Do Casal à Rua do Pai Calvo

Placa Tipo V

Placa Tipo V
(Foto José Carlos Batista)

A antiga Rua 8 no Bairro de Caselas passou por Edital de municipal de 20/04/1988 a denominar-se Rua do Pai Calvo em memória do Casal do Pai Calvo que foi dos frades jerónimos no final do século XV.

O Bairro de Caselas, como outros bairros sociais de Lisboa, recebeu toponímia numérica pelo Edital municipal de  15/03/1950.  Mas em 1988, a Junta de Freguesia de São Francisco Xavier solicitou a atribuição de outros topónimos ao Bairro de Caselas, o que resultou num parecer favorável da Comissão Municipal de Toponímia, na sua reunião de 25/03/1988, do seguinte teor: «Considerando que Caselas é um aglomerado habitacional muito antigo e que já antes da construção do Bairro o “Diário de Noticias”, pela pena do seu director de então, Doutor Augusto de Castro, chamava a atenção para a necessidade de se prestar homenagem a figuras ilustres que ali nasceram ou viveram, a comissão é de parecer que, entre alguns nomes de vulto nas Artes e nas Letras, fiquem perpetuados na toponímia do Bairro, os nomes das figuras mais representativas do lugar, atribuindo-se aos arruamentos ainda sem nomenclatura própria abaixo referidos, as denominações que vão indicadas» e que foram a Rua Alice Pestana (Caiel), a Rua Aurora de Castro, a Rua Carolina Ângelo, a Rua Leonor Pimentel, a Rua do Manuelzinho d’Arcolena, a Rua dos Margiochis, a Rua Olga Morais Sarmento, a Rua Padre Reis Lima, a Rua do Pai Calvo, a Rua da Quinta do Paizinho e a Rua Virgínia Quaresma.

Sabe-se que aquando da construção do Mosteiro dos Jerónimos, em 1499, os frades da Ordem dos Jerónimos tomarem posse das terras em redor da antiga ermida de Santa Maria, incluindo-se entre elas o Casal de Payo Calvo, localizado acima do  Estádio do Restelo de hoje, bem como o Casal de Alcolena, que em 1747 foram comprados a estes por D. João V, para aumentar as suas quintas de Belém e da Ajuda, denominadas de Cima, do Meio e de Baixo.

Freguesia de Belém

Freguesia de Belém
(Foto: José Carlos Batista)

 

 

A Rua Maria Luísa Holstein e as Cozinhas Económicas

Placa Tipo V

Placa Tipo V(foto: José Carlos Batista)

A Rua Maria Luísa Holstein homenageia a  Duquesa de Palmela que, com a sua prima Maria Isabel Saint-Lèger, fundou as Cozinhas Económicas, justamente numa artéria que nasce na Rua da Cozinha Económica, desde a publicação do Edital municipal de 25/01/1989.

Maria Luísa Holstein, 3ª Duquesa de Palmela, já havia sido homenageada na toponímia lisboeta através do Edital de 18/12/1903 que atribuiu ao arruamento que ia do Largo do Rego à Palma de Cima a nomenclatura Rua da Beneficência, para assim perpetuar as preocupações beneméritas que pautaram a vida da Duquesa. Passados 86 anos, a edilidade lisboeta voltou a consagrá-la na cidade, desta vez com nome próprio, num arruamento de Alcântara, na Primeira Rua Particular à Rua da Cozinha Económica, que é propriedade privada, mas cuja sociedade proprietária anuiu que se pudesse incluir na toponímia oficial da cidade de Lisboa.

A homenageada é a 3ª Duquesa de Palmela, de seu nome Maria Luísa Domingas de Sales de Borja de Assis de Paula de Sousa Holstein (Lisboa/04.08.1841-02.09.1909/Sintra) cuja filantropia lhe marcaram um lugar único, nomeadamente, na Assistência Nacional aos Tuberculosos, nos Socorros a Náufragos, em asilos, missões ultramarinas, institutos de protecção à infância e ainda, com sua prima Maria Isabel Saint-Lèger, na fundação das Cozinhas Económicas,  de que foi a 1ª  presidente. A primeira cozinha foi inaugurada em 1893, na Travessa do Forno (na antiga freguesia dos Prazeres) e surgiram depois as dependências do Regueirão dos Anjos (1894), Alcântara (1895) e de S. Bento (1896).

Maria Luísa Holstein foi também dama da Rainha D. Amélia e, dedicou-se à escultura, havendo trabalhos seus no Museu do Chiado e na Sociedade de Geografia de Lisboa, assim como se interessou pela cerâmica e juntamente com a Condessa de Ficalho fundou a Fábrica do Ratinho no seu próprio palácio. Foi distinguida com a Ordem de Santiago, a Ordem de Santa Isabel, a Ordem de Maria Luísa (Espanha) e a Académica de Mérito da Academia Nacional de Belas-Artes.

Freguesia de Alcântara

Freguesia de Alcântara
(Foto: José Carlos Batista)

A cantora lírica do Bairro da Música no seu 110º aniversário

PENTAX Image

Arminda Correia cujo 110º aniversário hoje se completa é a cantora lírica do grupo de figuras ligadas à música  que deram nomes a arruamentos do Alto do Lumiar, em 2004, para assim se criar um Bairro da Música.

Esta artéria que fora a Rua A da Malha 3 do Alto do Lumiar e que ainda antes, era espaço da Quinta da Musgueira, foi inaugurada no Dia Mundial da Música de 2004 junto com mais 7 arruamentos com nomes de cantores, instrumentistas e maestros – Luís Piçarra, Adriana de Vecchi, Tomás Del Negro, Nóbrega e Sousa, Shegundo Galarza e Belo Marques – e uma Alameda da Música, criando assim pela primeira vez na cidade de Lisboa um Bairro com topónimos dedicados à Música.

Arminda Nunes Correia (Lagos/26.12.1903 – 21.09.1988/Lisboa), lacobrigense que concluiu os cursos de Canto e Piano no Conservatório de Lisboa, estreou-se como cantora lírica em 1927, no palco do São Carlos, na estreia absoluta de três óperas de Rui Coelho e, no último ano dessa década ainda cantou as Beatitudes de César Franck. Na década seguinte são de destacar as suas interpretações na ópera Crisfal (em português) no Teatro D. Maria II e, a Paixão Segundo São Mateus, de Bach, no São Carlos, bem como a sua actuação na Sorbonne, no âmbito das Comemorações Vicentinas e na Quinzena de Portugal em Londres, para além da gravação de canções portuguesas a convite do  Musée de la parole et du geste. Nos anos 40 do século XX, executou uma série de recitais para a Emissora Nacional, com canções tradicionais portuguesas recolhidas por Francisco Lacerda e participou em concertos no Ateneu Comercial de Lisboa, Teatro D. Maria II, Faculdade de Letras de Coimbra e no Hotel Lusitano (Luso) em favor da Obra de Rua do Padre Américo, para além de ter actuado em serões musicais promovidos pela FNAT (hoje INATEL).

Notável intérprete de autores portugueses, valorizada pelos seus dotes de dicção e raro timbre de voz, tanto  na interpretação de «lieder» alemães e franceses como em canções tradicionais portuguesas harmonizadas por Francisco de Lacerda ou Fernando Lopes Graça, Arminda Correia foi galardoada com  o prémio Luisa Todi em 11 de Junho de 1943 e, em 1959, gravou no Reino Unido Canções Populares Portuguesas acompanhadas ao piano por Fernando Lopes Graça.

A esta carreira de cantora  somou 14 anos de professora de solfejo e de canto no Instituto de Música de Coimbra, no Liceu Feminino de Coimbra, na Academia de Amadores de Música e, no Conservatório Nacional.

Freguesia do Lumiar

Freguesia do Lumiar (Foto: José Carlos Batista)

A Avenida lisboeta do primo do poeta Bocage

Freguesia das Avenidas Novas

Freguesia das Avenidas Novas (Foto: Artur Matos)

José Vicente Barbosa du Bocage que este ano faria 190 anos, foi um político, zoológo e primo do poeta Bocage, que desde  1902 dá nome a uma rua de Lisboa que em 1925 foi elevada a Avenida.

Nas Avenidas Novas nasceu a Rua Barbosa du Bocage, por deliberação camarária de 04/12/1902 e consequente Edital de 11/12/1902, na via pública entre as Avenidas Marquês de Tomar e Pinto Coelho. Passados quase 23 anos, o  Edital de 08/06/1925 mudou a classificação da artéria para Avenida.

José Vicente Barbosa du Bocage (Funchal/02.05.1823 – 03.11.1907/Lisboa) foi um curador do Museu de História Natural de Lisboa que também produziu uma extensa obra sobre mamíferos, aves e peixes e, em sua honra, a secção de zoologia do Museu Nacional de Lisboa foi nomeada como “Museu José Vicente Barbosa du Bocage”, em 1905.

Em 1846, Barbosa du Bocage ficou  bacharel em Medicina pela Universidade de Coimbra e nesse mesmo ano alistou-se no Batalhão Académico que combateu contra o governo de Costa Cabral. Terminada a Guerra Civil da Patuleia, instalou-se em Lisboa como clínico e trabalhou também no Hospital de São José mas preferiu dedicar-se aos estudos de Zoologia, conseguindo a partir de 1849 ser lente de Zoologia na Escola Politécnica e, dois anos depois também director do Museu de Zoologia da Escola Politécnica, a cuja reorganização se dedicou para além de ter publicado 177 trabalhos e descrito cerca de 100 espécies novas ao longo de 40 anos. Jubilado em 1880, conservou a direcção do Museu, interrompendo-a apenas nos períodos em que desempenhou funções no governo.

José Barbosa du Bocage foi ainda professor de Zootecnia no Instituto Agrícola de Lisboa em 1853, para além de membro titular da Academia Real das Ciências de Lisboa, da qual foi eleito Vice-Presidente em 1875. Os seus estudos sobre a fauna colonial conduziram-no a ser um dos fundadores, em 1875, da Sociedade de Geografia de Lisboa, da qual foi presidente desde 1877 a 1883.

Freguesia das Avenidas Novas

Placa Tipo II (Foto: Artur Matos)

Mas a Avenida Barbosa du Bocage fixa também o político do Partido Regenerador que José Vicente Barbosa du Bocage foi.  Em 1879 foi eleito deputado por Montemor-o-Novo em  e pertenceu às comissões de Instrução Pública, da Saúde, dos Negócios Estrangeiros e do Ultramar e, na década seguinte foi Par do Reino por carta régia de 29 de Dezembro de 1881, bem como Ministro da Marinha e do Ultramar no governo de Fontes Pereira de Melo e, Ministro dos Negócios Estrangeiros, a partir de 24 de Outubro de 1883, responsável pela criação da Comissão de Cartografia, pelo  Tratado Luso-Britânico de 1884 sobre o domínio português no Zaire e a conferência internacional de Berlim para estabelecer o princípio da ocupação efectiva dos territórios coloniais (1884-1885), para além de  Conselheiro de Estado a partir de 1892.

O poeta Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805) faleceu 18 anos antes do nascimento de José Vicente Barbosa du Bocage de quem era primo em segundo grau por ambos serem descendentes do francês Gil Hedois du Bocage, que chegou a Lisboa em 1704 na esquadra francesa que apoiou Portugal na guerra contra a Espanha.

Freguesia das Avenidas Novas

Freguesia das Avenidas Novas

A Travessa do Sebeiro no pólo industrial de Alcântara

Freguesia de Alcântara

Freguesia de Alcântara

Da vocação manufactureira  e industrial de Alcântara, graças ao seu fácil acesso a linhas de água, nasce a Travessa do Sebeiro  no Bairro do Alvito, acima da Rua da Fábrica da Pólvora, entre a Rua da Cruz a Alcântara e a Rua do Alvito.

Desconhece-se a data em que a  Travessa do Sebeiro se fixou na memória do Bairro do Alvito, mas das quatro travessas deste Bairro  duas delas –  a do Sebeiro e a dos Surradores – relacionam-se com manufacturas e indústrias. Sebeiro é aquele que prepara ou vende sebo, material que na sua acepção industrial é um despojo usado para a fabricação de glicerina, sabões e cosméticos. Surradores são aqueles que curtem as peles.

Já no final do séc. XVII, a mando de D. João V fora  instalada nesta zona a fábrica da pólvora. Após o Terramoto, foram os fornos de cal dos irmãos Sthephens, as estamparias de algodão e as fábricas de curtumes e, no séc. XIX, foi a vez da indústria química, de sabões, velas de estearina e outros óleos. Alcântara foi um pólo industrial da zona ocidental de Lisboa, em que as unidades industriais se espalhavam ao longo do Vale de Alcântara, aproveitando as águas da ribeira que corria onde hoje é a Avenida de Ceuta.

Placa Tipo II

Placa Tipo II