O químico cabo-verdiano Roberto Duarte Silva, que também pode ser reclamado como português e como francês, está numa rua de São Domingos de Benfica, a unir a estrada da Luz à Rua Virgílio Correia, desde a publicação do Edital de municipal de 22/12/1960, com a legenda na placa toponímica de «Químico Notável/1837 – 1889».
Pelo mesmo Edital foram também atribuídas na mesma freguesia a Rua Major Neutel de Abreu, a Rua Padre Francisco Álvares e a Rua General Schiappa Monteiro.
Roberto Duarte Silva (Cabo Verde – Santo Antão/25.02.1837 – 09.02.1889/Paris – França) começou a trabalhar aos 14 anos como aprendiz num boticário, na ilha de Santo Antão, mas acabou por rumar a Lisboa, onde foi trabalhar para a Farmácia Azevedo enquanto se formava na Escola de Farmácia lisboeta. Foi enviado para Macau para montar uma farmácia mas comércio de Macau colapsou pela concorrência da recém-fundada cidade de Hong-Kong, para onde seguiu a abrir farmácia própria, tendo conseguido ser o fornecedor oficial dos militares franceses. Em 1863 vai fixar-se em Paris. Na capital francesa concluiu uma licenciatura em Ciências Físicas e a partir de 1867 até à sua morte, trabalhou nos laboratórios de Wurtz e de Friedel, especializado no ramo da Química Orgânica. Publicou o seu primeiro trabalho também em 1867.
Exerceu ainda como docente na Escola de Física e Química Industriais (de 1882 a 1887), bem como na Escola Central de Artes e Manufacturas (de 1887 até ao seu falecimento), ambas em Paris, e na segunda, iniciou cursos experimentais, imprimindo uma orientação prática sem precedentes ao ensino da química. Na primeira, foi docente de Química Analítica do também futuro engenheiro químico Charles Lepierre, o qual por sugestão sua se instalou em Portugal em 1888, pelo que no centenário do nascimento de Roberto Duarte Silva proferiu uma palestra em que o qualificou como «um excelente professor» que «Falava correctamente o francês, o inglês, o alemão, além do português, é claro. » Refira-se também que para ser nomeado professor das escolas de Paris lhe foi imposta a naturalização francesa mas é sabido, nomeadamente através da sua correspondência com familiares e amigos em Cabo Verde, que lhes pedia materiais locais para os estudar, em busca de uma aplicação industrial que ajudasse a economia do arquipélago.
Roberto Duarte Silva desempenhou ainda os cargos de vice-presidente (1885) e presidente (1887) da Société Chimique; foi membro da Association Française pour l’Avancement des Sciences e seu secretário entre 1875 e 1877, bem como presidente da secção de Química em 1886; foi membro corresponde da Academia das Ciências de Lisboa a partir de 1876 e membro honorário da Sociedade Pharmaceutica Luzitana. Foi ainda agraciado com o Jecker Prize da Académie de Sciences de Paris, em 1885.
Em Paris, Roberto Duarte da Silva viveu no nº 26 da Rue de la Harpe, perto do Museu de Cluny, e nessa cidade faleceu aos 51 anos de idade, provavelmente vítima da tuberculose. Está sepultado no Cemitério de Montparnasse. Foi homenageado numa nota de Cabo Verde e na Escola da Ribeira Grande, localidade da ilha de Santo Antão onde nasceu.