A Rua do Parque Silva Porto

Freguesia de Benfica
(Foto: Google Maps editada pelo NT do DPC)

O Parque Silva Porto, conhecido como Mata de Benfica, foi a razão para nascer a Rua do Parque, no Bairro de Casas Económicas de Santa Cruz de Benfica, em 1957.

A Rua do Parque era a Rua A do plano de urbanização do Bairro de Casas Económicas de Santa Cruz de Benfica,  e foi atribuída pelo Edital municipal de 5 de agosto de 1957. Este topónimo resultou da proximidade ao Parque Silva Porto e por ser um arruamento principal do Bairro como se pode ler na Ata da Comissão Municipal de Toponímia de 22 de fevereiro de 1957: «(…) a Comissão emitiu o parecer de que em virtude do bairro se encontrar dividido em dois grupos, separados pelo Parque Silva Porto, que as ruas transversais do grupo à direita daquele Parque, sejam designados com números ímpares, a exemplo do que se tem feito para outros bairros de casas económicas; e que às quatro artérias principais, ou sejam as ruas um, e A, junto ao Parque, e ruas sete, e A, junto à Estrada Militar, se atribuam, respectivamente, os nomes de Rua das Garridas, Rua do Parque, Rua da Casquilha, e Rua da Várzea.»

Conhecido vulgarmente por Mata de Benfica, este espaço verde lisboeta foi inaugurado no dia 23 de julho de 1911, mas só em 1918 adquiriu a designação Parque Silva Porto, em homenagem ao pintor António Carvalho da Silva (Porto/1850-1893/Lisboa), que adoptara o apelido Porto como demonstração de amor à sua cidade natal. Neste Parque foi colocado um busto seu, da autoria de Costa Mota (Sobrinho), a que foi acrescentada uma palma em bronze em 1950, por ocasião do centenário do nascimento do artista, por iniciativa da Sociedade Nacional de Belas Artes.

Nos dias de hoje esta Rua do Parque liga a Rua das Garridas à Alameda Padre Álvaro Proença.

Freguesia de Benfica
(Planta: Sérgio Dias| NT do DPC)

Toponomenclatura de espaços verdes: os Jardins e os Parques

Parque Eduardo VII – Freguesia das Avenidas Novas

Na toponomenclatura oficial de Lisboa constam 30  Jardins e 2 Parques, todos a partir do séc. XX,  cuja enumeração abordaremos de seguida, por décadas.

Por Edital de 17 de abril de 1903, o Parque da Liberdade passou a denominar-se Parque Eduardo VII de Inglaterrapor ocasião da visita do Rei de Inglaterra a Lisboa, sendo aliás a primeira visita ao estrangeiro desse monarca.

Oito anos depois, o Parque Silva Porto, vulgarmente conhecido por Mata de Benfica, foi inaugurado no dia 23 de julho de 1911, mas só em 1918 adquiriu esta designação de homenagem ao pintor António Carvalho da Silva (1850-1893) que adoptara o apelido Porto como demonstração de amor à sua cidade natal. Neste Parque foi colocado um busto seu, da autoria de Costa Mota (Sobrinho), a que no centenário do seu nascimento a Sociedade Nacional de Belas Artes acrescentou uma palma em bronze.

Jardim Nove de Abril – Freguesia da Estrela

Já na década de vinte do séc. XX, por proposta do vereador Alfredo Guisado, deliberação camarária de 31 de maio de 1926 e edital municipal de 17 de junho de 1926, o antigo Jardim Fialho de Almeida passou a denominar-se Jardim Alfredo Keil, consagrando o autor da música do Hino Nacional, composto como A Portuguesa em 1890, como resposta ao Ultimatum Inglês, por naquele espaço se ir erguer um monumento à sua memória. Quase cinco anos depois, por deliberação camarária de 14 de fevereiro de 1925, o espaço conhecido como Jardim das Albertas passou a ser o Jardim Nove de Abril , data da Batalha de La Lys no ano de 1918, ocorrida na Flandres, no teatro de operações da I Guerra Mundial. Entre estas duas datas de 1920 e 1925, a Câmara Municipal de Lisboa deliberou a atribuição de diversas denominações a jardins da cidade, como por exemplo, Jardim Guerra Junqueiro ao Jardim da Estrela ou  Jardim Braamcamp Freire ao Jardim do Campo dos Mártires da Pátria, mas por razões desconhecidas esses registos não integraram o ficheiro de toponímia lisboeta.

Jardim Elisa Baptista da Silva Pedroso – Freguesia da Estrela

Depois, só após o 25 de Abril foi colocado um novo topónimo num jardim. Foi pelo Edital de 3 de setembro de 1976 que o jardim nas traseiras do Palácio de São Bento, vulgarmente conhecido como Jardim Salazar, ficou com a designação Jardim Elisa Baptista de Sousa Pedroso, perpetuando uma conceituada pianista (1876 -1958), fundadora do Círculo de Cultura Musical e  primeira sócia honorária da Juventude Musical Portuguesa.

Jardim Ducla Soares – Freguesia de Belém
(Foto: José Carlos Batista)

Na década de oitenta, Lisboa acolheu mais três jardins: em Belém, o Jardim Pulido Garcia dedicado ao eng.º agrónomo ( 1904 – 1983 ) que chefiou a Repartição de Arborização e Jardinagem camarária tendo sido responsável pela instalação do Parque Florestal de Monsanto ( Edital de 20/08/1985), bem como o  Jardim Ducla Soares (1912 – 1985), perpetuando o maior médico internista português da sua geração que viveu nesta mesma freguesia no Largo da Princesa ( Edital 07/09/1987); sendo o terceiro na Penha de França, o Jardim Luís Ferreira ( 1920-1984 ), para homenagear um antigo presidente dessa Junta de Freguesia (Edital 03/05/1989).

A década de noventa criou mais quatro jardins : o Jardim Alice Cruz ( São Domingos de Benfica ), a fixar a locutora de rádio e televisão (1940 – 1994) tragicamente falecida num acidente rodoviário e o  Jardim Bento Martins, em  Carnide,  para guardar a memória do seu dinamizador teatral (1932 – 1993), ambos por Edital de 17/02/1995; em Belém, pelo Edital de 30/07/1999 o Jardim Fernanda de Castro  , veio consagrar a escritora (1900 – 1994) que publicara justamente Cidade em Flor (1924) e Jardim (1928) e, finalmente, o  Jardim Amália Rodrigues ( Avenidas Novas ), fronteiro ao topo do Parque Eduardo VII a homenagear a celebrada fadista (1920 – 1999), falecida em outubro do ano anterior (Edital de 18/04/2000).

Jardim Amália Rodrigues – Freguesia das Avenidas Novas

Jardim Tristão da Silva – Freguesia do Areeiro
(Foto: Sérgio Dias)

Na primeira década do séc. XXI, de 2001 a 2010, Lisboa recebeu mais 10 jardins, a saber:  o Jardim Tristão da Silva (Areeiro), fadista (1927 – 1978) que começou a sua carreira a ser conhecido como o Miúdo do Alto do Pina (Edital de 20/11/2003);  o Jardim Amélia Carvalheira ( Avenidas Novas ), junto à Igreja de Nossa Senhora de Fátima por ocasião do centenário desta escultora  (1904 – 1998) de arte sacra (Edital de 23/09/2004); o Jardim Fernando Pessa ( Areeiro ), ao lado do edifício da Assembleia Municipal de Lisboa, local próximo da residência do jornalista (1902 – 2002) e onde ele costumava  andar de bicicleta e fazer os seus passeios ( Edital de 16/12/2004); o  Jardim Irmã Lúcia ( Areeiro ), atribuído em resultado do Voto de Pesar municipal  n.º 4/2005 que deu azo à deliberação municipal e ao Edital de 06/10/2005, fixando  junto à Igreja de São João de Deus esta vidente de Fátima (1907-2005); o  Jardim Maria da Luz Ponces de Carvalho, na Freguesia de Santa Clara (Edital 03/07/2008), evocando a neta  (1918 – 1999) de João de Deus e continuadora da sua obra dos Jardins-Escolas; o Jardim Prof. António de Sousa Franco em Telheiras, estadista e jurisconsulto de mérito, falecido subitamente em campanha eleitoral (1942 – 2004), fruto do Edital de 16/09/2008, sendo que no mês seguinte, o Edital de 07/10/2008, colocou no espaço verde contíguo o Jardim Prof. Francisco Caldeira Cabral (1908 – 1992) que foi o 1º topónimo alfacinha a perpetuar um arquiteto paisagista; e ainda, o Jardim Jorge Luis Borges no Arco do Cego ( Avenidas Novas ), por Edital de 16/09/2009, quando então passava o 110º aniversário deste escritor argentino (1899 – 1986), acolhendo ainda um Memorial a Borges, da autoria de Federico Brook e doado pela Casa da América Latina, faltando apenas referir nesta década o Jardim dos Jacarandás  e o Jardim Garcia de Orta ao Parque das Nações acolhidos através do Edital municipal de 16/09/2009.

Jardim Maria da Luz Ponces de Carvalho -Freguesia de Santa Clara

Finalmente, de 2011 até ao presente adicionaram-se mais 5  Jardins:  o Jardim Augusto Monjardino( Avenidas Novas ), junto à Maternidade Alfredo da Costa para homenagear o médico que foi o seu primeiro director (1871 – 1941), atribuído por Edital de 04/05/2011; o Jardim Amnistia Internacional ( Campolide ) para assinalar o 50.º aniversário desta instituição de defesa dos direitos humanos (Edital de 03/06/2011); o Jardim Adão Barata (1945 – 2008), em Carnide, para perpetuar no seu território um antigo presidente dessa Junta de Freguesia (Edital de 03/12/2012); o Jardim Maria de Lourdes Sá Teixeira ( Olivais ),  para guardar a memória da 1ª Aviadora portuguesa (1907 – 1984), através do Edital de 08/07/2013;  o Jardim Ferreira de Mira ( Benfica ) fixando o investigador e professor (1875 – 1953) da Faculdade de Medicina de Lisboa que foi também historiador da medicina portuguesa ( Edital 10/11/2016).

Jardim Ferreira de Mira – Freguesia de Benfica

Acresce que a palavra «jardim» aparece ainda em mais 5 topónimos alfacinhas. Em Santa Maria Maior, encontramos a Rua do Jardim do Regedor [da Casa da Suplicação] e primeiro presidente da Real Mesa Censória, cardeal D. João Cosme da Cunha; bem como a Rua do Jardim do Tabaco relacionada com a Alfândega do Tabaco, instalada na zona nessa época da segunda metade do séc. XVII. Junto ao Jardim da Estrela, na freguesia da Estrela,  deparamos com a Rua do Jardim à Estrela e a Travessa do Jardim que mostram bem qual a sua origem, tal como a Rua do Jardim Botânico, partilhada pelas freguesias de Belém e da Ajuda, claramente se refere ao Jardim Botânico da Ajuda.

Parque Eduardo VII de Inglaterra

na Freguesia de São Sebastião da Pedreira - na futura Freguesia das Avenidas Novas

Freguesia das Avenidas Novas

Por ocasião da visita de Eduardo VII a Lisboa, em abril de 1903, foi renomeado o Parque da Avenida da Liberdade em Parque Eduardo VII, «em respeitosa homenagem da cidade de Lisboa a Sua Magestade o Rei Eduardo VII d’Inglaterra e Imperador das Indias» como narra o Edital municipal de 17 de abril de 1903.

Este espaço verde foi aberto no início do século XIX como prolongamento da Avenida da Liberdade e ficou conhecido como Parque da Liberdade.

Eduardo VII tinha uma amizade pessoal com o rei D. Carlos de Portugal e esta sua visita a Lisboa reafirmou a aliança luso-inglesa, tanto mais que foi a primeira visita ao estrangeiro que Eduardo VII fez enquanto monarca.

Alberto Eduardo (Buckingham Palace/09.11.1841- 06.05.1910/Buckingham Palace), apenas foi coroado Eduardo VII aos 60 anos, por morte da sua mãe, como mais velho dos filhos varões da Rainha Vitória,e deteve a coroa inglesa de 1901 a 1910 .

Eduardo VII na «Ilustração Portuguesa» de 7 de Novembro de 1904

Eduardo VII na Ilustração Portuguesa de 7 de novembro de 1904