Ventura Terra foi vereador da primeira gestão republicana na CML, no período de 1908 a 1913, tendo assim conhecido de perto Anselmo Braamcaamp Freire que era Vice-presidente até 1910 e foi depois eleito Presidente.
No entanto, só mais de 20 anos após o falecimento de Braamcaamp Freire é que este teve honras de topónimo lisboeta, pelo Edital de 13 de maio de 1949, fixado no arruamento identificado como Rua A do Bairro da Quinta dos Apóstolos à Rua Lopes. Pelo mesmo Edital municipal foram também atribuídos os nomes de Sousa Viterbo na Rua B, de David Lopes na Rua C e de Adolfo Coelho na Rua D.
Foi neste período em que o Arqº Miguel Ventura Terra foi também vereador na Câmara Municipal de Lisboa que elaborou planos na área do urbanismo, nomeadamente para a zona ribeirinha da capital – com a fim da linha férrea em Santos para que a zona até ao Cais do Sodré passasse a ser zona de lazer – e Rua do Arsenal com arcadas nos prédios (1908), bem como para o Parque Eduardo VII tendo até em 13 de outubro de 1910 proposto «que seja dado o nome de Esplanada dos Heróis da Revolução ao espaço que no meu projecto de Parque Eduardo VII fica compreendido entre o limite norte da Praça do Marquês de Pombal, as ruas Fontes Pereira de Melo e António Joaquim Aguiar e o Palácio de exposições e festas onde começa o parque propriamente dito» e que até foi aprovado mas que não chegou a ser concretizado. A 9 de março do ano seguinte propôs ainda a atribuição dos nomes de Eugénio dos Santos, Nuno Santos e Silva Porto a ruas importantes de Lisboa. Foi ainda Ventura Terra que solicitou a António Teixeira Lopes a execução de um busto em mármore de Anselmo Braamcamp Freire, pago pelos 11 vereadores, que em 1911 ficou colocado nos Paços do Concelho de Lisboa.
Anselmo Braamcamp Freire, nascido na então Freguesia de São José (Lisboa/01.02.1849 – 23.12.1929/Lisboa) foi um homem de cultura invulgar, arqueólogo e genealogista, escritor e historiador, que depois de 1875 voltou a morar em Lisboa, na Rua do Salitre, para publicar, a partir de 1903, o Arquivo Histórico Português, que por uma minuciosa pesquisa na Torre do Tombo e outros arquivos trouxe a lume documentos inéditos da história do país. Como político, foi o 1º Presidente da Câmara Municipal de Loures (de 1887 a 1889 e também de 1893 a 1895); aderiu em 1907 ao Partido Republicano e assim foi vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa de 1908 a 1910 e depois eleito Presidente em 1911, função que desempenhou até 1913. Paralelamente, foi deputado republicano à Câmara Constituinte de 1911 e foi o 1º Presidente do Senado da República. É ainda no ano de 1911, a 21 de agosto, que enquanto Presidente da Assembleia Braamcamp Freire promulgou a 1ª Constituição da República.
Braamcamp Freire precursor de genealogia científica em Portugal, foi sócio efetivo da da Sociedade de Geografia de Lisboa e da Academia das Ciências de Lisboa, tendo desta última sido Presidente em 1918, para além de vasta obra publicada de que salientamos O Conde de Vila Franca e a Inquisição (1899), As sepulturas do Espinheiro (1901), Em volta de uma carta de Garcia de Resende (1905), Amarrado ao pelourinho (1907), Livro dos bens de D. João de Portel: cartulario do século XIII (1910), Um aventureiro na empresa de Ceuta (1913), Gil Vicente, poeta e ourives (1914), Maria Brandoa, a do Crisfal (1916), Vida e Obra de Gil Vicente, Trovador e Mestre da Balança (1918), Notícias da feitoria de Flandres: precedidas dos Brandões poetas do Cancioneiro (1920), A censura e o Cancioneiro Geral ou Brasões da Sala de Sintra (ambos em 1921).
Braamcamp Freire legou à cidade de Santarém a sua vasta biblioteca, as suas múltiplas obras de arte e a casa onde viveu, que é hoje a Biblioteca Municipal de Santarém.