Situado na colina fronteira ao Castelo de São Jorge, com o Rossio a “seus pés”, o Convento do Carmo foi mandado edificar por D. Nuno Álvares Pereira após a Batalha de Aljubarrota. A sua construção teve início em 1389 e prolongou-se até 1422, tendo surgido vários problemas com os alicerces, devido ao solo arenoso e à escarpa. A igreja conventual, apesar de arruinada, é um dos raros edifícios em Lisboa que mantém uma estrutura gótica.
Os primeiros religiosos instalaram-se em 1397, vindos do Convento de Nossa Senhora do Carmo de Moura, de Carmelitas Calçados mas o convento só foi oficialmente entregue à Ordem do Carmo em 1423.
A igreja, com quase 70 m de comprimento, tinha planta em cruz latina e era composta por três naves longitudinais com arcos em cruzaria de ogivas e transepto pouco saliente; a iluminação do templo era feita através de janelas em arco apontado. A fachada principal era tripartida, com portal flanqueado por dois contrafortes, rematado em empena com óculo.
O terramoto de 1755 e o incêndio que se seguiu causaram danos profundos no conjunto conventual: a biblioteca ficou destruída e na igreja ruíram a cobertura da capela-mor, o transepto e parte da nave. Os 126 religiosos viram-se obrigados a procurar abrigo noutro local, tendo regressado a 2 de julho de 1758, para uma pequena igreja provisória.
Houve várias tentativas para a reconstrução do templo gótico mas as obras nunca foram concluídas e a igreja manteve-se a céu aberto. A degradação da igreja arruinada foi travada quando o espaço foi cedido em 1864 à Real Associação dos Arquitetos e Arqueólogos Portugueses que aí instalou um museu arqueológico.
Atualmente, o museu reúne um importante acervo de peças de valor histórico, arqueológico e artístico que contempla artefactos e obras desde a Pré-História à Época Contemporânea.
Após a extinção das casas religiosas masculinas, decretada a 30 de maio de 1834, o núcleo conventual foi ocupado com serviços do exército e mais tarde pela Guarda Nacional Republicana, que aí instalou o seu comando-geral.
É ainda hoje um dos lugares mais simbólicos da revolução de 25 de Abril de 1974, o local onde Marcelo Caetano se refugiou. Depois de longas horas de impasse, as portas abriram-se finalmente para deixar entrar o capitão Salgueiro Maia que no gabinete do comandante-geral negociou o fim do regime com o então líder do governo.
Suba até ao Largo do Carmo, visite o espaço museológico da antiga igreja e passeie pelo miradouro dos Terraços do Carmo. Para além da vista deslumbrante sobre parte do Rossio e zona envolvente, pode observar de perto a imponente estrutura de contrafortes do antigo conjunto conventual.
Classificado Monumento Nacional.
Texto: © CML | DPC | 2018
Fotos: © José Vicente |CML | DPC | 2018