Prof. Veiga Ferreira, o arqueólogo Do Paleolítico ao Romano, numa Rua do Lumiar

Freguesia do Lumiar
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

O  Professor Veiga Ferreira, o arqueólogo autor do programa de televisão Do Paleolítico ao Romano, está desde 1998 na toponímia de uma Rua da Freguesia do Lumiar: na artéria formada pelo Impasse A entre a Rua Prof. Aires de Sousa e a Azinhaga das Galhardas mais a Rua A, entre a Rua Prof. Barbosa Sueiro e a Rua Prof. Pinto Peixoto.

Octávio Reinaldo Santos da Veiga Ferreira (Lisboa/28.03.1917 – 14.04.1997/Lisboa) foi um arqueólogo, geólogo e paleontólogo, precursor da prática da interdisciplinaridade, que se dedicou especialmente ao período Calcolítico e ao Campaniforme – patente desde logo no seu primeiro artigo: «Acerca da Cultura do vaso campaniforme em Portugal» (1954)-, tendo ficado particularmente conhecido do público pela sua obra de síntese «Portugal pré-histórico – seu enquadramento no Mediterrâneo» (1981), sucesso que repetiu no ano seguinte ao apresentar na RTP o programa intitulada «Do Paleolítico ao Romano», a que se seguiu o programa com o título «Os Romanos Entre Nós» (1983).

Licenciado em Engenharia Técnica de Minas (1941), consegue o seu primeiro trabalho, em topografia, em regime de tarefa para a Câmara Municipal de Lisboa e em 1942 passou a trabalhar para a Comissão Reguladora do Comércio de Metais, assim como decidiu frequentar o curso de Pré-História  de  Henri Breuil, na Faculdade de Letras de Lisboa, onde conheceu George Zbyszewski com quem viria a desenvolver  um longo e frutuoso trabalho de campo que começou na estação arqueológica de Vila Pouca (Monsanto).  Em março de 1944 ingressou como técnico na Direção Geral de Minas e Serviços Geológicos de onde transitará em 1950, a convite de Zbyszewski, para os Serviços Geológicos de Portugal. Com José Formosinho e Abel Viana trabalhou na escavação a partir de 1945 da necrópole de Caldas de Monchique, demonstrando pela 1ª vez a evolução arquitetónica e de artefatos do Neolítico médio até ao Calcolítico, a partir do que publicou o seu 1º trabalho de arqueologia: «A estação pré-histórica do Buço Preto ou Esgravatadoiro», em 1946.

A partir de 1950, com Leonel Trindade , diretor do Museu Regional de Torres Vedras, fez durante mais de 20 anos prospecção arqueológica e descobriram, por exemplo, as necrópoles pré-históricas de Cabeço da Arruda, Cova da Moira e Serra da Vila. A partir de 1952 foi destacado pelos Serviços Geológicos para trabalhar nos concheiros mesolíticos de Muge, com Jean Roche. Com Abel Viana e Ruy Freire de Andrade investigou os testemunhos da mineração romana de Aljustrel, em 1954, e a partir deste ano, em equipa com Zbyszewski, fez a arqueologia da antiga cidade romana de Egitania, durante 15 anos. Em 1957, com Fernando Almeida, escavou diversos dólmens da Beira Baixa; com Albuquerque e Castro e Abel Viana, estendeu os estudos do Megalitismo à bacia do Vouga; com  Camarate França estudou o monumento Calcolítico de Samarra (em Sintra) e com Afonso do Paço, as estações pré-históricas de Fontalva (Alto Alentejo) . Da colaboração com Vera Leisner e George Zbyszewski resultaram dados do dólmen de Casaínhos (Loures), da sepultura da Praia das Maçãs (Sintra), dos hipogeus de Palmela, dos monumentos megalíticos de Trigache e A-da-Beja (1959) e as primeiras datas de radiocarbono de megálitos portugueses (1963).

Ainda na década de sessenta, publicou as pinturas rupestres da serra dos Louções a que juntará as insculturas rupestres de Mora em 1977 e da Citânia de Santa Luzia em 1981. Com Camarate França e Jean Roche avançou no estudo do Paleolítico Superior,  na Gruta das Salemas e na Gruta Nova da Columbeira, a do 1º dente de neandertal descoberto. No ano de 1964 editou o 1º estudo monográfico sobre o povoado fortificado calcolítico do Zambujal (Torres Vedras) e dedicou memórias necrológicas a Abel Viana (1964), Afonso do Paço (1968 e 1970), Maxime Vaultier (1970) e Joaquim Fontes (1971). Em 11 de maio de 1965 doutorou-se na Sorbonne com a tese «La culture du vase campaniforme au Portugal», sob orientação de Jean Piveteau. Em 1967, com outros professores, fundou a Associação de Estudos Arqueológicos e Etnológicos, onde ministrou cursos livres a partir de 1972: Introdução à Arqueologia e Especialização em Pré-História. De 1968 a 1972, com Vítor Guerra, inventariou os monumentos megalíticos da Figueira da Foz  e em 1969 publicou a Correspondência epistolar entre Martins Sarmento e Nery Delgado.

Nos anos 70, publicou  o monumento do Escoural, com Manuel Farinha dos Santos, enquanto no Pai Mogo (Lourinhã), com K. Spindler, escavou a única tholos calcolítica em Portugal. De 1967 até 1973 foi conservador de Arqueologia do Museu dos Serviços Geológicos, a título gratuito, pelo que publicou o Guia descritivo da Sala de Arqueologia do Museu dos Serviços Geológicos (1982). Em 1971 foi Vice-Presidente da Associação de Arqueólogos Portugueses e de 1973 a 1976 foi Arqueólogo-Consultor da Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais e escavou o acampamento neolítico de Cabrosa (1976) e da tholos de Tituaria, em Mafra (1978). Nesta década aumentou também a sua atividade como docente, através de um curso de iniciação à Arqueologia Pré-Histórica no Museu de Etnologia Dr. Joaquim Manso e de um curso piloto do Património Cultural de Prospeção Arqueológica de pós-graduação para licenciados, ambos em 1976, assim como dois anos depois foi convidado pelo Prof. Oliveira Marques para ser professor de Pré-História da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Nascido em Alcântara, Octávio Veiga Ferreira viveu grande parte da sua infância em Terrugem, até aos 11 anos se fixar em Lisboa. Aos 15 acompanhou as escavações de Manuel Heleno na necrópole pré-histórica de Carenque.  Na sua vida particular, casou com Maria Luísa Fernandes Bastos em 1941. Dela teve 2 filhas – Seomara (1942) e Ana Maria (1945) – cujo padrinho foi o Doutor Zbyszewski. Em 1945 subscreveu as listas de apoio do MUD – Movimento de Unidade Democrática , o que lhe custou ser chamado a prestar declarações na PIDE e o congelamento das promoções nos 16 anos seguintes, isto é, até 1962.

No território nacional, o Prof. Veiga Ferreira só está homenageado na toponímia de Lisboa mas foi agraciado com as Medalhas de Mérito de Rio  Maior e de Cascais, a Medalha de Ouro do Oeiras e com um monumento inspirado num cromeleque no jardim de Rio Maior.

Freguesia do Lumiar
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

 

Paul Choffat da Carta Geológica Portuguesa de 1899 numa Rua da Cidade Universitária

Freguesia de Alvalade

Passados 90 anos sobre a morte do Paul Choffat, que realizou a Carta Geológica de Portugal de 1899,  foi este  geólogo suíço homenageado numa rua da Cidade Universitária, concretamente na Rua Interior da Alameda de Universidade entre a Avenida Prof. Aníbal Bettencourt e a Avenida Professor Gama Pinto, com início na Rua Branca Edmée Marques, pelo Edital de 16/09/2009.

O mesmo Edital atribuiu nesta zona da Cidade Universitária os nomes de mais três investigadores com a Rua Profª Teresa Ambrósio, a Rua Branca Edmée Marques e a Rua António Aniceto Monteiro.

Paul Choffat cerca de 1919

Léon Paul Choffat (Porrentruy/14.03.1849 – 06.06.1919/Lisboa) foi um geocientista formado pela Escola Politécnica Federal de Zurique onde foi professor de Geologia e Paleontologia Animal ao mesmo tempo que era docente na Faculdade de Medicina, salientando-se como  geólogo de campo, paleontólogo e estratígrafo, e que na Geologia de Portugal se tornou um vulto incontornável, desde que em 1878 visitou o nosso país a convite de Carlos Ribeiro e aqui se fixou desde então, trabalhando na Comissão dos Serviços Geológicos a partir de 1883.

Para a geologia portuguesa o seu contributo soma vários trabalhos de geologia aplicada, nomeadamente sobre as águas minerais das regiões mesozóicas e estudos sobre as placas tectónicas do país, sendo de destacar o levantamento da carta geológica do país que realizou e publicou em 1899, a 2ª de Portugal,  substituindo a que tinha sido publicada em 1876 por Carlos Ribeiro e Nery Delgado, para além de ter concluído três estudos gerais (um sobre o jurássico, em 1880, e dois outros sobre o cretáceo, em 1885 e 1900). Entre as suas numerosas e diversificadas publicações, uma das mais significativas é Essai sur la tectonique de la chaîne de l’Arrabida (1908) que ainda hoje é obra de referência.

Choffat era membro correspondente da Academia de Ciências de Lisboa e de inúmeras academias e sociedades científicas, tendo recebido de entre as inúmeras distinções, a atribuição do título de Doutor Honoris causa pela Universidade de Zurique, em 1892. O seu nome ficou ainda em inumeráveis táxones que lhe foram dedicados em 1894, 1898, 1903, 1905, 1908, 1958, 1961, 1969, 1970, 1971, como Choffatia ou Paulchoffatiinae.

Freguesia de Alvalade
(Planta: Sérgio Dias | NT do DPC )

O geólogo Georges Zbyszewski numa rua do Lumiar

Freguesia do Lumiar - Placa Tipo IV (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia do Lumiar – Placa Tipo IV
(Foto: Sérgio Dias)

O geólogo Georges Zbyszewski, que se radicou em Portugal na década de trinta do século passado e que no nosso país muito contribuiu para os estudos geológicos, desde há 9 anos dá nome  a uma rua do Lumiar (Edital de 04/02/2005), entre a Rua António Quadros e a Rua Prof. Jorge Campinos.

Refira-se que na atribuição deste topónimo teve a Comissão Municipal de Toponímia o cuidado de escolher um arruamento sem numeração de polícia, para evitar aos munícipes erros de pronúncia ou de escrita de endereço.

Georges Zbyszewski (Rússia/22.10.1909 – 01.03.1999/Lisboa), geológo de ascendência russa, naturalizado francês e com carreira académica feita em Paris, radicou-se em Portugal na sequência de várias missões científicas ao nosso país, na década de 30 do século XX.

O Professor Zbyszewski escolheu Lisboa para morar e,  desde 1940 até à sua aposentação em 1979, trabalhou nos antigos Serviços Geológicos de Portugal, tendo depois continuado como investigador convidado até 1988. Georges Zbyszewski desempenhou também funções de vogal da Junta Nacional de Educação (1969) e, em regime de acumulação, de professor auxiliar da Faculdade de Ciências de Lisboa onde leccionou Geologia do Quaternário, Hidrogeologia, Estratigrafia e Geohistória, Cartografia Geológica e Fotogeologia, acumulando a autoria de 290 trabalhos que abarcam a carta geológica de Portugal, a Pré-História, a Paleontologia, a Geologia e a Vulcanologia.

O Professor Zbyszewski foi ainda premiado pela Academia das Ciências de Paris em 1961 e agraciado com o grau de Cavaleiro na Ordem das Palmas Académicas (1959) e da Ordem Nacional de Mérito francesa.

Freguesia do Lumiar (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia do Lumiar
(Foto: Sérgio Dias)

Freguesia do Lumiar

Freguesia do Lumiar