Trinta anos da Avenida Presidente Wilson em Lisboa, de 1918 a 1948

A Avenida Presidente Wilson em 1919
(Ilustração Portuguesa, 16 de Junho de 1919)

A Avenida Presidente Wilson existiu em Lisboa durante 30 anos, de 1918 a 1948, em homenagem ao Presidente dos Estados Unidos da América que declarou guerra à Alemanha em 1917, Thomas Woodrow Wilson.

Essa artéria foi somando topónimos ao logo do tempo. Foi a Rua Duque de Terceira que nascia na Rua 24 de Julho e pelo Edital municipal de 28 de Dezembro de 1889 passou a ser denominada Rua Dom Carlos I, ainda em vida do homenageado. Após a implantação da República, por Edital de 5 de novembro de 1910, passou a ser a Avenida das Cortes, em louvor deste  órgão de representação nacional, o órgão do poder legislativo.  Depois, o Presidente dos Estados Unidos da América, Thomas Wilson, fez a entrada formal do seu país na I Guerra Mundial, com a declaração de guerra à Alemanha em abril de 1917 e logo no ano seguinte, por deliberação camarária de 19 de setembro e consequente Edital de 24 de setembro de 1918, a edilidade lisboeta trocou o nome da Avenida das Cortes por Avenida do Presidente Wilson, em vida do presidente homenageado que faleceria cerca de 6 anos depois.

Thomas Woodrow Wilson (E.U.A. – Staunton/28.12.1856-03.02.1924/Washington – E.U.A.), foi o Presidente dos Estados Unidos da América de 1912 a 1921 e enquanto tal, foi o responsável pela declaração de guerra à Alemanha em 1917. Cerca de dois meses após o Presidente Wilson ser um topónimo lisboeta foi assinado o Armistício, em Compiègne, em 11 de novembro de 1918, e a Ilustração Portuguesa noticiou na sua edição seguinte, de dia 18 de novembro , «Acabou a guerra, acabou a guerra! Foi o grito unanime, vibrante de entusiasmo, louco de alegria, que reboou no dia 11 por toda a cidade, ao saber-se que o ‘Seculo’ afixára, no seu placard e nos placards das suas sucursaes, o radiograma recebido ás 10 horas sobre a assinatura do armisticio que, finalmente, se realizará às 5 horas da madrugada d’esse dia.

Em 1919, este presidente dos Estados Unidos da América  recebeu o Prémio Nobel da Paz, pelo seu papel crucial na fundação da Sociedade das Nações, também conhecida por Liga das Nações, cujo papel seria o de assegurar a paz e por isso se extinguiu após deflagrar a II Guerra Mundial, tomando depois o seu papel a ONU – Organização das Nações Unidas.

Voltando à Avenida Presidente Wilson, passados 30 anos sobre o seu Edital de atribuição, em 1948, a edilidade lisboeta decidiu alterar este topónimo para Avenida D. Carlos I, ao mesmo tempo que atribuía ao Presidente Wilson uma Rua – a Rua D1 do plano de urbanização da zona compreendida entre a Alameda Dom Afonso Henriques e a linha férrea de cintura – na então freguesia de São João de Deus (hoje, freguesia do Areeiro), tudo através do Edital municipal de 23 de dezembro de 1948.

A Avenida Presidente Wilson em 1930
(Foto: Ferreira da Cunha, Arquivo Municipal de Lisboa)

Inauguração do Largo José Saramago a 10 de dezembro

Na próxima segunda-feira, dia 10 de dezembro, às 12: 00 horas, Catarina Vaz Pinto, Vereadora da Cultura e das Relações Internacionais da Câmara Municipal de Lisboa,  acompanhada da Presidente da Fundação José Saramago, procederão à inauguração do Largo José Saramago.

Na ocasião será distribuída uma brochura alusiva a esta cerimónia com que a edilidade lisboeta se associa à comemoração dos 20 anos do Prémio Nobel da Literatura.

 

Publicações municipais de toponímia sobre Willy Brandt e Konrad Adenauer

As publicações municipais de toponímia referentes ao Largo Willy Brandt e à Rua Konrad Adenauer, hoje distribuídas no decorrer das inauguração oficiais destes arruamentos, na Freguesia do Lumiar, já estão online.

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Caso queira conhecer publicações anteriores poderá ir às Publicações Digitais do site da CML e escolher o separador Toponímia.

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Inauguração na próxima quarta: Willy Brandt e Konrad Adenauer junto à Escola Alemã

John Kennedy, Wiily Brandt e Konrad Adenauer em Berlim, em 1963
(Foto: © Philip R. Hunt )

Na próxima quarta-feira, dia 3 de outubro, às 12:00 horas, a Srª Vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, e o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina,  procederão à inauguração de dois novos arruamentos na Freguesia do Lumiar, junto à Escola Alemã: o Largo Willy Brandt e a Rua Konrad Adenauer.

Willy Brandt, nome de clandestinidade de Herbert Ernst Karl Frahm, agora inserido na toponímia lisboeta com a legenda «1913-1992/ Chanceler da República Federal da Alemanha, 1969-1974/Prémio Nobel da Paz, 1971», é um político alemão, do SPD, que como governador de Berlim a partir de 1957 liderou dois momentos críticos da história dessa cidade, opondo-se ao fechar das fronteiras e à construção do Muro que a dividiu. A partir de 1969, como Chanceler, o 1º social-democrata,  esforçou-se na criação de vias de comunicação entre os blocos ocidental e soviético, por via da sua Ostpolitik (Política a Leste), conseguindo evitar o conflito bélico, o que lhe valeu o Prémio Nobel da Paz em 1971, também assim contribuindo para uma coexistência pacífica e a restauração da unidade nacional da Alemanha a 3 de outubro de 1990.

Konrad Adenauer, inserido na toponímia lisboeta com a legenda « 1876-1967/ 1º Chanceler da República Federal da Alemanha, 1949-1963», é um político alemão, fundador da CDU em 1949 e o primeiro a liderar a República Federal Alemã (RFA) após a II Guerra Mundial, num governo de coligação. Lançou as bases da ordem política e económica do país e participou empenhadamente numa política de Westbindung (Aproximação ao Ocidente), com a integração da RFA na NATO, assim como na construção de um projeto europeu comum.

 

Freguesia do Lumiar
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

Publicação municipal de toponímia sobre Nelson Mandela

A publicação municipal de toponímia referente à Rotunda Nelson Mandela, hoje distribuída no decorrer da inauguração oficial deste arruamento, na Freguesia do Lumiar, já está online.

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Inauguração da Rotunda Nelson Mandela na véspera dos seus 100 anos

De hoje a uma semana, ao meio-dia de 17 de julho próximo, véspera do centenário de nascimento de Nelson Mandela – o Mandela Day designado pela ONU – , será inaugurada na Freguesia do Lumiar, a Rotunda Nelson Mandela, com a presença do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina e da Vereadora da Cultura e Relações Internacionais, Catarina Vaz Pinto.

Nelson Mandela (18.07.1918 – 05.12.2013), antigo presidente da África do Sul e o primeiro Presidente Negro desse país, foi um conhecido ativista anti-apartheid que foi galardoado com o prémio Nobel da Paz em 1993, tento dedicado a sua vida à luta contra a discriminação racial e as injustiças sobre a população negra.

Advogado e ativista do Congresso Nacional Africano, Nelson Mandela foi preso em 1962, numa altura em que o regime de apartheid na África do Sul intensificava a sua campanha brutal contra os opositores políticos e tendo então com 44 anos, passou os 28 anos seguintes na prisão, sendo libertado apenas a 11 de fevereiro de 1990.

Presidente Wilson, de avenida a rua

Rua Presidente Wilson na Freguesia do Areeiro (Foto: Sérgio Dias)

Rua Presidente Wilson na Freguesia do Areeiro
(Foto: Sérgio Dias)

Após a entrada formal dos Estados Unidos da América  na I Guerra, com a declaração de guerra à Alemanha em abril de 1917, logo no ano seguinte, em setembro de 1918, o Presidente Wilson passou a denominar a antiga Avenida das Cortes e assim continuou até 1948, quando foi transferido para uma rua do Areeiro.

 A Ilustração Portuguesa, 09.02.1924

A Ilustração Portuguesa, 09.02.1924

Thomas Woodrow Wilson (E.U.A. – Staunton/28.12.1856-03.02.1924/Washington – E.U.A.), foi o Presidente dos Estados Unidos da América de 1912 a 1921 e enquanto tal o responsável pela declaração de guerra à Alemanha em 1917. Logo no ano seguinte,  por deliberação camarária de 19 de setembro e edital de 24 de setembro de 1918, Lisboa homenageou na sua toponímia o Presidente vivo do Estados Unidos da América naquela que era a Avenida das Cortes, dada após a implantação da República pelo 1º edital de toponímia da edilidade lisboeta (de 05/11/1911), que por seu turno tomara o lugar da Rua D. Carlos I. Cerca de dois meses após o Presidente Wilson ser topónimo lisboeta foi assinado o Armistício em Compiègne, em 11 de novembro de 1918,  e no ano seguinte, este presidente dos Estados Unidos da América  recebeu o Prémio Nobel da Paz e tornou-se grande impulsionador da Sociedade das Nações.

Passados 30 anos, em 1948, a Comissão Consultiva Municipal de Toponímia procurou dar denominações cosmopolitas a Lisboa, com referências europeias e brasileiras, que  também se traduziram por transformar a Avenida Presidente Wilson na Avenida D. Carlos I, ao mesmo tempo que era atribuída a Rua Presidente Wilson na Rua D1 do plano de urbanização da zona compreendida entre a Alameda Dom Afonso Henriques e a linha férrea de cintura, na então freguesia de São João de Deus (hoje, freguesia do Areeiro), através do edital municipal de 23 de dezembro de 1948.

Este edital camarário de 23 de dezembro, bem como o 29 de julho desse mesmo ano, colocaram na toponímia de Lisboa mais americanos com a Rua Edison, alusões francesas com a Avenida de Paris, a Rua Vítor Hugo e a Praça Pasteur, referências europeias através da Praça de Londres,  da Avenida Madrid, da Rua Cervantes e da Avenida Marconi,  e ainda incluindo ainda nesta ocasião registos brasileiros com as Avenida do Brasil e Rio de Janeiro, as Praças João do Rio e Afrânio Peixoto, para além de colocar na toponímia alfacinha o único papa português através da Avenida João XXI.

Rua Presidente Wilson na Freguesia de (Planta: Sérgio Dias)

Rua Presidente Wilson na Freguesia do Areeiro
(Planta: Sérgio Dias)

A Avenida da nobelizada Marie Curie

Marie Curie em 1927

Marie Curie em 1927

Marie Curie, duas vezes galardoada com o Prémio Nobel (um da Física e outro da Química) e, a primeira mulher a receber essa distinção da Academia Sueca, deu nome a uma Avenida de Lisboa como Madame Curie, no ano de 1932.

Pelo Edital de 12 de março de 1932, na Avenida B do projeto aprovado em sessão de câmara de 15 de maio de 1930, nasceu a Avenida Madame Curie, isto é, no mesmo ano em que a homenageada fundou o Instituto do Rádio de Paris.

Marie Sklodowska Curie (Polónia-Varsóvia/07.11.1867- 04.07.1934/Seaux-França) foi uma cientista polaca, naturalizada francesa pelo seu casamento com Pierre Curie, em 1895. Havia ido para Paris em 1891, para conseguir estudar na universidade e, com o seu marido e Henri Becquerel descobriu os elementos radioativos do rádio e do polónio (nome que ela deu em homenagem ao seu país de origem), e  que valeu aos três o Prémio Nobel da Física, em 1903 e, a tornou a 1ª mulher a receber um Nobel. E passados 7 anos, em 1911, Marie Curie recebeu também o Prémio Nobel da Química, pela obtenção do rádio em estado puro.

Marie Curie que se doutorou  na Sorbonne em 1903, e foi assim  a 1ª mulher a receber tal título nesta universidade parisiense, foi também a primeira  a leccionar nela, ao suceder ao seu marido na cadeira de Física Geral, após a morte deste em 1906. Refira-se que o Cúrio, o elemento 96 da tabela periódica, foi  assim batizado em honra do casal Curie. Marie Curie ainda fundou e dirigiu o Instituto do Rádio de Paris e, o seu livro Radioactivité, escrito ao longo de vários anos e publicado a título póstumo, foi considerado basilar nos estudos relacionados com a Radioatividade clássica. Marie Curie foi ainda a 1ª mulher a ter os  seus restos mortais no Panteão de Paris, no ano de 1995.

A sua filha Irène, com o seu marido Frédéric Joliot, receberam também o Prémio Nobel da Química, pela obtenção de novos elementos radioativos, em 1935.

(Foto: Artur Inácio Bastos, 1961, Arquivo Municipal de Lisboa)

(Foto: Artur Inácio Bastos, 1961, Arquivo Municipal de Lisboa)

Freguesia de São Domingos de Benfica

Freguesia de São Domingos de Benfica

A Avenida do 1º Nobel português

(Foto: Joshua Benoliel, 1907, Arquivo Municipal de Lisboa)

(Foto: Joshua Benoliel, 1907, Arquivo Municipal de Lisboa)

A Avenida Prof. Egas Moniz homenageia o 1º português galardoado com o Prémio Nobel, no ano de 1949, e que amanhã celebraria o seu 140º aniversário.

Numa então nova artéria junto ao Hospital de Santa Maria, a Avenida A do plano de urbanização da Cidade Universitária, foi inscrito na toponímia lisboeta o único Nobel da Medicina português, e o primeiro português a receber o Prémio Nobel antes de o mesmo acontecer a José Saramago,  pelo Edital municipal de 13/02/1963.

Já em 1950 a Junta de Freguesia de São Sebastião da Pedreira solicitara que este laureado no ano anterior com o Nobel desse nome a um dos arruamentos da freguesia mas a Comissão Municipal de Toponímia recusou mantendo o seu princípio de não atribuir nomes de personalidades ainda não falecidas e, só o inscreveu o Prof. Egas Moniz na toponímia de Lisboa 8 anos após o seu falecimento.

António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz (Estarreja – Avança/29.11.1874 – 13.12.1955/Lisboa) foi médico, investigador de neurologia, professor universitário e Ministro dos Negócios Estrangeiros. Aliás, Egas Moniz desenvolveu ao longo da sua vida uma forte participação política iniciada em 1900 como deputado. Foi mesmo preso ao envolver-se na conspiração frustrada de 28 de janeiro de 1908 contra a ditadura de João Franco; em 1910 aderiu à República e à iniciação maçónica na Loja Simpatia e União de Lisboa; voltou a ser deputado em 1911-1913; foi um dos fundadores do Partido Republicano Centrista (dissidente do Partido Evolucionista) para em 1917, com Sidónio Pais, exercer funções de Embaixador de Portugal em Madrid e no ano seguinte, ocupar a pasta dos Negócios Estrangeiros, qualidade na qual presidiu à delegação portuguesa na Conferência de Paz de Versalhes.

Egas Moniz foi professor universitário da Faculdade de Medicina de Coimbra, de anatomia e fisiologia e, em 1911, veio fazer a docência da cadeira de Neurologia na recém-criada Faculdade de Medicina de Lisboa e nesta cidade abriu consultório. Dedicou-se à investigação, onde se destacam os seus trabalhos sobre a angiografia cerebral, conseguida em 1927 e premiada com o Prémio Oslo de 1945 bem como o desenvolvimento da leucotomia pré-frontal, concretizada em 1935, as técnicas que lhe granjearam fama, respeito e reconhecimento, nacional e internacional, culminando na atribuição do Prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina (partilhado com Walter Rudolf Hess) e, para o qual já antes havia sido proposto 4 vezes (1928, 1933, 1937 e 1944). A angiografia deu pela primeira vez visibilidade às artérias do cérebro tornando possível localizar neoplasias, aneurismas, hemorragias e outras malformações no cérebro abrindo novos caminhos para a cirurgia cerebral.

Em 1950,  Egas Moniz tornou-se presidente do então criado Centro de Estudos Egas Moniz, no Hospital Júlio de Matos (transferido em 1957 para o Hospital de Santa Maria). Na sua carreira ainda desempenhou os cargos de director do Hospital Escolar de Lisboa (1922) e da Faculdade de Medicina de Lisboa (1929-1931) e deixou extensa obra publicada – mais de 300 títulos – de onde sobressai Confidências de um investigador científico. Saliente-se também que a sua Tese de Doutoramento «A Vida Sexual – Fisiologia», apresentada em 1901 e, «A Vida Sexual – Patologia», trabalho para as suas provas de concurso para lente da Faculdade de Medicina de Coimbra em 1902, foram reunidas e publicadas em 1913 na sua obra A Vida Sexual (Fisiologia e Patologia), a qual se tornou uma obra polémica e muito procurada, com 19 edições até 1933, sendo que a partir do governo de Salazar, a sua aquisição só podia ser feita com receita médica.

A título de curiosidade, refira-se que foi o seu tio e padrinho, o padre Caetano de Pina Resende Abreu Sá Freire que insistiu para que ao nome fosse adicionado Egas Moniz, por a família descender em linha directa deste aio de Afonso Henriques.

Freguesia de Alvalade (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de Alvalade
(Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de Alvalade (Planta: Sérgio Dias)

Freguesia de Alvalade
(Planta: Sérgio Dias)