A seiscentista Rua de Martim Vaz onde nasceu Amália

Freguesia de Arroios

A seiscentista Rua de Martim Vaz, estende-se paralela à Calçada de Santana, do nº 22 ao nº 114 desta artéria, e foi  nela que ocorreu o nascimento da fadista Amália Rodrigues, em casa dos avós maternos.

Entre os nºs 84 e 86 da Rua de Martim Vaz, está colocada uma placa, atribuída ao escultor Lagoa Henriques, que regista  «No pátio desta casa nasceu Amália Rodrigues».  E se entrarmos pelo nº 86 chegamos ao Pátio Santos, onde uma outra placa de responsabilidade municipal para assinalar o 77º aniversário da fadista menciona que «A 23 de Julho de 1920 aqui nasceu Amália Rodrigues. Homenagem da Câmara Municipal de Lisboa. 23 de Julho de 1997», confirmando o seu assento de nascimento que a registou nascida às 5 horas desse dia mesmo que Amália preferisse  celebrar o dia 1 desse mês como a data do seu aniversário.

A Rua de Martim Vaz aparece já no Sumário – Lisboa em 1551 de Cristóvão Rodrigues de Oliveira embora mencionada como Beco de Martim Vaz, na freguesia de Santa Justa. Surge depois nas descrições paroquiais antes e depois do Terramoto já como Rua da freguesia de Nossa Senhora da Pena.

Quem era o «Letrado do Século XVI» Martim Vaz que a legenda aposta mais tarde regista é que se torna mais difícil de decifrar. O olisipógrafo Gomes de Brito menciona quanto ao topónimo que «derivou-lhe o nome de um célebre letrado que figura já na Estatística de 1552» e avisa que «É preciso porém advertir que houve nesta época outro individuo com igual nome, e também com tal qual notoriedade. Era juiz do Pezinho e como tal encontramos este outro Martim Vaz em 1565. Morava porém na rua do Cura da Madalena, freguesia desta invocação». 

Após o início do funcionamento da Comissão Municipal de Toponímia em 1943 a Rua Martim Vaz passou a ser a Rua de Martim Vaz indicando o  «de» que a Comissão tinha elementos que colocavam Martim Vaz como proprietário da artéria.

Certo é que o primeiro livreiro de que há notícia em Portugal viveu no séc. XVI – já que em 1499 está registado com tal categoria profissional-, chamava-se Martim Vaz e era morador em Lisboa. No século seguinte, com data de 14 de janeiro de 1675, encontramos também um juramento prestado por Martim Vaz Tagarro e Luís Rodrigues, para servirem como juízes do ofício de livreiro que pode indicar a continuação da tradição de um ofício permanecer na mesma família.

No entanto, o nome poderia ser muito comum já que Martim Vaz é também o nome de uma ilha do arquipélago brasileiro de Trindade e Martim Vaz, descoberta pelo navegador galego João da Nova em 1501.

Por outro lado, Albino Forjaz de Sampaio sugeriu em 1919 que Martim Vaz seria um guitarreiro, ou seja, seria um fabricante de guitarras.

Freguesia de Arroios
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

A Rua da quinhentista Públia Hortênsia

Edital nº17/78 de 30 de janeiro de 1978

Edital nº17/78 de 31 de janeiro de 1978

Públia Hortênsia de Castro, uma mulher quinhentista com uma erudição rara para a época, desde 1978 que dá o seu nome a uma artéria de Carnide, numa urbanização que dada a sua toponímia também é conhecida como o Bairro das Mulheres.

Foi pelo Edital municipal de 31 de janeiro de 1978 que Públia Hortênsia de Castro se tornou o topónimo escolhido para o Impasse 2 da Quinta dos Condes de Carnide, do plano de urbanização UNOR 36 e, pelo mesmo documento foram também perpetuadas a poetisa Maria Brown, a escritora e professora Adelaide Félix bem como a escritora e declamadora Manuela Porto, todas na mesma urbanização, onde já antes, pelo Edital de 19 de junho de 1976, haviam sido colocadas a fundadora da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas Maria Veleda, a   fundadora do Grupo Português de Estudos Feministas Ana de Castro Osório, a médica fundadora do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas Adelaide Cabete e, a escritora Guiomar Torresão que em 1871 fundara o Almanaque das Senhoras.

Públia Hortênsia de Castro (Vila Viçosa/1548 – 1595/Évora) foi uma mulher que desde cedo se interessou por assuntos eruditos. Primeiro, estudou Filosofia em Évora e, a partir dos 17 anos, foi para Coimbra com o seu irmão Jerónimo, que era frade dominicano, para cursar Retórica, Humanidades e Metafísica e, conta-se que terá vestido trajos masculinos para o fazer. Certo é que o seu mestre André Resende terá ficado espantado com as capacidades da discípula e por entre os sábios estrangeiros com quem trocava correspondência espalhou a notícia da raridade de Públia.

Públia Hortênsia terá sido também a 1ª mulher portuguesa a falar em público, já que em 1581, na presença de Filipe II, defendeu teses sobre Teologia, o que lhe valeu uma tença anual. Sabe-se que compôs poesias em latim e português bem como diálogos religiosos e filosóficos mas a sua obra continua inédita.

Públia Hortênsia frequentou o Paço Real de Évora e era dama da academia da Infanta D. Maria. Em 1581 recolheu-se no Mosteiro das Agostinhas, em Évora, onde faleceu com 47 anos de idade e está sepultada.

Freguesia de Carnide

Freguesia de Carnide