Fernanda de Castro num jardim a cores

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A autora de Cidade em Flor (1924) e Jardim (1928) dá apropriadamente o seu nome a um jardim de Lisboa, na Encosta do Restelo, desde a publicação do Edital de 30/07/1999 e cerca de 5 anos após o seu falecimento.

Maria Fernanda Teles de Castro e Quadros Ferro (Lisboa/08.12.1900 – 19.12.1994/Lisboa),  foi uma escritora que nasceu em Campo de Ourique e passou a infância entre Lisboa, Portimão, Figueira da Foz e Guiné, ao sabor das colocações de seu pai, militar de carreira. Depois de em 1922 casar com António Ferro passou a viver no nº 6 da que é hoje a Rua João Pereira da Rosa, no Bairro Alto, prédio onde também viveram Ofélia e Bernardo Marques, José Gomes Ferreira e  Ingrid Hestnes, Oliveira Martins e sua mulher Vitória e, Ramalho Ortigão.

Fernanda de Castro concluiu o curso do liceu e, na década de vinte do século passado passou a frequentar os salões literários de Lisboa como o de Veva de Lima, época em que se tornou amiga de Virgínia Vitorino, com quem colaborou num consultório de Grafologia para a revista ABC.

Aos 19 anos tornou-se escritora de poesia, romances, peças de teatro e contos. O seu 1º livro foi de poesia, Ante-manhã (1919), e teve capa de Cottineli Telmo. Nesse mesmo ano ganhou o concurso de originais do Teatro Nacional com a peça Náufragos, que foi estreada em 1925. Em 1945, com o romance Maria da Lua  foi a 1ª mulher a obter o prémio Ricardo Malheiros da Academia de Ciências de Lisboa. E em 1969 foi também galardoada com o Prémio Nacional de Poesia.

Em poesia publicou mais Danças de Roda (1921), Cidade em Flor (1924) e Jardim (1928) ambos  com capa de Bernardo Marques, Daquém e dalém Alma (1935), Trinta e Nova Poemas (1941), Exílio (1951), Poesia I e Poesia II (1969) e Urgente (1990). Lançou também os contos para crianças Varinha de Condão (1924), a peça infantil O tesouro da Casa Amarela e os romances juvenis Mariazinha em África (1926) e Novas Aventuras de Mariazinha (1929), tendo em 1990 recebido o Prémio de Literatura Infantil da Fundação Calouste Gulbenkian. Editou ainda os romances O Veneno de Sol (1928),  Sorte (1948), Raiz Funda (1953) e Fontebela (1973) e, em dramaturgia a sua Nova Escola de Maridos foi representada no Trindade em 1930, A Pedra no Lago em 1943 no mesmo teatro e,  A Espada de Cristal foi apresentada no Nacional em 1961.

Fernanda de Castro traduziu ainda Rainer Maria Rilke, Katherine Mansfield, Pirandello, Ionesco, Valéry Larbaud, Sófocles, Henri Duveruois, Maurice Maeterlincke colaborou com o Diário de Lisboa, desde o seu 1º número,  em 7 de abril de 1921.

Refira-se ainda que esta escritora criou e desenvolveu a Associação Nacional dos Parques Infantis, para as crianças necessitadas de ambos os sexos dos bairros populares de Lisboa, em colaboração com Inês Guerreiro e patrocinado por Ricardo Espírito Santo e Luís Pastor de Macedo. O primeiro foi inaugurado em 6 de novembro de 1933, no piso inferior do Jardim de São Pedro de Alcântara, com decorações de Sara Afonso e Almada Negreiros. Em 1973, entregou-os à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Após a morte do seu marido,  em 1956, Fernanda de Castro continuou a dirigir o hotel Solar de D. Carlos (em Cascais) e, em 1963 criou o Teatro de Câmara António Ferro.

Freguesia de Belém (Planta: Sérgio Dias)

Freguesia de Belém
(Planta: Sérgio Dias)