Na Rua da Voz do Operário, num logradouro do edifício que começa num portão e contorna o edifício da Voz do Operário está a decorrer até ao final do mês o arraial Beco de Lisboa , que a instituição organiza no âmbito das Festas de Lisboa 2019 e que inclui noites de fado.
A Sociedade de Instrução e Beneficência A Voz do Operário fundada em 1879 está desde 1913 sediada nesta artéria, e teve honras de ser o próprio Presidente da República de então, Manuel de Arriaga, a ter lançado a 1ª pedra da sua sede. Nas Festas de Lisboa, para além de organizar a Marcha Infantil desde 1988 proporciona ainda o arraial Beco de Lisboa nas suas instalações.
A Voz do Operário ganhou tal importância ao longo da sua vida que o arruamento onde está sediada, aberto na antiga Quinta da Abelha nos princípios do último quartel do séc. XIX e que teve atribuído o nome de Rua da Infância, por deliberação camarária de 22 de novembro de 1880, dois anos depois de A Voz do Operário ter aqui a sua sede passou a denominar-se Rua Voz do Operário, pelo Edital municipal de 11 de fevereiro de 1915.
Em 1877, foi inaugurado no n.º 19 desta artéria o Asilo de São Vicente, uma das casas da Sociedade das Casas de Asilo da Infância Desvalida, razão para segundo o olisipógrafo Vieira da Silva ter sido denominada dois anos depois como Rua da Infância, em 1880. Mas cerca de 35 anos depois, a vereação republicana alterou o topónimo para consagrar a Sociedade «Voz do Operário», formada em 11 de Outubro de 1879 para para dar voz aos muitos operários tabaqueiros através da publicação de um semanário: o Voz do Operário. O operário tabaqueiro Custódio Gomes foi quem lançou a ideia do jornal da sua classe, mas foi outro operário, também tabaqueiro, Custódio Brás Pacheco de seu nome, o verdadeiro impulsionador da instituição e que levou a que em 13 de Fevereiro de 1883 nascesse a Sociedade Cooperativa A Voz do Operário em cujos estatutos se definia «sustentar a publicação do periódico A Voz do Operário, órgão dos manipuladores de tabaco, desligado de qualquer partido ou grupo político (…) estabelecer escolas, gabinete de leitura, caixa económica e tudo quanto, em harmonia com a índole das sociedades desta natureza, e com as circunstâncias do cofre, possa concorrer para a instrução e bem estar da classe trabalhadora em geral e dos sócios em particular».
Em 1879, aquele título tinha a sua sede no Beco dos Fróis. Em julho de 1887, mudou-se para a Calçada de São Vicente, com 1.114 sócios, nem todos operários tabaqueiros, o que obrigou a uma revisão dos estatutos, concretizada em 1889, aprovada no ano seguinte, convertendo-se em Sociedade de Instrução e Beneficência A Voz do Operário e, transitando em 1896 para o Largo do Outeirinho da Amendoeira. Com o desenvolvimento crescente da Sociedade propuseram ao governo em 1906 a cedência de uma parcela de terreno da designada Cerca das Mónicas para a construção de um edifício de raiz onde pudessem ser instaladas as escolas e os serviços de A Voz do Operário, o que foi despachado favoravelmente por decreto do governo de 29 de maio de 1907. Todavia, a primeira pedra de construção da sede de A Voz do Operário, para incluir a sua escola central, secretaria, biblioteca, serviços de assistência e sala de conferências só aconteceu em outubro de 1912, com a presença do próprio Presidente da República, Manuel de Arriaga. Em 1925, a instituição ganhou estatuto de utilidade pública.
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