António José de Almeida era Chefe de Governo quando Portugal entrou na I Grande Guerra e Presidente da República no ano em que foi assinada a paz em Versailles sendo homenageado na toponímia alfacinha no mesmo ano em que faleceu, naquela que hoje conhecemos como Avenida Guerra Junqueiro, embora decorridos quatro anos tenha passado para o local onde hoje encontramos a Avenida de António José de Almeida.
Cerca de quinze dias após o falecimento de António José de Almeida decidiu a edilidade, pela deliberação camarária de 07/11/1929 e o edital de 12/11/1929 que a a Avenida 12 do Novo Bairro no seguimento da Avenida Almirante Reis (hoje, Avenida Guerra Junqueiro) se denominasse Avenida Dr. António José de Almeida. Mas em 1933, pela deliberação camarária de 13 e edital de 18 de julho passou a Avenida António José de Almeida a ser no prolongamento da Avenida Miguel Bombarda, entre a Avenida dos Defensores de Chaves e a Avenida de Manuel da Maia, onde ainda hoje a encontramos, sendo ao mesmo tempo Guerra Junqueiro colocado no arruamento que antes levava o nome do antigo Presidente da República. Acresce que conforme um parecer da Comissão de Toponímia na sua reunião de 13/04/1951, homologado pelo Vice-presidente da edilidade, foi acrescentada a partícula «de», sendo desde então Avenida de António José de Almeida.
António José de Almeida defendeu a participação de Portugal na Guerra logo em 1914, caso a Inglaterra o desejasse, posição sintetizada na frase «Vamos até onde for preciso, mas sendo preciso!». Foi Chefe do Governo da União Sagrada e Ministro das Colónias (1916-1917) e depois, como Presidente da República (1919-1923) – o único da I República a cumprir integralmente o seu mandato -, participou com o marechal Joffre na homenagem aos soldados mortos na Grande Guerra em 1921 e deu andamento à transladação dos restos mortais dos soldados portugueses mortos na Flandres.
António José de Almeida (Penacova – Vale da Vinha/27.07.1866 – 31.10.1929/Lisboa), formado em Medicina pela Universidade de Coimbra (1895) aderiu logo nessa época ao Partido Republicano e em 23 de março de 1890 publicou na folha académica Ultimatum o artigo «Bragança, o último», que lhe custou a pena de três meses de prisão. Exerceu medicina em Angola e depois, em São Tomé e Príncipe até 1903, após o que estagiou em Paris e regressou a Lisboa onde abriu o seu primeiro consultório, na Baixa, primeiro na Rua Áurea, que depois transferiu para Largo do Camões nº 6 – 1º (hoje, Praça Dom João da Câmara), onde ganhou fama de médico dos pobres.
Contudo, a sua carreira política foi a que mais importância ganhou na sua vida. Foi eleito deputado pelo círculo oriental de Lisboa (1906) e integrou a Maçonaria (1907) ainda antes da proclamação da República, tendo depois exercido as funções de Ministro do Interior do Governo Provisório (1910-1911), formado o Partido Republicano Evolucionista (24 de fevereiro de 1912), sido Chefe do Governo da chamada «União Sagrada» e Ministro das Colónias (1916-1917) e ainda Presidente da República (1919-1923), sendo de destacar o seu papel na reforma do ensino superior, sobretudo no estudo da medicina e na criação das Universidades de Lisboa e do Porto, bem como a sua visita ao Brasil em setembro de 1922 por ocasião do Centenário da sua independência de que Luís Derouet fez reportagem: Duas Pátrias – O que foi a visita do Sr. Dr. António José de Almeida ao Brasil.
António José de Almeida ainda colaborou em vários periódicos e fundou a revista Alma Nacional (1909) e o diário República (1911). Foi também ele que proferiu um discurso no funeral de Rafael Bordalo Pinheiro (1905), e postumamente, em 1934, foram coligidos os seus principais artigos e discursos e publicados em 3 volumes sob o título Quarenta anos de vida literária e política. Três anos mais tarde, em 31 de dezembro de 1937, foi inaugurada uma estátua a homenageá-lo, da autoria do escultor Leopoldo de Almeida e do arquiteto Pardal Monteiro, na Avenida com o seu nome.