António Lopes Ribeiro, o realizador de filmes humorísticos como O Pai Tirano ou A Vizinha do Lado e, irmão mais velho de Francisco Ribeiro (conhecido como Ribeirinho), desde a publicação do Edital municipal de 31 de maio de 2000 que dá o seu nome à Rua A da Urbanização do Parque das Conchas, no Lumiar, nas proximidades do local onde se sediou a sua produtora, que ficava fronteira aos estúdios da Tobis Portuguesa.
Este topónimo surgiu em resultado de uma sugestão inserta na moção de pesar apresentada em 1995 pelo então Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Dr. Jorge Sampaio, e aprovada por unanimidade. Refira-se que nesta mesma freguesia a toponímia consagrou igualmente a Tobis Portuguesa (06/01/1993), bem como os cineastas Manuel Costa e Silva ( 31/05/2000) e Manuel Guimarães (10/04/2007).
Pioneiro do cinema sonoro português, o alfacinha António Filipe Lopes Ribeiro (Lisboa/16.04.1908 – 14.04.1995/Lisboa) estreou-se aos vinte anos de idade, em 1928, com o documentário Bailando ao Sol, alicerçado no que aprendera nas visitas que fizera aos estúdios alemães e russos, no final do período mudo. Sobre a cidade Lisboa fixou-nos na retina muitas curtas metragens, como Exposição do Mundo Português (1941), Cortejo Histórico de Lisboa (1947), Lisboa de Hoje e de Amanhã (1948), Lisboa vista pelas suas crianças (1958) e as longas-metragens que ao longo de gerações se mantiveram populares como O Pai Tirano (1941) ou A Vizinha do Lado (1945).
Da sua extensa filmografia contam-se ainda inúmeros documentários encomendados por organismos estatais e pela Câmara Municipal de Lisboa e outros filmes de carácter mais dramático como Gado Bravo (1934), A Revolução de Maio (1937), Amor de Perdição (1943), Frei Luís de Sousa (1950) e O Primo Basílio (1959). Lopes Ribeiro foi também produtor de filmes, como de Aniki-Bobó de Manoel de Oliveira, de O Pátio das Cantigas do seu irmão Ribeirinho, ambos em 1942, e também de Camões (1946), de Leitão de Barros.
António Lopes Ribeiro desempenhou ainda funções de presidente do Sindicato dos Profissionais de Cinema (1938 a 1943 e em 1957); de diretor de jornais de atualidades como o Jornal Português e Imagens de Portugal; de fundador do Senhor Doutor (1932) e das revistas Imagem (1928), Kino (1930) e Animatógrafo (1933); para além de crítico cinematográfico, sob o pseudónimo de «Retardador», onde se destaca a sua 1ª publicada no Sempre Fixe, a sua página no Diário de Lisboa a partir de 1927 e que foi a primeira num jornal diário, para além de ter representado Portugal no IV Congresso da Crítica, em 1937, em Paris. Refira-se ainda que realizou muitas traduções e da sua própria lavra publicou as coletâneas de poemas O Livro de Aventuras (1939) e O Livro das Histórias (1940), bem como as compilações de crónicas Esta Pressa de Agora (1963) e Anticoisas e Telecoisas (1971).
Homem também ligado ao teatro, Lopes Ribeiro fundou as companhias Os Comediantes de Lisboa (1944) e Teatro do Povo (1952), sendo de realçar que foi quem apresentou na Lisboa de 1959 as primeiras peças de Ionesco. Na Rádio, foi Diretor de Música Mecânica da Emissora Nacional (de 1935 a 1937) e exibiu um programa semanal dedicado ao jazz. Na televisão, António Lopes Ribeiro foi o rosto do programa Museu do Cinema que de 1957 a 1974 passou semanalmente na RTP, acompanhado ao piano por António Melo, e que regressou em 1982. Era também ele o autor do poema A Procissão declamado e popularizado na RTP por João Villaret. E ainda de 1959 até aos inícios da década de 70 era responsável pela tradução e legendagem de filmes estrangeiros. Finalmente, em 1984 e 1985 integrou o elenco de Chuva na Areia, a 2ª telenovela portuguesa.
António Lopes Ribeiro recebeu o Prémio Paz dos Reis pelo documentário A Inauguração do Estádio Nacional (1944), o Grande Prémio do Secretariado Nacional de Informação por A Vizinha do Lado (1945), a Ordem de Santiago e Espada (1940) e a Ordem de Mérito Civil de Espanha. O seu nome está também presente na toponímia dos concelhos de Amadora, Oeiras (Queijas), Portimão, Seixal (Corroios) e Sintra (Rio de Mouro).