A Rua do multifacetado David de Sousa

Freguesias do Areeiro e de Alvalade
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

O multifacetado músico David de Sousa – violoncelista, maestro e compositor-, que faleceu prematuramente vítima da gripe pneumónica de 1918, dá o seu nome à artéria que liga a Avenida Óscar Monteiro Torres à Rua João Villaret, desde a publicação do Edital municipal de 12 de março de 1932, na que era a Rua D do projeto ao Campo Pequeno e aprovado em sessão de câmara de 30 de março de 1923.

Freguesias do Areeiro e de Alvalade
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

O figueirense David de Souza (Figueira da Foz/06.05.1880 – 03.10.1918/Figueira da Foz), filho de Maria Leonor Marques de Figueiredo e de Mariano Augusto dos Reis Souza,  iniciou-se aos 9 anos  no solfejo e no canto, em Lisboa,  na Escola da Sé Patriarcal, sendo que aos 20 já completara o curso de violoncelo do Conservatório de Lisboa, onde entrara em 1895/96, tendo sido discípulo de Eduardo Wagner e de Cunha e Silva, tal como foi aluno de Freitas Gazul em teoria musical.  A partir de 1904 e até 1908, como bolseiro do estado, prosseguiu os estudos no Conservatório de Leipzig, na Alemanha.

Entre 1908 e 1910, surgiu como violoncelista de orquestra em Inglaterra, França, na Alemanha, na Áustria Imperial e na Rússia, sendo solista na Orquestra de Concertos Históricos de Moscovo e será aqui que começará a gerar o seu primeiro êxito como compositor, a Rapsódia Eslava de 1908. Em 1911, regressou a Londres, que repetirá mais tarde,  em 1914 e 1917, para exercer quer como solista quer como maestro.

Em Lisboa está em 1913, para se estrear como diretor de orquestra  no Teatro Nacional (no dia 19 de outubro). No ano seguinte é contratado como maestro titular da Orquestra Sinfónica Portuguesa, sediada no Politeama, que regeu até à sua morte, tendo ficado famosas os seus concertos das tardes de domingo. David de Sousa interpretou pela primeira vez em Portugal peças como a Segunda Sinfonia de Vincent D’Indy, as Valsas Nobres e Sentimentais de Maurice Ravel ou o poema sinfónico de Luís de Freitas Branco intitulado Depois de uma leitura de Antero de Quental. Apaixonado pela música russa, revelou igualmente ao público português, inúmeras obras dos compositores daquele país.

Como compositor a sua obra revelou-se eminentemente nacionalista, englobando composições para piano, canto e piano, violino e piano ou violoncelo e piano, poemas sinfónicos, obras para orquestra, das quais se destacam a já referida Rapsódia Eslava, bem como a Rapsódia Cantares Portugueses, o Intermezzo Saudade ou o poema sinfónico Babilónia, para além de ter deixado inédita a sua ópera Inês de Castro. David de Sousa exerceu ainda como professor de Violoncelo e da classe de Orquestra do Conservatório Nacional, a partir do ano letivo de 1915/16.

Faleceu aos 38 anos, em 1918, vítima da pneumónica que nesse ano fustigou Portugal, e está perpetuado também no nome de um Coro da Figueira da Foz ebem como na toponímia da Figueira da Foz e de Corroios.

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