foi elemento do apelido de uma família distinta e numerosa: a dos Curvos Sem-medo ou Semmedo. (…) »

Referimos ainda que não muito longe, na freguesia de São Vicente, existe um Pátio do Corvo junto à Rua do Paraíso, que Luís Pastor de Macedo defende ter sido o Pátio do Curvo e, o local onde viveram em meados do séc. XVIII alguns elementos da família Curvo Semedo, como Francisco Xavier Curvo Semedo, aliás como surge referido nos registos paroquiais de 1745.

Freguesia de Santa Maria Maior (Planta: Sérgio Dias)

Freguesia de Santa Maria Maior
(Planta: Sérgio Dias)

O Arco do Rosário das Cercas Moura e Fernandina

Freguesia de Santa Maria Maior (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de Santa Maria Maior
(Foto: Sérgio Dias)

O Arco do Rosário, que se abre no Largo do Terreiro do Trigo e nos conduz à Rua da Judiaria, fez parte integrante da antiga Cerca Moura e foi depois reaproveitado para ser uma das 34 portas da Cerca Fernandina, construída entre 1373 e 1375.

Com a designação anterior de Porta da Judiaria, passou a Arco do Rosário provavelmente devido à presença da Ermida de Nossa Senhora do Rosário no cimo do arco mas que entretanto desapareceu. Da transição entre a Judiaria e o Arco do Rosário ficou metade do arco entaipado, já que este teria uma volta completa sendo que hoje a outra meia volta está aparentemente integrada no prédio que a suporta.

Freguesia de Santa Maria Maior (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de Santa Maria Maior
(Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de Santa Maria Maior

Freguesia de Santa Maria Maior

A Rua do 1º Barão português

Freguesia de Santa Maria Maior (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de Santa Maria Maior
(Foto: Sérgio Dias)

A Rua do Barão, que faz a ligação da Rua São João da Praça à Rua Augusto Rosa, de acordo com os olisipógrafos Pastor de Macedo e Gomes de Brito, homenageia o 1º Barão português, João Fernandes da Silveira, o 1º Barão de Alvito.

Luís Pastor de Macedo defende a mesma tese que Joaquim Gomes de Brito para a origem deste topónimo: o ter residido no local o 1º Barão de Alvito, João Fernandes da Silveira (1420 – 1484), chanceler-mor de D. Afonso V e de D. João II. Na sua época era o único barão que havia em Portugal, título que lhe foi conferido por D. Afonso V por carta régia  de 27 de abril de 1475. Doutor em leis como seu pai, foi juiz desembargador, Vice-Chanceler do Reino e Chanceler-Mor interino e, já no reinado de D. João II foi Escrivão da Puridade, Chanceler-Mor e Vedor da Fazenda , apontando o seu percurso no sentido da crescente burocracia régia ser veículo para a titulação nobiliárquica.

João Fernandes da Silveira desempenhou ainda algumas vezes o cargo de embaixador, sendo de destacar quando negociou o matrimónio da Infanta D. Leonor, irmã de D. Afonso V, com o Imperador Frederico III da Germânia em 1451.  O seu filho, D. Diogo Lobo da Silveira, foi confirmado como 2º  barão,  por D. João II em 1489 e, depois também por D. Manuel I.

Ainda segundo Pastor de Macedo, a rua terá tido outras denominações, como rua que vay pera a porta dalfama (1486), Rua do Barão (1552), Rua do Barão Velho (1554), voltando depois a Rua do Barão.

Refira-se ainda que o Largo do Conde Barão também se refere a esta família dos Barões de Alvito, que mais tarde foram Condes-Barões, já que aqui tinham o seu palacete desde o final do séc. XV e o abandonaram logo a seguir ao terramoto de 1755.

Freguesia de Santa Maria Maior

Freguesia de Santa Maria Maior

 

A Rua da Galé do mar ou da prisão

Freguesia de Santa Maria Maior - Placa Tipo I (Foto: Mário Marzagão)

Freguesia de Santa Maria Maior – Placa Tipo I
(Foto: Mário Marzagão)

A Rua da Galé que liga a Rua de São Miguel ao Beco das Canas é um topónimo muito antigo, já referida no Sumário de Cristóvão Rodrigues de Oliveira, de 1551, como Rua da Galé com seus becos, hum d’estes becos se chama de João de Ribas.

De acordo com Gomes de Brito, poderá o topónimo derivar de uma embarcação ou por ter existido uma prisão no local. O topónimo marítimo faz sentido em Alfama que sempre manteve uma ligação ao Tejo e, tanto mais que logo desde 1428 os pescadores linhéus ou do largo (pesca à linha) se constituíram em Irmandade do Espírito Santo com sede na igreja de S. Miguel.

Nas proximidades existe também o Beco do Forno da Galé, a que o edital do Governo Civil de Lisboa de 1 de setembro de 1859 acrescentou «da Galé» por referência ao arruamento onde nasce e, o  Boqueirão da Praia da Galé.

Ainda  em Lisboa existe uma Travessa da Galé, na Freguesia de Alcântara e, no Parque das Nações, uma Rua das Galés, herdada da Expo 98.

Freguesia de Santa Maria Maior

Freguesia de Santa Maria Maior

O Largo das Alcaçarias dos anos sessenta

Largo das Alcaçarias em 1964  (Foto: Armando Serôdio, Arquivo Municipal de Lisboa)

Largo das Alcaçarias em 1964
(Foto: Armando Serôdio, Arquivo Municipal de Lisboa)

Nas obras de remodelação de Alfama na década de sessenta do séc. XX, nasceu um novo largo junto à Travessa do Terreiro do Trigo, que o Edital de 13/12/1963 fixou com o nome de Largo das Alcaçarias, a partir de uma sugestão da Comissão Executiva da Valorização e Conservação do Carácter Tradicional e Secular do Bairro de Alfama.

As alcaçarias que eram inicialmente tanques para lavagem de lã e curtimento de peles também serviram como tanques de lavagem e banhos e sempre foram abundantes em Alfama graças às nascentes locais.

Logo no séc. II, no decorrer da romanização, surgiram ali núcleos de lazer através do aproveitamento termal das nascentes locais. A partir do séc. VIII, com a formação do arrabalde de Alfama com aristocracia muçulmana também foram explorados os núcleos termais. Em 1640,  no sítio da quinhentista «casa da água das muralhas» um mercador veneziano instalou umas novas alcaçarias, que viriam a ser do Duque de Cadaval que as ampliou em 1716. Em 1684, o Senado Municipal adquiriu um prédio com banhos, junto ao Chafariz de Dentro. De 1684 a 1773, entre a Rua de São Pedro e o Terreiro do Trigo localizavam-se os banhos do Dr. Fernando. Após o terramoto, em 1758,  são referidas alcaçarias no Beco de Alfama e junto ao Chafariz de Dentro. No ano seguinte abriram as alcaçarias de Dona Clara Xavier Aguiar, ao Terreiro do Trigo, remodeladas em 1864  e demolidas no séc. XIX. Na  2ª metade do séc. XIX também tiveram grande fama os banhos de J. A. Baptista. E, em 1868 todas as águas públicas de Alfama passaram para a administração da Companhia das Águas.

Placa Tipo I - Freguesia de Santa Maria Maior (Foto: Mário Marzagão)

Placa Tipo I – Freguesia de Santa Maria Maior
(Foto: Mário Marzagão)

Freguesia de Santa Maria Maior

Freguesia de Santa Maria Maior

O Largo do pintor de arte Júlio Pereira

A casa onde murou Júlio Pereira, na Rua tal e tal e, hoje é o Largo Júlio Pereira (na foto: fulana, beltrano e sicrano)

A casa onde Júlio Pereira morou, no antigo nº 27 da Rua de São João da Praça e hoje, Largo Júlio Pereira 
(na foto, da esquerda para a direita: Troufa Real, Guilherme Parente, gata Noca, Fernanda, Rodrigues Vaz, Sérgio Pombo, Margarida Rato, Lagoa Henriques e Virgílio Domingues)

O Largo Júlio Pereira, formado pelos antigos nºs 23 a 33 da Rua de São João da Praça,  detém este nome desde a publicação do Edital de 24/09/1998 por nele se incluir o prédio com o antigo nº 27 em cujo rés-do-chão residiu o pintor desde o dia do seu casamento.

Largo Julio Pereira cara

Júlio Pereira da Silva (Lisboa/24.12.1922- 13.12.1993/Lisboa), nascido na Rua do Cruzeiro, na Ajuda, e caldeireiro de profissão desde os 15 anos, viveu sempre em Lisboa e a maior parte na antiga freguesia da Sé, onde passou a residir após o seu casamento no ano de 1951.

Em 1958/59 foi para Paris estudar pintura na Academia de La Grande Chaumière e frequentou o curso de História de Arte do Museu do Louvre. A partir de 1962, já Júlio Pereira ia pelos seus quarenta anos, dedicou- se mais à pintura e a si próprio se intitulava pintor de arte, sendo conhecido das tertúlias da Brasileira do Chiado e da Baixa Lisboeta por onde passeava os seus longos cabelos brancos. Por intermédio de Almada Negreiros conseguiu uma colocação nas Bibliotecas Itinerantes da Gulbenkian e, mais tarde foi também bolseiro da Fundação.

Júlio Pereira fez a sua 1ª exposição em 1963,  na Galeria Diário de Notícias e, em 1966 voltou a expor em Lisboa, na Galeria Divulgação. Em 1970 passou a ser pintor a tempo inteiro, confessando influências de Roualt e Chagall, sendo o seu tema recorrente as mulheres, pintadas de todas as formas, em tinta da china, óleo ou pastel, de que é exemplar a série «Capricórnios e o Amor».

Após o 25 de Abril de 1974 participou com mais 47 artistas na execução do Painel da Liberdade, em Belém e, no ano seguinte na exposição «Artistas Contemporâneos e Jerónimo Bosch». Passou também a integrar o Grupo 5 + 1 com João Hogan, Teresa Magalhães, Guilherme Parente, Sérgio Pombo e Virgílio Domingues.

O leão de Alfama, como Lagoa Henriques o alcunhara, está representado na Fundação Calouste Gulbenkian, no Museu do Chiado  e no Museu de Arte Moderna de Luanda.

Freguesia de Santa Maria Maior (Planta: Sérgio Dias)

Freguesia de Santa Maria Maior
(Planta: Sérgio Dias)

O Largo do arcanjo São Rafael

Placa Tipo I - Freguesia de Santa Maria Maior (Foto: Rui Mendes)

Placa Tipo I – Freguesia de Santa Maria Maior
(Foto: Rui Mendes)

Este Largo de Alfama que se define na confluência da Rua São João da Praça com a Rua de São Miguel, o Beco das Barrelas e a Rua da Judiaria é um topónimo fixado em Lisboa após o terramoto de 1755.

De acordo com o olisipógrafo Gomes de Brito, esta denominação radica na ermida da Congregação de São Rafael que existiu neste arruamento. No local onde se ergueu em 1344 a igreja paroquial de São Pedro, após a sua destruição pelo terramoto  foi construído no local, em 1780, um hospício e  uma igreja de Nossa Senhora da Conceição ou dos Sufragadores das Almas do Purgatório, religiosos da Ordem que tinha por patrono o arcanjo São Rafael e que acabou extinta em 1834 mas cuja memória ficou guardada na toponímia de Alfama.

É de registar ainda que nesta artéria se ergue a Torre de Alfama.

Freguesia de Santa Maria Maior (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de Santa Maria Maior
(Foto: Sérgio Dias)

Rua a um vigário desconhecido

Rua do Vigário entre 1898 e 1908 (Foto: Arquivo Municipal de Lisboa)

Rua do Vigário entre 1898 e 1908
(Foto: Arquivo Municipal de Lisboa)

Esta Rua do Vigário que liga a Rua dos Remédios à Rua das Escolas Gerais, tal como o Beco próximo com o mesmo nome, configuram uma homenagem a um vigário  hoje desconhecido, formalizada pelo Edital do Governo Civil de Lisboa de 1 de setembro de 1859 que juntou a Rua do Vigário com a Rua do Almeida.

Já o olisipógrafo Norberto Araújo, na década de 40 do século XX, nas suas Peregrinações em Lisboa afirmava que «Quem fôsse o Vigário que se celebra nesta velha artéria de Santo Estêvão, ignoro. À direita, até aos Remédios, tôda a rua se desdobra em prédios de dois tipos: século XVIII e século passado, estes renovados de anterior tessitura construtiva. É cheia de bizarria, policroma, aguarelada de seu natural, esta face norte da muito antiga serventia, que do lado sul, á nossa direita, beneficiou de demolições já no actual século [séc. XX], e que dão largueza à rua.»

Em ternos documentais, a Rua do Vigário surge nas descrições paroquiais anteriores ao terramoto de 1755 na freguesia de S. Estevão de Alfama e nas plantas após a remodelação paroquial de 1780, bem como em 1858 no Atlas da Carta Topográfica de Lisboa de Filipe Folque, e a partir da 2ª metade do século XIX  encontra-se na documentação municipal prova de bastantes prédios a ruir nesta artéria e consequentes pedidos de reconstrução dos mesmos ou de construção de novos prédios. Encontramos ainda com data de 25 de maio de 1897 a indicação de uma propriedade a expropriar para  alargamento da Rua do Vigário e um plano para o seu alargamento, da autoria do arqº José Luís Monteiro , de 7 de julho de 1907.

Freguesia de Santa Maria Maior

Freguesia de Santa Maria Maior

 

 

 

A Rua Norberto de Araújo em Alfama

Freguesia de Santa Maria Maior (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de Santa Maria Maior
(Foto: Sérgio Dias)

Norberto de Araújo, o autor de Peregrinações em Lisboa, cerca de quatro anos após a sua morte deu o seu nome a um troço da antiga Calçada de São João da Praça, na Alfama cuja preservação e recuperação defendeu nas suas crónicas no decorrer da década de 30 do século XX.

Foi pelo Edital de 22/06/1956, dois anos após a proposta de Gustavo de Matos Sequeira nesse sentido, que um troço da Calçada de São João da Praça – na época, a partir dos nºs 53 e 70 e hoje, nºs 1 e 2A- até ao Largo das Portas do Sol se passou a denominar Rua Norberto de Araújo, para além de o homenageado ter sido galardoado com a Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa.

Freguesia de Santa Maria Maior - Placa Tipo I (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de Santa Maria Maior – Placa Tipo I
(Foto: Sérgio Dias)

Norberto de Moreira Araújo (Lisboa/21.03.1889 – 25.11.1952/Lisboa) que se distinguiu como jornalista e olisipógrafo, começou a trabalhar aos quinze anos como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Nacional, frequentou depois o Curso Superior de Letras e, em 1916 iniciou-se no jornalismo em O Mundo e no ano seguinte em A Manhã. Trabalhou depois para o Diário de Notícias, O Século, Noite e, até ao final da sua vida, no Diário de Lisboa, tendo neste jornal ficado célebre a sua rubrica «Páginas de Quinta-feira», saída a lume entre 1932 e 1939, onde deambulava pela arte, política, casos de rua, comédia burguesa, cultura, e sobretudo, Lisboa,  sob o mote «Lisboa e o Sonho». Refira-se ainda que foi eleito Presidente da Direcção do Sindicato dos Profissionais da Imprensa de Lisboa – Casa da Imprensa, cargo que exerceu de 1932 até 1935.

Como olisipógrafo publicou as  Peregrinações em Lisboa (1939) que lhe valeram o Prémio Júlio de Castilho da CML, Legendas de Lisboa (1943) e Inventário de Lisboa (1944-1955; concluído por Durval Pires de Lima), com uma escrita sempre coloquial, noticiosa e de fácil leitura para qualquer público. Em coautoria com Luís Pastor de Macedo foi também lançado Casas da Câmara de Lisboa, e juntamente com o engº Augusto Vieira da Silva pugnou, desde 1934, por uma Olisipografia de pendor científico e académico, com a criação de uma cadeira de Estudos Olisiponenses na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Em 1936 foi também um dos fundadores e o sócio nº 73 do Grupo Amigos de Lisboa.

Norberto de Araújo também nos legou livros técnicos sobre artes gráficas, obras de poesia e de teatro, tendo sido levadas à cena as suas peças Dentro do Castigo (1924) e Duas Mulheres (1928). Foram ainda da sua autoria, entre outras, as letras da Grande Marcha de 1935 (Lá vai Lisboa), celebrizada na voz de Amália Rodrigues,  da Grande Marcha de 1940 (Olha o manjerico) e da Grande Marcha do Centenário de 1947 (Lisboa nasceu).

Norberto de Araújo acumulou as condecorações de Oficial da Ordem Militar de Santiago da Espada, de Comendador da Ordem Militar de Cristo, da Ordem da Instrução Pública, bem como da Ordem de Mérito Civil de Espanha e da Ordem de Isabel a Católica, de Cavaleiro da Ordem de Leopoldo da Bélgica e Grande Oficial da Ordem da Casa da Itália.

(Foto: Hemeroteca de Lisboa)

(Foto: Hemeroteca de Lisboa)

 

O Beco da Cardosa

Freguesia de Santa Maria Maior (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de Santa Maria Maior
(Foto: Sérgio Dias)

A Cardosa que dá nome a este Beco que une a Rua de São Miguel à Rua do Castelo Picão terá sido, provavelmente, Isabel ou Maria Rodrigues Pereira, casada com Gonçalo Cardoso.

Este arruamento aparece já referido nas descrições paroquiais da Freguesia de São Miguel imediatamente anteriores ao Terramoto de 1755, embora deva ser anterior a essa data uma vez que, de acordo com Gomes de Brito, o nome do beco se refere, provavelmente, à irmã de Justa Rodrigues Pereira (Portalegre ou Beja/c. de 1420 ou 1441 – c. de 1514/Setúbal), fundadora das Clarissas do Mosteiro de Setúbal após ter tido dois filhos com o  bispo de Ceuta e da Guarda, Frei João Manuel, filho bastardo do rei D. Duarte.

A irmã de Justa Rodrigues Pereira chamava-se Isabel ou Maria Rodrigues Pereira e foi casada com Gonçalo Cardoso, o Velho, morgado da Taipa em Lamego, bem como do Juízo junto a Marialva, e dos prazos dos Folhadais e de Pereira, junto a Viseu.

Beco da Cardosa entre 1898 e 1908 (Foto: Arquivo Municipal de Lisboa)

Beco da Cardosa entre 1898 e 1908
(Foto: Arquivo Municipal de Lisboa)