Freguesia de São Vicente
(Foto: Sérgio Dias)
A Rua do Mirante, na Freguesia de S. Vicente, alberga no seu nº 14 a Galeria Miron-Trema, na qual Luís Dourdil expôs integrando mostras intituladas Papéis, nos anos de 1999 e 2000.
Esta Rua do Mirante que liga a Calçada dos Cesteiros à Rua Diogo do Couto deverá ser um topónimo fixado em Lisboa no séc. XIX como referência geográfica de um local mais alto e com vista, um miradouro. Encontramos já esta artéria em 1848, num plano submetido à Câmara para aumentar com um 3º andar o prédio com o n.º 16 e 17 na rua do Mirante, então na Freguesia de Santa Engrácia. E em 1858, também surge no Atlas da Carta Topográfica de Lisboa de Filipe Folque, bem como em 1885 num ofício da Repartição Técnica de Ressano Garcia para remeter ao vereador do Pelouro das Calçadas o orçamento elaborado para a construção de passeios empedrados e macadame para esse arruamento.
Em redor desta Rua do Mirante mais 3 topónimos usam a mesma referência: o Beco do Mirante, o Outeirinho do Mirante e a Rua de Entre Muros do Mirante. O Beco do Mirante faz a ligação da Rua do Mirante à Rua de Entre Muros do Mirante; o Outeirinho do Mirante que vai da Rua do Mirante à Rua de Entre Muros do Mirante terá sido primeiro denominado Altinho do Mirante, segundo uma planta de 1878; e, a Rua de Entre Muros do Mirante que une o Outeirinho do Mirante à Travessa do Rosário a Santa Clara foi um topónimo dado em 05/08/1867 por Edital do Governo Civil de Lisboa.
A título de curiosidade, mencionamos as impressões de Norberto Araújo, nas suas Peregrinações em Lisboa, sobre o local: «Eis-nos no encontro das Ruas da Cruz de Santa Apolónia, do Vale de Santo António, e do Mirante, esta conduzindo a Santa Clara. (…) do lado do caminho de ferro, sôbre a Bica do Sapato, estendiam-se há quarenta e tal anos [início do séc. XX] os terrenos, que de hortas haviam sido, e nos quais existia uma fábrica de pirolitos do Hall (…) Neste grande prédio, nº 47, uma reconstrução de 1844, e que pertenceu à família Vilas Boas, e se continuou na família Araújo viu a luz do dia o teu companheiro destas Peregrinações [refere-se a ele próprio, Norberto Araújo], em 21 de Março de 1889 (…).»