Manuel Pessanha, o navegador genovês que D. Dinis contratou para dirigir a frota portuguesa no séc. XIV, é o homenageado na Rua do Almirante Pessanha, na Freguesia de Santa Maria Maior.
Esta artéria, que nos nossos dias liga a Calçada do Sacramento ao Largo do Carmo, era a Travessa do Sacramento, até o Edital do Governo Civil de Lisboa de 01/09/1859 passar a denominá-la Travessa do Sacramento do Carmo e já no séc. XX, a edilidade republicana, por Edital municipal de 4 de abril de 1925, tornou-a Rua do Almirante Pessanha, resgatando a memória de por ali ter existido o Bairro do Almirante.
Emanuele Pessagno, italiano nascido em Génova no último quartel do século XIII, era um navegador com quem D. Dinis celebrou um contrato de vassalagem em 1 de fevereiro de 1317, para dirigir as construções navais e a frota portuguesa em tempos de paz e de guerra, recebendo o título de Almirante-Mor, bem como um bairro inteiro em Lisboa – no lugar da Pedreira – que ficou conhecido como Bairro do Almirante, delimitado entre as Portas de Santa Catarina (hoje Rua Garrett ) e a Calçada da Glória, descendo até Valverde (hoje Praça D. Pedro IV) e contornando a Rua Larga de S. Roque (hoje Rua da Misericórdia) e a Rua de São Pedro de Alcântara, que grosso modo corresponde ao que foi a freguesia do Sacramento. Tinha ainda direito à quinta parte das presas de guerra – que tomasse aos inimigos da fé ou aos inimigos do reino -, mais uma tença anual de 3 mil libras que em 1322 foi acrescida de mais mil libras. Em 14 de abril de 1319 foi ainda equiparado a Alcaide de Lisboa e em setembro recebeu a doação do reguengo de Algés e da vila de Odemira.
Julga-se que durante o reinado de D. Afonso IV, Micer Manuel Pessanha comandou os navios portugueses que atingiram as Canárias, a Madeira e os Açores e terá elaborado os primeiros registos cartográficos destas ilhas que, posteriormente foram re-descobertas por João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira.
Os seus filhos sucederam-lhe nas funções e benesses, conforme estipulado no contrato entre o Almirante Pessanha e o rei português. Do seu primeiro casamento, com Genebra Pereira, filha de Gomes de Alpoim, teve o primogénito Carlos Pessanha que foi o 2.º Almirante-Mor do Reino de Portugal (1342), Bartolomeu Pessanha que foi o 3.º Almirante-Mor (1342 – 1356) e Leonor Gomes que depois de viúva foi Comendadeira da Ordem de Avis no Mosteiro de Santos. Do seu segundo casamento, com Leonor Afonso da Franca, filha de Lanzarote da Franca, teve Lançarote Pessanha que foi o 4.º Almirante-Mor do Reino (1356, 1357-1364, 1367-1373 e 1383-1384), Manuel Pessanha que foi o 6.º Almirante-Mor (1385) , Antão Pessanha que foi um escudeiro morto em Aljubarrota, Simoa da Franca, Carlos Pessanha que foi o 7º (1387) e ainda, Diogo Pessanha.