Rua Prof. Mário Chicó, topónimo atribuído a um arruamento da freguesia do Lumiar por Edital de 27 de Fevereiro de 1978
Mário de Sousa Tavares Chicó (1905-1966), historiador de Arte, conservador de museu e professor universitário. O seu apelido Chicó foi por ele adoptado em homenagem ao seu avô adoptivo, Manuel Rodrigues Chicó, natural de Goa, engenheiro agrónomo que trabalhou nas propriedades agrícolas da Casa Cadaval, em Évora. Terá sido também por influência deste avô que Mário Chicó, após o Liceu, se decidiu a frequentar a Escola Agrícola de Coimbra, curso que viria a abandonar e a trocar pelo de Direito, na mesma Universidade, até finalmente, ingressar e completar o Curso de Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras de Lisboa (1935). Entre 1937 e 1939 foi bolseiro do Instituto de Alta Cultura, o que lhe permitiu frequentar o Instituto de Arte e Arqueologia da Universidade de Paris, e de estudar Arqueologia Medieval. A sua obra escrita revela bem o interesse por este período tendo publicado Remarques sur le choeur de l´église Sainte Marie de la Victoire Batalha (1940), A arquitectura da Idade Média em Portugal (1944), A catedral de Évora na Idade Média (1946), A arquitectura gótica em Portugal (1954), entre outros. Em 1942 colaborou na História da Arte em Portugal com diversos outros historiadores e em 1959 planeou e dirigiu um inovador Dicionário da Pintura Universal em colaboração com José-Augusto França e Artur Nobre Gusmão. Concorreu ao lugar de director do Museu Regional de Évora, que venceu em 1943, aqui permanecendo até à sua morte. A partir de 1946, ingressou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa como professor da cadeira de Estética e História da Arte, tendo sido convidado a leccionar em várias universidades europeias e brasileiras. Em 1951 concretiza um outro projecto de investigação, obtendo o apoio da Junta das Missões Geográficas e Investigações Coloniais, viajando até à Índia para estudar a arquitectura de influência portuguesa naquela parte do Mundo. Foi o primeiro presidente da mesa da assembleia geral da Associação Portuguesa de Museologia, e pertenceu à Academia Nacional de Belas Artes.
O seu contributo para o conhecimento da história de Lisboa prende-se sobretudo com a sua carreira de Conservador de Museu, curso que fez em 1940 após o seu regresso do estrangeiro. É a Mário Chicó que a Câmara Municipal de Lisboa recorre para o projecto de criação de um museu municipal. A ideia de criar um espaço museológico dedicado à história da cidade fora lançada em 1909, e muito tenuemente executada em 1922, numa sala da Associação dos Arqueólogos Portugueses. O projecto de um museu de Lisboa, arrancou definitivamente por proposta do vereador Pereira Coelho, de 1935, destinando-se-lhe o Palácio da Mitra, adquirido pela autarquia em 1930. A adaptação do Palácio a Museu Municipal foi entregue a Mário Chicó, conservador dos Museus Municipais, o qual, consciente que seria uma morada provisória (como aliás tinha sido afirmado pela própria Câmara na proposta que apresentou à Junta Nacional de Educação, organismo da tutela), e das dificuldades em expor todas as espécies, optou por um circuito expositivo de acordo com a tipologia das peças (pinturas, gravuras, cerâmica, etc.) em detrimento de uma exposição cronológica, ao mesmo tempo que procurava valorizar o próprio edifício. No entanto, Mário Tavares Chicó deixou delineado um outro projecto para um futuro museu municipal que se pretendia edificar de raiz. Neste projecto, o museu deveria ter as seguintes secções: História e Geografia Locais, Arqueologia, Artes Plásticas, Estampas e Desenhos, Artes Decorativas, Etnografia, Medalhas, Sala de Exposições Temporárias, Biblioteca Olisiponense, Arquivo Municipal e Arquivo Fotográfico.
É de facto, Mário Tavares Chicó o primeiro a propor a criação de um núcleo arquivístico dedicado exclusivamente à fotografia, destinado a preservar a colecção inicial de fotografias que a Câmara possui, datadas de 1898-1908, e que constituem o seu núcleo antigo, bem como as fotografias que eram então tiradas, fosse para efeitos de propaganda da cidade, fosse para efeitos de recolha de imagens do património lisboeta. Desde o início da sua carreira de historiador de Arte Chicó utilizara a fotografia para documentar os seus trabalhos, valorizara a importância da fotografia para o estudo do património e deu destaque aos fotógrafos que com ele colaboraram como co-autores. Apesar desta sua proposta inicial, o Arquivo Fotográfico só abriria ao público, na década de 60 do século XX.
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