A Rua do Frei Santa Rosa de Viterbo do Elucidário

Freguesias de Alvalade e de São Domingos de Benfica
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

Frei Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, autor do Elucidário de Viterbo  também conhecido como Dicionário de Viterbo, entrou para a toponímia de Lisboa com a legenda «Lexicógrafo/1744 – 1822», através do Edital municipal de 30 de outubro de 1997, no arruamento situado entre a Rua Tomás da Fonseca e Azinhaga dos Barros.

Frei Joaquim de Santa Rosa de Viterbo (Guarda – Aguiar da Beira- Gradiz/13.05.1744 – 13.02.1822/Convento da Fraga-Sátão-Viseu), filho de um pedreiro natural de Goutim (Valença),  foi um frade franciscano que professou a 7 de setembro de 1760, com 16 anos,  e se tornou conhecido sobretudo como o autor da obra cujo título preciso de várias linhas de texto é Elucidário das Palavras, Termos e Frases, que em Que Portugal antigamente se Usaram, e que hoje regularmente Se Ignoram: obra indispensável para entender sem erro os documentos mais raros e preciosos que entre nós se conservam. Publicado em benefício da literatura portuguesa e dedicado ao Príncipe Nosso Senhor, editada em 2 volumes, em  1798 e 1799, que ainda nos dias de hoje é o único dicionário de termos portugueses antigos em desuso, existindo uma edição crítica de Mário Fiúza, publicada pela Livraria Civilização.

Foi professor na Ordem de São Francisco e após ter sido nomeado notário apostólico, em 1791, passou a ter acesso a todos os arquivos e bibliotecas de Portugal, de onde se destaca a Torre do Tombo, por carta régia de D. João VI, tendo também sido o autor de Sermões Apostólicos e Originariamente Portugueses (1791).

Dedicou-se às investigações históricas de antiguidades portuguesas, o que lhe valeu o título de cronista da Ordem Regular Franciscana, matéria em que deixou vários manuscritos para uma História Universal e Cronológica da Igreja de Portugal, da qual só deixou ordenado o prólogo. Deixou ainda manuscritos como A Botica Rural (estudo de farmacopeia elementar), O Companheiro Fiel (livro de preces e exorcismos), Viajante Universal, Aparatus ed Universam Theologiam e um compêndio anotado do Dicionário de Moreri, que se podem encontrar na Biblioteca Municipal de Viseu.

Santa Rosa de Viterbo foi académico correspondente da Academia Real das Ciências desde 1803 e está também homenageado em Ruas de Viseu, de Valença e de Viana do Castelo.

 

No 630º aniversário da revolução de 1383 a Rua Fernão Lopes

na Freguesia de São Jorge de Arroios - na Freguesia de Arroios

na Freguesia de São Jorge de Arroios – na Freguesia de Arroios

O Edital municipal de 8 de Junho de 1903 determinou «que a nova via publica , entre a Avenida Casal Ribeiro e a estrada das Picôas» se passasse a designar Rua Fernão Lopes, o cronista designado pelo segundo rei da dinastia saída da crise de 1383-85 para fazer as crónicas do reino, e que já revelava uma concepção moderna da História ao esforçar-se por manter a imparcialidade, sem a mundanal afeição mas com a nua verdade, pelo que também é apelidado de pai da História Portuguesa.

Fernão Lopes nasceu e morreu lisboeta, tendo vivido provavelmente entre 1380/90 e 1460, e foi guarda-mor da Torre do Tombo (desde 29/11/1418), escrivão dos livros de D. Duarte (12/12/1418), tabelião geral do reino (1419), escrivão de puridade do Infante D. Fernando (1422) e cronista-mor do reino (1434), com tença concedida para o efeito.

Talvez tenha sido em 1419 que começou a escrever a Crónica dos Sete Primeiros Reis de Portugal mas só numa carta de D. Duarte de 19/03/1434 é declarado cronista do reino. Chegaram até nós as suas Crónicas de D. Pedro I, D. Fernando e D. João I . E todavia, apesar de ser designado oficialmente  para compor a história portuguesa, não faz o panegírico do rei que encomendava como era tradição. Fernão Lopes usa o rei como centro da história mas a sua narrativa integra o povo – a arraia miúda– e a sua influência nas modificações sociais de Portugal e, fundamenta o que afirma com provas documentais.

 D. Afonso V dispensa-o da função de cronista em 06/06/1454 e substitui-o por Gomes Eanes de Zurara, bem como na função de guarda-mor da Torre do Tombo. Sabe-se que em 1459 Fernão Lopes ainda era vivo e desconhece-se a data de sua morte, tendo Luciano Cordeiro no seu prefácio à Crónica de El-Rei D. Pedro I afirmado que viveu mais 5 anos após deixar a função de guarda-mor e que faleceu  próximo dos 80 anos de idade.

 

Fernão Lopes, nos Painéis de São Vicente de Fora

Fernão Lopes, nos Painéis de São Vicente de Fora