Jardim Botânico

O Jardim Botânico da Ajuda na planta de Silva Pinto de 1908
(Foto: © CML | DPC | Arquivo Municipal de Lisboa)

O Jardim Botânico da Ajuda foi o primeiro de Lisboa, nascido no ano de 1768, e ficou registado na memória toponímica lisboeta 148 anos depois, na Rua do Jardim Botânico, que faz a ligação da Calçada da Ajuda à Calçada do Galvão, pelo Edital municipal de 26 de setembro de 1916 que oficializou 56 artérias da Ajuda.

O Jardim Botânico da Ajuda foi fundado em 1768, de acordo com o desenho do botânico italiano Domingos Vandelli (1735-1816), chamado de Pádua pelo rei D. José I, por influência de Miguel Franzini, mestre dos príncipes e com o intuito de servir para a educação destes. O espaço escolhido foram os terrenos arborizados que haviam sido da Quinta do Conde da Ponte e que D. José I em boa hora adquiriu para cultura de frutas e hortaliças necessárias ao palácio real, instalado na Ajuda após o terramoto de 1 de novembro de 1755. No Jardim se procurou estudar e colecionar o máximo de espécies do mundo vegetal, tendo tido 5000 espécies dispostas segundo o sistema sexual proposto por Lineu, que fora mestre de Vandelli.

Em 1765, Domingos Vandelli ficou com o encargo de delinear e dirigir as obras do Real Jardim Botânico da Ajuda enquanto o ministro da Marinha, Francisco Xavier de Carvalho, irmão do Marquês de Pombal, as devia fiscalizar. Domingos Vandelli dirigiu o então denominado Real Jardim Botânico da Ajuda de 1768 a 1774 e o 2º diretor foi o botânico Félix de Avelar Brotero, de 1811 a 1828, altura em que por ordem de D. João VI o Jardim foi aberto ao público às quintas-feiras. Por decreto de 27 de agosto de 1836,o Real Museu e Jardim Botânico da Ajuda foi confiado à administração da Academia das Ciências de Lisboa mas passados dois anos, a partir de 1838-1839 o Jardim Botânico da Ajuda passou para a tutela da Escola Politécnica e a ser usado pelos seus alunos. Em 1874, o Jardim foi entregue à administração da Casa Real, altura em que decaiu progressivamente.

Já no século XX, em 1910, o Jardim Botânico da Ajuda passou a integrar o património nacional e em 1918 foi entregue ao Instituto Superior de Agronomia permitindo assim que em 1934, sob a direção do Prof. André Navarro, o Prof. Caldeira Cabral estabelecesse o traçado dos canteiros do tabuleiro superior, que se tinha perdido completamente. Entre 1993 e 1997, com o apoio do Prémio de Conservação do Património Europeu e do Fundo de Turismo, sob a orientação da Profª. Cristina Castel-Branco, foi restaurado o Jardim, com a recuperação da coleção botânica, do sistema de rega e a instalação do Jardim dos Aromas.

O outro Jardim Botânico de Lisboa pertence ao Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC) e data de 1878. Foi por iniciativa do Conde de Ficalho que em 1873 se iniciaram os trabalhos deste novo jardim que esteve aberto ao público desde 1878 e está classificado como Monumento Nacional desde 2010, integrando todo o património artístico (esculturas) e edificado que nele se encontra: Observatório Astronómico da Escola Politécnica, Edifício dos Herbários, Estufas, Palmário e ainda, a antiga estufa em madeira.

Por definição, um jardim botânico é o local onde se colecionam plantas e onde estas são cultivadas e identificadas, sendo ao longo do tempo utilizados com diversas finalidades. Assim, os que surgiram na Europa no séc. XVI, então denominados «hortus medicus» (jardins de plantas medicinais), tinham como finalidade o fornecimento de plantas às boticas e serviam de apoio ao estudo da medicina. Já nos séculos seguintes, passaram sobretudo a ser utilizados como locais de plantação e estudo de novas espécies vegetais exóticas trazidas para o continente europeu.

O Jardim Botânico da Ajuda não foi exceção, acolhendo plantas e sementes vindas de outros jardins, mas sobretudo oriundas dos territórios portugueses na América, África e Ásia e das ilhas atlânticas, viabilizando a observação direta, a análise e interpretação da natureza, imperativo filosófico e científico que decorreu dos novos postulados do Iluminismo. Este espaço, ornamentado com esculturas e artes decorativas, construído na proximidade da Real Barraca, desde o seu início que foi pensado e criado em torno de várias premissas que se mantiveram até à atualidade: ser um espaço lúdico e de lazer; e, ser um espaço de aprendizagem e de produção de conhecimento.

O jardim Botânico da Ajuda em 1973
(Foto: Artur Pastor © CML | DPC | Arquivo Municipal de Lisboa)

© CML | DPC | NT | 2019

A Rua do Instituto Bacteriológico de Câmara Pestana

Freguesia de Arroios
(Foto: Sérgio Dias| NT do DPC)

Desde 1918 que a Rua do Instituto Bacteriológico homenageia  o instituto nascido em 1892 no Hospital de São José, por iniciativa do médico Luís da Câmara Pestana.

O topónimo Rua do Instituto Bacteriológico, nasceu em resultado da publicação do Edital de 13 de agosto de  1918, sobre a Rua do Convento de Santana, topónimo que por seu vez, viera substituir a  Rua do Convento das Freiras de Santana.

O  Instituto Bacteriológico de Lisboa foi criado por Luís da Câmara Pestana (Funchal/1863 – 1899/Lisboa), numa enfermaria do Hospital de S. José, em  1892, para combater um surto de febre tifóide em Lisboa e arredores, situação formalizada por decreto de 29 de dezembro desse ano, ou seja, apenas 4 anos após a criação do Instituto Pasteur de Paris, o de referência na matéria, e no ano imediatamente seguinte aos congéneres de Berlim (Instituto Robert Koch) e Londres (Instituto Lister). Em 1895 passou a designar-se como Real Instituto Bacteriológico de Lisboa e a partir de 1899 mudou-se para o edifício da Rua Câmara Pestana, obra dos arquitetos Pedro Romano Folque e Joaquim Pedro Xavier da Silva, edificada sobre as ruínas do Convento e Ermida de Sant’Ana e sendo o primeiro exemplar português da arquitectura hospitalar e laboratorial de investigação construído de raiz, denominando-se a partir daí Instituto Câmara Pestana, em homenagem ao seu fundador, falecido nesse mesmo ano, por proposta dos estudantes da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. Em 1911, o Instituto foi incorporado na Universidade de Lisboa, agregado à  Faculdade de Medicina de Lisboa.

O Instituto foi uma instituição de investigação biomédica, com intervenção no campo da saúde pública, por exemplo, nos domínios da difteria, microbiologia clínica ou verificação de produtos biológicos, tendo sido o laboratório nacional produtor da vacina contra a tuberculose, assim como pela vacina antirrábica. A partir de 2008 a maior parte do edifício da Instituto Bacteriológico foi entregue à Universidade Nova de Lisboa que aí instalou um centro de investigação biomédica e as principais atividades do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana passaram para o campus do Hospital de Santa Maria.

Freguesia de Arroios
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

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A Rua do Instituto Industrial de Fontes Pereira de Melo

Freguesia da Misericórdia
(Foto: Sérgio Dias| NT do DPC)

A Rua do Instituto Industrial, que liga a Avenida 24 de Julho à Rua da Boavista, é um topónimo resultante de ser a artéria onde nasceu em 1852 o Instituto Industrial de Lisboa, estabelecimento de ensino técnico criado por Fontes Pereira de Melo, por decreto de 30 de dezembro desse ano.

Refira-se ainda que não muito longe podemos encontrar o Largo Vitorino Damásio, topónimo que consagra o engenheiro do Conselho Superior de Obras Públicas e Minas que dirigiu em 1852 as obras do Aterro – que viriam a permitir a Avenida 24 de Julho –  e a partir do ano seguinte, desempenhou as funções de Reitor do Instituto Industrial.

Dezassete anos após o seu nascimento, em 1869, o Instituto Industrial de Lisboa sofreu uma fusão com a Escola de Comércio e passou a denominar-se Instituto Industrial e Comercial de Lisboa, denominação que manteve até 1911, ano em que foi divido em duas instituições: o Instituto Superior Técnico e o Instituto Superior de Comércio (hoje ISEG), tendo em 1930 integrado a criação da Universidade Técnica de Lisboa sob a denominação de Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras.

A data de fixação deste topónimo será posterior a 1852, provavelmente ainda atribuído pelo Governo Civil de Lisboa. Na documentação municipal descortinamos as primeiras menções à Rua do Instituto Industrial no último quartel do séc. XIX, nomeadamente numa resolução municipal de 28 de dezembro de 1874 sobre redução do arrendamento de prédios na artéria, bem como num requerimento de 16 de fevereiro de 1878 do Director da Companhia Previdente pedindo a prorrogação do prazo para a conclusão da reconstrução do edifício da Fábrica da Companhia neste arruamento, ou ainda na identificação do traçado de uma casa de banhos que Teresa de Jesus Soares pretendia em 1883 construir no prédio com o nº 91 da Rua da Boavista, fazendo esquina para a Rua do Instituto Industrial. Certo também é que a primeira planta em que surge a Rua do Instituto Industrial como topónimo é na de 1876, executada por Francisco Goullard para a Câmara Municipal de Lisboa.

Freguesia da Misericórdia
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

 

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A Avenida da Universidade Técnica

Freguesia da Ajuda
(Foto: Sérgio Dias| NT do DPC)

Como nos anos setenta do século passado a Câmara Municipal de Lisboa consagrara a Alameda da Universidade também no dealbar do novo século fixou na toponímia da cidade a Universidade Técnica de Lisboa, através da Avenida da Universidade Técnica, no Pólo Universitário da Ajuda.

A pedido da própria Universidade Técnica a edilidade lisboeta denominou a Rua B do Pólo Universitário da Ajuda como Avenida da Universidade Técnica, através do Edital municipal de 19 de abril de 2004, que também colocou nas restantes Ruas  nomes de professores  ligados à instituição e às faculdades ali instaladas: os veterinários  Ildefonso Borges Rua Joaquim Fiadeiro, o professor de Medicina Social e Antropologia Cultural Almerindo Lessa e ainda, o pintor Sá Nogueira, professor de arquitetos e designers.

Criada em 1930, a Universidade Técnica de Lisboa aglutinou a Escola Superior de Medicina Veterinária (depois, Faculdade de Medicina Veterinária), o Instituto Superior de Agronomia, o Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (depois, Instituto Superior de Economia e Gestão) e o Instituto Superior Técnico. Somaram-se o Instituto Superior de Estudos Ultramarinos em 1961, o Instituto Nacional de Educação Física em 1976 e a Faculdade de Arquitetura em 1979.

Em 2004, no ano de atribuição do topónimo, a Universidade Técnica de Lisboa integrava a Faculdade de Medicina Veterinária (FMV), o Instituto Superior de Agronomia (ISA), o Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), o Instituto Superior Técnico (IST), o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), a Faculdade de Motricidade Humana (FMH) e a Faculdade de Arquitectura (FA).

Na década de 90 do século XX, a instalação do Instituto Superior de Agronomia, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, da Faculdade de Medicina Veterinária e da Faculdade de Arquitectura, no Pólo Universitário do Alto da Ajuda, contíguo à Tapada, a Monsanto, ao Casalinho da Ajuda e à envolvente do Palácio da Ajuda, contribuiu em muito para a consolidação e a requalificação desta área de Lisboa, para além do ensino e da investigação científica, ao fazer acorrer diariamente a esta zona da cidade várias centenas de cidadãos, entre estudantes, professores, investigadores e frequentadores de actividades científicas e culturais da Universidade.

No ano de 2013, a partir do Decreto-Lei n.º 266-E/2012, de 31 de dezembro, operou-se a fusão da Universidade Técnica de Lisboa com a Universidade de Lisboa, ficando ambas as Universidades novamente unidas sob o nome de Universidade de Lisboa.

Freguesia da Ajuda
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

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Da Cruz do Tabuado à Rua da Escola de Medicina Veterinária

O Instituto de Agronomia e Veterinária em data entre 1898 e 1908
(Foto: Machado & Souza, Arquivo Municipal de Lisboa)

A antiga Travessa do Abarracamento da Cruz do Tabuado passou pelo edital municipal de 10 de junho 1884 a ser a Rua do Instituto Agrícola dada a proximidade a esta escola. Após a implantação da República, por edital de 7 de agosto de 1911, foi o topónimo alterado para Rua da Escola de Medicina Veterinária, correspondendo assim também à mudança do nome do estabelecimento de ensino, e é esse hoje que ainda encontramos na artéria que liga a Rua de Dona Estefânia à  Praça José Fontana.

No séc. XIX,  no lugar da Cruz do Taboado, foi inaugurado oficialmente em 16 de dezembro de 1852 o Instituto Agrícola, que a partir  1855 integrou a Escola de Veterinária, e em 1884 ficou na toponímia lisboeta como Rua do Instituto Agrícola.

O ensino da medicina veterinária nasceu por decreto de 1830, do então rei D. Miguel, instalando-se a  Escola Militar Veterinária nos arrabaldes de Lisboa, no sítio da Luz, paredes meias com o Colégio Militar, sendo em 1833 transferida para o edifício do Convento dos Padres Brunos na Rua do Salitre e ganhando em 1836 o nome de Escola Nacional e Real de Economia Rural Veterinária. Nela se formaram médicos veterinários  como Ferreira Lapa,  Bernardo Lima, de José Maria dos Santos e Gualdino Gagliardini, entre outros. Depois, em 1864, deu-se a fusão do Instituto Agrícola de Lisboa com a Real Escola Veterinária Militar da Rua do Salitre sob a denominação global de  Instituto Geral de Agricultura que em 1886 mudará para Instituto de Agronomia e Veterinária.

Após a implantação da República, em dezembro de 1910 o Instituto de Agronomia e Veterinária passou a ser duas escolas – o Instituto de Agronomia e a Escola de Medicina Veterinária -, tendo em 1911 passado à toponímia como Rua da Escola de Medicina Veterinária para substituir a Rua do Instituto Agrícola.

Em 1930 tanto a Escola Superior de Medicina Veterinária como o Instituto Superior de Agronomia foram duas das 4 escolas fundadoras da Universidade Técnica de Lisboa, com o Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras e o Instituto Superior Técnico. Em 1 de agosto de 1989 passou a denominar-se Faculdade de Medicina Veterinária e na década seguinte passou a estar instalada no pólo universitário do Alto da Ajuda, ficando na memória toponímica de Lisboa a recordação das suas antigas instalações. O antigo edifício da escola na Rua da Escola de Medicina Veterinária começou a ser demolido em 2011 para dar lugar ao novo complexo da Polícia Judiciária, inaugurado em 2014.

Freguesia de Arroios
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

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Da Cotovia à Rua da Escola Politécnica de 1859

A Rua da Escola Politécnica num postal de 1906

Rua da Escola Politécnica é o topónimo que consagra o estabelecimento de ensino superior que naquele arruamento foi fundada em 1837- a Escola Politécnica – , nas instalações que haviam sido do Colégio dos Nobres (1766) e ainda antes, do Noviciado da Companhia de Jesus (1619) na Cotovia.

A Rua da Escola Politécnica, que une a Praça do Príncipe Real ao Largo do Rato, nasceu do Edital do Governo Civil de Lisboa de 1 de setembro de 1859 que determinou que a Rua da Patriarcal Queimada e a Rua Direita da Fábrica das Sedas passassem a constituir um único arruamento com a denominação de Rua da Escola Politécnica.

Conta Norberto de Araújo nas suas Peregrinações que «Esta artéria, rasgada como larga serventia entre as quintas do Noviciado da Companhia de Jesus e a de D. Rodrigo, fazia a ligação do sítio da Cotovia com o de Campolide, que começava – já o disse – onde veio a ser o Rato. Antes do Terramoto a rua tinha duas designações para cada um dos seus troços: Rua Direita da Fábrica das Sedas até ao Palácio dos Soares (depois Imprensa Nacional), daí para diante até à actual Praça do Rio de Janeiro [ desde 1948 corresponde à Praça do Príncipe Real ] era Rua do Colégio dos Nobres, designação que sucedeu à de Rua Direita da Cotovia. Em Setembro de 1859 passou toda a artéria a ser Rua da Escola Politécnica».  Em resumo, a Rua Direita da Cotovia passou a ser Rua do Colégio dos Nobres que mais tarde se torna Rua da Patriarcal Queimada e depois, 22 anos após a abertura da Escola Politécnica, se une com a Rua Direita da Fábrica das Sedas para dar lugar à Rua da Escola Politécnica.

A Casa do Noviciado da Cotovia, foi construída pelo arquiteto Baltazar Álvares na Quinta do Monte Olivete e estando concluída em 1616, começou três anos depois a ser o centro de formação dos  Jesuítas, até à sua expulsão de Portugal em 1759. Depois de expulsar os Jesuítas, o Marquês de Pombal aproveitou o colégio deles para instalar, a partir de 7 de março de 1761, o Real Colégio dos Nobres, remodelado por Carlos Mardel, para ministrar uma formação inicial a jovens aristocratas, no quadro do Iluminismo.

Foi o Colégio dos Nobres extinto em 4 de janeiro de 1837 para dar lugar, pela publicação do Decreto de 11 de janeiro de 1837 à  Escola Polytechnica de Lisboa , concebida para ministrar um ensino preparatório científico aos candidatos a oficiais do Exército e da Marinha, que seria completado nas escolas especializadas – Escola do Exército e Escola Naval – copiando o modelo da Escola Politécnica de Paris. Os cursos ministrados eram um curso geral, um curso preparatório para oficiais de artilharia, outro para oficiais de marinha e outro para oficiais de infantaria e cavalaria, um curso preparatório para oficiais de estado-maior e de engenharia militar para engenheiros civis bem como um curso preparatório para engenheiros construtores navais. Entretanto, o antigo edifício ficou totalmente destruído em virtude de um incêndio ocorrido em  22 de abril de 1843, pelo que a partir de 1857 foram sendo construídas novas instalações que já só virão a albergar a Escola Politécnica uma vez que a Escola do Exército havia sido deslocada em 1850 para o Palácio da Bemposta.

A partir de 19 de abril 1911, na sequência da criação da Universidade de Lisboa, passou a ser a Faculdade de Ciências que 74 anos depois, em 1985, se mudou para novas instalações na Cidade Universitária de Lisboa, no Campo Grande. Nas instalações da Rua da Escola Politécnica passou então a funcionar o Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC), onde se integra o Jardim Botânico (nascido em 1878), classificado como Monumento Nacional desde 2010, e que inclui o Observatório Astronómico da Escola Politécnica, o Edifício dos Herbários, as Estufas e o Palmário.

Freguesias da Misericórdia e de Santo António
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

 

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A Rua do Jardim Botânico da Ajuda, o primeiro de Lisboa

Freguesias da Ajuda e de Belém
(Foto: Sérgio Dias| NT do DPC)

O Jardim Botânico da Ajuda foi o primeiro de Lisboa, nascido no ano de 1768, e ficou registado na memória toponímica lisboeta 148 anos depois, na Rua do Jardim Botânico, que faz a ligação da Calçada da Ajuda à Calçada do Galvão, pelo Edital municipal de 26 de setembro de 1916 que oficializou 56 artérias da Ajuda.

O Jardim Botânico da Ajuda foi fundado em 1768, de acordo com o desenho do botânico italiano Domingos Vandelli (1735-1816), chamado de Pádua pelo rei D. José I, por influência de Miguel Franzini, mestre dos príncipes e com o intituito de servir para a educação destes. O espaço escolhido foram os terrenos arborizados que haviam sido da Quinta do Conde da Ponte e que D. José I em boa hora adquiriu para cultura de frutas e hortaliças necessárias ao palácio real, instalado na Ajuda após o  terramoto de 1 de novembro de 1755. No Jardim se procurou estudar e colecionar o máximo de espécies do mundo vegetal, tendo tido 5000 espécies dispostas segundo o sistema sexual proposto por Lineu, que fora mestre de Vandelli.

Em 1765, Domingos Vandelli ficou com o encargo de delinear e dirigir as obras do Real Jardim Botânico da Ajuda enquanto o ministro da Marinha,  Francisco Xavier de Carvalho, irmão do Marquês de Pombal, as devia fiscalizar. Domingos Vandelli dirigiu o então denominado Real Jardim Botânico da Ajuda de 1768 a 1774 e o 2º diretor foi o botânico Félix de Avelar Brotero, de 1811 a 1828, altura em que por ordem de D. João VI  o Jardim foi aberto ao público às quintas-feiras. Por decreto de 27 de agosto de 1836,o Real Museu e Jardim Botânico da Ajuda foi confiado à administração da Academia das Ciências de Lisboa mas passados dois anos, a partir de 1838-1839 o Jardim Botânico da Ajuda passou para a tutela da Escola Politécnica e a ser usado pelos seus alunos. Em 1874, o Jardim foi entregue à administração da Casa Real, altura em que decaiu progressivamente.

Já no século XX, em 1910, o Jardim Botânico da Ajuda passou a integrar o património nacional e em 1918 foi entregue ao Instituto Superior de Agronomia permitindo assim que em 1934, sob a direção do Prof. André Navarro, o Prof. Caldeira Cabral estabelecesse o traçado dos canteiros do tabuleiro superior, que se tinha perdido completamente. Entre 1993 e 1997, com o apoio do Prémio de Conservação do Património Europeu e do Fundo de Turismo, sob a orientação da Profª. Cristina Castel-Branco, foi restaurado o Jardim, com a recuperação da coleção botânica,  do sistema de rega e a instalação do Jardim dos Aromas.

O outro Jardim Botânico de Lisboa pertence ao Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC) e data de 1878. Foi por iniciativa do Conde de Ficalho que em 1873 se iniciaram os trabalhos deste novo jardim que esteve aberto ao público desde 1878 e está classificado como Monumento Nacional desde 2010, integrando todo o património artístico (esculturas) e edificado que nele se encontra: Observatório Astronómico da Escola Politécnica, Edifício dos Herbários, Estufas, Palmário e ainda, a antiga estufa em madeira.

Freguesias da Ajuda e de Belém
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

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Escolas Gerais: a universidade no Pátio dos Quintalinhos

O entroncamento da Calçada de São Vicente com as Escolas Gerais
Freguesias de São Vicente e de Santa Maria Maior
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

Sob o nome de Escolas Gerais, a Universidade de Lisboa funcionou no Pátio dos Quintalinhos, no Paço do Infante Dom Henrique, antes de ser transferida para Coimbra em 1537, tendo gerado no local os topónimos Escolas Gerais, Rua das Escolas Gerais e Escadinhas das Escolas Gerais.

O olisipógrafo Luís Pastor de Macedo, na sua Lisboa de Lés a Lés explica que «Como decerto o leitor já viu, ao Bairro dos Escolares chamaríamos hoje Bairro Universitário, e as Escolas Gerais ou o Estudo Geral são a Universidade transferida definitivamente para Coimbra em tempo de El-Rei D. João III (1537). Também com certeza sabe o leitor que na Lisboa de hoje existem duas serventias públicas com nomes determinados pelo Estudo fundado por El-Rei D. Dinis: as Escolas Gerais, artéria inclassificada que pertenceu às antigas freguesias de Santa Marinha e de S. Vicente [hoje sob administração das freguesias de  Santa Maria Maior e São Vicente], que a compartilhavam, e a Rua das Escolas Gerais que pertenceu à antiga freguesia de S. Tomé, e durante algum tempo, pelo menos, também à do Salvador [hoje também na administração das freguesias de  Santa Maria Maior e São Vicente].»

A primeira universidade portuguesa foi estabelecida em Lisboa, entre 1288 e 1290, tendo D. Dinis promulgado a carta Scientiae thesaurus mirabili em que conferia vários privilégios aos estudantes do Estudo Geral de Lisboa. Localizar-se-ia então no Campo da Pedreira, uma zona no arrabalde ocidental da cidade, no espaço que hoje conhecemos entre a Rua Garrett e o Convento da Trindade. No século seguinte a Universidade foi transferida várias vezes de Lisboa para Coimbra e vice-versa. Em 1377 regressou por um longo período a Lisboa e em 1431, o Infante Dom Henrique concedeu-lhe várias casas no Pátio dos Quintalinhos, hoje com entrada pelo nº 3 da Rua das Escolas Gerais.

As Escadinhas das Escolas Gerais
Freguesias de São Vicente e de Santa Maria Maior
(Foto: Ana Luísa Alvim| CML)

O topónimo primitivo do local será Escolas Gerais, arruamento que hoje une a Rua das Escolas Gerais à Calçada de São Vicente. Dele derivou o arruamento central do sítio, a Rua Direita das Escolas Gerais como aparece mencionada no Atlas de Lisboa de Filipe Folque em 1858 e que denominamos como Rua das Escolas Gerais, pelo menos desde que o Edital do Governo Civil de Lisboa de 1 de setembro de 1859 incorporou a Rua de Marco Salgado na referida como Rua das Escolas Gerais. Esta última teve vários alargamentos a partir de uma proposta do vereador Joaquim José Alves, desde que em 1879 foi expropriada uma parte do terreno do Convento do Salvador para o seu alargamento, a que seguiram mais em 1881 e 1886.

As Escadinhas construídas para ligar a Rua Guilherme Braga à Rua das Escolas Gerais, dada a proximidade, tomaram também a denominação de Escadinhas das Escolas Gerais, e são pertença também das freguesias de  Santa Maria Maior e São Vicente, sendo o último topónimo gerado pela Universidade medieval naquele local.

Mencione-se ainda que Escolas Gerais foi também o topónimo da freguesia local até 1959, quando o Decreto-Lei n.º 42142, de 7 de fevereiro de 1959, remodelou as freguesias da Conceição e das Escolas Gerais: a Conceição ou Conceição Nova viu o seu território repartido pelas freguesias da Baixa de Lisboa, como Madalena, Mártires e São Nicolau e a freguesia das Escolas Gerais passou a designar-se São Vicente de Fora.

Os 3 topónimos com Escolas Gerais
Freguesias de São Vicente e de Santa Maria Maior
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

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A Alameda da Universidade

A Alameda da Universidade nascida por Edital de 31 de março de 1970 na Alameda principal da Cidade Universitária, entre o Campo Grande e o edifício da Reitoria, espelha na toponímia  de Lisboa a criação do campus da Universidade ou Cidade Universitária desta cidade, que ocorrera na década anterior e terminara com a construção da emblemática Reitoria.

A toponímia circundante procurou também guardar a memória de professores universitários e investigadores. Na década de 60 do séc. XX, em que se erguia o campus da Universidade de Lisboa foram atribuídas a Avenida Professor Egas Moniz (avenida A da Cidade Universitária), a Avenida Professor Gama Pinto ( avenida F da Cidade Universitária) e a  Avenida Professor Aníbal de Bettencourt (avenida J da Cidade Universitária).  A partir de 2001, foram acrescentadas a Rua Prof. António Flores (arruamento que liga a Avenida Professor Aníbal de Bettencourt à Alameda da Universidade), a Rua Profª Teresa Ambrósio (rua Interior da Alameda da Universidade entre a Faculdade de Farmácia e a Faculdade de Medicina Dentária), a Rua Branca Edmée Marques (rua Interior da Alameda da Universidade entre a Avenida Professor Aníbal de Bettencourt e a Avenida Professor Gama Pinto), a Rua António Aniceto Monteiro (rua Interior da Alameda da Universidade entre a Rua Prof. António Flores e a Rua Interior entre a Faculdade de Medicina Dentária e a Faculdade de Farmácia), a Rua Paul Choffat (rua Interior da Alameda da Universidade com início na rua Interior da Alameda de Universidade entre a Avenida Professor Aníbal de Bettencourt e a Avenida Professor Gama Pinto) e, a Rua Prof. Oliveira Marques (arruamento Transversal à Alameda da Universidade).

Em Lisboa nasceu a primeira Universidade portuguesa, em 1288, que foi transferida para Coimbra em 1537. A partir do final do século XVIII, os estudos superiores foram restabelecidos na capital, através de Cursos, Escolas e Institutos que, em 1911 ( Faculdade de Letras, Faculdade de Medicina, Faculdade de Ciências, Escola de Farmácia) e, em 1930 (Faculdade de Direito), se congregaram na Universidade de Lisboa e na Universidade Técnica de Lisboa. Em 1980, juntou-se a recém criada Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação. Em 2013, operou-se a fusão da Universidade de Lisboa e na Universidade Técnica de Lisboa sob o nome de Universidade de Lisboa (Decreto-Lei n.º 266-E/2012, de 31 de dezembro).

Inaugurado em 1953, o Hospital de Santa Maria integrou também a Faculdade de Medicina e, em 1960 foi estabelecida legalmente a Cidade Universitária – que hoje está limitada pela Faculdade de Ciências e Museu da Cidade, pela Avenida das Forças Armadas, pelo Campo Grande e, pela Avenida dos Combatentes -, para no ano seguinte, abrir o edifício da Reitoria, da autoria de Porfírio Pardal Monteiro, tal como os edifícios monumentais das Faculdades de Letras e de  Direito, com as fachadas decoradas com desenhos de Almada Negreiros. Na Reitoria, o interior da Aula Magna foi desenhado por Daciano Costa e contou ainda com painéis em mosaico de António Lino Pedras, vitrais de Lino António e a guarda da grande escadaria de  José Farinha.

Freguesia de Alvalade (Planta: Sérgio Dias)

Freguesia de Alvalade
(Planta: Sérgio Dias)