A Presidente da Secção Auxilar Feminina da Cruz Vermelha Maria Margarida Montenegro Fernandes Tomás de Morais, ainda subsiste como topónimo de uma artéria da freguesia do Lumiar, próxima da Avenida Carlos Paredes, bem como da Avenida David Mourão-Ferreira onde o artista Samina realizou um mural dedicado a esse guitarrista e compositor no âmbito da 3ª edição do Festival de Arte Urbana de Lisboa, que decorreu de 23 a 26 de maio último.
João Samina, nascido em 1989 em Setúbal, desde jovem que entrou no mundo das artes plásticas, atraído sobretudo pelo desenho e pela pintura. Aos 14 anos de idade iniciou-se no mundo da arte urbana, discretamente, espalhando pequenos quadros adesivos pelas ruas. Acompanhou a expansão do movimento da arte urbana e foi crescendo com ele, tendo iniciado a pintura com aerógrafo em 2010, a que depois juntou outros elementos das suas raízes artísticas como o design gráfico, a pintura e a arquitetura, com particular uso do preto e azul ou do preto e vermelho como as suas cores primordiais, para concretizar, sobretudo, retratos humanos. São obra sua o mural alusivo ao Mundial de Futebol de 2018 em Portimão, o Künstler da Praça do Comércio de Coimbra, ou um Big Brother num painel da Mostra de Arte Urbana 2012, organizada pela Galeria de Arte Urbana na Calçada da Glória.
A Rua Maria Margarida foi o topónimo atribuído pelo Edital municipal de 27 de outubro de 1966 à Rua 1 do Bairro Municipal da Cruz Vermelha, para assim homenagear ainda em vida a Presidente da Secção Auxiliar Feminina da Cruz Vermelha, Maria Margarida Montenegro Fernandes Tomás de Morais. O arruamento foi acrescido ainda da Rua A e do Largo B do Bairro da Cruz Vermelha por determinação do Edital municipal de 25 de junho de 1985.
Ao contrário do que era hábito na toponímia de Lisboa desde a criação da Comissão Municipal de Toponímia no ano de 1943, os arruamentos do Bairro municipal da Cruz Vermelha, dados pelo Edital municipal de 27 de outubro de 1966, receberam o nome de pessoas ainda vivas, a saber, o de seis mulheres da Secção Auxiliar Feminina da Cruz Vermelha que naquela década haviam promovido uma campanha nacional de angariação de fundos para a construção do Bairro, tendo perante as câmaras da RTP solicitado um escudo a cada telespetador – um escudo equivale a cerca de meio cêntimo dos nossos dias -, para se proceder ao realojamento das famílias cujas barracas na Quinta da Feiteira (à Charneca do Lumiar), tinham sido destruídas por um incêndio em 15 de julho de 1963. As beneméritas ficaram identificadas exclusivamente pelos seus nomes próprios: Rua Maria Carlota (de Maria Carlota Saldanha Pinto Basto), Rua Maria Emília (de Maria Emília Moreira Sena Martins), Rua Maria Helena (de Maria Helena Monteiro de Barros Spínola, mulher de António de Spínola), Rua Maria Ribeiro (de Maria Ribeiro Espírito Santo Silva de Melo) e Rua Maria Teresa (de Maria Teresa Assis Palha Holstein Beck) e esta Rua Maria Margarida. Nos restantes arruamentos a edilidade lisboeta completou a toponímia necessária com a Rua das Duas Marias, a Rua das Três Marias, a Rua das Quatro Marias, a Rua das Cinco Marias e o Largo das Seis Marias.
Da toponímia inicial do Bairro municipal da Cruz Vermelha, popularmente conhecido como das Marias, hoje restam a Rua Maria Carlota e esta Rua Maria Margarida, assim como as outras «Marias» que se juntaram depois: a Rua Maria Albertina (Edital municipal de 25 de junho de 1985) e as Ruas Maria Alice, Maria do Carmo Torres e Maria José da Guia ( Edital municipal de 5 de julho de 2000).
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