As Rampas de Lisboa

Toponomenclatura das Necessidades – Freguesia da Estrela
(Planta: Sérgio Dias)

Rampa é uma ladeira, um arruamento em declive, muito semelhante a uma Calçada mas menos íngreme, toponomenclatura que Lisboa ainda usa em duas artérias : a Rampa das Necessidades na Freguesia da Estrela e a Rampa do Mercado na Freguesia de Santa Clara.

A Rampa das Necessidades liga a Praça da Armada à Rua das Necessidades e tal como esta, mais a Calçada, o Largo e a Travessa, o seu topónimo advém de uma antiga ermida da Nª Sr.ª das Necessidades que ali houve a partir de 1607. Pedro de Castilho, conselheiro de D. João IV comprou as casas ligadas à ermida e transformou-as na sua residência, tendo mais tarde, ficado com o assento da ermida e mandou erigir a capela-mor. Depois, D. João V comprou o local, grato à Senhora das Necessidades pelas melhoras da doença que padeceu, e ampliou a ermida, fez um palácio para si (que foi Paço Real até 1910) e ainda um hospício e um convento (que doou em 1744 à Congregação do Oratório). Com a extinção das ordens religiosas em 1834, o edifício do convento foi anexado para os serviços da Casa Real e em 1950, foi transformado em sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Rampa do Mercado – Freguesia de Santa Clara

A Rampa do Mercado, que vai da Azinhaga do Reguengo à Rua Quinta da Assunção, é a  artéria onde está instalado o Mercado das Galinheiras pelo que já era assim conhecida quando em 1988 a Comissão Municipal de Toponímia deu parecer para que assim fosse oficializada o que aconteceu com a publicação do Edital municipal de 29 de fevereiro de 1988.

Rampa do Mercado –
Freguesia de Santa Clara
(Planta: Sérgio Dias)

 

A Senhora da Saúde que ficou das Necessidades em 5 topónimos de Lisboa

O Largo das Necessidades - Freguesia da Estrela (Foto: Sérgio Dias)

O Largo das Necessidades – Freguesia da Estrela
(Foto: Sérgio Dias)

A Ermida de Nª Srª das Necessidades, erguida em 1607, fixou-se na memória de Lisboa em 5 topónimos: a Calçada das Necessidades, o Largo das Necessidades, a Rampa das Necessidades, a Rua das Necessidades e a Travessa das Necessidades, todos na Freguesia da Estrela.

A Ermida da Nª Sr.ª das Necessidades foi construída em 1607 para abrigar uma imagem da Senhora da Saúde roubada na Ericeira por devotos ali refugiados da peste de 1580. A irmandade que cuidou do templo e o ampliou era de marítimos da carreira da Índia. depois de 1613, Pedro de Castilho, conselheiro de D. João IV comprou as casas ligadas à ermida e transformou-as na sua residência, tendo mais tarde ficado com o assento da ermida e mandou erigir a capela-mor, obra terminada em 1659. Depois, D. João V comprou o local, grato à Senhora das Necessidades pelas melhoras da paralisia de que padecera, e resolveu ampliar a ermida, erguer para si  um palácio no local – que foi Paço Real até 1910 – e ainda construir um hospício e um convento que em 1744 doou à Congregação do Oratório: Convento de São Filipe de Néri e Convento de Nossa Senhora das Necessidades. Com a extinção das ordens religiosas em 1834, o edifício do convento foi anexado para os serviços da Casa Real e em 1950 foi transformado em sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

A Calçada das Necessidades liga o Largo do Rilvas à Rua do Possolo. Em documentação municipal já a encontramos referida em 1861 no plano de um prédio que João António da Luz Robim pretendia aumentar, nos n.º 2 a 6 da Calçada das Necessidades, assim como em 1884 « sobre a necessidade de providências rápidas para a construção de um cano geral de esgoto para que o cano de despejos do prédio n.º 2 da rua do Borga não continue a verter as imundices para a calçada das Necessidades.»

O Largo das Necessidades encontra-se na confluência da Rua das Necessidades, Rua Capitão Afonso Pala e Calçada do Sacramento. Antes foi o Largo das Cortes, conforme planta de 1856 de Filipe Folque, dado que em 1820 foi o local escolhido para as primeiras Cortes Constituintes. Em 1883 já o encontramos como Largo das Necessidades em diversas informações municipais propondo melhoramentos para o local.

A Rua das Necessidades era a  antiga Rua Direita das Necessidades até o Edital municipal de 22/08/1881 lhe retirar a palavra «Direita» e delimitá-la da Travessa do Sacramento a Alcântara ao Largo das Necessidades.

A Rampa das Necessidades vai da Praça da Armada à Rua das Necessidades e em outubro de 1890, assim está registada numa planta municipal referente ao estado da Rua da Correnteza de Baixo, da Rampa das Necessidades e do Beco dos Contrabandistas, .

Finalmente, a Travessa das Necessidades une a Travessa do Sacramento a Alcântara ao Largo do Rilvas. Foi revestida com macadame em 1877.

O topónimo Necessidades na Freguesia da Estrela (Planta: Sérgio Dias)

O topónimo Necessidades na Freguesia da Estrela
(Planta: Sérgio Dias)

 

 

Ruas com Mercado

Placa Tipo IV da Rua do Mercado - Freguesia dos Olivais (Foto: Sérgio Dias)

Placa Tipo IV da Rua do Mercado – Freguesia dos Olivais
(Foto: Sérgio Dias)

O mercado, como equipamento urbano capaz de abastecer a população de um lugar, originou em Lisboa dois topónimos: um no Bairro da Encarnação na freguesia dos Olivais e outro, no antigo Bairro das Galinheiras, na freguesia de Santa Clara.

Rua do Mercado, no Bairro da Encarnação, foi atribuída por Edital municipal de 15 de março de 1950, como os restantes arruamentos do Bairro. Conforme se pode ler nas Atas da Comissão de Toponímia «Às 15 horas e 50 minutos do dia 10 de Maio de 1949, no Bairro da Encarnação prosseguiram os trabalhos da Comissão Consultiva Municipal de Toponímia, efectuada em 28 do mês findo, com a assistência do Excelentíssimo Senhor Presidente substituto da Câmara [ Luís Pastor de Macedo], estando presentes o Excelentíssimo Senhor Presidente da Comissão: vereador Pedro Correia Marques, e os vogais: Excelentíssimos senhores engenheiro Augusto Vieira da Silva, e doutores Durval Pires de Lima e Jaime Lopes Dias. Depois de várias trocas de impressões, a Comissão emitiu o parecer de que a Alameda Central [ Alameda da Encarnação ] do referido bairro, e as ruas O. P. e Q do lado Norte da referida Alameda, e P1 do lado Sul da mesma Alameda, passem a denominar-se, respectivamente, Alameda da Encarnação, Rua das Escolas, Rua do Poço Coberto, Rua dos Eucaliptos e Rua do Mercado» , a que se  somaram a Praça das Casas Novas, a Praça do Norte, a Rua dos Lojistas, a Rua do Poço Coberto, a Rua da Quinta da Fonte, a Rua da Quinta do Morgado e a Rua da Quinta de Santa Maria, e todas as outras restantes artérias ficaram com denominação numérica.

O Mercado das Galinheiras originou a Rampa do Mercado, entre a Azinhaga do Reguengo e a Rua Quinta da Assunção, na Freguesia de Santa Clara. O arruamento já era assim conhecido vulgarmente e o Edital municipal de 29/02/1988 oficializou a toponímia popular.

Freguesia de Santa Clara

Freguesia de Santa Clara