As Ruas dos rios do Bairro Padre Cruz, em Carnide

A inauguração oficial do Bairro Padre Cruz
(Foto: Armando Serôdio, Arquivo Municipal de Lisboa)

Inúmeros rios portugueses, ou partilhados com Espanha, estão ainda hoje presentes na toponímia da freguesia de Carnide, por via do Bairro Padre Cruz, desde a publicação municipal do Edital municipal de 8 de agosto de 1961.

Foi o Decreto nº 4137, de 25 de maio de 1918 que iniciou em Portugal a prática do Estado ter a incumbência de promover habitação social. A I República designou-os Bairros Sociais e o Estado Novo tornou-os Bairros de Casas Económicas. Ao longo do século XX, estes bairros foram construídos principalmente em zonas periféricas da cidade, na periferia do tecido urbano consolidado. A sua toponímia, maioritariamente numérica, contribuiu para solidificar a sua identidade de bairro social ao definir «fronteiras» interiores e exteriores: as primeiras criavam um sentimento de inclusão entre os seus habitantes mas as segundas, estigmatizavam-os  relativamente aos restantes lisboetas, fomentando uma lógica de exclusão.

Entre 1958 e 1960, a Câmara Municipal de Lisboa adquiriu a Quinta da Pentieira ou do Alto da Pentieira, no extremo norte da freguesia de Carnide, para criar o Bairro Municipal Padre Cruz. Começou por ser um bairro de casas desmontáveis, conhecido como Bairro de Lusalite, para realojar algumas famílias oriundas do bairro da Quinta da Calçada e  atingidas pelas obras da Cidade Universitária, neste local que era considerado um bairro provisório até à construção das casas de alvenaria. Depois,  na primeira metade da década de 60, iniciou-se a construção do Bairro de Alvenaria para realojar os moradores que já moravam nas casas de lusalite e também para alojar funcionários da Câmara Municipal de Lisboa.

Neste caso, em vez de toponímia numérica que até aí era característica dos bairros sociais de Lisboa este Bairro Antigo, de ruas direitas e paralelas, recebeu nos seus 37 arruamentos antes nomes de rios, fixados pelo Edital municipal nº 150/61.

Conforme se pode ler na ata da Comissão Municipal de Toponímia de Lisboa, de 24 de julho de 1961, este órgão consultivo propôs denominar os 37 arruamentos do «Bairro de Casas para Pobres em Carnide» com geotopónimos, concretamente com nomes de rios portugueses, como então se aprendiam a decorar na escola primária frente a um mapa de Portugal.

Seis anos depois, em 1967, foi colocado em frente à Igreja do Bairro Padre Cruz, um busto do Padre Cruz, da autoria do escultor Martins Correia, e procedeu-se à inauguração oficial do Bairro Municipal Padre Cruz, com a presença do então Presidente da Câmara, António Vitorino França Borges.

Freguesia de Carnide
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

 

A Avenida do Aeroporto que passou a Avenida Almirante Gago Coutinho

A Avenida do Aeroporto nos anos 50 do séc. XX
(Foto: Mário de Oliveira, Arquivo Municipal de Lisboa)

Ainda hoje se chama Avenida do Aeroporto à Avenida Almirante Gago Coutinho – em homenagem ao aviador entretanto falecido – mas quando se começou a pensar num aeroporto para Lisboa a artéria era conhecida como prolongamento da Avenida Almirante Reis e depois dele implantado, passou a denominar-se Avenida do Aeroporto para, volvidos 13 anos, ser designada como Avenida Almirante Gago Coutinho, topónimo que 23 anos mais tarde o escritor Mário de Carvalho colocou no título de uma obra sua – A inaudita guerra da Avenida Gago Coutinho e outras histórias (1983) – mesmo que meia dúzia de anos depois, em dezembro de 1989, a Avenida tenha sido encurtada para ceder uma parte à nova Alameda das Comunidades.

Na década de vinte do século Vinte começou a falar-se da necessidade de um aeródromo para Lisboa e a sua construção foi mesmo decidida em março de 1928, para a Portela de Sacavém, considerada a localização «ideal, dada a ausência de aglomerados urbanos circundantes e, simultaneamente, a proximidade do centro da cidade (5km) e do porto fluvial». Todavia,  só na década de trinta se começou a construir  o Aeroporto e só na década seguinte abriu ao tráfego, em 15 de outubro de 1942.

Cinco anos depois do Aeroporto estar em funcionamento, ponderando a edilidade atribuir o nome de Avenida do Aeroporto à primitiva Avenida Alferes Malheiro, a Comissão Municipal de Toponímia foi de parecer na sua reunião de 3 de fevereiro de 1947  que o topónimo fosse antes dado ao prolongamento da Avenida Almirante Reis, entre a Praça do Areeiro e o Aeroporto da Portela, o que se veio a concretizar pelo Edital municipal de 17/02/1947.

Nove anos depois, em 1956 o Aero-Club de Portugal sugeriu à Câmara atribuição do nome «Avenida Gago Coutinho – Sacadura Cabral» à Avenida do Aeroporto. Porém, a Comissão Municipal de Toponímia discordou porque « deverá seguir-se a orientação até agora adoptada de só se consagrarem na toponímia da cidade nomes de individualidades que tenham falecido há alguns anos, lembrando, entretanto, que o nome de Sacadura já se encontra atribuído a uma avenida da capital.»

Passados três anos,  em 18 de fevereiro de 1959 faleceu Gago Coutinho, e no dia seguinte o vereador Dr. Baêta Henriques interveio na reunião de Câmara para que  o nome de Gago Coutinho fosse dado à Avenida do Aeroporto e apesar da Comissão de Toponímia contrapor que  fosse «atribuído a uma praça ou avenida de maior projecção do que a Avenida do Aeroporto e, possivelmente, junto ao Tejo, na freguesia da Ajuda ou Alcântara, onde aquele ilustre homem de ciência nasceu e viveu a maior parte da sua vida e partiu para a grande viagem que lhe deu renome Universal» o Edital municipal de 2 de janeiro de 1960 mudou o topónimo Avenida do Aeroporto para Avenida Almirante Gago Coutinho, com a legenda «Sábio e Herói da Navegação Aérea». Finalmente, mesmo no final do ano de 1989 a Avenida Almirante Gago Coutinho ficou com menor dimensão, já que o troço desta Avenida compreendido entre a Praça do Aeroporto e o Edifício do Aeroporto de Lisboa passou a denominar-se Alameda das Comunidades Portuguesas, pelo Edital municipal de 9 de dezembro de 1989.

Gago Coutinho por Amarelhe, no Sempre Fixe de 27 de maio de 1926

Carlos Alberto Viegas Gago Coutinho (São Brás de Alportel ou Lisboa/17.02.1869-18.02.1959/Lisboa), registado na lisboeta freguesia de Belém como tendo nascido a 17 de fevereiro de 1869 e que durante largo tempo viveu na Madragoa, na Rua da Esperança, foi um almirante da Marinha Portuguesa, geográfo e cartógrafo que fez também incursões na História Náutica a partir de 1925,  que se notabilizou como pioneiro da aviação, sobretudo por ter realizado com Sacadura Cabral a 1ª travessia aérea do Atlântico Sul, entre Lisboa e o Rio de Janeiro, de 30 de março a 17 de junho de 1922, no hidroavião Lusitânia.

A partir de 1917, incentivado por Sacadura Cabral que entretanto conhecera em Moçambique, tentou adaptar à aeronavegação os processos e instrumentos da navegação marítima, tendo criado em 1919 o famoso sextante de bolha artificial que ostenta o seu nome,  comercializado pela empresa alemã Plath. E foi para testar essas ferramentas de navegação aérea que Sacadura Cabral e Gago Coutinho realizaram em 1921 a travessia aérea Lisboa-Funchal.

Membro do Grande Oriente Lusitano da Maçonaria Portuguesa, Doutor Honoris Causa pela Universidade de Lisboa e pela Faculdade de Engenharia do Porto, bem como Medalha de Ouro da Sociedade de Geografia de Lisboa, Gago Coutinho foi também agraciado com a Ordem Militar de Avis (1919, 1920 e 1926), a Ordem Militar da Torre e Espada (1922), a Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (1922), a Ordem do Império Colonial (1943), a Ordem Militar de Cristo (1947), para além de ser topónimo em inúmeras localidades portuguesas e brasileiras, de que mencionamos como exemplo Avenidas em Montemor-o-Novo e na brasileira de São Paulo; Largos em Carnaxide, Loulé, Sesimbra, Sines, Vila Viçosa; Praças no Barreiro, Mação, Moura, Sacavém e em Salvador da Bahia ou Santos; Ruas em Albufeira, Caldas da Rainha, Casal de Cambra, Coimbra, Faro, Lagos, Maia, Matosinhos, Montijo, Olhão, Pinhal Novo,  Quarteira, São Brás de Alportel, Setúbal, Vendas Novas, ou no Brasil em Campinas, Cuiabá, Curitiba, Londrina, Recife, Rio de Janeiro, São José do Rio Preto, São Paulo ou Uberlândia, para além de uma Rua na moçambicana Maputo e outra em Las Palmas, nas Ilhas Canárias; assim como Travessas na Covilhã,  Ermesinde, Marco de Canavezes, Nisa, Quinta do Conde, Trofa ou Valongo.

A Avenida Almirante Gago Coutinho nos dias de hoje – Freguesias do Areeiro e de Alvalade

A Rua do Professor de Medicina Tropical e de Letras Silva Teles

Freguesia das Avenidas Novas
(Foto: Sérgio Dias| NT do DPC)

Professor de Medicina Tropical e do Curso Superior de Letras que também foi Reitor da Universidade de Lisboa (1928) e Ministro da Instrução Pública (1929), o Dr. Silva Teles está inscrito na toponímia das  Avenidas Novas desde a publicação do Edital municipal de 17 de abril de 1934, a ligar a Rua Tenente Espanca à  Rua da Beneficência.

Francisco Xavier da Silva Teles (Goa/02.09.1860 – 21.05.1930/Lisboa) que fixou residência em Lisboa no ano de 1900, enquanto docente exerceu como professor da cadeira de Higiene e Climatologia na Escola de Medicina Tropical desde 1902, como professor das cadeiras de Geografia (1904), Geografia Económica Geral e Especial, Geografia Económica de Portugal e suas Colónias e Geografia Económica do Brasil, no Curso Superior de Letras. Em 1911 passou a acumular como professor do Instituto Superior do Comércio de Lisboa e em 1927 foi também professor da cadeira de Administração Colonial, cargo que acumulou com os de diretor da Escola de Medicina Tropical de Lisboa para no ano seguinte, a 24 de fevereiro, ser nomeado Reitor da Universidade de Lisboa e no ano que se seguiu, Ministro da Instrução Pública, de 8 de julho a 11 de setembro, já que demitiu por discordâncias de orientação política.

Formado em medicina na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa (1880), tornou-se Médico Naval, tendo começado em Moçambique, fundado o laboratório bacteriológico do Hospital da Marinha em 1895 e terminado com o posto de Capitão-de-mar-e-guerra (1918).

Estudou na École d’Anthropologie de Paris, onde se aperfeiçoou em técnicas antropométricas, tendo publicado diversos estudos e regido um curso de Antropologia na Academia de Estudos Livres de Lisboa, para o qual preparou um programa de observações antropológicas que a Sociedade de Geografia de Lisboa usou depois em trabalhos de campo na Serra da Estrela, associação sob a égide da qual organizou o I Congresso Colonial (1901), temática em que também tinha estudos publicados.

Refira-se ainda que  Silva Teles foi deputado do Partido Progressista e em 1908, um dos fundadores da Liga de Educação Nacional, assim como foi Secretário Geral da Sociedade de Geografia durante 12 anos e Sócio Correspondente da Academia de Ciências de Lisboa. Em 1924 também participou no Guia de Portugal dirigido por Raúl Proença.

Agraciado foi com os graus de Cavaleiro, Oficial e Comendador da Ordem Militar de Avis (1919), com o grau de Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, para além da Medalha de Prata de Comportamento Exemplar, da Medalha de Ouro de Comportamento Exemplar e da Medalha de Bronze de Filantropia e Caridade.

Freguesia das Avenidas Novas
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

A Rua de Lacerda e Almeida das fronteiras do Brasil e primeiras longitudes de África

Freguesia da Penha de França (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia da Penha de França
(Foto: Sérgio Dias)

No troço do Caminho de Baixo da Penha entre a Avenida General Roçadas e a Rua Jacinto Nunes está desde a publicação do Edital de 23 de março de 1954 a Rua Dr. Lacerda e Almeida, em homenagem ao matemático que integrou a comissão de delimitação das fronteiras do Brasil com a Bolívia e a Venezuela e enquanto governador de Tete, em Moçambique, procedeu a uma exploração onde definiu as primeiras longitudes em África.

Já em 1949 e depois em 1953,  a Comissão Municipal de Toponímia foi do parecer que se denominassem os arruamentos do Vale Escuro com topónimos relacionados com figuras que em África cumpriram a política portuguesa, quer por obra governativa quer por delimitação de fronteiras. E assim para além da Rua Dr. Lacerda e Almeida os outros topónimos sugeridos foram a Praça Aires de Ornelas, a Rua Artur de Paiva, a Avenida Coronel Eduardo Galhardo, a Rua Francisco Pedro Curado, a Praça João de Azevedo Coutinho, o Largo General Pereira de Eça, a Avenida Mouzinho de Albuquerque, a Praça Paiva Couceiro , a Rua Teixeira Pinto e a Rua Eduardo Costa.

Francisco José de Lacerda e Almeida (Brasil – São Paulo/22.08.1750 – 18.10.1798/Cazambe-Moçambique), filho de José António de Lacerda (de Leiria) e de Francisca de Almeida (de São Paulo) concluiu o curso de matemática na Universidade de Coimbra em 1776 e no ano seguinte concluiu o doutoramento, conseguindo em 1778 ser convidado para o serviço do Estado, como geógrafo, astrónomo e matemático. Neste contexto, integrou os trabalhos de demarcação das fronteiras entre Portugal e Espanha (1779), resultantes da assinatura do Tratado de Santo Ildefonso e seguiu depois para o Brasil (1780) para a delimitação das fronteiras com a Bolívia e a Venezuela, para além de ter executado levantamentos que podem ser classificadas como geográficos, para obter dados geodésicos, destinados a apoiar a cartografia da região. Fez ainda uma viagem de investigação dos rios Cuiabá, Paraguai, Taquari, Cochim, Camampoan, Pardo, parte do Paraná e todo o Tieté e regressou a Lisboa em 1790. 

Em setembro do ano seguinte passou a docente de Matemática na Real Academia dos Guarda-Marinhas, funções que exerceu até partir  para Moçambique em maio de 1797. Nesta época de explorações científicas, dentro do espírito do Iluminismo, Lacerda e Almeida queria seguir o curso do Zambeze, até à zona da nascente, para aí procurar a nascente do Cunene, que corria para a costa ocidental e iniciou a expedição em 3 de julho de 1798, no decorrer da qual contraiu malária, chegando o «Geral de Tete», como era conhecido, já bastante debilitado ao Cazembe em outubro, onde veio a falecer.  A sua expedição foi a  primeira a determinar longitudes em África por métodos astronómicos rigorosos, tendo os seus registos sido publicados em 1844 (Diário da viagem de Moçambique para os rios de Senna [na Zambézia] feita pelo governador dos mesmos rios Dr. Francisco José de Lacerda e Almeida).

Supõe-se que tenha sido eleito membro da Academia de Ciências de Lisboa, em 1791 ou 1795, mas nem todos os autores estão de acordo nesta questão.

Para além da rua que lhe foi dedicada em Lisboa 156 anos após o seu falecimento, o seu nome também se tornou topónimo na cidade Pontes e Lacerda no Estado do Mato Grosso (homenagem a Silva Pontes e Lacerda e Almeida); no Rio Lacerda e Almeida no Estado de Rondônia; na Ilha Lacerda e Almeida no Rio Paraná; assim como uma povoação moçambicana na margem direita do Zambeze recebeu em 1893 o nome de Lacerdónia.

 

Freguesia da Penha de França (Planta: Sérgio Dias)

Freguesia da Penha de França
(Planta: Sérgio Dias)

 

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A Rua do criador da Geografia moderna em Portugal

Freguesia do Lumiar (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia do Lumiar
(Foto: Sérgio Dias)

O Professor Orlando Ribeiro, o criador da Geografia moderna em Portugal, dignificou com o seu nome a Rua D da Urbanização do Paço do Lumiar, situada entre a Rua Prof. Alfredo de Sousa e a Rua Prof. Fernando de Mello Moser, desde a publicação do Edital de 15/12/1997, menos de um mês depois do seu falecimento o que é demonstrativo do enorme valor deste investigador e docente.

Com a legenda «Geógrafo/1911 – 1997», este topónimo homenageia o criador da Geografia moderna em Portugal, Orlando da Cunha Ribeiro (Lisboa/16.02.1911 – 17.11.1997/Lisboa), licenciado em História e Geografia pela Faculdade de Letras de Lisboa em 1932, e quatro depois doutorado em Geografia com uma tese sobre a Serra da Arrábida, pela mesma Faculdade, onde foi discípulo de Leite de Vasconcelos e de Silva Teles.

A sua preocupação da ligação da investigação ao ensino da Geografia esteve sempre presente ao longo da vida de docente desde que a iniciou num colégio de Lisboa enquanto preparava o seu doutoramento.  Foi leitor assistente de português na Universidade de Paris (1937- 1940), professor na Universidade de Coimbra (1940-1942) e professor catedrático da Faculdade de Letras de Lisboa (de 1942 em diante), instituição onde criou o Centro de Estudos Geográficos em 1943 e que 23 anos anos depois passou a publicar a revista Finisterra. Orlando Ribeiro procurava suscitar nos seus discípulos o interesse pela Geografia como mais um ramo da Ciência e considerava que à escala universitária a docência e a investigação estão intimamente relacionadas, sendo praticamente inseparáveis.

Orlando Ribeiro foi autor de uma vasta obra sobre Geografia Física, Humana, Regional, Zonal, Metodologia e História da Geografia, Geologia, Etnologia, História e organização da vida científica universitária, de que destacamos Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico (1945), A Ilha do Fogo e as suas Erupções (1954), Geografia e Civilização. Temas Portugueses (1961), Ensaios de Geografia Humana e Regional (1970), Introduções Geográficas à História de Portugal (1977), A Ilha da Madeira até Meados do Século XX (1985), Iniciação em Geografia Humana (1986), Introdução ao Estudo de Geografia Regional (1987) e os 4 volumes de Geografia de Portugal (1987-1989).

Orlando Ribeiro que foi também colaborador dos Serviços Geológicos (1945), organizou o 1º Congresso Internacional de Geografia do pós-guerra (em abril de 1949), com a participação de 800 investigadores de 37 países, tendo para o efeito escolhido como colaboradores Fernandes Martins, Mariano Feio, Georges Zbyszewski, Carlos Teixeira, Virgínia Rau e Jorge Dias, e daqui ainda editou 8 volumes de Atas e 5 volumes das 5 excursões científicas realizadas no seu decorrer.

Freguesia do Lumiar (Planta: Sérgio Dias)

Freguesia do Lumiar
(Planta: Sérgio Dias)

 

Da Armada ao Campo Grande: a Rua Ernesto de Vasconcelos

Busto de Ernesto Vasconcelos por Moreira Rato (Foto, Arquivo Municipal de Lisboa, 1969)

Busto de Ernesto Vasconcelos por Moreira Rato
(Foto: Arquivo Municipal de Lisboa, 1969)

O oficial de Marinha e geógrafo Ernesto de Vasconcelos desde 1932 que dá o seu nome à que foi referenciada como Rua C do projeto aprovado em sessão de 13/10/1927, «entre a Rua Ocidental e o Hipódromo do Campo Grande» conforme o Edital.

O edital municipal de 12/03/1932 também atribuiu nesta zona próxima do Campo Grande topónimos às ruas A, B e D: Rua Lopes de Mendonça, Rua Francisco Mantero e Rua Aires de Ornelas.

Ernesto Júlio de Carvalho de Vasconcelos (Almeirim/16.09.1852 – 15.11.1930/Lisboa) resolveu seguir a carreira do avô materno e assim assentou praça na Armada com 12 anos, vindo a ser vice-almirante e geógrafo, com os cursos de oficial da Marinha e de engenheiro-hidrógrafo.

Ernesto de Vasconcelos trabalhou em vários levantamentos hidrográficos importantes como a elaboração da carta da barra de Lisboa, do rio Guadiana, da foz do rio Zaire e das fronteiras de Timor, para além de ter elaborado um plano de uniformização internacional dos serviços de farolagem (1887), tendo ainda sido nomeado por Bernardino Machado para integrar a comissão criada para estudar os interesses de Macau.

Exerceu como professor da Escola Naval e da Escola Colonial, dirigindo também a Revista Portuguesa Colonial e Marítima e, produzindo ainda diversos livros educativos como Astronomia Fotográfica (1884 e 1886), Uniformidade Internacional de Bóias e Balizas Marítimas (1887), Relação dos Mapas, Cartas, Plantas e Vistas Pertencentes ao Ministério da Marinha e Ultramar, com Algumas Notas e Notícias (1892) e Subsídios para a História da Cartografia Portuguesa nos sécs. XVI, XVII e XVIII (1916). Alcançou ainda os cargos de presidente da Comissão de Cartografia e de diretor e secretário perpétuo da Sociedade de Geografia de Lisboa.

Ernesto de Vasconcelos também se dedicou à política e nessa qualidade foi membro da Maçonaria, deputado às Cortes, vice-presidente da Câmara de Deputados,  chefe de gabinete de vários ministros e ainda  desempenhou as funções de Director-Geral no Ministério das Colónias. D. Carlos I agraciou-o com a carta de conselho.

(Foto: Arnaldo Madureira, 1959, Arquivo Municipal de Lisboa)

(Foto: Arnaldo Madureira, 1959, Arquivo Municipal de Lisboa)

Freguesia de Alvalade

Freguesia de Alvalade