Academia das Ciências, Rua

A Academia das Ciências de Lisboa em finais do séc. XIX ou inícios do séc. XX (Foto: © CML | DPC | Arquivo Municipal de Lisboa)

O topónimo Rua da Academia das Ciências foi atribuído pela Câmara Municipal de Lisboa, por Edital de 17/10/1924, à antiga Rua do Arco a Jesus, para homenagear a instituição fundada com a aprovação dos seus estatutos pela rainha D. Maria I em 24/12/1779, e desde 1834 sediada nesta artéria, ocupando o edifício do Convento de Jesus da Ordem Terceira de São Francisco, que havia sido cedido à Academia por decreto de 27 de outubro desse ano. Sublinhe-se que se manteve na proximidade o topónimo Travessa do Arco a Jesus.

A instituição científica foi inicialmente denominada Academia Real das Ciências de Lisboa e surgiu por iniciativa do 2.º Duque de Lafões, D. João Carlos de Bragança e Sousa Tavares Mascarenhas da Silva e Ligne, com o apoio do Abade Correia da Serra e o Prof. Domingos Vandelli, ambos opositores da política do Marquês de Pombal. Teve a sua primeira sede no Paço das Necessidades e depois, num palácio do Poço Novo, no Palácio do Monteiro-Mor na Calçada do Combro, noutro edifício do Largo do Calhariz, no Colégio dos Monges Beneditinos na Praça da Estrela (1823- 1832) e no Palácio do Conde de Lumiares no Passeio Público.

Refira-se ainda que a toponímia de Lisboa integra também alguns dos Presidentes da Academia de Ciências de Lisboa, a saber, o 2º Duque de Lafões (Calçada do Duque de Lafões), D. Pedro V (Rua), D. Luís I (Praça e Rua), D. Carlos I (Avenida e Esplanada), Lopes de Mendonça (Rua), Braamcamp Freire (Rua), Cândido de Figueiredo (Rua), Dr. Júlio Dantas (Rua), José Maria Rodrigues (Rua), Professor Egas Moniz (Avenida), Aquiles Machado (Rua), Azevedo Neves (Rua), Professor Reinaldo dos Santos (Rua), Prof. Moisés Amzalak (Rua), Prof. Almeida Lima (Rua), Prof. Prado Coelho (Rua) e Professor Pinto Peixoto (Rua).

Ativa desde 1780, ano da realização da sua primeira sessão, com a implantação da República em 1910, passou novamente a denominar-se Academia das Ciências de Lisboa, designação que ainda mantém, deixando cair o título de “Real” conferido em 1783 ao ser reconhecida de “utilidade pública” e passando a ter proteção régia e outros privilégios associados a este novo estatuto. Desde o seu início que esta instituição, formada à semelhança de outras congéneres europeias e, por isso, também por influência do pensamento iluminista, adotou como lema uma citação de Fedro: “Se não for útil o que fizermos a glória será vã”.

Assim, a Academia, estimulando o contacto direto entre os cientistas, pretendia contribuir para aprofundar, desenvolver e divulgar o conhecimento nas áreas das Ciências, Humanidades, Tecnologia e Economia contribuindo deste modo para o desenvolvimento cultural e económico do país com particular incidência no domínio da educação. Organizando-se em três Classes (Ciências de Observação, Ciências de Cálculo e Belas Letras), promoveu congressos, colóquios, eventos com o envolvimento da comunidade científica internacional, criou prémios e editou obras de carácter científico e outras, como a Portugaliae Monumenta Historica, uma coletânea de textos da história de Portugal, publicadas entre 1856 e 1917, sendo os três primeiros volumes dirigidos por Alexandre Herculano, sócio efetivo da Academia desde 1852.

Superando os constrangimentos ao desenvolvimento dos seus projetos de investigação, divulgação e ensino, nomeadamente devido à indefinição das suas instalações e à conjuntura económica e política do país (invasões francesas, 1807-1811; implantação da República), a Academia de Ciências de Lisboa, manteve a sua atividade a partir de 1852 em torno de duas Classes – Ciências e Letras – em torno das quais continua atualmente a desenvolver o seu profícuo trabalho nos domínios científico e das letras.

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O jornal República e a Rua da Misericórdia

(Foto: Ana Haterly, Arquivo Municipal de Lisboa)

No dia 25 de abril de 1974, o jornal «República», sito na Rua da Misericórdia nº 116,  saiu impresso para as ruas com o rodapé «Este jornal não foi visado por qualquer Comissão de Censura».

Em meados de abril de 1974,  o jornalista Álvaro Guerra – que era elemento de ligação entre alguns oficiais do MFA e meios civis da oposição-  conseguiu a colaboração do núcleo do jornal República, contando com o diretor, Raul Rego, bem como os jornalistas Álvaro Belo Marques, Carlos Albino, Fernando Assis Pacheco, José Jorge Letria e Vítor Direito. Por isso, às 14 horas no dia 24 de abril, a edição do vespertino República inseria uma curta notícia, intitulada «Limite», onde se podia ler «O programa Limite que se transmite em Rádio Renascença diariamente entre a meia-noite e as 2 horas, melhorou notoriamente nas últimas semanas. A qualidade dos apontamentos transmitidos e o rigor da selecção musical, fazem de «Limite» um tempo radiofónico de audição obrigatória.», aludindo ao programa onde à meia-noite e vinte do dia 25 de abril iria passar a 2ª senha do Movimento: Grândola, Vila Morena, de José Afonso.

Raul Rego recusou de viva voz enviar provas ao Exame Prévio da Comissão de Censura e no dia 25 de abril o República saiu à rua com uma tarja em rodapé de primeira página anunciando que «Este jornal não foi visado por qualquer Comissão de Censura».  Também a 1ª página exibia a manchete «As Forças Armadas tomaram o poder» quando só horas mais tarde a rendição ocorreria no Quartel do Largo do Carmo.

Já cerca das 13:45, na Rua da Misericórdia, Largo Trindade Coelho e Praça de Luís de Camões, os capitães Andrade Moura e Alberto Ferreira dispuseram as suas forças e comunicaram com as forças da GNR, tendo o seu comandante contactado com o Comando-Geral e após 30 minutos recolheram a quartéis. As tropas do RC7 aderiram ao Movimento.

Ainda na Rua da Misericórdia mas na manhã do dia 26 de abril de 1974, as instalações do jornal A Época e da Comissão de Censura são destruídas por populares. Desde 22 de setembro de 1969 que a Censura estava sediada na Rua da Misericórdia nº 125 – 1º, embora as provas para exame prévio fossem entregues pela porta das traseiras na Rua das Gáveas nº 90 – 3º.  O Época veio substituir  em 1971 o Diário da Manhã, o órgão oficioso e de doutrinação da União Nacional que desde 1931 tinha comprado a sede do jornal O Mundo, no nº 95 daquela artéria.

A Rua da Misericórdia onde estava sediado o República tem uma história toponímica também relacionada com os movimentos políticos que foram acontecendo no país. Começou por ser a Rua Larga de São Roque, dada a proximidade à Igreja e Convento de São Roque,  que afinal também deu o topónimo inicial do Bairro: Alto de São Roque. No final do séc. XIX viu o seu nome encurtado para Rua de São Roque, por Edital municipal de 8 de junho de 1889. Depois, o jornal O Mundo, foi criado em 16 de setembro de 1900 por António França Borges (1871-1915) que fez dele o  órgão republicano e um matutino de grande tiragem e se instalou na Rua das Gáveas mas esse edifício  foi depois englobado numa nova edificação com a fachada principal para a Rua de São Roque e na qual até exibia um grande globo, pelo que a edilidade republicana fez da artéria uma homenagem ao jornal tornando-a Rua do Mundo, através do Edital de 18 de novembro de 1910. Depois, com o Estado Novo, sobretudo nos anos trinta, foram frequentes as mudanças de topónimos republicanos por outros de cariz religioso ou usados anteriormente, pelo que o Edital municipal de 19 de agosto de 1937 passou a denominá-la Rua da Misericórdia por referência à Misericórdia de Lisboa instalada no largo do topo desta artéria.

 

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Rua Amigos de Lisboa

Rua Amigos de Lisboa, topónimo atribuído por Edital de 20 de Março de 1995 a um arruamento da freguesia de Marvila

Grupo Amigos de Lisboa, instituição cultural sem fins lucrativos e considerada de utilidade pública. A ideia da criação de um organismo que reunisse cidadãos para a defesa do património lisboeta, foi vagamente apresentada na imprensa dos anos 20 do século passado, mas sem produzir resultados. Em 1935, por mão de Norberto Araújo em artigos no Diário de Lisboa, a ideia começou a tomar forma entre vários dos olisipógrafos mais conhecidos. Assim, em Fevereiro de 1936 é criada a Comissão Organizadora e em Abril desse mesmo ano reúne-se a primeira assembleia geral para apresentação e aprovação dos estatutos. Nessa assembleia, Augusto Vieira da Silva é eleito presidente da Junta Directiva e Luís Pastor de Macedo secretário-geral. Os estatutos são aprovados pelo Governo Civil de Lisboa, a 22 de Julho de 1936. Do grupo de sócios fundadores, para além dos já referidos, saliente-se ainda Alberto Mac-Bride, Álvaro Maia, Eduardo Neves, Eugénio Mac-Bride, Gustavo de Matos Sequeira, João Pinto de Carvalho (Tinop), José M. S. Pereira Coelho, Leitão de Barros, Levy Marques da Costa, Mário de Sampaio Ribeiro, Norberto de Araújo, Rocha Martins e Almada Negreiros autor do emblema do Grupo. O Grupo rege-se pela defesa “do património artístico, monumental e documental olisiponense”, pela contribuição “para o estudo e solução dos problemas do urbanismo e expansão de Lisboa” e pela colaboração dando o “seu parecer, quando solicitado, a instituições oficiais e particulares que se ocupem da administração, da defesa e do progresso da cidade” (Artº 3 dos Estatutos). As suas actividades desde o início, vieram demonstrar a intenção de cumprir os objectivos. Em 1938 o GAL apresenta à Câmara Municipal e publica A urbanização de Lisboa sugerindo a criação de um Plano Geral de Melhoramentos da cidade chamando a atenção para o rápido desenvolvimento da urbe e a consequente necessidade de um novo plano pensado para os seguintes 50 anos. Nesse mesmo ano, o Grupo dá início à publicação do Boletim Olisipo, que se mantém até à actualidade, e cuja primeira série se encontra disponível para consulta na Hemeroteca Digital. Desde o começo da sua actividade que os Amigos de Lisboa estabeleceram um programa de conferências e visitas que tiveram grande adesão da população, muito particularmente as visitas a monumentos, museus, instituições e percursos de rua, numa época em que eram então novidade. Outra das inovações foram as conferências ao ar livre, as quais, para além dos sócios, atraíam numerosos cidadãos. Em 1948, o Grupo promoveu o inquérito sobre A Cor de Lisboa a diversos artistas e escritores a fim de debater a coloração dos prédios da cidade e que se viria a tornar num dos primeiros estudos cromáticos sobre a cidade. Em 2012, voltou o Grupo ao assunto, organizando um colóquio nos Paços do Concelho intitulado As Cores de Lisboa.

Para além destas actividades, o GAL esteve presente com um pavilhão na antiga Feira Popular, e na Feira do Livro, divulgando as suas publicações. De facto até aos anos 90 do século XX o Grupo Amigos de Lisboa editou centenas de títulos, para além do Boletim, a maior parte dos quais da autoria de sócios. Igualmente o Grupo tem vindo a advogar e a promover a colocação de lápides evocativas em edifícios da cidade prestando homenagem a diversas personalidades e instituições.

Nos nossos dias, o Grupo mantém uma actividade intensa, organizando conferências, visitas, e passeios de rua aos Sábados, e um grande colóquio anual reunindo especialistas em diversos temas para debate público, e editando as respectivas Actas. Os colóquios têm vindo a ser organizados quer por iniciativa do Grupo, quer em parceria com outras instituições como a autarquia, a Fundação das Casa de Fronteira e Alorna, e a Sociedade de Geografia de Lisboa, entre outras. Todas as actividades, excluindo as que decorrem da organização associativa (assembleias gerais e eleições, por exemplo), são publicitadas e abertas ao público em geral. É o organizador do Concurso das Quadras Populares de Santo António, em parceria com a autarquia, o qual tem grande receptividade da parte do público (em 2018 foram recebidas cerca de 500 quadras). É membro da Comissão Municipal de Toponímia.

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O Largo de Santos o Novo do Convento das Comendadeiras

Freguesia da Penha de França
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

Este Largo de Santos o Novo recolhe o topónimo do Convento edificado nestes terrenos do Alto do Varejão para as Comendadeiras da Ordem de Santiago.

Compreendido entre a Calçada das Lajes e a Rua Matilde Rosa Araújo (até ao Edital municipal de 10/11/2016 denominava-se Quinta das Comendadeiras), este Largo de Santos o Novo terá sido também conhecido como Largo de Santos Novos. Nas plantas das freguesias de Lisboa executadas de acordo com a remodelação paroquial de 1770 já encontramos na Freguesia de Santa Engrácia a menção à Igreja e ao Convento de Santos- o-Novo ou Recolhimento de Santos o Novo.

O primeiro Mosteiro de Santos-o-Novo foi mandado construir por D. João II em 1470, para nele serem depositadas as relíquias dos Santos Mártires  oriundas do Mosteiro de Santos-o-Velho: as relíquias dos irmãos Veríssimo, Máxima e Júlia que em Lisboa sofreram o martírio no ano de 307 por não obedecerem às leis romanas de fazer oferendas aos deuses. No entanto, atingiu tal degradação que teve de ser reconstruído e por mais de 80 anos, entre 1609 e 1689, já no reinado de Filipe II, ganhando enormes proporções, num grande bloco quadrangular com 3 andares e 365 janelas, com amplas celas correspondentes ao estatuto de não clausura das Comendadeiras.

Originalmente foi destinado às mulheres, filhas e viúvas dos freires da Ordem de Santiago: as Comendadeiras da Ordem de Santiago. Contudo,  no início do século XVIII, contava apenas 16 mulheres  e foi parcialmente destruído pelo terramoto de 1755 e a seguir recuperado. A sua Igreja, de nave única e com 5 capelas laterais, comporta talha dourada, mármores florentinos e painéis de azulejos como os que contam a vida dos Santos Mártires.

Depois de 1834, data da extinção das ordens religiosas, as Comendadeiras mantiveram-se neste mosteiro até à proclamação da República. Em 1911, o 2º piso do edifício foi usado para a criação da Escola Primária Superior D. António da Costa por iniciativa de António José de Almeida e, a partir de 1927 foi nele instalado o Instituto Sidónio Pais, destinado à educação dos filhos dos Professores do Ensino Primário Oficial e um recolhimento de senhoras idosas. O conjunto da cerca conventual está classificado como Imóvel de Interesse Público (Decreto n.º 31/83, DR, I Série, n.º 106, de 9-05-1983) e o edifício tem como morada Calçada da Cruz da Pedra, nº 44.

Freguesia da Penha de França
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

A Calçada da Ermida e Convento de Santa Apolónia

Freguesia de São Vicente
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

A Calçada de Santa Apolónia, que hoje vemos a ligar a Rua de Santa Apolónia à Rua da Bica do Sapato, deriva o seu topónimo do Convento de Santa Apolónia naquela zona erguido na segunda metade do séc. XVII, embora este hagiotopónimo fosse ali já habitual graças à Ermida de Santa Apolónia que existiu pelo menos desde 1552.

Freguesia de São Vicente
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

No Sumário de 1551 de Cristóvão Rodrigues de Oliveira já é mencionada uma ermida de Santa Apolónia e é junto dela que cem anos depois, por volta de 1662, foi fundado um recolhimento de freiras, a mando de D. Isabel da Madre de Deus, religiosa da Ordem Terceira de São Francisco e protegida dos Duques de Bragança (D. João IV e D. Luísa de Gusmão). Após um incêndio em 1692 foram necessárias obras no recolhimento e em 1698, o testamento de Domingos Ferreira do Souto e de sua mulher Catarina da Silva determinou a construção de um convento, com a contrapartida de ser reservada a capela-mor para a sepultura do casal mais 6 lugares de noviças para familiares do casal. Este novo Convento foi construído antes de 1717, já que esse é o ano em que o  Papa Clemente XI eleva o Recolhimento de Santa Apolónia a convento. Em 1719 as religiosas professaram na Regra de Santa Clara e o Convento localizava-se na Rua de Santa Apolónia e tinha a fachada principal virada a norte.

O Terramoto de 1755 tornou-o inabitável e as freiras recolheram-se no Forte de Santa Apolónia durante cerca de dois anos, durante a reconstrução com apoio régio. Em agosto de 1833, as religiosas foram transferidas para o Convento de Santa Ana de Lisboa, por ordem de D. Pedro II , por causa das guerras liberais e no mês seguinte uma portaria régia determinava que a Alfândega das Sete Casas pudesse dispor do Convento de Santa Apolónia, para aí se guardarem «os generos, que na mesma Alfandega já não podem ser arrecadados por falta de cõmodo».

Em 1852 o edifício do antigo convento foi adquirido pela Companhia Central Peninsular dos Caminhos de Ferro e ali funcionou durante cerca de 13 anos, até maio de 1865, uma pequena estação de passageiros e mercadorias da Linha do Leste e em 28 de outubro de 1856 foi oficialmente inaugurado o  1º troço de via-férrea da Linha Leste, entre Lisboa e o Carregado. A igreja de Santa Apolónia também serviu mais tarde como armazém da Cooperativa do pessoal dos Caminhos de Ferro. Uma portaria de 5 de maio de 1862 aprovou o traçado da futura Estação de Santa Apolónia, entre a Praia dos Algarves e a Rua direita do Cais dos Soldados, no local das instalações do Regimento de Cavalaria do Cais.

O edifício do antigo Convento de Santa Apolónia foi demolido entre 1958 e 1960 e a fachada da igreja foi transferida para a frontaria da nova Igreja de São Marcos, em Arripiado, na Chamusca.

Para além desta Calçada ( na freguesia de São Vicente ), Santa Apolónia está ainda na toponímia próxima na Rua da Cruz de Santa Apolónia ( São Vicente ), na Rua de Santa Apolónia ( São Vicente e Penha de França ) e na Rua do Forte de Santa Apolónia ( Penha de França ).

No resto do país, este hagiotopónimo também se encontra em Barcelos, Guimarães, Póvoa do Lanhoso (Braga), Vila Nova de Famalicão (Braga), Bragança, Alcains (Castelo Branco), Coimbra, Montemor-o-Velho ( Coimbra), Custóias (Matosinhos), Porto Salvo (Oeiras), Recarei (Paredes), Pousafoles do Bispo (Sabugal), Sertã (Castelo Branco), Vila do Conde, Vila Nova de Gaia e Tarouca (Viseu).

O local onde existiu o Convento de Santa Apolónia
(Foto: © CML | DMC | DPC | José Vicente 2013)

 

A Avenida da Igreja de São João de Brito

A Avenida da Igreja em 1959
(Foto: António Passaporte, Arquivo Municipal de Lisboa)

A Avenida que a partir do Campo Grande dá acesso à Igreja de São João de Brito, construída entre 1951 e 1955, desde a publicação do Edital municipal de 19 de julho de 1948 que é a Avenida da Igreja.

Este arruamento dividia os grupos 1 e 2 do Sítio de Alvalade e mais tarde, será já como Avenida da Igreja que fará também de linha divisória entre as freguesias do Campo Grande e de São João de Brito, quando esta última freguesia for criada em 7 de fevereiro de 1959, pelo Decreto-Lei nº 42142. Hoje, toda a Avenida da igreja é pertença da Freguesia de Alvalade.

O Edital de 1948 atribuiu mais 19 topónimos, nas ruas do Sítio de Alvalade identificadas com os números 1 a 19: Rua Afonso Lopes Vieira, Rua Branca de Gonta Colaço, Rua Fernando Caldeira, Rua Rosália de Castro, Rua Alberto de Oliveira, Rua João Lúcio, Rua Antónia Pusich, Rua Fausto Guedes Teixeira, Rua Eugénio de Castro, Rua Violante do Céu, Rua Fernando Pessoa, Rua Luís Augusto Palmeirim, Rua António Patrício, Rua Bernarda Ferreira de Lacerda, Rua Eduardo Vidal, Rua Camilo Pessanha, Rua Guilherme de Azevedo, Rua Mário de Sá Carneiro e Rua Florbela Espanca.

A Igreja de S. João de Brito que foi inaugurada em 2 de outubro de 1955, estava já traçada pelo arqº  Vasco Morais Palmeira em 1951 e no ano seguinte iniciou-se a construção do templo, com fundos provenientes da venda da Igreja da Conceição Nova (demolida em 1951), de onde veio também parte do espólio para a nova igreja.  João de Brito havia sido canonizado em 22 de junho de 1947 e nesse mesmo ano os CTT lançaram um selo comemorativo do 3º centenário do seu nascimento.

O Bairro de Alvalade estava projetado desde 1945 pelo arquiteto urbanista municipal Faria da Costa e a Comissão Consultiva Municipal de Toponímia, criada no ano de 1943, foi sugerindo os topónimos para este novo bairro que foi nascendo nas décadas de quarenta e de cinquenta, alterando a feição arrabaldina desta zona da cidade.

A Avenida da Igreja em 1958
(Foto: Armando Serôdio, Arquivo Municipal de Lisboa)

 

Publicação municipal de toponímia sobre a Fundação Champalimaud

A publicação municipal de toponímia referente à Fundação Champalimaud, hoje distribuída no decorrer da inauguração oficial do largo com este topónimo, na Freguesia de Belém, já está online.

É só carregar na capa abaixo e poderá ler.

Caso queira conhecer publicações anteriores poderá ir às Publicações Digitais do site da CML e escolher o separador Toponímia.

Ou no topo do nosso blogue carregar em 3 – As nossas Edições.

Inauguração do Largo da Fundação Champalimaud amanhã, dia 4

Freguesia de Belém                                                                          (Foto: Sérgio Dias| NT do DPC)

Amanhã, dia 4 de setembro, às 18 horas, será inaugurado na Freguesia de Belém o Largo da Fundação Champalimaud, junto à sede da instituição que assim terá o seu nome na sua morada.

António de Sommer Champalimaud (19.03.1918 – 08.05.2004) deixou em testamento um terço da sua fortuna,  para a criação da Fundação Champalimaud, com o nome de seus pais, D. Anna de Sommer Champalimaud e Dr. Carlos Montez Champalimaud, empenhada em estimular descobertas no campo da biomedicina que promovam a saúde e bem-estar da humanidade e assim intervindo na procura de soluções que aliviem o peso da doença, nomeadamente, nas áreas da oncologia, neurologia e da visão.

Freguesia de Belém
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

A Rua do Instituto Bacteriológico de Câmara Pestana

Freguesia de Arroios
(Foto: Sérgio Dias| NT do DPC)

Desde 1918 que a Rua do Instituto Bacteriológico homenageia  o instituto nascido em 1892 no Hospital de São José, por iniciativa do médico Luís da Câmara Pestana.

O topónimo Rua do Instituto Bacteriológico, nasceu em resultado da publicação do Edital de 13 de agosto de  1918, sobre a Rua do Convento de Santana, topónimo que por seu vez, viera substituir a  Rua do Convento das Freiras de Santana.

O  Instituto Bacteriológico de Lisboa foi criado por Luís da Câmara Pestana (Funchal/1863 – 1899/Lisboa), numa enfermaria do Hospital de S. José, em  1892, para combater um surto de febre tifóide em Lisboa e arredores, situação formalizada por decreto de 29 de dezembro desse ano, ou seja, apenas 4 anos após a criação do Instituto Pasteur de Paris, o de referência na matéria, e no ano imediatamente seguinte aos congéneres de Berlim (Instituto Robert Koch) e Londres (Instituto Lister). Em 1895 passou a designar-se como Real Instituto Bacteriológico de Lisboa e a partir de 1899 mudou-se para o edifício da Rua Câmara Pestana, obra dos arquitetos Pedro Romano Folque e Joaquim Pedro Xavier da Silva, edificada sobre as ruínas do Convento e Ermida de Sant’Ana e sendo o primeiro exemplar português da arquitectura hospitalar e laboratorial de investigação construído de raiz, denominando-se a partir daí Instituto Câmara Pestana, em homenagem ao seu fundador, falecido nesse mesmo ano, por proposta dos estudantes da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. Em 1911, o Instituto foi incorporado na Universidade de Lisboa, agregado à  Faculdade de Medicina de Lisboa.

O Instituto foi uma instituição de investigação biomédica, com intervenção no campo da saúde pública, por exemplo, nos domínios da difteria, microbiologia clínica ou verificação de produtos biológicos, tendo sido o laboratório nacional produtor da vacina contra a tuberculose, assim como pela vacina antirrábica. A partir de 2008 a maior parte do edifício da Instituto Bacteriológico foi entregue à Universidade Nova de Lisboa que aí instalou um centro de investigação biomédica e as principais atividades do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana passaram para o campus do Hospital de Santa Maria.

Freguesia de Arroios
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

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A Rua do Instituto Industrial de Fontes Pereira de Melo

Freguesia da Misericórdia
(Foto: Sérgio Dias| NT do DPC)

A Rua do Instituto Industrial, que liga a Avenida 24 de Julho à Rua da Boavista, é um topónimo resultante de ser a artéria onde nasceu em 1852 o Instituto Industrial de Lisboa, estabelecimento de ensino técnico criado por Fontes Pereira de Melo, por decreto de 30 de dezembro desse ano.

Refira-se ainda que não muito longe podemos encontrar o Largo Vitorino Damásio, topónimo que consagra o engenheiro do Conselho Superior de Obras Públicas e Minas que dirigiu em 1852 as obras do Aterro – que viriam a permitir a Avenida 24 de Julho –  e a partir do ano seguinte, desempenhou as funções de Reitor do Instituto Industrial.

Dezassete anos após o seu nascimento, em 1869, o Instituto Industrial de Lisboa sofreu uma fusão com a Escola de Comércio e passou a denominar-se Instituto Industrial e Comercial de Lisboa, denominação que manteve até 1911, ano em que foi divido em duas instituições: o Instituto Superior Técnico e o Instituto Superior de Comércio (hoje ISEG), tendo em 1930 integrado a criação da Universidade Técnica de Lisboa sob a denominação de Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras.

A data de fixação deste topónimo será posterior a 1852, provavelmente ainda atribuído pelo Governo Civil de Lisboa. Na documentação municipal descortinamos as primeiras menções à Rua do Instituto Industrial no último quartel do séc. XIX, nomeadamente numa resolução municipal de 28 de dezembro de 1874 sobre redução do arrendamento de prédios na artéria, bem como num requerimento de 16 de fevereiro de 1878 do Director da Companhia Previdente pedindo a prorrogação do prazo para a conclusão da reconstrução do edifício da Fábrica da Companhia neste arruamento, ou ainda na identificação do traçado de uma casa de banhos que Teresa de Jesus Soares pretendia em 1883 construir no prédio com o nº 91 da Rua da Boavista, fazendo esquina para a Rua do Instituto Industrial. Certo também é que a primeira planta em que surge a Rua do Instituto Industrial como topónimo é na de 1876, executada por Francisco Goullard para a Câmara Municipal de Lisboa.

Freguesia da Misericórdia
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

 

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