A Rua da primeira catedrática de Química, Branca Edmée Marques

Freguesias de Alvalade
(Foto: Sérgio Dias| NT do DPC)

Branca Edmée Marques  foi a primeira catedrática de Química do nosso país, em 1966, pelo que dá nome a uma artéria da Cidade  Universitária, na freguesia de Alvalade, desde 2009.

O topónimo nasceu a  partir de uma proposta do Professor José Pedro Sousa Dias, membro da Comissão Municipal de Toponímia em representação da Universidade de Lisboa e a Comissão escolheu a Rua Interior da Alameda da Universidade entre a Avenida Prof. Aníbal Bettencourt e a Avenida Gama Pinto, que a deliberação de câmara de 02/09/2009 aprovou e assim foi a Rua Branca Edmée Marques fixada pelo Edital municipal de 16/09/2009. Pelo mesmo Edital mais 3 arruamentos da zona da Universidade Clássica de Lisboa ganharam nomes de investigadores, a saber, os do matemático António Aniceto Monteiro, do geólogo Paul Choffat e da pedagoga Teresa Ambrósio.

Branca Edmée Marques (Lisboa/14.04.1899 – 19.07.1986/Lisboa), filha de Berta Rosa Marques e de Alexandre Théodor Roux, licenciada em Ciências Físico-Químicas pela Faculdade de Ciências de Lisboa no ano de 1925, começou nesse mesmo ano a ser professora dessa Faculdade, onde regeu vários cursos teóricos, entre os quais os de Químicas Orgânica e Análise Química, embora só tenha chegado a Catedrática em 1966, e foi a 1ª mulher em Portugal a atingir essa categoria na área da Química.

Ainda antes de concluir a sua licenciatura, no ano letivo de 1923-24, a convite de Aquiles Machado, estagiou no Laboratório de Química Analítica no Instituto Superior Técnico sob orientação de Charles Lepierre.   Depois, com uma bolsa atribuída pela Junta de Educação Nacional, de 1931 a 1935 fez trabalho de investigação em física nuclear no Laboratoire Curie do Instituto do Rádio, primeiro sob a orientação de Marie Curie e depois da morte desta, em 1934, sob a de André Debierne, doutorando-se em 1935 na Faculdade de Ciências de Paris, com a tese intitulada «Nouvelles Recherches sur le Fractionnement des Sels de Baryum Radifère».

Em 1936, já de volta a Portugal, foi-lhe reconhecida a equiparação do seu Doctorat d’État ao grau de Doutor em Ciências Físico-Químicas das Universidades Portuguesas em 13 de Junho de 1936, tendo criado o Laboratório de Radioquímica, que dirigiu que até à sua jubilação, o qual originaria o Centro de Estudos de Radioquímica  da Comissão de Estudos de Energia Nuclear (em 1953), o 1º centro de investigação em Química da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, hoje extinto.

Branca Edmée Marques publicou 6 trabalhos nos Comptes Rendus de l’Académie des Sciences de Paris, quatro dos quais ainda antes do seu doutoramento e em 1936 publicou 3 artigos no Journal de Chimie Physique, todos na área dos seus estudos sobre o bário radífero. Refira-se ainda que escreveu uma breve biografia de Marie Curie para a revista Ciência, e outra de Jean Perrin, a convite do Instituto Francês em Portugal, no primeiro aniversário da morte do grande cientista.

No centésimo aniversário do nascimento de Madame Curie, Branca Edmée Marques foi convidada pelo Instituto de Rádio de Paris para as cerimónias de homenagem que se realizaram na Universidade de Paris, em outubro de 1967, na qualidade de antiga colaboradora da nobelizada Maria Sklodowska Curie.

Branca Edmée Marques foi casada com o naturalista, geólogo e professor da Faculdade de Ciências António da Silva e Sousa Torres (1876-1958).

Freguesias de Alvalade
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)