Lisboa é um concelho que ainda comporta na sua toponomenclatura 38 Estradas e também 2 Circulares. Estas últimas só existem nos Olivais, em redor da Praça do Norte e da Praça das Casas Novas do Bairro da Encarnação e as Estradas surgem nas freguesias que formam a coroa circular de Lisboa, não existindo por isso nas freguesias mais antigas do casco velho da cidade como Arroios, Santo António, Misericórdia, Santa Maria Maior, São Vicente, bem como nas freguesias do Areeiro e de Alcântara. A sua toponímia refere-se aos locais que lhe estão próximos, sobretudo por fixação da memória e apenas poucas vezes em resultado de uma deliberação municipal.
Estrada, do latim strata, é um caminho geralmente empedrado ou alcatroado, onde podem transitar veículos, pessoas ou animais. Circular também provém do latim circularis e designa uma via que circunda uma zona urbana ou liga zonas periféricas, sem passar pelo centro, o que é equivalente a circunvalação e se repararmos no conjunto das freguesias por onde passa a Estrada da Circunvalação – Belém, Benfica , Carnide , Olivais e Santa Clara – está explicada a origem do seu nome.
A Circular Norte e a Circular Sul, ambas no Bairro da Encarnação e ambas atribuídas pelo Edital municipal de 27/11/1957 à Rua K e à Rua J do Bairro da Encarnação, contornam a urbanização da autoria do Arqº Paulino Montez, construída de 1940 a 1943.
Na freguesia de Carnide, encontramos a Estrada da Pontinha que servia de ligação à quinta do mesmo nome, que existia, pelo menos, desde 1657, mas que ao longo dos séculos foi tendo o seu nome alterado de acordo com os seus proprietários – Quinta dos Brasileiros e Quinta dos Valadares no séc. XVIII – tendo-se fixado como Quinta da Pontinha no séc. XIX. A Estrada da Correia é posterior a esta e tal como da Ruas do Machado ou do Cascão, está provavelmente ligado a algum habitante local. Carnide reparte ainda com Benfica a Estrada do Poço do Chão e com São Domingos de Benfica a Estrada da Luz, derivada do Sítio da Luz.
Já a freguesia de Benfica, possui a Estrada dos Arneiros; a Estrada do Calhariz de Benfica que deriva do sítio do Calhariz conhecido desde o séc. XIV; a Estrada de A-da-Maia que era ortograficamente identificada como Estrada da Damaia até um parecer da Comissão Municipal de Toponímia de 18/01/1944, repor Estrada de A – da – Maia, derivada do sítio A-da-Maia que tal como Alfornel, Alfragide, Barcal, Calhariz, Falagueira, Granja, Louro, Monsanto, Reboleira, Safardom, Vale Melhorado e Vale de Tareja, eram lugares da freguesia de Benfica já no início do século XV; a Estrada da Buraca que remonta à 2ª metade do séc. XVIII; a Estrada das Garridas derivada da Quinta das Garridas; a Estrada da Portela que liga a Estrada da Circunvalação ao Alto da Boavista; e a Estrada de Monsanto que resulta de uma deliberação camarária de 20/08/1896 e ganha o nome da Serra de Monsanto que nessa época ainda era coberta por searas e pastos para gado.
Com São Domingos de Benfica e Campolide, Benfica reparte a Estrada de Benfica que foi a Estrada Real nº 82 até o Edital municipal de 08/06/1889 a tornar toponímia lisboeta. Por seu turno, São Domingos de Benfica também partilha com a freguesia das Avenidas Novas a Estrada das Laranjeiras, memória da Quinta das Laranjeiras.
Ainda sobre Benfica , esta freguesia partilha com as freguesias de Belém e da Ajuda a Estrada de Queluz, compreendida entre a Avenida das Descobertas e o Caramão da Ajuda, um topónimo oficializado pela edilidade lisboeta por Edital de 26-09-1916, no qual assumiu os topónimos herdados do extinto concelho de Belém.
A Estrada do Forte do Alto do Duque é um topónimo belenense evocativo da quinta do Duque do Cadaval que existia já no séc. XVII e onde viria a ser construído em 1865 o Forte do Alto do Duque que foi oficializado pelo edital municipal de 24/04/1986. A freguesia de Belém reparte ainda com a Ajuda a Estrada de Caselas, sítio já referido em 1373, na doação de terras que D. Fernando fez a Gonçalo Tendeiro, capitão-mor da Frota Real; assim como a Estrada Velha do Caselas que por Edital municipal de 16/01/1929 se passou a denominar Estrada da Cruz.
A Ajuda conta com a Estrada dos Marcos, denominação antiga herdada do concelho de Belém e oficializada Câmara Municipal de Lisboa no Edital de 26/09/1916, bem como com a Estrada de Pedro Teixeira, derivada da proximidade ao Casal Pedro Teixeira – de que hoje resta apenas um exemplar de arquitetura setecentista com as originais chaminés octogonais- , propriedade de um criado e confidente particular do rei José I, particularmente no caso dos amores com a Marquesa de Távora.
Campo de Ourique e a Estrela partilham a Estrada dos Prazeres, cujo nome advém da Ermida de Nossa Senhora dos Prazeres que deu o nome a uma extensa Quinta pertencente então ao Conde da Ilha do Príncipe. A freguesia da Estrela possui ainda a Estrada do Loureiro, nome também derivado de uma Quinta: a do Loureiro.
A freguesia de Santa Clara, comporta 6 Estradas que são só suas: a Estrada de São Bartolomeu, também por vezes denominada como Estrada da Ameixoeira à Charneca ou Estrada da Charneca, oficialmente consignada por Edital municipal de 12/10/1891 devendo o seu nome à antiga paróquia local de São Bartolomeu da Charneca, cujo registo mais antigo está datado de 1583; a Estrada do Poço de Baixo que deriva o seu nome de um poço profundo que o povo da Charneca abriu em 1619, que foi chamado o Poço de Baixo; a Estrada do Forte da Ameixoeira que também foi conhecida como Estrada de serventia para o reduto da Ameixoeira e o se nome deriva do Forte de D. Carlos I, popularmente conhecido como forte da Ameixoeira, erguido no final do século XIX; a Estrada do Manique, da Quinta do Manique; a Estrada da Póvoa que conduz à Rua dos Eucaliptos às Galinheiras e a Estrada do Pisa Pimenta, da Quinta do Pisa-Pimenta, já referida antes de 1712 como a Quinta Nova, a de Manique, Alto, Altinho, Carrapata, Policarpo e Granja, que desapareceram com a construção do aeroporto a partir de 1940.
Santa Clara ainda partilha com o Lumiar mais duas: a Estrada do Desvio , cujo nome espelha mesmo que é um desvio pelo Lumiar para fugir ao trânsito na Calçada de Carriche e permitir o descongestionamento desta, já que grosso modo, esta Estrada corre paralela à Calçada de Carriche; e a Estrada da Ameixoeira, cuja situação de lugar retirado, escondido até, ainda no início do século XX e até 1928, a tornava um sítio preferido para a realização de duelos, de «lavagens da honra ofendida», como por exemplo o duelo que opôs Afonso Costa ao Conde de Penha Garcia, em 14 de julho de 1908.
O Lumiar tem ainda três vias com esta toponomemclatura: a Estrada do Lumiar, a Estrada de Telheiras do sítio de Telheiras (ou Teleiras ou Tilheyras) – que significa fábrica de telha ou olaria – que já aparece referido cerca de 1220 por lá estar sediado o Mosteiro de São Vicente de Fora e a Estrada da Torre que advém da Torre do Lumiar, do séc. XVI. Lumiar reparte ainda com Carnide a Estrada do Paço do Lumiar que faz referência ao Paço do Infante D. Afonso Sanches, que no reinado de D. Afonso IV tomou esta designação, a qual acabou por abranger a povoação vizinha.
A Freguesia de Alvalade tem no Bairro de São de Brito a Estrada da Portela que começa na Rua Engenheiro Manuel Rocha e cujo traçado ainda na planta municipal de 1950 estava identificada como Estrada da Portela de Sacavém.
Na zona oriental de Lisboa, as freguesias da Penha de França, Beato e Marvila partilham a Estrada de Chelas, assim a Estrada de Marvila se reparte por Beato e Marvila. Finalmente, na freguesia do Parque das Nações, encontramos a Estrada de Moscavide, fixada pelo Edital de 15/03/1950 que ainda em 1907 se designava Rua Direita de Moscavide.