Bernardino Machado que era Primeiro-Ministro quando eclodiu a I Guerra Mundial e Presidente da República quando Portugal entrou no conflito, e nessa qualidade visitou os militares em França em outubro de 1917, foi perpetuado numa Praça lisboeta 41 anos após a sua morte, através do Edital de 21/10/1985, com a legenda «Presidente da República/1851 – 1944», ficando na Praça J da Urbanização dos Terrenos da Tobis Portuguesa, também designada como Praça J à Rua Luís Pastor de Macedo.
A sua entrada na toponímia alfacinha passou por algumas peripécias. O jornal A Capital sugeriu que os nomes dos antigos Presidentes da República Portuguesa Bernardino Machado e João do Canto e Castro fossem consagrados na toponímia de Lisboa mas a Comissão Consultiva Municipal de Toponímia na sua reunião de 08/07/1970 « foi de parecer que deverá aguardar-se a existência de arruamentos condignos». Seis anos mais tarde, na reunião de 06/07/1976, a Comissão Consultiva Municipal de Toponímia sugeriu que a Avenida Sidónio Pais, no troço compreendido entre a Avenida Afonso Costa ( é a Alameda Cardeal Cerejeira desde o Edital de 14/04/1982) e a Rua Marquês de Fronteira, passasse a Avenida Bernardino Machado. No entanto, só 41 anos após a sua morte, por sugestão de um munícipe, Bernardino Machado foi mesmo consagrado por Edital na toponímia de Lisboa, na Praça do Lumiar onde o encontramos hoje.
Bernardino Luís Machado Guimarães (Rio de Janeiro/28.o3. 1851 – 28.04.1944/Porto) foi duas vezes eleito para Presidente da República. No primeiro período, para o quadriénio de 5 de outubro de 1915 a 1919, e no segundo, para o de dezembro de 1925 a 1929. Não chegou a cumprir nenhum deles até final, abortados que foram pelo movimento de Sidónio Pais de 8 de dezembro de 1917 que o expulsou do país e no segundo caso, pelo movimento militar do 28 de maio de 1926.
Bernardino Machado formado em Filosofia e Matemática pela Universidade de Coimbra (1875), com a tese «Teoria Mecânica da Refleção da Luz» e catedrático desde 1879, foi Lente de Matemática e par do Reino nomeado pelo corpo de catedráticos da Universidade de Coimbra até que ao juntar-se aos estudantes por ocasião da crise académica de 1907 foi obrigado a pedir a demissão do cargo de lente da Universidade. Integrou ainda o Conselho Superior de Instrução Pública (1892), presidiu ao Instituto de Coimbra (1894) e dirigiu o Instituto Comercial e Industrial de Lisboa. Casou em 1882 com Elzira Dantas, de quem teve 18 filhos.
Iniciou em 1882 as suas funções políticas como deputado por Lamego, eleito pelo Partido Regenerador. Depois foi deputado por Coimbra (1886), Ministro das Obras Públicas (1893) que elaborou legislação protetora do trabalho das mulheres e dos menores e procedeu à criação do primeiro Tribunal de Trabalho, grão-mestre da Maçonaria (entre 1895 e 1899) e presidente do Diretório do Partido Republicano entre 1906 e 1909. Proclamada a República, foi Ministro dos Negócios Estrangeiros (1910-1911; 1914), Embaixador no Brasil (1912-1914), ministro do Interior e presidente do Ministério (em 1914 e em 1921). Após o 28 de maio de 1926 ficou em Portugal até às derrotas das revoltas de 3 e 7 de fevereiro de 1927 e foi novamente expulso do País, tendo-se exilado na Galiza e depois, em França. Foi autorizado a regressar em junho de 1940, quando as forças nazis invadiram França mas como estava proibido de residir em Lisboa, fixou residência no Alto Douro onde veio a falecer.
Finalmente, refiram-se algumas das suas obras: A Introdução à Pedagogia (1892), O Ministério das Obras Públicas (1893), A Indústria (1898), O Ensino (1898), O Ensino Primário e Secundário (1899), O Ensino Profissional (1900), A Agricultura (1900), Pela Liberdade (1900), Da Monarquia para a República (1903), Os Meios de Comunicação e o Comércio (1903), Conferências Políticas (1904), Pela República (1908), No Exílio (1920), A Irresponsabilidade Governativa e as Duas Reacções Monárquica e Republicana (1924).
Pingback: Tobis, a fábrica do cinema português numa Rua do Lumiar | Toponímia de Lisboa
Pingback: A Rua Aquilino Ribeiro | Toponímia de Lisboa
Pingback: A Rua Câmara Reis da Seara Nova e professor de Línguas | Toponímia de Lisboa
Pingback: Professores na Toponímia de Lisboa | Toponímia de Lisboa
Pingback: Pena de Morte e Direitos Humanos na Toponímia de Lisboa | Toponímia de Lisboa
Pingback: Os novos 26 topónimos dados de 25 de Abril de 1974 até às eleições autárquicas de 1976 | Toponímia de Lisboa
Pingback: A Avenida Sidónio Pais que esteve para ser trocada por outra figura republicana | Toponímia de Lisboa
Pingback: A Rua Cândido de Figueiredo do Novo Dicionário da Língua Portuguesa | Toponímia de Lisboa
Pingback: A Rua de Casimiro Freire, o mecenas das Escolas Móveis João de Deus, no Bairro dos Aliados | Toponímia de Lisboa
Pingback: A Rua do Presidente da CML, Portugal Durão, no Bairro da Bélgica | Toponímia de Lisboa
Pingback: A Avenida Afonso Costa do Parque Eduardo VII para o Areeiro | Toponímia de Lisboa