Bartolomeu de Gusmão

Bartolomeu de Gusmão apresenta os seus inventos à Corte de D. João V
(Imagem de domínio público)

A Rua de São Bartolomeu passou pelo Edital municipal de 13 de dezembro de 1911 a denominar-se Rua Bartolomeu de Gusmão, com a legenda «Inventor dos Aeróstatos/1675 – 1724», em homenagem ao criador da Passarola Voadora, embora mais de 40 anos depois a legenda tenha passado a «Precursor da Aeronáutica/1685 – 1724» de acordo com o parecer da Comissão Municipal de Toponímia de 24 de julho de 1958.

Este arruamento da antiga Freguesia de Santiago (hoje, Santa Maria Maior), com início na Rua do Milagre de Santo António e fim na Rua do Chão da Feira,  que segundo Norberto de Araújo  corresponde «sensivelmente à setecentista Rua Direita das Portas de Alfofa», veio com a vereação republicana a perpetuar Bartolomeu Lourenço de Gusmão (Brasil- Santos/1685 – 18.11.1724/Toledo -Espanha), filho do português Francisco Lourenço Rodrigues e da brasileira Maria Álvares, que  aos 24 anos inventou um aeróstato – um balão de ar aquecido capaz de voar – e mostrou as suas experiências  a D. João V e à sua corte, em 1709. Por tal feito foi cognominado pelos seus contemporâneos como Padre Voador e o seu invento ficou conhecido como Passarola Voadora. Durante a segunda metade do século XVIII difundiu-se a ideia de que o próprio Bartolomeu de Gusmão teria voado entre o Castelo de São Jorge e o Terreiro do Paço, num aeróstato por ele construído, mas que só se pode entender como uma lenda enquanto não se encontrarem documentos que registem esse acontecimento.

Este padre jesuíta estudou no Seminário de Belém, na Baía, com especial empenho em Matemática e Ciências Físicas e aí foi ordenado. Logo aos 15 anos, para resolver o problema de falta de água do Seminário concretizou o seu primeiro invento: uma máquina de elevar água até ao cume do monte onde se encontrava instalada a instituição. Também aí teve importância o reitor do Seminário e seu preceptor, Alexandre de Gusmão,  que aliás era um dos seus 11 irmãos e que se tornou um importante diplomata de D. João V, fazendo com que Bartolomeu em 1718 escolhesse «de Gusmão» como apelido  e o acrescentasse ao seu nome original.

O padre Bartolomeu viveu em Lisboa, de 1701 a 1705, alojado na casa do 3º Marquês de Fontes e regressou em 1708 para ficar até 1724, com algumas interrupções. Houve um interregno entre 1713 e 1715 quando residiu na Holanda, e talvez também em Inglaterra e França. Em 1710 inventou «vários modos de esgotar sem gente as naus que fazem água»; em 1721 foi a vez do «carvão de lama»  e em 1724, da «máquina para aumentar o rendimento dos moinhos hidráulicos». Para desenvolver este trabalho arrendou umas casas em Santa Apolónia, que eram do senhor de Pancas, onde construiu um moinho de vento e fazia observações astronómicas. Sabe-se também que vivia no Vale de Santo António, perto da Bica do Sapato.

Em 1720, Bartolomeu de Gusmão tornou-se bacharel, licenciado e doutor em Cânones pela Universidade de Coimbra e foi nomeado académico da Academia Real de História, também com a incumbência de redigir a História Eclesiástica do Bispado do Porto. O rei D. João V colocou-o em Lisboa, na Secretaria de Estado, para decifrar mensagens interceptadas aos diplomatas estrangeiros, tanto mais que como poliglota que era, também executou traduções de francês, italiano, flamengo, inglês, grego, latim e hebraico. Em 1722, foi nomeado fidalgo-capelão da casa real.

No entanto, em setembro de 1724 fugiu de Portugal,  por ter sido acusado de bruxaria e judaísmo, fruto da denúncia do padre Luiz Gonzaga à Inquisição. Na viagem de fuga adoeceu e foi internado no Hospital da Misericórdia de Toledo, onde acabou por falecer, com 38 anos de idade, mas ao longo dos séculos seguintes foi recebendo inúmeras homenagens.

Em 1912, houve uma cerimónia de colocação de uma lápide, na esplanada do Castelo de São Jorge, a comemorar a primeira elevação do Aeróstato do Padre Bartolomeu de Gusmão, promovida pelo Aero Club de Portugal, onde estiveram presentes o Tenente Coronel Hermano de Oliveira e o Dr. Veloso Rebelo, encarregado dos negócios do Brasil. Setenta anos depois, o  Memorial do Convento (1982) de José Saramago, colocou Bartolomeu de Gusmão como uma das personagens centrais do romance. E sete anos mais tarde, em 25 de outubro de 1989, foi inaugurada na Alameda das Comunidades Portuguesas, via de acesso ao Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, uma estátua de pedra sua, da autoria do escultor Mestre Martins Correia, executada no início da década de setenta, quando já dava o seu nome a um Aeroporto da Força Aérea Brasileira. Na década de noventa do séc. XX, a Escola Básica do 2º ciclo sita na Rua da Bela Vista à Lapa nº 43 deixou de ser a Escola Paula Vicente para ter como Patrono Bartolomeu de Gusmão.

Para além disto, Bartolomeu de Gusmão teve honras de retrato em selos de Portugal, Brasil, Paraguai e Vaticano, assim como o seu nome passou a topónimo em inúmeras artérias portuguesas como em Chaves, Damaia, Fernão Ferro, Murtosa, Oeiras, Ovar, Parede, Rio de Mouro e Tires, assim como no Brasil, em Anápolis, Aparecida, Baía, Belo Horizonte, Foz do Iguaçu, Mangueira, Minas Gerais, Pernambuco, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Salvador, Santa Catarina, Santos e São Paulo, entre outras.

© CML | DPC | NT | 2019

O Aeroporto da Portela e a Avenida Almirante Gago Coutinho

Nova Iorque era o nome de código do Aeroporto que foi controlado às 4:20 pela coluna da EPI-Escola Prática de Infantaria, comandada pelo capitão Rui Rodrigues, incluindo o Aeródromo Base nº 1 (Figo Maduro). O capitão Costa Martins emitiu um comunicado NOTAM, interditando o espaço aéreo português e desviando o tráfego para os aeroportos de Las Palmas e Madrid.

Em 25 de Abril de 1974, o Aeroporto de Lisboa ficava no final da Avenida Almirante Gago Coutinho, topónimo de homenagem ao pioneiro da aviação e alfacinha que viveu na Rua da Esperança – Carlos Alberto Viegas Gago Coutinho (Lisboa/17.02.1869-18.02.1959/Lisboa) -, que tentou adaptar à aeronavegação os processos e instrumentos da navegação marítima, tendo criado em 1919 o famoso sextante que ostenta o seu nome e que, com Sacadura Cabral, realizou de 30 de março a 17 de junho de 1922, a 1ª travessia aérea do Atlântico Sul, entre Lisboa e o Rio de Janeiro. Assim era Avenida Almirante Gago Coutinho desde a publicação do Edital municipal de 2 de janeiro de 1960, com a legenda «Sábio e Herói da Navegação Aérea».

Em 23 de julho de 1956, o Aero-Club de Portugal sugeriu à  Câmara Municipal de Lisboa a atribuição do nome Avenida Gago Coutinho – Sacadura Cabral à Avenida do Aeroporto mas, seguindo as regras usuais da toponímia lisboeta tal não foi possível, uma vez que o almirante ainda estava vivo e Sacadura Cabral já era topónimo de uma artéria da capital desde a publicação do Edital de 14 de setembro de 1926. No dia seguinte ao falecimento de Gago Coutinho, o Vereador Dr. Baêta Henriques sugeriu em reunião de Câmara a atribuição do seu nome à Avenida do Aeroporto, o que após vários trâmites se concretizou pelo Edital municipal de 2 de janeiro de 1960.

Como topónimo, havia sido antes a Avenida do Aeroporto, atribuída por Edital municipal de 17 de fevereiro de 1947 à via pública no prolongamento da Avenida Almirante Reis que começava na Praça do Areeiro e findava junto do edifício do Aeroporto da Quinta da Portela de Sacavém, traçado por Francisco Keil do Amaral.  No final  do ano de 1988, justamente o seu troço final, o troço da Avenida Almirante Gago Coutinho compreendido entre a Praça do Aeroporto (vulgarmente conhecida como Rotunda do Relógio) e o Edifício-Gare do Aeroporto de Lisboa, passou a denominar-se Alameda das Comunidades Portuguesas pelo Edital municipal de 9 de dezembro de 1988.

Já no nossos séc. XXI, pelo Edital de 6 de maio de 2015, Gago Coutinho passou a ser mais um topónimo duplicado em Lisboa  por herança da Expo 98 – à semelhança de Fernando Pessoa -, através da Praça Gago Coutinho ao Parque das Nações. Também o Aeroporto de Lisboa, inicialmente construído na periferia da cidade, na época em que Lisboa terminava no Areeiro, se encontra hoje envolvido pelo espaço urbano e desde 15 de maio de 2016 que se denomina Aeroporto Humberto Delgado, o General Sem Medo, opositor de Salazar, que em campanha eleitoral para a Presidência da República disse em conferência de imprensa sobre o seu opositor «Obviamente, demito-o».

(Foto: Flama, 3 de maio de 1974)

© CML | DPC | NT e GEO | 2019

A Avenida do Aeroporto que passou a Avenida Almirante Gago Coutinho

A Avenida do Aeroporto nos anos 50 do séc. XX
(Foto: Mário de Oliveira, Arquivo Municipal de Lisboa)

Ainda hoje se chama Avenida do Aeroporto à Avenida Almirante Gago Coutinho – em homenagem ao aviador entretanto falecido – mas quando se começou a pensar num aeroporto para Lisboa a artéria era conhecida como prolongamento da Avenida Almirante Reis e depois dele implantado, passou a denominar-se Avenida do Aeroporto para, volvidos 13 anos, ser designada como Avenida Almirante Gago Coutinho, topónimo que 23 anos mais tarde o escritor Mário de Carvalho colocou no título de uma obra sua – A inaudita guerra da Avenida Gago Coutinho e outras histórias (1983) – mesmo que meia dúzia de anos depois, em dezembro de 1989, a Avenida tenha sido encurtada para ceder uma parte à nova Alameda das Comunidades.

Na década de vinte do século Vinte começou a falar-se da necessidade de um aeródromo para Lisboa e a sua construção foi mesmo decidida em março de 1928, para a Portela de Sacavém, considerada a localização «ideal, dada a ausência de aglomerados urbanos circundantes e, simultaneamente, a proximidade do centro da cidade (5km) e do porto fluvial». Todavia,  só na década de trinta se começou a construir  o Aeroporto e só na década seguinte abriu ao tráfego, em 15 de outubro de 1942.

Cinco anos depois do Aeroporto estar em funcionamento, ponderando a edilidade atribuir o nome de Avenida do Aeroporto à primitiva Avenida Alferes Malheiro, a Comissão Municipal de Toponímia foi de parecer na sua reunião de 3 de fevereiro de 1947  que o topónimo fosse antes dado ao prolongamento da Avenida Almirante Reis, entre a Praça do Areeiro e o Aeroporto da Portela, o que se veio a concretizar pelo Edital municipal de 17/02/1947.

Nove anos depois, em 1956 o Aero-Club de Portugal sugeriu à Câmara atribuição do nome «Avenida Gago Coutinho – Sacadura Cabral» à Avenida do Aeroporto. Porém, a Comissão Municipal de Toponímia discordou porque « deverá seguir-se a orientação até agora adoptada de só se consagrarem na toponímia da cidade nomes de individualidades que tenham falecido há alguns anos, lembrando, entretanto, que o nome de Sacadura já se encontra atribuído a uma avenida da capital.»

Passados três anos,  em 18 de fevereiro de 1959 faleceu Gago Coutinho, e no dia seguinte o vereador Dr. Baêta Henriques interveio na reunião de Câmara para que  o nome de Gago Coutinho fosse dado à Avenida do Aeroporto e apesar da Comissão de Toponímia contrapor que  fosse «atribuído a uma praça ou avenida de maior projecção do que a Avenida do Aeroporto e, possivelmente, junto ao Tejo, na freguesia da Ajuda ou Alcântara, onde aquele ilustre homem de ciência nasceu e viveu a maior parte da sua vida e partiu para a grande viagem que lhe deu renome Universal» o Edital municipal de 2 de janeiro de 1960 mudou o topónimo Avenida do Aeroporto para Avenida Almirante Gago Coutinho, com a legenda «Sábio e Herói da Navegação Aérea». Finalmente, mesmo no final do ano de 1989 a Avenida Almirante Gago Coutinho ficou com menor dimensão, já que o troço desta Avenida compreendido entre a Praça do Aeroporto e o Edifício do Aeroporto de Lisboa passou a denominar-se Alameda das Comunidades Portuguesas, pelo Edital municipal de 9 de dezembro de 1989.

Gago Coutinho por Amarelhe, no Sempre Fixe de 27 de maio de 1926

Carlos Alberto Viegas Gago Coutinho (São Brás de Alportel ou Lisboa/17.02.1869-18.02.1959/Lisboa), registado na lisboeta freguesia de Belém como tendo nascido a 17 de fevereiro de 1869 e que durante largo tempo viveu na Madragoa, na Rua da Esperança, foi um almirante da Marinha Portuguesa, geográfo e cartógrafo que fez também incursões na História Náutica a partir de 1925,  que se notabilizou como pioneiro da aviação, sobretudo por ter realizado com Sacadura Cabral a 1ª travessia aérea do Atlântico Sul, entre Lisboa e o Rio de Janeiro, de 30 de março a 17 de junho de 1922, no hidroavião Lusitânia.

A partir de 1917, incentivado por Sacadura Cabral que entretanto conhecera em Moçambique, tentou adaptar à aeronavegação os processos e instrumentos da navegação marítima, tendo criado em 1919 o famoso sextante de bolha artificial que ostenta o seu nome,  comercializado pela empresa alemã Plath. E foi para testar essas ferramentas de navegação aérea que Sacadura Cabral e Gago Coutinho realizaram em 1921 a travessia aérea Lisboa-Funchal.

Membro do Grande Oriente Lusitano da Maçonaria Portuguesa, Doutor Honoris Causa pela Universidade de Lisboa e pela Faculdade de Engenharia do Porto, bem como Medalha de Ouro da Sociedade de Geografia de Lisboa, Gago Coutinho foi também agraciado com a Ordem Militar de Avis (1919, 1920 e 1926), a Ordem Militar da Torre e Espada (1922), a Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (1922), a Ordem do Império Colonial (1943), a Ordem Militar de Cristo (1947), para além de ser topónimo em inúmeras localidades portuguesas e brasileiras, de que mencionamos como exemplo Avenidas em Montemor-o-Novo e na brasileira de São Paulo; Largos em Carnaxide, Loulé, Sesimbra, Sines, Vila Viçosa; Praças no Barreiro, Mação, Moura, Sacavém e em Salvador da Bahia ou Santos; Ruas em Albufeira, Caldas da Rainha, Casal de Cambra, Coimbra, Faro, Lagos, Maia, Matosinhos, Montijo, Olhão, Pinhal Novo,  Quarteira, São Brás de Alportel, Setúbal, Vendas Novas, ou no Brasil em Campinas, Cuiabá, Curitiba, Londrina, Recife, Rio de Janeiro, São José do Rio Preto, São Paulo ou Uberlândia, para além de uma Rua na moçambicana Maputo e outra em Las Palmas, nas Ilhas Canárias; assim como Travessas na Covilhã,  Ermesinde, Marco de Canavezes, Nisa, Quinta do Conde, Trofa ou Valongo.

A Avenida Almirante Gago Coutinho nos dias de hoje – Freguesias do Areeiro e de Alvalade

A Rua do norueguês que primeiro chegou ao Polo Sul, Roald Amundsen

Freguesia do Parque das Nações
(Foto: Sérgio Dias | NT do DPC )

O norueguês Roald Amundsen, foi o primeiro a chegar ao Polo Sul, em 1911 e este explorador dos Polos está consagrado numa Rua do Parque das Nações, desde a realização da Expo 98, oficializada pela Câmara Municipal de Lisboa através do Edital de  06/05/2015.

A Rua Roald Amundsen é uma herança toponímica da Expo 98, subordinada  ao tema Os oceanos: um património para o futuro, tendo nomeado os arruamentos do evento com topónimos ligados aos oceanos, a navegadores e aos Descobrimentos Portugueses, aos aventureiros marítimos da literatura e banda desenhada mundial, a figuras de relevo para Portugal, a escritores portugueses ou títulos de obras suas e ainda juntou alguns ligados à botânica. Após a reconversão da zona em Parque das Nações foram oficializados 102 topónimos  pelo Edital municipal de 16/09/2009, e mais tarde, pelo Edital municipal de 06/05/2015, foram oficializados mais 60 topónimos do Parque das Nações Norte, onde se inclui esta Rua Roald Amundsen, que se inicia na Rua da Cotovia e vai até ao limite do concelho de Lisboa.

Roald Amundsen em 1906, numa fotografia de estúdio

Roald Engelbregt Gravning Amundsen ( Noruega – Borge/16.07.1872 – 18.06.1928/Ártico) distinguiu-se como explorador das regiões polares, tendo liderado a primeira expedição a atingir o Polo Sul, em 14 de dezembro de 1911, utilizando trenós puxados por cães.

Depois, esteve em digressão pelos Estados Unidos da América a realizar conferências, país a que regressou em 1914, para obter um certificado de voo, sendo o primeiro civil norueguês a consegui-lo. Em 1918, partiu para o Ártico no veleiro Maud embora não tenha conseguido alcançar o Polo Norte depois de dois anos à deriva. Sete anos depois, em 1925, organizou a primeira expedição aérea ao Ártico, chegando então à latitude de 87º 44′ N. No ano seguinte de 1926 conseguiu sobrevoar o Polo Norte no dirigível Norge, com o italiano Umberto Nobile e o norte-americano Lincoln Ellsworth, sendo os primeiros a fazê-lo e ficando Amundsen como a primeira pessoa a chegar a ambos os Polos.

Amundsen nasceu numa família de proprietários de navio e capitães. Aos 16 anos já estudava as regiões polares, tendo como referência a travessia da Groenlândia por Fridtjof Nansen e embora tivesse  frequentado o curso de Medicina optou por  seguir uma vida ligada ao mar e a exploração. Em 1897, com 25 anos, como primeiro oficial, fez parte da tripulação do Belgica  na Expedição Antártica Belga de Adrien de Gerlache. Em 1903, também embarcou no Gjøa, na expedição que iria atravessar a passagem Noroeste que liga os oceanos Atlântico ao Pacífico, na região norte do Canadá. Em junho de 1928, Roald Amundsen embarcou num hidroavião, em Tromso, perto do cabo Norte, para efectuar as buscas do dirigível Itália que levava o aviador Umberto Nobile e foi a última vez que se teve notícias deste explorador.

Freguesia do Parque das Nações
(Planta: Sérgio Dias | NT do DPC )

 

A Rua do inventor da Passarola Voadora, Bartolomeu de Gusmão

Freguesia de Santa Maria Maior (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia de Santa Maria Maior
(Foto: Sérgio Dias)

A Rua de São Bartolomeu passou pelo Edital municipal de 13 de dezembro de 1911 a denominar-se Rua Bartolomeu de Gusmão, com a legenda «Inventor dos Aeróstatos/1675 – 1724», em homenagem ao criador  da Passarola Voadora, embora mais de 40 anos depois a legenda tenha passado a «Precursor da Aeronáutica/1685 – 1724» de acordo com o parecer da Comissão Municipal de Toponímia de 24 de julho de 1958.

Este arruamento da antiga Freguesia de Santiago (hoje, Santa Maria Maior), com início na Rua do Milagre de Santo António e fim na Rua do Chão da Feira,  que segundo Norberto de Araújo corresponde «sensivelmente à setecentista Rua Direita das Portas de Alfofa», veio com a vereação republicana a perpetuar Bartolomeu Lourenço de Gusmão (Brasil- Santos/1685 – 18.11.1724/Toledo -Espanha), filho do português Francisco Lourenço Rodrigues e da brasileira Maria Álvares, que  aos 24 anos inventou um aeróstato – um balão de ar aquecido capaz de voar – e mostrou as suas experiências  a D. João V e à sua corte, em 1709. Por tal feito foi cognominado pelos seus contemporâneos como Padre Voador e o seu invento ficou conhecido como Passarola Voadora. Durante a segunda metade do século XVIII difundiu-se a ideia de que o próprio Bartolomeu de Gusmão teria voado entre o Castelo de São Jorge e o Terreiro do Paço, num aeróstato por ele construído, mas que só se pode entender como uma lenda enquanto não se encontrarem documentos que registem esse acontecimento.

bartolomeu_gusmao_selo-brasileiro-para-serv_aereoEste padre jesuíta estudou no Seminário de Belém, na Baía, com especial empenho em Matemática e Ciências Físicas e aí foi ordenado. Logo aos 15 anos, para resolver o problema de falta de água do Seminário concretizou o seu primeiro invento: uma máquina de elevar água até ao cume do monte onde se encontrava instalada a instituição. Também aí teve importância o reitor do Seminário e seu preceptor, Alexandre de Gusmão,  que aliás era um dos seus 11 irmãos e que se tornou um importante diplomata de D. João V, fazendo com que Bartolomeu em 1718 escolhesse «de Gusmão» como apelido  e o acrescentasse ao seu nome original.

O padre Bartolomeu viveu em Lisboa, de 1701 a 1705, alojado na casa do 3º Marquês de Fontes e regressou em 1708 para ficar até 1724, com algumas interrupções. Houve um interregno entre 1713 e 1715 quando residiu na Holanda, e talvez também em Inglaterra e França. Em 1710 inventou «vários modos de esgotar sem gente as naus que fazem água»; em 1721 foi a vez do «carvão de lama»  e em 1724, da «máquina para aumentar o rendimento dos moinhos hidráulicos». Para desenvolver este trabalho arrendou umas casas em Santa Apolónia, que eram do senhor de Pancas, onde construiu um moinho de vento e fazia observações astronómicas. Sabe-se também que vivia no Vale de Santo António, perto da Bica do Sapato.

Em 1720, Bartolomeu de Gusmão tornou-se bacharel, licenciado e doutor em Cânones pela Universidade de Coimbra e foi nomeado académico da Academia Real de História, também com a incumbência de redigir a História Eclesiástica do Bispado do Porto. O rei D. João V colocou-o em Lisboa, na Secretaria de Estado, para decifrar mensagens interceptadas aos diplomatas estrangeiros, tanto mais que como poliglota que era, também executou traduções de francês, italiano, flamengo, inglês, grego, latim e hebraico. Em 1722, foi nomeado fidalgo-capelão da casa real.

No entanto, em setembro de 1724 fugiu de Portugal,  por ter sido acusado de bruxaria e judaísmo, fruto da denúncia do padre Luiz Gonzaga à Inquisição. Na viagem de fuga adoeceu e foi internado no Hospital da Misericórdia de Toledo, onde acabou por falecer, com 38 anos de idade, mas ao longo dos séculos seguintes foi recebendo inúmeras homenagens.

Em 1912, houve uma cerimónia de colocação de uma lápide, na esplanada do Castelo de São Jorge, a comemorar a primeira elevação do Aeróstato do Padre Bartolomeu de Gusmão, promovida pelo Aero Club de Portugal, onde estiveram presentes o Tenente Coronel Hermano de Oliveira e o Dr. Veloso Rebelo, encarregado dos negócios do Brasil. Setenta anos depois, o  Memorial do Convento (1982) de José Saramago, colocou Bartolomeu de Gusmão como uma das personagens centrais do romance. E sete anos mais tarde, em 25 de outubro de 1989, foi inaugurada na Alameda das Comunidades Portuguesas, via de acesso ao Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, uma estátua de pedra sua, da autoria do escultor Mestre Martins Correia, executada no início da década de setenta, quando já dava o seu nome a um Aeroporto da Força Aérea Brasileira. Na década de noventa do séc. XX, a Escola Básica do 2º ciclo sita na Rua da Bela Vista à Lapa nº 43 deixou de ser a Escola Paula Vicente para ter como Patrono Bartolomeu de Gusmão.

Para além disto, Bartolomeu de Gusmão teve honras de retrato em selos de Portugal, Brasil, Paraguai e Vaticano, assim como o seu nome passou a topónimo em inúmeras artérias portuguesas como em Chaves, Damaia, Fernão Ferro, Murtosa, Oeiras, Ovar, Parede, Rio de Mouro e Tires, assim como no Brasil, em Anápolis, Aparecida, Baía, Belo Horizonte, Foz do Iguaçu, Mangueira, Minas Gerais, Pernambuco, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Salvador, Santa Catarina, Santos e São Paulo, entre outras.

Freguesia de Santa Maria Maior (Planta: Sérgio Dias)

Freguesia de Santa Maria Maior
(Planta: Sérgio Dias)

 

 

A Rua do irmão de Florbela, o Tenente Espanca, no Bairro de Londres

A capa de O Domingo Ilustrado de 12 de junho de 1927

A 1ª página de O Domingo Ilustrado de 12 de junho de 1927

A Rua Tenente Espanca  no Bairro de Londres homenageia o irmão da poetisa Florbela Espanca, Apeles Espanca, que foi consagrado nas placas toponímicas de Lisboa no próprio ano da sua trágica morte a pilotar um avião que se despenhou no Tejo, afundando-se.

Apeles Espanca faleceu no dia 6 de junho de 1927 e 24 dias após a sua morte, em 30 de junho de 1927 a edilidade lisboeta deliberou atribuir o seu nome à Rua C do Bairro de Londres e assim foi fixado pelo Edital municipal de 7 de julho de 1927. A artéria escolhida atravessa a Avenida Santos Dumont, um pioneiro da aviação de nacionalidade brasileira que foi perpetuado em Lisboa ainda em vida, pelo Edital de 2 de abril de 1923. A artéria paralela à Rua Tenente Espanca, a Rua B do Bairro de Londres, veio a consagrar o 1º aviador civil português, 17 anos após a morte deste por despenhamento no Tejo, como  Rua Dom Luís de Noronha, pelo Edital de 1 de dezembro de 1930.

Freguesia das Avenidas Novas (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia das Avenidas Novas
(Foto: Sérgio Dias)

Apeles Demóstenes da Rocha Espanca (Vila Viçosa/10.03.1897 – 06.06.1927/Lisboa) frequentou o Liceu Nacional André Gouveia em Évora, onde no 1º centenário da Escola, em 1941, expuseram a sua pintura modernista. Fez os preparatórios para a Escola Naval em Coimbra e terminou o Curso da Escola Naval sendo então graduado Aspirante de Marinha em 19 de agosto de 1917. Alcançou o posto de 1º Tenente em 1926, ano em que navegou entre Portugal e o Brasil, bem como para o então Congo Belga (hoje, República Democrática do Congo). Em 1927 passou a frequentar o 2º curso de pilotagem do Centro de Aviação Naval de Lisboa com os Tenentes Aires de Sousa, Armando de Roboredo, Cardoso de Oliveira, Ferreira da Silva, Namorado Júnior e Paulo Viana.

Apeles Espanca foi também um pintor modernista, de óleos e aguarelas, cuja obra chegou a ser em parte publicada na revista Ilustração Portuguesa.

Morreu aos 30 anos, em 1927, quando  num num voo de treino para tirar o brevet de piloto-aviador, a bordo do hidroavião Hanriot 33, se despenhou no rio Tejo, afundando-se entre Porto Brandão e a Trafaria e sem nunca ter sido encontrado o seu corpo.

Florbela Espanca (também consagrada numa artéria lisboeta pelo Edital 19/07/1948) dedicou-lhe o livro Máscaras do Destino, que abre com o conto «O Aviador», escrito em fins de 1927 e publicado postumamente em 1931, bem como o soneto «In Memorian» , inserido em Charneca em Flor, também publicado em 1931:

In memoriam

Ao meu morto querido

Na cidade de Assis, “Il Poverello”
Santo, três vezes santo, andou pregando
Que o sol, a terra, a flor, o rocio brando,
Da pobreza o tristíssimo flagelo,

Tudo quanto há de vil, quanto há de belo,
Tudo era nosso irmão! — E assim sonhando,
Pelas estradas da Umbria foi forjando
Da cadeia do amor o maior elo!

“Olha o nosso irmão Sol, nossa irmã Água…”
Ah, Poverello! Em mim, essa lição
Perdeu-se como vela em mar de mágoa

Batida por furiosos vendavais!
Eu fui na vida a irmã dum só Irmão,
E já não sou a irmã de ninguém mais!

 

Freguesia das Avenidas Novas (Planta: Sérgio Dias)

Freguesia das Avenidas Novas
(Planta: Sérgio Dias)

A Rua do remador e aviador Dom Luís de Noronha

Freguesia das Avenidas Novas (Foto: Sérgio Dias)

Freguesia das Avenidas Novas
(Foto: Sérgio Dias)

Dezassete anos após o seu falecimento, o aviador e remador Luís de Noronha deu nome à Rua B do Bairro de Londres, pelo Edital municipal de 1 de dezembro de 1930, junto à Rua Tenente Espanca (colocado na antiga Rua C) e Avenida Santos Dumont (na Rua A).

Rua Dom Luis Maria de Noronha, o primeiro piloto aviador civil português, tinha o brevet nº 1187 do Aero Club de França 1913

De seu nome completo Luís Maria de Noronha (Lisboa/17.03.1888 – 24.07.1913/Lisboa) foi o primeiro piloto aviador civil português, já que detinha o brevet nº 1187 do Aero Club de França  desde 1913, o mesmo ano em que faleceu após se despenhar no Tejo no dia 11 de junho, quando realizava um voo de treino para participar num concurso por ocasião das Festas da Cidade de Lisboa. Sócio do Aero Clube de Portugal e um dos grandes incentivadores da aviação nacional, promoveu a constituição de escolas de aeronáutica. Fez alguns pequenos voos de ensaio no Seixal, utilizando o monoplano Voisin, oferecido ao governo por subscrição pública dos leitores do jornal O Século.

Enquanto desportista Luís de Noronha foi também remador do Clube Naval de Lisboa, tendo vencido diversas regatas. 

O Aero Club De Portugal, fundado em 1909, instituiu desde 1955 a Taça Luís de Noronha para o piloto de avião que tivesse totalizado o maior número de quilómetros.

Freguesia das Avenidas Novas (Planta: Sérgio Dias)

Freguesia das Avenidas Novas
(Planta: Sérgio Dias)

A Praça do Aeroporto

(Foto: João Brito Geraldes , 1967, Arquivo Municipal de Lisboa)

(Foto: João Brito Geraldes , 1967, Arquivo Municipal de Lisboa)

Como daqui a 2 dias, no próximo dia 7 de dezembro, se comemora o Dia Internacional da Aviação Civil, registamos a lisboeta Praça do Aeroporto,  topónimo fixado cinco anos após a abertura do Aeroporto de Lisboa, pelo Edital municipal de 17/02/1947, conhecida popularmente como Rotunda do Relógio.

Na década de vinte do século passado começou a notar-se a falta de um aeródromo em Lisboa e foi mesmo decidido a sua construção em março de 1928, na Portela de Sacavém, considerada a localização «ideal, dada a ausência de aglomerados urbanos circundantes e, simultaneamente, a proximidade do centro da cidade (5km) e do porto fluvial». Contudo, a construção só se iniciou na década de trinta e o Aeroporto foi aberto ao tráfego em 15 de outubro de 1942.

Na sua reunião de 3/02/1947 a Comissão Municipal de Toponímia foi de parecer de se manter o topónimo Praça do Areeiro, já em uso, e de que ao prolongamento da Avenida Almirante Reis, entre a Praça do Areeiro e o Aeroporto da Portela, fosse atribuído o topónimo Avenida do Aeroporto, bem como que à praça existente no local em que se encontravam a Avenida Alferes Malheiro, a avenida para a qual se propunha o nome de Avenida do Aeroporto, a Estrada de Sacavém e outros arruamentos, fosse atribuído o topónimo Praça do Aeroporto. E assim aconteceu pelo Edital de 17/02/1947.

Edital de 00.00.1947

Edital de 17.02.1947

Freguesias de Alvalade e dos Olivais

Freguesias de Alvalade e dos Olivais

Capitão Ramires, o Aviador morto na I Guerra

(Foto: Arnaldo Madureira, s/d, Arquivo Municipal de Lisboa)

(Foto: Arnaldo Madureira, s/d, Arquivo Municipal de Lisboa)

A alfacinha Rua Capitão Ramires, que liga a Avenida Óscar Monteiro Torres à Avenida Sacadura Cabral, na Freguesia do Areeiro, homenageia o capitão de cavalaria José Joaquim Ramires que se tornou também um dos primeiros aviadores portugueses em 1917.

O Capitão Ramires foi um dos 13 primeiros pilotos militares da escola de aviação militar portuguesa, que receberam o seu diploma no dia 10 de maio de 1917, numa sessão realizada na Sociedade de Geografia de Lisboa. Os outros aviadores foram António Cunha e Almeida, Aurélio Castro e Silva, Azeredo Vasconcelos, Duvale Portugal, João Luís de Moura, Luís Cunha e Almeida, Miguel Paiva Simões, Olímpio Ferreira Chaves, Pereira Gomes J., Rosário Gonçalves, Sarmento Beires e Sousa Gorgulho.

Em 1914 foi oficialmente constituída em Portugal  a comissão formadora da Aviação Militar, saída do Aero Clube de Portugal, gerando a Escola de Aviação Militar (Exército) e de Aviação Naval (Marinha). As provas finais foram realizadas em Estremoz, como noticiou o Diário de Notícias de 30 de março de 1917: «Ontem, pelas 7 horas, saíram daqui nos mesmos aparelhos os srs. capitão Ramiro e alferes Paiva Gomes, depois de terem feito umas voltas sobre a vila, tendo-se elevado o aparelho do sr. capitão Ramiro à altura de 1:100 metros».

Em 1917, o General Gomes da Costa, comandante do Corpo Expedicionário Português, conseguiu integrar 31 pilotos e 31 mecânicos portugueses no Groupe de Divisions D’Entrainement de Plessis-Belleville.  Quando depois, por determinação do Ministro da Guerra de Sidónio Pais, o General Freitas Soares ordenou o regresso de todo o pessoal da aviação a Portugal, houve 13 pilotos portugueses que não obedeceram a essa ordem e mantiveram-se integrados nas esquadrilhas francesas a combater os alemães, como aconteceu com o Capitão José Joaquim Ramires, na Esquadrilha N-158 com base em Laon, com o avião BR 14-A2 atribuído.

A Rua Capitão Ramires foi dada à Rua C do Bairro Neves Piedade, por deliberação camarária de 02/07/1931, com a legenda «Ilustre Piloto Aviador Morto Durante a Grande Guerra».  Cerca de nove anos depois, foi retirado da legenda a parte «Morto Durante a Grande Guerra», por despacho do Presidente da CML de 27/02/1940.

Refira-se ainda que a escritura de municipalização da Avenida Óscar Monteiro Torres e das ruas Capitão Ramires, David Sousa e Augusto Gil apenas se concretizou em 21 de dezembro de 1932 e, a empreitada da pavimentação dessas ruas foi adjudicada cerca de três anos mais tarde, em 21 de janeiro de 1935. O Bairro Neves Piedade também passou a ser conhecido como Bairro da Bélgica, após a aquisição do Casal do Ramires a Francisco Neves Piedade, bem como da Quinta do Brasileiro a Joaquim Ferreira da Cunha, pela Empresa dos Bairros Urbanos.

(Foto: Arnaldo Madureira, s/d, Arquivo Municipal de Lisboa)

(Rua Capitão Ramires na Freguesia do Areeiro, Foto: Arnaldo Madureira, s/d, Arquivo Municipal de Lisboa)

 

 

A Avenida do 1º piloto da aviação portuguesa na I Guerra Mundial

Freguesia do Areeiro

Freguesia do Areeiro                                                                                  (Foto: Sérgio Dias)

Óscar Monteiro Torres, o 1º aviador português brevetado e herói da I Guerra Mundial, nasceu como topónimo por deliberação camarária de 02/06/1925 na Rua Oriental do Campo Grande enquanto a Rua Ocidental do Campo Grande, também em Avenida, estava Sacadura Cabral por força do Edital municipal de 07/05/1925.

Contudo no ano seguinte, pelo Edital de 14/09/1926, a Avenida Óscar Monteiro Torres passou a ser a «avenida paralela a esta [a Sacadura Cabral]» e ao sul, a qual já se acha iniciada, e que parte igualmente do lado nascente do Campo Pequeno, em direcção da Estrada das Amoreiras» e foi-lhe acrescentada a legenda «Aviador/1889 – 1917 ( Morto em Combate na Grande Guerra)», por despacho do Presidente da Câmara publicado no Diário Municipal  de 01/03/1940. O mesmo Edital de 1926, colocou numa artéria paralela – na «avenida que partindo do lado oriental do Campo Pequeno, junto da Fabrica de Cerveja Estrela vai em direcção nascente até á Estrada das Amoreiras»-, também em Avenida, outro aviador: Sacadura Cabral.

Óscar Monteiro Torres (Luanda/26.03.1889 – 20.11.1917/Laon – França) foi um capitão de cavalaria que se tornou um herói da aviação portuguesa na I Guerra Mundial. Após a revolta de 14 de maio de 1915, foi escolhido pelo então ministro da Guerra, Norton de Matos, para seu ajudante. Monteiro Torres ofereceu-se para a aviação portuguesa que o ministro da Guerra queria organizar e foi assim  para Inglaterra para obter o diploma de piloto na Escola de Aviação de Hendon, o que conseguiu com a mais alta classificação. Passados três meses rumou a França para a Escola de Aperfeiçoamento de Pau. Regressado a Portugal, Óscar Monteiro Torres organizou e colaborou na Escola de Aviação de Vila Nova da Rainha, conseguindo-se assim que uma divisão portuguesa ficasse pronta para apoiar os Aliados na Guerra. As primeiras tropas portuguesas partiram para França em janeiro e fevereiro de 1917. Contudo, já em território francês, Monteiro Torres não dispunha de aviões que os britânicos só entregariam  aos portugueses em dezembro desse ano e nessa espera, com autorização de Norton de Matos, ofereceu-se ao governo francês que acabou por o integrar na esquadrilha «Spad 65». No combate do dia 19 de novembro de 1917, nos céus de Laon, é ferido e acaba por falecer na madrugada do dia seguinte.

Edital de 14.09.1926

Edital de 14.09.1926